quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Precisamos falar de criminalização das drogas


POR CÁSSIA SANT'ANNA

Na semana em que se celebra a Consciência Negra, precisamos falar daquilo que vem dizimando centenas de negros diariamente: a criminalização das drogas. 

Com suas raízes racistas, a Guerra às Drogas é uma falácia, uma guerra instaurada contra os pobres, notadamente contra a população negra, que vem sendo exterminada pelo Estado, em nome da “pacificação” e do “bem social”.

O Brasil conta com a 4ª maior população carcerária do mundo, com mais de 500 mil presos. 26% dos presos, estão envolvidos com crimes relacionados à proibição das drogas, e desses 26%, 60% são pessoas negras ou pardas.

A violação de direitos fundamentais dos cidadãos, frente à guerra às drogas, está presente no cotidiano das comunidades pobres, com execuções sumárias, revistas seguidas de torturas, adolescentes que não podem ir à praia porque são barrados, tendo em vista suas características “criminosas”: negro e favelado.

A guerra às drogas tem produzido um alto índice de mortes no Brasil, inclusive com casos emblemáticos que ganharam notoriedade, como no caso de Amarildo, no caso da Cláudia, e no caso de Eduardo. Ressalta-se, que todas essas execuções foram praticadas nas favelas.

Quantos usuários e traficantes da classe média encontramos diariamente nas universidades, baladinhas de playbas, academias e colégios? Porque essa guerra às drogas é feita somente nas periferias das cidades? Se o Estado está tão preocupado com o bem estar social e quer, de fato, uma política de combate às drogas, porque não abrange todos os grupos? Porque somente nós negros que preenchemos esses 60% quando o assunto é drogas?

Todas essas perguntas se chocam com uma única resposta: isso tudo é devido a nossa guerra - racista - às drogas, que são feitas nas favelas, nos bairros pobres, aonde dificilmente chega o acesso à justiça, a segurança e a educação.

A mídia sensacionalista mostra as periferias como um local com alto grau de perigo, e impressa na população que as execuções praticadas por policiais em nome da Guerra às Drogas e, que ocorrem diariamente nas periferias, são algo comum, ou seja, não são vistas como uma grave transgressão ao direitos humanos, aos princípios e normas do direito penal e processual penal.

O racimo é um problema estrutural do sistema de segurança pública, o qual tem contribuído para a morte de crianças negras, jovens negros, pais negros, avós negros, entre outros que “não importam para o Estado”.

A descriminalização das drogas precisa ser a nossa luta, a luta dos movimentos negros, a luta do coletivo da mulher negra, do coletivo do jovem negro. Precisamos salvar a população negra das atrocidades cometidas pelo Estado!

2 comentários:

  1. Em relação a todas as drogas é um debate que precisa ser mais aprofundado e discutido, mas que deve ser mais realista e menos hipócrita. Agora em relação à maconha, pelo jeito o Brasil vai ser um dos últimos países a fazer a liberação, pois ficar reféns de Malafaias e Bolsonaros só nas republicas das bananas mesmo...

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  2. Em relação a todas as drogas é um debate que precisa ser mais aprofundado e discutido, mas que deve ser mais realista e menos hipócrita. Agora em relação à maconha, pelo jeito o Brasil vai ser um dos últimos países a fazer a liberação, pois ficar reféns de Malafaias e Bolsonaros só nas republicas das bananas mesmo...

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