quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quer protestar? Tire a roupa...

POR ET BARTHES

Sempre que há um protesto do movimento feminista ucraniano Femen, uma coisa é certa: vamos ter seios à mostra. Há alguns dias as moças foram até Moscou para protestar contra os resultados das eleições na Rússia, que elegeram Putin e levantaram muitas questões da oposição. E como lá por aquelas bandas está um frio danado, os barbados da polícia trataram logo de cobrir as moças... que espernearam.

Arborização urbana ou comédia de erros?



Por JORDI CASTAN

Leitor atento deste blog avisa sobre o plantio das árvores na Marquês de Olinda. Ele acha que está tudo errado. Outro leitor, poucos dias depois, também entra em contato e dá detalhes mais precisos. Desta vez, toca mesmo dar uma olhada. A arborização urbana não é tarefa tão complexa. Nas ruas há dois lados, o direito e o esquerdo, aliás praticamente todas as ruas tem esta característica.

No caso de Joinville, em algumas ruas a fiação elétrica, que é aérea, está em um ou outro lado e é preciso prestar atenção. Os técnicos municipais determinaram que, no lado que não tem fiação elétrica, se plantem árvores maiores e no lado com fiação elétrica se opte por árvores menores. Parece simples.

A prefeitura escolheu uma lista de árvores adequadas para arborização urbana e se estabeleceu que devem ser nativas. Definido, árvores de porte maior de um lado e as de porte menor do outro, aonde tem fiação elétrica, que é facilmente visível, até porque há postes de concreto que ajudam a identificar qual é cada lado.
Então vamos lá. Na avenida Marques de Olinda a prefeitura optou por plantar Canelinha e Magnólia Amarela, árvores de porte, de um lado, e Murta, que é um arbusto de pequeno porte, no outro.


Aparentemente tudo resolvido? Não. Tanto a Magnolia Amarela (Michelia campacha) como a Murta (Murraya paniculata) são plantas exóticas. Originárias da Ásia, vizinhas das figueiras da Beira-Rio, pelo que não é difícil imaginar que no futuro próximo grupos de puristas proponham também o seu corte e a sua troca por outras árvores nativas.  É este o problema mais grave? Claro que não. Os vizinhos estão esperando que a Celesc venha trocar os postes e a fiação de lado, porque as árvores de porte maior foram plantadas em baixo da fiação e as menores no outro lado da rua. Como os técnicos da prefeitura não cometem erros, ou tem dificuldade em reconhecê-los quando esta eventualidade acontece, devem ser os da Celesc os que erraram ao colocar a fiação do lado errado faz uns quinze anos.
Não é preciso elogiar as ações de esta administração municipal. A prefeitura conta com um nutrido grupo de assessores de comunicação que diariamente produzem notícias divulgando, elogiando e às vezes até exagerando um pouco os logros desta gestão.
Destacar o lado negativo - o que se faz ou deixa de fazer - é cansativo, tanto para quem escreve, como principalmente para quem um dia sim e outro também se depara com notícias e informações diversas divulgadas pelos meios oficiosos e pelos canais oficiais. E acaba desorientado, sem saber muito bem em quem o em que acreditar.
Mesmo as tarefas e empreitadas aparentemente mais singelas se convertem em tarefas árduas para o detentor de cargo público. O pior ainda é que a sociedade está cada dia mais atenta, fotografa, escreve, se manifesta. E as críticas adquirem uma força nunca antes imaginada pelos que, durante décadas, se acostumaram a fazer calar, a não deixar que opiniões contrárias tivessem eco e fossem divulgadas, ficando praticamente na clandestinidade.

Faz muito bem a prefeitura em se sentir injustamente criticada, porque nesta administração não se fazem as coisas como eram feitas no passado. Agora são bem feitas. A população que é excessivamente critica e exige uma perfeição inatingível 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não pagou bilhete?

POR ET BARTHES

Numa viagem de trem na Escócia, um dos passageiros optou por viajar sem pagar. Ao ser identificado, alega que já pagou e mostra um bilhete correspondente a outro trecho percorrido. A resposta é rápida e dura “off” (fora!). Inicia-se uma discussão e o fiscal se mantém firme na posição: “fora do trem!”.

Um dos passageiros, revoltado com o fato de que alguém viaje sem pagar, quando ele e todos os demais pagaram pela viagem, se levanta e “convence” o passageiro a descer, para que o trem possa seguir a sua viagem.

O que chama a atenção é o que acontece quando o passageiro que tomou a iniciativa de ajudar a resolver a situação volta ao seu lugar.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mata os pais por causa do dízimo

POR ET BARTHES

O que certas igrejas fazem é dos diabos. A moça aí no filme é Lineusa Rodrigues da Silva, de 24 anos, de Timon, no Maranhão. Como os leitores poderão ver, é uma pessoa tão crente nos poderes da sua igreja que acabou perturbada. Tanto que matou os pais adotivos porque eles não queriam dar o dinheiro para pagar o dízimo. E ainda amputou a mão dos dois com um serrote. Depois de presa, disse: “Eu fiz por Deus”. Tão absurdo que até parece coisa inventada.


Um tamanduá perdido


POR CHARLES HENRIQUE

Ao ler o texto do historiador Clóvis Gruner aqui no Chuva Ácida semana passada, me deparei com os questionamentos da época em que eu era apenas um graduando em Ciências Sociais, pisando em ovos, e tentando descobrir qual a minha “função” neste mundo capitalista-tecnicista. Afinal, ser cientista social não é uma tarefa fácil hoje em dia. Encontrar um aqui em Joinville é tão raro quanto achar um tamanduá na fauna brasileira.

Pode ser um desabafo - ou apenas um texto para lembrar o dia do sociólogo que foi comemorado neste último sábado, dia 10, mas ao ler este mesmo texto do Gruner, relembrei muito de uma das últimas aulas antes de me formar, quando um professor pediu para comparar a função do cientista social com algum animal. Não tive dúvidas: o tamanduá além de ser raro (sofre um vertiginoso processo de extinção), “fuça” os lugares mais inimagináveis em busca de seu alimento (no caso do cientista é o conhecimento) e é um bicho estranho para os demais. Em Joinville, cidade “industrial” e cheia de ideologias impregnadas, é triste ver que não há a valorização deste profissional, bem como centros acadêmicos que repliquem e construam outros curiosos e descobridores dos porquês das relações sociais. Muitos querem que não haja “ninhos de cupins e formigas” aqui nessa cidade, infelizmente.


Em Joinville, sem generalizar, se você está em busca de conhecimento e de ter uma profissão, o que importa é ir para as exatas ou partir para as “sociais aplicadas” (termo bonito esse, né? as sociais “inaplicadas” seriam o quê?) que terá um vasto campo. Profissionais das ciências humanas dependem da sala de aula para conseguir atuar, até o dia em que outra pessoa de uma formação nada a ver com a condizente dê aulas em seu lugar, seja na rede de ensino regular ou em universidades.

O Estado também não colabora. Na Prefeitura há um ou dois tamanduás. A rede pública estadual chega a colocar qualquer um como professor de sociologia. É triste. Quando trazem universidades públicas para cá, são aquelas que atendem a “vocação” da cidade, ou seja, com um perfil perfeito para o grande capital industrial: formar mão-de-obra para o setor secundário de nossa economia. Ok, a cidade de Joinville tem esse tamanho e “poderio” justamente por ser deste perfil, mas não podemos replicar este modelo cegamente. A variedade de conhecimentos construídos e compartilhados enriquece, ao contrário do modelo vigente, que segrega.

Por isso somos poucos aqui. Se não há um “habitat” propício, muitos migram para outras cidades, e outros, largam tudo. A sociedade não está acostumada. Poucos conhecem e são amigos de um cientista social. Mas há uma luz no fim do túnel, pois vejo em cada dia brotar um pensamento crítico em especial na geografia e na história, ciências que possuem cursos de formação em nossa cidade.

Peço desculpas ao leitor pelo “low profile” deste texto, mas, o barulho tem que ser feito. Não é “puxar sardinha” para um lado ou outro, muito menos preconceito com todas as outras profissões, mas cada uma tem sua parcela de contribuição na sociedade. Aqui em Joinville, muitos não querem que o pensamento crítico aflore e que os questionadores surjam. O Chuva Ácida é um exemplo de que olhares de diversas correntes tenham uma essência equiparada pela visão crítica das coisas. Por isso que faço parte deste grupo e me identifico com todos. O nosso convívio como urbanitas necessita de mais tamanduás para “equilibrar o ecossistema” de Joinville.