terça-feira, 3 de novembro de 2015

De táxis, brasileiros, crises e Facebook




POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje andei de táxi. O taxista, pessoa muito simpática, tinha enorme interesse pelo Brasil. Diz ser muito conhecido pela comunidade brasileira por causa do seu táxi (uma van), que tem um tamanho à medida de quem vai mudar e tem muita bagagem para transportar. O homem brincou, dizendo ver os seus clientes uma única vez.

-       É quase sempre gente que está de volta para o Brasil. Só não entendo por que querem voltar se aquilo lá está tão mal.

Expliquei que para muitos desses brasileiros, em especial os mais suscetíveis ao desemprego ou subemprego, é mais vantajoso voltar para o Brasil. Crise por crise, pelo menos que seja em casa. E acrescentei que, guardadas as proporções, a crise no Brasil não é muito diferente das crises de outras partes do mundo, como Portugal, Espanha, França ou mesmo a Alemanha.

Ou seja, cada país tem as suas peculiaridades, mas crise é crise em qualquer latitude. Só que algumas sociedades tendem a reagir de maneiras diferentes. No Brasil, por exemplo, há quem queira resolver a crise com o caos. Ou seja, há quem ache possível apagar o fogo jogando gasolina. 

Fiquei curioso e perguntei ao taxista como ele sabia dos acontecimentos no Brasil. A resposta foi um tanto inesperada, mas não surpreendente.

-       É o que eu leio no Facebook.

Todos sabemos que as redes sociais eliminam fronteiras. E que por causa da língua é natural haver uma maior interação entre brasieiros e portugueses. Mas daí a tomar o Facebook como fonte de informação é baixar a guarda e expor a inteligência ao nocaute. Se os próprios brasileiros, que vivem a realidade no dia a dia são presas fáceis para as patranhas das redes sociais, pior para quem está do outro lado do Atlântico.

Mas sabem o que é mais preocupante? É que a comunicação social portuguesa – e também em outras partes da Europa – tem como referência a velha e caquética imprensa brasileira. Ou seja, vai beber informação na fonte de um pessoal que mandou a compostura e a ética às ortigas. O que temos então? Um país com a imagem cada vez mais parecida com uma república das bananas.  E o Brasil vira um país onde os empresários pensam duas vezes antes de investir.

Mas, afinal, dirão os anônimos nos comentários: quem se importa com o que os estrangeiros pensam? 

É a dança da chuva. 

17 comentários:

  1. José, pela primeira vez desde que leio o blog, um tanto por ser contra o que vocês escrevem, sou obrigada a lhe dar razão e elogiar sua crítica de hoje. Muito boa sua análise.

    Abraços.

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  2. Cada qual acessa a fonte de informação mais próxima. Ouço muitas críticas sobre o facebook fundadas na falta de fontes confiáveis, por outro lado, vejo jornalistas formados informarem com base em “blogs” suspeitíssimos, e o pior, muitos desses blogs sequer mostram fontes, as informações são replicadas na opinião de “alguém”.

    “As fontes mais confiáveis viriam de livros”, alguém pode argumentar. Ledo engano. Meses atrás eu li uma das muitas biografias de Ernesto Che Guevara intitulado “Che Guevara: a vida em vermelho” de Jorge Castañeda. O livro é um lixo. É temeroso perceber um jovem a começar a sua vida política lendo este lixo ideológico e mentiroso que martiriza um dos maiores facínoras que o mundo já viu. Para quem quer conhecer melhor este carrasco assassino de jovens e inocentes que hoje simboliza (para alguns gatos pingados) a “paz mundial” e os “direitos humanos”, sugiro ler o diário do próprio.

    http://www.chebolivia.org/

    Se possível acessar o original, porque o disponível neste site consta apenas páginas selecionadas que já causam náuseas ao leitor.

    Sobre a economia brasileira, o taxista português sabe tanto quanto eu sei sobre a economia do Quirguistão e sua produção de batatas.


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  3. Ver um Brasil que dá certo, através de exemplos concretos de municipios ou comunidades que criam ou estabelecem bons exemplos de políticas públicas, ficou restrito a sites ou revistas especializadas, ou as ditas publicações de esquerda.
    Ou seja, os chamados coxinhas nunca irão acessar isto e saber que existem, e cada vez mais o complexo de vira-latas (alimentado muito bem por uma midia que interessa isto) se viraliza.

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    1. Os venezuelanos pensam igual:

      “Esqueçam o monopólio econômico dependente do petróleo, a falta de papel higiênico e de outros bens primários, o desemprego acima de dois dígitos, a inflação de 200%, os dados maquiados, a falta de transparência... vejam o lado bom do nosso querido governo bolivariano que o elefantão dos trópicos insiste em copiar para afagar os breus ideológicos do partido que o governa.”

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    2. Estranho, mas nem tanto. O papo pode começar em Lisboa ou Uagadugu, mas para certas pessoas acaba sempre na Venezuela.

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    3. O Venezuela é patinho feio que os esquerdistas insistem em ignorar.

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    4. ...ou são os patinhos feios que os bambis rovoltodynhos ficam contando na caminha quando estão prá dormir....

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  4. "Mas, afinal, dirão os anônimos nos comentários: quem se importa com o que os estrangeiros pensam? "
    Discordo. Os que dizem isso normalmente são os "conhecidos", como quando o rating do Brasil foi cortado e "deram de ombros" nos comentários, com alegações desse tipo.

    "E acrescentei que, guardadas as proporções, a crise no Brasil não é muito diferente das crises de outras partes do mundo, como Portugal, Espanha, França ou mesmo a Alemanha."
    Guardadas as proporções, características, impactos, motivos.

    Aliás,empresários e investidores não tem como base a imprensa de atacado.
    Tem sim mídia especializada e técnica, números, rating.

    P.S.: E a implicância infantil e desnecessária com os anônimos continua... E eu insisto em saber que diferença faz a assinatura. Comecem a pedir nome completo e CPF então...

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    1. Sério esse seu post ou está de zoa?

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    2. Pensei o mesmo sobre o seu texto. Acho que é sempre de zoa, ninguém é tão frustrado.

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    3. Frustrado? Claro que sou. Mais alguma coisa?

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  5. A crise aqui é agravada pela incompetência de gestão, corrupção desenfreada e falta de capacidade de articulação política. O resto é blá blá blá. O Chile e o Peru demonstram que, com governos de qualidade, a economia reage e o país se desenvolve.

    Note: a crítica é ao governo e não ao fato de ser do PT. A Bachelet no Chile é de esquerda e veja se ela estoca vento...

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    1. Da primeira vez que fui fazer um trabalho para uma empresa de energia e eles me falaram que estocavam, também fiquei a pensar: "hummm, esses caras estão de zoa comigo". Mas não... era apenas a minha ignorância sobre o tema. Entendeu ou quer que desenhe?

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    2. Desenha, estou curioso!

      (em off porque vou vender aos chineses)

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  6. Baço ??? lollllllllllllllllllll

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  7. "Mas, afinal, dirão os anônimos nos comentários: quem se importa com o que os estrangeiros pensam? "

    Como assim?

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