POR JORDI CASTAN
Não votei no Lula, nem na Dilma. Temia que viesse a acontecer o que
está acontecendo. Não serve de nada, neste momento, descobrir que tinha razão.
Tudo isso era previsível. O que surpreende é o aumento do radicalismo. A
disparada da agressividade e da violência. O que assusta é o perto que estamos
que saia do controle. O assassinato do vereador Leandro Balcone, em Guarulhos, é
um indicador de que podemos estar próximos demais de atingir um ponto sem volta. O
risco é que este não seja um ato isolado, que haja uma possibilidade real e
imediata que outras execuções possam acontecer e se implante um clima de
terror.
Ninguém detém o monopólio da violência, tampouco há uma exclusividade
da corrupção. A quantidade de políticos de todas as siglas, estados e níveis envolvidos
em corrupção é escandalosa. Só é mais escandalosa a naturalidade com que isso é
recebido por parcelas significativas da sociedade ou a idiotia dos partidários de
um ou outro grupo, que insistem em querer convencer que os corruptos dos
outros são mais corruptos que os seus. Como se a corrupção dos outros justificasse
a sua. Há até uma disputa para provar que o Mensalão é maior que o Banestado, ou
que o escândalo do BNDES é maior ainda que o do Petrolão, buscando justificar o
injustificável. A insistência em querer nos fazer de corruptos a todos é a estratégia
do momento, é do ex-Ministro da Justiça a frase: "Até síndico de prédio superfatura capacho". A beatificação da corrupção, a sua universalização.
A quem interessa esta radicalização? Quem a estimula? Quem ganha
com ela? A resposta não é simples. Mas com certeza quem tem a sua disposição um
“exercito” de militantes dispostos a partir para a violência ganhará com o
discurso violento e verborrágico. O ex-presidente Lula declarou nestes dias: “É
guerra, é guerra e quem tiver artilharia mais forte ganha". Quem pode contar com hostes agressivas
dispostas a partir para o confronto é quem mais interesse tem em estimular a violência
radical. O discurso do ódio não tem um único protagonista, mas evidente em quem
esta sob fogo cruzado. Frente ao risco de ser presos, a única saída é o ataque raivoso, a busca feroz de nos e eles. Os corruptos acuados partem para o tudo ou nada. Têm
pouco a perder. Sun Tsu, o estrategista chinês, escreveu no seu
livro “A arte da Guerra” que deve-se evitar deixar o inimigo sem uma via de
escape, porque nesse caso lutara até a morte.
Não restam muitas saídas. Todas elas implicam dor
e sacrifício. O projeto de poder do PT e dos seus partidos aliados está seriamente ameaçado. A corrupção tem contaminado todos os avanços sociais. O
governo passou de uma cleptocracia reconhecida, até o ponto que ex-ministro de Lula descreveu o governo
como um “sindicato de ladrões”, o próximo estágio de degradação é a oclocracia, o puro
esgoto. Em janeiro o Ministro Chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em um repentino e pouco frequente, ataque de sinceridade, reconheceu que “Quem nunca
comeu melado quando come se lambuza”, evidenciando o nível de lambuzagem a que
chegamos. A resposta das manifestações do dia 13 foi a opera bufa da nomeação
de Lula como ministro.
A escalada de lado e lado não pressagia nada bom.
Quando o povo vai para a rua é como abrir a caixa de Pandora, o resultado
é imprevisível. É perigosíssimo que parlamentares aliados do governo afirmem que: "Estamos nessa guerra também, não tenho nada a perder." Pessoas e
governos desesperados são levados a cometer erros irreversíveis.