segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Uniforrme parra quê? Parra…guai
POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Tag, minha povo.
Alles in Butter?
Essa povinho non aprende mesmo. A nossa querrida prefeito foi na Parraguai comprar uniforme parra os kinder do escola e agorra essas kommunisten fica tudo ourriçada. “Nón pode, nón pode, na Parraguai nón pode”. Verpiss dich! Onde foceis querriam que a prefeito fosse comprar? Em Cuba? Quatsch!
Kein Problem. Esdá certo. Tem que ser na Parraguai mesmo. Porque é uma país muita parrecida com a Brassil. Lá eles também derram uma golpe e impicharón a presidente Fernando Lugo, aquele padreco kommunisten. E agorra andam perseguindo a ex-presidente parra que ele nón possa concorrer nos eleições. Igualzinho aqui. Wer im Glashaus sitzt, soll nicht mit Steinen werfen.
E foi tudo feito de acordo com o lei. Teve licitaçón e tudo. E se teve licitaçón pode ser bom. Vai que a prefeito pega o costume e faz licitaçón pros ônibus também. Mas tem xente fofoqueirra dissendo que foi tudo um mal entendido. Que foi assim:
Prefeito: Eu quero uniforme…
Assessorra: Parra quê?
Prefeito: Parra… guai. Uah uah uah.
É que a prefeito tem aquele carra zangado até quando conta piada. Aí o assessorra levou a sérrio e convidou uma empresa do Parraguai. Irren ist menslich. Só tem uma problema de comprar na Parraguai: é que dá dor de cabeça na dia seguinte.
Palavra de baron. Das Billige ist immer das Teuerste.
"Não são daqui": o provincianismo em Joinville
POR JORDI CASTAN
É uma característica típica das pequenas vilas do interior
desenvolver animosidade e preconceito contra todos aqueles que vieram de fora
ou não nasceram aqui. Em Joinville, como toda boa cidade de interior que se preze, vez por outra arrefecem este
tipo de sentimentos.
O “ele/ela não é daqui” é uma forma de segregar e de
identificar estigmatizando. Há nesta crítica a todo aquele que não é local,um sentimento de medo, de aversão, mas principalmente de
insegurança. É esta insegurança a que cria desconforto nos nativos. Estranhos
representam perigo. Porque dos nativos, sejam eles amigos ou inimigos, sabemos
o que esperar e por tanto como reagir.
Não sabemos como lidar com o que nos é estranho. É impossível prever como agirão frente às nossas ações e isso os faz imprevisíveis. É esta imprevisibilidade a que cria desconforto, insegurança e preocupação. Nada molesta tanto para um local que aquilo que lhe é estranho, diferente.
Não sabemos como lidar com o que nos é estranho. É impossível prever como agirão frente às nossas ações e isso os faz imprevisíveis. É esta imprevisibilidade a que cria desconforto, insegurança e preocupação. Nada molesta tanto para um local que aquilo que lhe é estranho, diferente.
O não saber faz que os locais se sintam ignorantes.
Ignorantes por não saberem como reagir aos perigos que os estrangeiros representam,
sem saber optam sempre por pressupor o pior. E o pior é sempre perigoso, uma
ameaça. Assim, no primeiro momento sentem-se ignorantes e esta ignorância se
transforma em impotência, por não saber como lidar com eles.
Ignorância e impotência são condições humilhantes, incômodas, impróprias de alguém que nasceu aqui. Ao deixar os locais sem saber como agir, os estranhos se convertem num elemento perturbador da sociedade. Bárbaros que trazem outros hábitos, costumes, outras formas de se alimentar, de se vestir ou de se expressar. Ante a impossibilidade de fazê-los desaparecer, é preciso minimizar sua presença. E, se possível, neutralizar a influência dos estranhos para recuperar a tranquilidade tão prezada pelos locais.
Ignorância e impotência são condições humilhantes, incômodas, impróprias de alguém que nasceu aqui. Ao deixar os locais sem saber como agir, os estranhos se convertem num elemento perturbador da sociedade. Bárbaros que trazem outros hábitos, costumes, outras formas de se alimentar, de se vestir ou de se expressar. Ante a impossibilidade de fazê-los desaparecer, é preciso minimizar sua presença. E, se possível, neutralizar a influência dos estranhos para recuperar a tranquilidade tão prezada pelos locais.
Por isso é tão forte o desejo de que essa gente estranha seja isolada,
excluída, barrada, impedida de ameaçar a forma de vida e os valores locais.
Nada é tão precioso nas pequenas vilas do interior como a segurança
que proporciona o saber. Saber quem, saber quando, saber aonde, saber com quem.
Saber como cada um reagirá ou responderá a cada uma das nossas ações e
comentários. É o desconhecido o que assusta. É o que não sabemos que nos
amedronta. O que ignoramos é o que mais tememos.
Tem gente forasteira que ousa criticar a nossa vila. Pior
ainda tem a ousadia de questionar o nosso prefeito, um homem tão bom e tão
trabalhador, que acorda cedo e vai à missa todos os domingos. Gente assim não
pode ser daqui. Não nasceu aqui. Se tivesse nascido aqui saberia que há
sobrenomes que não se questionam. Que esta vila é o que é porque os fundadores
assim a fizeram, com o seu esforço e o seu trabalho. Que esta é a nossa
idiossincrasia. Que aqui somos de baixar a cabeça e trabalhar.
Que ordem do patrão não se questiona, só se obedece. Que quem pergunta muito não
é bem visto. Como pode ser que as pessoas não entendam?
É compreensível ver o aumento de comentários xenófobos nas
redes sociais. Frases do tipo: “Se não gosta daqui por que veio?”. “Não
critique, se não gosta, vá embora”. “Se a sua cidade era tão boa, por que não
ficou lá?”. Compreensível não quer dizer, de modo algum, que seja tolerável. É
preocupante que convivamos com este tipo de atitudes que lembram outras épocas,
aquelas em que se dizia abertamente: “ame-o ou deixe-o”.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Incrédulo, o mundo vê o Brasil descendo a ladeira...
Episódio 1. Há duas semanas, o jornal “Metro”, do Reino Unido, publicava uma matéria a dizer que “detentos fazem churrasco de carne humana e despertam medo de canibalismo em tumultos nas prisões”. Era uma matéria sobre os motins nas prisões brasileiras, que fizeram dezenas de mortos, e narrava os episódios de decapitações e desmembramentos de prisioneiros.
Episódio 2. Nesta quinta-feira, o espanhol “El Mundo” trazia a seguinte manchete: “candidato ao Supremo brasileiro plagiou um livro de um ex-presidente do Conselho de Estado espanhol”. É uma referência à indicação de Alexandre de Moraes, atual ministro da Justiça, para o Supremo Tribunal Federal.
Episódio 3. Ontem à noite, o telejornal do canal português SIC Notícias mostrou uma reportagem de quase oito minutos sobre os acontecimentos no Espírito Santo, com intervenções ao vivo. Havia uma certa incredulidade dos realizadores da peça, que teve a participação de jornalistas de uma emissora de televisão capixaba, e destacou os mais de 100 mortos.
A ideia de pinçar estes três episódios, aparentemente desconectados (claro que não são), tem a intenção de mostrar como o Brasil é visto no exterior neste momento. As notícias que vão chegando todos os dias criam a imagem de um país que caiu na anomia. Ou seja, uma terra onde a lei corre ao sabor dos “donos do poder” e onde o estado de direito virou quimera. Há um preço. Os investidores fogem, os turistas não se interessam e o respeito internacional de esfacela.
Os críticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobem nas tamancas com este tipo de afirmação, mas o fato é que desde que ele ascendeu ao poder a imagem do Brasil passou a ser respeitada em todo o mundo. O país saiu da minoridade (a velha teoria da dependência) para tornar-se um player proeminente. E isso, como é óbvio, impulsionou a economia do país. Infelizmente são tempos que já lá vão.
Hoje a degradação tornou-se uma imagem de marca do país. Mas a coisa não vem de hoje. O momento de viragem parece ter sido o ano de 2013, quando a ascensão do ideário neofascista - portanto, contra a democracia - ganhou expressão e levou o Brasil à esculhambação institucional. O resultado concreto dessa situação foi o impeachment de Dilma Rousseff. A olhar para a situação caótica do país nos dias de hoje, fica a lição. Não se brinca com a democracia. Uma vez quebrada, ela é como um espelho: não adianta colar, porque a imagem nunca vai ser a mesma.
A cara de pau de um ministro plagiador e de quem o indica para um dos cargos mais importantes da nação. A assustadora introdução da palavra “canibalismo” na semântica de rebeliões nos presídios. A polícia a ser o motor de uma greve que promove o caos. Todos estes elementos, de consequências mais ou menos graves, estão interligados. Porque refletem a desumanização da sociedade, a desagregação do estado de direito e a banalidade do mal (passe o clichê).
O mundo está de olho. Incrédulo. E sabe que o denominador comum é o desprezo pela democracia. A história cobra quando se abre mão da moral, da ética e do mais elementar bom senso. É um preço que todos vão pagar, desde os que vestiram de amarelo até os que pediram o respeito pela regra do jogo.
É a dança da chuva.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
As diferenças entre direita e esquerda sobre Segurança Pública
POR FELIPE SILVEIRA
Segurança Pública é, muito provavelmente, a questão que mais divide direita e esquerda hoje. Tema da vez no Brasil, a discussão precisa encontrar pontos de convergência para produzir algum avanço. Se a direita é punitivista e não consegue enxergar as complexidades produtoras de violência social, a esquerda, pelo menos uma parte, se recusa a discutir propostas de curto prazo, de modo que não consegue oferecer uma resposta convincente à população.
A esquerda defende que a violência é resultado de uma sociedade desigual e é a resolução deste problema que vai resolver o primeiro por consequência. O argumento se justifica ao olhar para sociedades mais iguais, ricas (Suíça e outros países do norte europeu) ou pobres (Cuba), onde os índices de violência são muito baixos. Como a direita não quer uma sociedade mais igualitária (ser de direita, em resumo, é isso), mas quer uma sociedade com menos crimes (especialmente contra o patrimônio), ela precisa de outros argumentos. Foca-se, então, no armamento da população (ótimo negócio para a indústria bélica) e no punitivismo mais louco.
O problema da argumentação à esquerda é que desigualdade social não se resolve do dia pra noite e as pessoas estão amedrontadas com a quantidade de crimes violentos que ocorrem diariamente. Amedrontadas e indignadas porque perderam bens materiais e perderam pessoas para a violência. Mesmo em locais onde há redução da desigualdade (melhora no IDH), há aumento da violência, pois esta não é uma solução de curto prazo.
As ideias de esquerda a respeito da segurança não se resumem à redução da desigualdade. A legalização/descriminalização das drogas, em especial da maconha, está totalmente atrelada à discussão. A desmilitarização da PM também. Penas alternativas, tratamentos psicológicos, redução do punitivismo, educação e lazer no sistema penitenciário fazem parte de uma gama de pequenas soluções. Porém, tudo isso é lido como “pena de vagabundo” e “coisa de maconhista”.
Uma parte da responsabilidade sobre essa interpretação é da própria esquerda, que não se prepara para o diálogo e para explicar suas propostas sobre a legalização da maconha e o desencarceramento. A repetição de clichês e uma confusão argumentativa permitem que a direita nade de braçada no debate, deturpando as propostas mais progressistas.
Um exemplo disso é a questão do “fim da Polícia Militar”. A ideia é clara: desmilitarizar a polícia, promovendo melhorias na instituição (melhor preparação, garantia de direitos etc.), e ao mesmo tempo denunciar os abusos cometidos cotidianamente pelos fardados. A direita explora essa ideia como se a esquerda quisesse o fim da polícia, pura e simplesmente isso. Além disso, uma parte da esquerda realmente quer o fim da polícia e pronto.
É preciso enfrentar essa confusão, essa conversa torta, onde cada um grita no seu canto e a população vai na onda da indignação, pois isso responde seus anseios. Estabelecer o diálogo, construir pontes e criar propostas de médio, curto e longo prazo são coisas necessárias. Para isso, estudar as propostas que já existem e cuidar para não reproduzir clichês se tornam urgentes.
Segurança Pública é, muito provavelmente, a questão que mais divide direita e esquerda hoje. Tema da vez no Brasil, a discussão precisa encontrar pontos de convergência para produzir algum avanço. Se a direita é punitivista e não consegue enxergar as complexidades produtoras de violência social, a esquerda, pelo menos uma parte, se recusa a discutir propostas de curto prazo, de modo que não consegue oferecer uma resposta convincente à população.
A esquerda defende que a violência é resultado de uma sociedade desigual e é a resolução deste problema que vai resolver o primeiro por consequência. O argumento se justifica ao olhar para sociedades mais iguais, ricas (Suíça e outros países do norte europeu) ou pobres (Cuba), onde os índices de violência são muito baixos. Como a direita não quer uma sociedade mais igualitária (ser de direita, em resumo, é isso), mas quer uma sociedade com menos crimes (especialmente contra o patrimônio), ela precisa de outros argumentos. Foca-se, então, no armamento da população (ótimo negócio para a indústria bélica) e no punitivismo mais louco.
O problema da argumentação à esquerda é que desigualdade social não se resolve do dia pra noite e as pessoas estão amedrontadas com a quantidade de crimes violentos que ocorrem diariamente. Amedrontadas e indignadas porque perderam bens materiais e perderam pessoas para a violência. Mesmo em locais onde há redução da desigualdade (melhora no IDH), há aumento da violência, pois esta não é uma solução de curto prazo.
As ideias de esquerda a respeito da segurança não se resumem à redução da desigualdade. A legalização/descriminalização das drogas, em especial da maconha, está totalmente atrelada à discussão. A desmilitarização da PM também. Penas alternativas, tratamentos psicológicos, redução do punitivismo, educação e lazer no sistema penitenciário fazem parte de uma gama de pequenas soluções. Porém, tudo isso é lido como “pena de vagabundo” e “coisa de maconhista”.
Uma parte da responsabilidade sobre essa interpretação é da própria esquerda, que não se prepara para o diálogo e para explicar suas propostas sobre a legalização da maconha e o desencarceramento. A repetição de clichês e uma confusão argumentativa permitem que a direita nade de braçada no debate, deturpando as propostas mais progressistas.
Um exemplo disso é a questão do “fim da Polícia Militar”. A ideia é clara: desmilitarizar a polícia, promovendo melhorias na instituição (melhor preparação, garantia de direitos etc.), e ao mesmo tempo denunciar os abusos cometidos cotidianamente pelos fardados. A direita explora essa ideia como se a esquerda quisesse o fim da polícia, pura e simplesmente isso. Além disso, uma parte da esquerda realmente quer o fim da polícia e pronto.
É preciso enfrentar essa confusão, essa conversa torta, onde cada um grita no seu canto e a população vai na onda da indignação, pois isso responde seus anseios. Estabelecer o diálogo, construir pontes e criar propostas de médio, curto e longo prazo são coisas necessárias. Para isso, estudar as propostas que já existem e cuidar para não reproduzir clichês se tornam urgentes.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Sobre primeiras-damas e ódios coletivos
POR CECÍLIA SANTOS
Marisa Letícia foi uma mulher de origem bastante humilde, que por necessidade começou a trabalhar por volta dos 10 anos de idade. Nós da classe média não conseguimos conceber o que significa precisar colocar nossas crianças superprotegidas para trabalhar com essa idade. Mas a realidade fora dos nossos condomínios é outra. E eis que um dia a ex-babá se tornou primeira-dama do Brasil.
E o que significa ser primeira-dama? É uma função meramente protocolar e não remunerada. A esposa do ex-presidente Getúlio Vargas criou a LBV – Legião da Boa Vontade, que durou até a gestão Collor. No governo de Fernando Henrique Cardoso, sua mulher, Ruth Cardoso, criou o Programa Comunidade Solidária, que deu origem a diversos programas sociais. Estes, mais tarde, foram colocados sob a responsabilidade de secretarias especializadas, o que faz muito mais sentido, pois conduzidos por pessoas que têm formação e competências específicas.
Com o impeachment e a necessidade de tentar melhorar a imagem de um governo composto exclusivamente por homens brancos, ricos e velhos, a mídia tentou promover a imagem de Marcela Temer e ela foi nomeada embaixadora do programa “Criança Feliz”, do qual pouco se ouve falar até o momento.
Então Marisa Letícia não assumiu nenhuma função assistencialista no governo Lula e manteve-se distante dos holofotes. O que absolutamente não a poupou de críticas. Quando ela e Lula fizeram uma festa junina na residência oficial, valorizando uma das nossas tradições populares que tenta resistir à influência de cowboys texanos e de músicas sertanejas de qualidade duvidosa, a elite brasileira ficou profundamente ofendida.
Não vou tratar aqui das acusações feitas contra ela e Lula, muito menos dos detalhes da vida, morte ou velório da Marisa Letícia. Eu só queria entender qual é a razão de tanto ódio contra ela.
Uma das explicações que eu arrisco é que Marisa Letícia se parecia muito com qualquer um de nós. Tinha talvez os nossos mesmos hábitos prosaicos e correspondia demais à imagem das mães e avós que todos nós conhecemos. Ela não se encaixava na imagem decorativa e glamorosa que muita gente insiste em associar às mulheres de presidentes, como Jacqueline Kennedy ou Carla Bruni.
Mais que isso, Marisa ousou emergir da sua origem humilde e ocupar um palácio de governo durante alguns anos. E nem quando voltou para o mesmo apartamento classe média em São Bernardo do Campo as pessoas lhe deram sossego.
O que me espanta é essa repulsa a um lugar de poder ser ocupado por pessoas iguais a nós, ainda que essas pessoas, quando líderes, vivenciem nossa realidade e conheçam nossos problemas melhor que ninguém. A gente não entende o que significa democracia, no seu mais básico sentido, que é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Entregamos felizes nosso destino nas mãos de governos plutocráticos.
Quanto às acusações feitas a Marisa e Lula, também não acredito que justifiquem tanto ódio (na verdade, nada justifica o ódio). Penso nisso quando me lembro das selfies de Claudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, feitas na fachada de grandes maisons francesas, exibindo sacolas com compras de milhares de reais cada, que inclusive serviram para que a Receita Federal confirmasse as acusações de gastos incompatíveis com a renda do casal. Claudia anda flanando por aí sem ser incomodada, o que me leva a crer que não é a corrupção que mobiliza a direita. Ou pelo menos nem toda corrupção.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Einstein e o IPPUJ
POR JORDI CASTAN
Einstein foi um visionário, um homem à frente do seu tempo. Mão só pela sua capacidade de elaborar teorias que só puderam ser comprovadas muito tempo depois, como pela sua visão de como funcionavam ou poderiam funcionar algumas organizações e institutos. Sem conhecer Joinville ou o IPPUJ, antecipou a sua filosofia e forma de ação. Não só pressupôs a sua ação sobre cidade como anteviu seu impacto sobre o presente e o futuro de Joinville.
Discorreu Einstein que, embora em princípio uma teoria possa ser provada por experimentos, o inverso não é verdadeiro. Não há um caminho que leve dos experimentos à elaboração de uma teoria. Einstein não sabia naquele momento que era possível, no século XXI, em uma cidade, que um órgão municipal pudesse se dedicar alegremente e de maneira estulta a realizar experimentos, sem que fossem alicerçados por nenhuma teoria. Que não fosse necessário desenvolver nenhum modelo de planejamento teórico, nem, menos ainda, instruções e estudos confiáveis sobre como iniciar seus impactos possíveis e desejados e os riscos que deveriam a todo custo serem evitados. Einstein entendeu que nestes casos ficaria mais distante a possibilidade de dar-lhes sequência e avaliar seus resultados, fazendo as consequências desta série de experimentos imprevisíveis e perigosas.
Pode ser que esta forma irresponsável de experimentar seja a única justificativa para a situação caótica em que se encontra Joinville. Poderia até ser, como alguns pressupõem maldosamente, que toda esta situação não seja o resultado de um plano intencionalmente perverso, mas o da mais pura e autêntica inépcia. Só assim para entender que tantos desatinos possam suceder de forma sistemática e corriqueira.
Einstein foi um visionário, um homem à frente do seu tempo. Mão só pela sua capacidade de elaborar teorias que só puderam ser comprovadas muito tempo depois, como pela sua visão de como funcionavam ou poderiam funcionar algumas organizações e institutos. Sem conhecer Joinville ou o IPPUJ, antecipou a sua filosofia e forma de ação. Não só pressupôs a sua ação sobre cidade como anteviu seu impacto sobre o presente e o futuro de Joinville.
Discorreu Einstein que, embora em princípio uma teoria possa ser provada por experimentos, o inverso não é verdadeiro. Não há um caminho que leve dos experimentos à elaboração de uma teoria. Einstein não sabia naquele momento que era possível, no século XXI, em uma cidade, que um órgão municipal pudesse se dedicar alegremente e de maneira estulta a realizar experimentos, sem que fossem alicerçados por nenhuma teoria. Que não fosse necessário desenvolver nenhum modelo de planejamento teórico, nem, menos ainda, instruções e estudos confiáveis sobre como iniciar seus impactos possíveis e desejados e os riscos que deveriam a todo custo serem evitados. Einstein entendeu que nestes casos ficaria mais distante a possibilidade de dar-lhes sequência e avaliar seus resultados, fazendo as consequências desta série de experimentos imprevisíveis e perigosas.
Pode ser que esta forma irresponsável de experimentar seja a única justificativa para a situação caótica em que se encontra Joinville. Poderia até ser, como alguns pressupõem maldosamente, que toda esta situação não seja o resultado de um plano intencionalmente perverso, mas o da mais pura e autêntica inépcia. Só assim para entender que tantos desatinos possam suceder de forma sistemática e corriqueira.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Karneval nón é coisa de xente de Xoinville
POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Tag, minha povo.
Xá sabem que nón vai ter karneval em Xoinville? Auf keinen Fall! A nossa querrida prefeito falô e esdá falado. Quem quisser sarracotear vai ter que mexer a traseiro em outros freguessias. Nón querremos esse festa do pecado no nossa cidade, porque somos tudo xente de bem e não gostamos dessas poca vergonha. Der Zweck heiligt die Mittel.
Ainda bem que tem xente cuidando do morral e das boas costumes em Xoinville. Temos que preservar a estilo de vida do cidade: vícias privadas, virtudes públicas. Wunderbar! Sem karneval nón vamos ter essa pessoal que gosta de mostrar os intimidades, que nem o Globelessa. E nem aquela povo mais escurrinha que gosta de requebrar no afenida.
Karneval nón é festa de xente trabalhadora. É coisa desses vagabundas kommunisten que nón respeitón o morral e os nossos tradiçóns. Que tradiçón? Orra, tradiçón é festa de alemón, o nossa verdadeiro nacionalidade. É festa de xente de bem, parra beber chopes até cair para o lado. Sich besaufen, sich betrinken.
E nón vamo parrá por aqui. Vou pedir para a nossa querrida prefeito para acabar de veiz com esse mania de karneval. Isso não é coisa de xente de Xoinville. Nón querremos blocos, escolas e enchentes de povo no avenida. Aqui enchente é só as do Cachoeirra. Sem povo. Entenderón? Dem Weisen genügt ein Wort.
Palavra do barón. Besser spät als nie.
Joinville mais uma vez sem Carnaval
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Foto: Rogério da Silva |
Mais uma vez Joinville ficará sem o Carnaval. Em uma nota lançada ontem pela Prefeitura da cidade, informou-se que o evento foi cancelado para seguir a recomendação feita pelo Ministério Público de Contas de Santa Catarina.
A exemplo do que fez com o dia da Consciência Negra, a atual gestão se blinda atrás de entidades e órgãos para manter a sua imagem preservada. Para quem não lembra, após aprovar o dia 20 de novembro como feriado municipal, o prefeito se viu obrigado a acatar a decisão judicial (pois entidades empresariais entraram com uma ação judicial contra o feriado) e cancelar o feriado sancionado. Parece que é uma prática comum dessa gestão não responder por conta própria a decisão de não realizar algumas festividades e eventos.
Veremos se o Ministério Público de Contas também se pronunciará a respeito das Festas das Flores. Não que queiramos que essa festa não aconteça, mas se tratando de crise, o pau que dá em Chico tem que ser dado em Francisco. Mesmo porque tal festividade ocorrerou tranquilamente em todos esses anos sem Carnaval, mesmo tendo um valor de investimento mais elevado se comparado com o evento do começo do ano. Haverá alguma outra explicação para tamanha coincidência? Ou talvez seja apenas o fato da diferença na pigmentação da pele das pessoas que fazem e frequentam cada evento? Não saberemos. Apenas podemos trabalhar com especulações e lamentar profundamente mais essa perda cultural.
A atual gestão e sua equipe sabem que tem respaldo para cancelar o Carnaval, pois o senso comum da cidade acredita ser um evento pecaminoso. E é com isso que o prefeito conta para realizar suas ações. O discurso de defesa é único: prioridades. Saúde e educação em primeiro lugar.
Como se, com um bom planejamento, não pudéssemos reunir tudo isso dentro da mesma festividade. Já imaginou quantas calorias se perde sambando? Já pesquisou como a autoestima interfere na saúde das pessoas? Pois bem, o Carnaval é capaz de produzir isso tudo e muito mais. Sem contar os resgates históricos que são feitos na produção do enredo de uma escola de samba, a moda presente nas fantasias que apresentam por meio de suas cores, formas e detalhes, o que a escola quer passar para os espectadores, a engenharia por trás da construção de um carro alegórico, dentre outras coisas.
Em 2013, por exemplo, a Escola Príncipes do Samba trouxe em seu enredo a história da Avenida Cubas. Uma das mais famosas avenidas da cidade. Em seu samba-enredo contou histórias e trouxe, para muitas pessoas, informações desconhecidas e também relembrou a importância de uma das ruas que contribuiu para o crescimento da cidade, econômica e culturalmente, falando da importância do Rio Bucarein na construção da cidade e as festas que aconteciam por lá. Lembrou de personagens que marcaram época em Joinville como os jogadores Pingo e Piava e o Mestre Bera (escute o samba-enredo: https://goo.gl/Vld8Yj).
Educação e saúde não se resumem apenas na construção de mais prédios. Educação também se faz fora das salas de aulas e podem ser muito bem introduzidas e misturadas com o universo rico do carnaval, bem como, pode abrir novas portas para que novos temas sejam abordados e estudados, para que a memória e a tradição da cidade sejam preservadas e propagadas. E a construção de mais hospitais é investimento em doenças, precisamos investir também na prevenção delas, seja através de esportes ou da dança, como o samba, que ajuda a queimar calorias, a manter o corpo saudável fisicamente e contribui para a alegria e autoestima de quem pratica, conservando a saúde da mente.
Enfim, com um bom planejamento e com boa vontade, há espaço para tudo ser feito. Mas parece que falta isso para alguns gestores que dizem querer trabalhar.
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