POR LEO VORTIS
Esta semana a expressão “manterrupting” entrou de vez para o vocabulário dos brasileiros, em especial através nas redes sociais. Tudo pode causa da entrevista da deputada Manuela D’Ávila no programa Roda Viva, da TV Cultura. Aliás, chamar aquilo de entrevista é generosidade, porque foi um show de boçalidade e ridículo machismo.
Nem vou falar do painel reunido para a entrevista, onde constava um assessor de outro candidato, porque isso já foi muito debatido. Ora, a entrevista é a alma do jornalismo. O papel do entrevistador é perguntar, em especial as perguntas incômodas. Mas também é saber perguntar e saber ouvir. A entrevista pode entrar para a história do jornalismo como um case study de “manterrupting”.
O tema já foi muito debatido (inclusive aqui mesmo pelo Clóvis Gruner) e por isso vou falar num tema paralelo. A influência da resistência ao machismo na linguagem. É que nos últimos tempos surgiu um rol de novas palavras todas ligadas a esse plano. Infelizmente em língua inglesa, porque o português é capaz de expressar essas ideias. Mas, enfim, importa que as coisas sejam nominadas e ganhem existência concreta.
O dicionário é extenso. A começar pelo “manterrupting”, que foi a marca maior na entrevista do Roda Viva. É quando um homem interrompe uma mulher, de forma a impedir que ela conclua o raciocínio. Mas as formas de expressão quotidiano foram enriquecidas por outras palavras que têm raiz na denúncia dos comportamentos machistas, ainda muito em sociedades como a nossa.
E dou alguns exemplos:
- Mansplaining
É talvez o de compreensão mais simples. É quando um homem tenta explicar a uma mulher coisas óbvias, que ela sabe muito bem.
- Bropriating
É quando, num ambiente de trabalho, um homem (“bro”) se apropria (“appropriating”) dos méritos de uma ação ou uma ideia de uma mulher.
- Gaslighting
É violência emocional. Os homens começam a tratar a mulher como maluca por alguma ação qualquer. “Você está doida? Não era essa a intenção”.
- Slutshaming
É quando os homens dizem que a mulher é uma vadia, apenas por ela ter um comportamento mais livre.
- Manspreading
É quando o homem senta nos transportes públicos e abre as pernas, de forma a ocupar também o espaço do banco vizinho.
Enfim, graças à maior exposição de ideias nas redes sociais essas palavras - entre tantas outras - acabaram por ganhar expressão. E no caso do programa Roda Viva vou me dar à liberdade de criar um neologismo: “mandumbing”. Ou seja, homens idiotizados. Aliás, quem se deu ao trabalho de ver a tal entrevista deve ter sentido dentro de um enorme Facebook, tal o nível ridículo dos entrevistadores.
Nos que assistimos odiamos!
ResponderExcluirA Manuela disse estar acostumada...
Belo artigo!
Obrigado.
ExcluirAssisti todo o Roda Viva. Confesso que foi muito difícil. Pra mim Comunista não deveria nem ter o direito de falar nada. No entanto, ela foi interrompida pois não respondia nenhuma pergunta de forma clara e objetiva, não pq ela é mulher e bonita. O desespero da esquerda é patético.
ResponderExcluirBom, como disse Anais Nin, que não era comunista (portanto, você permitiria que ela desse a sua opinião): "não vemos as coisas como elas são: vemos as coisas como nós somos".
ExcluirAhã!
ResponderExcluirPerguntas simples foram feitas para a presidenciável que não respondeu e tergiversou, não só à bancada formada por homens, mas também por mulheres inteligentes.
Perguntas importantes como: “você é a favor da castração química para estupradores?” , “a Venezuela é uma democracia?”, “acha os modelo venezuelano ideal para ser adotado no Brasil?”, “como dar indulto ao Lula se ele foi condenado em quatro instâncias?”, quando percebia a cama de gato que se encontrava, simplesmente não respondia!
O que sobrava aos indagadores “desenhar” a perguntas para ver se a moça, ao menos, num gesto de honestidade, reconhecia sua contradição.
Mostrou que não sabe responder perguntas óbvias, binárias!
Daí sobra a vitimização.
Dilma II
Não concordo. Mas em teoria isto é uma democracia e eu tenho que aceitar a sua opinião.
Excluir12:22, Lula não foi condenado em quatro instâncias, mas em duas.
ExcluirSeu comentário mostra que você não sabe lidar com informações óbvias, porque confunde julgamento de recurso com julgamento de processo.
O criminoso de São Bernardo havia sido condenado a 9 anos na 1ª instância, recorreu, perdeu e teve sua pena ampliada para 12 anos. Mas pelo jeito, o Clóvis prefere acreditar que ele foi condenado "apenas" em 2, como se ele fosse menos bandido, por isso! Vai entender...
ExcluirEu prefiro acreditar na realidade: Lula foi condenado a nove anos em primeira instância, e a 12 em segunda instância. Não houve julgamento nem condenação na terceira ou, tampouco, em uma quarta instância. Agora, se sua obsessão doentia e patológica pelo Lula lhe faz brigar com a realidade, como diria o grande Rogerinho do Ingá, isso é um problema mental seu.
ExcluirAcabou!
ResponderExcluirAcabou!
É Hexa!!!!
Até que enfim o trabalhador brasileiro se livrará das amarras dos sindicatos.
Abaixo ao imposto sindical e a obrigatoriedade do trabalhador bancar vagabundo!
Uai. E vens comentar isso num post que tem nada a ver com o tema? Deves ter poucos amigos para conversar...
Excluir