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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Rachou feio


POR JORDI CASTAN
Rachou feio.

Escrevi aqui, semana passada que o Brasil amanheceria hoje rachado. Não seria surpresa o resultado desta eleição, mesmo que polarizada, ser muito parecida com a que elegeu a chapa Dilma-Temer. Das urnas saíram dois brasis. Duas nações cada vez mais diferentes, cada vez mais contrastantes e cada vez mais difíceis de governar. O Brasil perdeu, saiu ainda menor. E o resultado do segundo turno será ainda mais dramático.

Podemos prever discursos inflamados entre “nós” e “eles”. Discursos que agora terão ainda mais eco e ganharão força e terão repercussão. Aliás, já começaram. Ontem à noite, mesmo antes do fechamento total do escrutínio dos votos, já circulavam nas redes sociais frases, imagens e consignas contra a “Venezuela do Sul” ou a “Cuba do Sul”, aquele país, que no imaginário do eleitor de Bolsonaro representa tudo o que de atrasado no Brasil.

Deve ganhar força o discurso separatista do Brasil economicamente desenvolvido e progressista, que reuniria, no imaginário de muitos todos aqueles estados em que o candidato da direita nacionalista venceu. O outro Brasil seria o constituído por todos aqueles estados que votam PT, mesmo sabendo que o partido roubou numa escala nunca antes vista. Mesmo conscientes que uma boa parte do seu atraso e subdesenvolvimento são resultado da corrupção com que compactuam e aprovam, pretendem eleger e reeleger uma e outra vez dinastias de políticos que os exploram e os enganam, mantendo-os num estado de miséria que os faz dependentes dos mesmos políticos em que votam.

O quadro é desastroso. Mas para não nós deixar levar só pelo pessimismo, é bom destacar que alguns dos piores nomes da política nacional não foram reeleitos. E, portanto, perderam o foro privilegiado. Vou deixar para cada um dos leitores escolher os nomes dos que ficaram no caminho. O importante é que houve uma renovação significativa no Senado. Houve nomes destacados que se candidataram para a Câmara dos Deputados, para assim garantir a sua eleição, em alguns casos a estratagema funcionou bem.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Comunistas sanguinários e o sul sem norte


JOSEF ANTONIOV BAÇOVSKY

Não sei qual a razão, mas nos últimos dias alguém ressuscitou uma piada velha (que parecia estar mortinha, esmagada pela própria estupidez): o tal movimento que propõe a separação dos três estados do Sul do Brasil e pretende criar uma espécie de Dinamarca abaixo da linha do Equador. Ou, nas palavras dos divulgadores, um país novo e pujante... a que tomo a liberdade de chamar Dinamarca Botocuda.

Falar sobre esse tema é acender vela para defunto ruim. Mas vou desperdiçar um pouco do meu tempo porque desta vez temos uma novidade política. Li que a criação da Dinamarca Botocuda é uma reação ao fim de um Brasil puro. Ou seja, por não haver mais a possibilidade de um “brasil brasileiro”. O que aconteceu? Ora, eles dizem que a sociedade brasileira está contaminada pelos comunistas sanguinários.

Parem as máquinas. Tive uma epifania e estou tentado a aderir. Vocês, leitor e leitora, não estão louquinhos para se juntar a pessoas tão inteligentes que conseguem ver onde os olhos comuns não alcançam? Quem, além destes gênios da raça, seria capaz de ver onde estão encafuados esses insidiosos comunistas? O perigo vermelho ronda a nossa sociedade e só a lucidez desta gente pode nos salvar.

Sim, vou aderir: “a Dinamarca Botocuda é o meu país”. Porque nela não haverá a insídia comunista e nem os sanguinários. Oh... quanto derramamento de sangue é suficiente para vocês, vermelhos? Já não bastava comerem as nossas criancinhas no café da manhã? Malditos marxistas, vocês são insaciáveis, mas o fim está próximo: se vocês são o sangue, a Dinamarca Botocuda será o modess.

Perceberam o alcance da proposta, leitor e leitora? Quem mais poderia travar esta guerra de sangue? Quem mais poderia acabar com os comunistas sanguinários senão homens com sangue azul e sobrenomes estrangeiros? É o que expressa a bandeira do tal movimento: três estrelas, que representam os estados de gente com nomes europeus, sobre um fundo azul, que representa a cor do sangue dessa nobreza sulista.

Brincadeira tem hora. Mas esse pessoal que vê comunistas sanguinários até em baixo da cama não sabe quando parar.