quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O rolezinho e a ostentação do preconceito

POR CLÓVIS GRUNER

Filhas da crença que o século XIX nutriu pelo progresso, as cidades contemporâneas nascem sob o signo da utopia. Lugar ao mesmo tempo de desnaturalização e fabricação da vida, nelas e por meio delas pretendeu-se realizar uma das promessas da cultura moderna: a de um espaço racionalizado, capaz de conjugar, pelo recurso ao saber científico e aplicação da técnica, o que a modernidade produziu de melhor, sem se deixar contaminar pelos seus excessos e desvios.

Os urbanistas viram desaparecer rapidamente seus sonhos de uma cidade planejada e sem males: as utopias não cabem na realidade porque ela contém sempre algo de improvável e incontrolável. O futuro, afinal, é indisciplinado. O shopping center surgiu na paisagem urbana do século XX para tentar cumprir aquilo que gerações de planejadores urbanos não puderam. Em um nível ideal, ele deveria reproduzir a experiência de estar na cidade: nele, podemos realizar praticamente todas as atividades concernentes ao espaço urbano – comer, beber, descansar, consumir, entreter-se, etc...

Mas ao mesmo tempo, o shopping estabelece um corte em relação à cidade, que permanece lá fora, com suas mazelas e contradições, suas periferias e a poluição. No seu interior, tudo é asséptico: a luz e a temperatura, sempre amenas; o ar permanentemente renovado; os corredores amplos, por onde se circula sem atropelos, não raro sem contato; a vigilância constante, a neutralizar eventuais contratempos. “A cidade não existe para o shopping”, diz a ensaísta argentina Beatriz Sarlo, “que foi construído para substituí-la”.

Substituição não apenas territorial, mas simbólica e política. A cidade é o lugar do desacordo, do confronto e do conflito. O shopping é onde toda dissensão se anula, principalmente porque geralmente vai-se a ele com um mesmo e único objetivo: consumir. E se o acesso ao mercado e ao consumo são hoje condições primas para o exercício da cidadania, eles estão na vanguarda de uma inédita forma de civismo. O shopping center tornou-se a nova ágora.

CULTURA DA OSTENTAÇÃO – Nas últimas semanas, no entanto, assistimos a um deslocamento. De ágora a Casa Grande, os shopping centers mostraram o que qualquer um com um mínimo de bom senso já sabia: o mercado não substitui a polis porque lhe falta algo fundamental ao funcionamento daquela, a democracia. Frequentá-los não é um direito assegurado a todos, como ficou claro nos episódios de proibição judicial e repressão policial aos chamados rolezinhos. O fenômeno não é inteiramente novo. Aqui em Curitiba, há uns dois ou três anos seguranças de dois shoppings tentaram impedir grupos de jovens de entrar nos estabelecimentos, porque eles tentavam fazer o que todo mundo faz, passear no shopping, mas tinham a cor de pele errada, usavam a roupa errada e moravam nos bairros errados. Soube de eventos similares em outras cidades.

Os acontecimentos em São Paulo repercutiram em parte e mais uma vez, graças à dinâmica das redes sociais. Mas a reação revela algo mais além do preconceito. Falo da dificuldade de setores das classes médias de aceitar que dois dos seus principais signos de distinção social – o consumo e a ostentação – já não são mais um privilégio exclusivo, acionados agora por jovens da periferia que se reconhecem neles, ao ponto de fazerem de ambos sua trilha sonora, o “funk da ostentação”. E não se pode culpá-los: passamos muitos anos acreditando e multiplicando uma cultura do consumo e da ostentação que tinha nos shoppings seu lócus privilegiado. E por que continuar habitando a periferia, das cidades e do mercado, se basta marcar dia e hora para ir até onde é possível experimentar, mesmo provisoriamente, o gosto que tem os excessos e a liberdade tão propalados?

Nos últimos dias imagens de jovens “vandalizando” os corredores dos shoppings paulistanos forneceram ainda mais argumentos aqueles que insistem em criminalizar os rolês. Um senador tucano, Aloysio Nunes, chamou-os de um “bando de cavalões”, e traduziu exemplarmente o sentimento de nossa elite em relação à periferia. Nenhum deles percebeu o que a meu ver é elementar: a garotada da periferia desejava fazer justamente aquilo que cada um de nós faz quando vai a um shopping: ver, principalmente; consumir, se possível. Desejo que é em grande medida fruto de uma inclusão social algo torpe e torta: a expansão das possibilidades de consumo por meio da ascensão social e econômica, nem sempre foi acompanhada pelo fortalecimento dos outros mecanismos que são – ou deveriam ser – inerentes à cidadania.

Não fosse a insensibilidade dos administradores dos shoppings e das autoridades públicas, estendida na violência física e simbólica, os rolês provavelmente continuariam a cumprir o percurso a que se destinavam. Ou, quem sabe, pudessem se tornar uma oportunidade de negócios. Mas para isso faz-se necessária uma certa dose de inteligência. E nosso capitalismo é, além de predatório, preconceituoso e violento, burro.

100 comentários:

  1. Qualquer pessoa ou “grupo” de pessoas pode usufruir o espaço “asséptico” do shopping. O impedimento de pessoas pela condição social ou cor de pele em espaços públicos (mesmo sob administração privada) vai de encontro com as leis de discriminação e nenhum estabelecimento quer ver seu nome nas páginas policiais.

    Acontece que o rolezinho em São Paulo é formado por centenas de jovens que se encontram no estabelecimento asséptico com o objetivo principal de provocar a desordem como forma de protesto contra a proibição dos bailes funks em ambientes públicos.

    As gritarias, correrias, depredações e furtos que ocorreram nas ruas durante os “protestos” do ano passado agora passam também a ocorrer nos estabelecimentos fechados onde pessoas estão mais expostas. Se nas ruas a população apoia a intervenção da polícia contra a desordem, porque não a apoiaria também nos shoppings? Ou você acha que só as classes média e alta estão incomodadas com o rolezinho? O último foi num shopping em Itaquera (conhece Itaquera?).

    Perturbação da ordem é crime, seja na rua, seja nos estabelecimentos privados ou públicos. Nenhum lojista tem o dever de absorver prejuízos causados por furtos ou coação de clientes.

    Em tempo o prefeito Haddad vetou o projeto que proibia os bailes funks em espaços públicos. Já há sugestões aos funkeiros para varar a noite festejando com um baile na rua do prefeito, em frente o prédio do Haddad, como forma de agradecimento. Aproveita e chama o pessoal de Curitiba pra fazer um rolezinho aí na sua casa e um baile funk também.

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    1. Ou seja, Marcos, o problema não é discriminação nem a truculência policial, são os moleques da periferia. Você continua bem previsível.

      E poucos argumentos são mais imbecis do que o "leva pra casa": os moleques certamente não querem frequentar a minha casa, nem frequentá-la resolveria o problema deles.

      Mas, tenha certeza, se eles decidissem fazer um rolezinho por aqui não seriam recebidos a porrada. Isso é coisa de gente da sua laia.

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    2. Demagogia e hipocrisia fazem parte do monopólio da virtude esquerdista. Nenhuma surpresa, você também é bem previsível.

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    3. O PT Acabou com o curral do funk de onde esse povo demonstra não ter capacidade de sair... deu no que deu. Agora o PT que resolva o problema. Ou vão dar rolezinho na prefeitura do PT.

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    4. Não conheço alguém mais previsível do que o Clóvis. Ele não perde uma chance de criticar o capitalismo e posar (Emir Sader diria "pousar") de politicamente corretinho, sempre muito sensível às injustiças feitas contra o pobre povo. Ele se diz apartidário, um álibi muito isshhpierto para continuar agindo sob a rígida cartilha petistóide. Sua menção ao senador Aluizio é a prova mais cabal disso, pois ele apenas repete, como um robozinho internético, as palavras imbecis da ministra petista da igualdade racial.

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  2. O nosso capitalismo e principalmente a nossa chamada classe média tiraram a mascara do preconceito e hipocrisia nesta discussão dos rolezinhos. Li entrevistas de funcionárias de shopping, que a principio não estariam num degrau social muito distante da meninada, contrárias ao movimento e colocando que "sabiam quando se tratava de pobres pois pagam com dinheiro vivo", ou "não adianta esta gente se encher de nikes e adidas pois sempre vão ter a aparencia de maloqueiros". Além da burrice mercadológica que foi muito bem colocada, a aberração é ver uma classe que até há pouco tempo convivia ou "aceitava" estes seres diferentes, e hoje com um pouco mais de acesso e inclusão levantam problemas relativos com a sua segurança e a de seus filhos para justificar o apartheid.

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    1. Manoel, li comentários parecidos a esses que você mencionou. Cheguei a pensar como título para o meu artigo "Casa Grande & Senzala revisitada", mas aí o Marcos e os anônimos teriam dificuldades para entendê-lo.

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    2. Que preconceito, heim?!?!?

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  3. Grande rolezinho pelo século XIX, Clóvis. Muito mais violenta do que a ação policial ou a canetada da justiça é a reação do chorume médio aos rolezinhos. Não dou meia hora pra algum demente marcar um na porta da sua casa, como fizeram com o Sakamoto e a Eliane Brum. Marcaram um pro Congresso no dia... isso mesmo, 31 de março.

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    1. Salve, Murilo!
      Não marcaram, mas sugeriram - olha o comentário do Marcos logo ali em cima. E sempre que leio uma porcaria dessas, me dou conta da genialidade do Sérgio Buarque, que já dizia no começo do século passada que não aprendemos, no Brasil, a distinguir os problemas públicos da vida privada.

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    2. Opa, meu comentário foi tecido antes da grande contribuição do Marcos pra literatura científica ocidental. Também escrevi sobre o tema. Na verdade, mais sobre a repercussão nas redes do que outra coisa. Passa lá, meu caro, apesar do desnível. Abraço!

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    3. Imagino o desnível...

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    4. Não deve ser muito difícil pra quem sabe descer a ladeira como ninguém.

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    5. Clóvis e Murilo, façam o seguinte: vão embora pra Cuba!! Já que vcs gostam tanto de comunismo!!

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    6. Sério? Foi isso que você entendeu, que eu gosto de comunismo? No seu lugar eu também manteria o anonimato; você deve sentir vergonha de ser você.

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    7. pois eu teria vergonha se escrevesse as merdas que vc escreve

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    8. Quando o argumento chega no nível do "vai pra Cuba"... aliás, argumento?

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  4. Apartheid porque você não é dono de loja, queridão.

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  5. Nenhum estabelecimento tem capacidade de receber tanta gente assim, foram mais de 600 naquele shopping de SP. Independente de classe essa quantidade de pessoas circulando juntas pode causar tumulto.
    Semana passada estava eu com meus sogros numa perfumaria de Joinville, estávamos em cinco adultos e uma vendedora muito simpática prontamente nos atendeu no corredor da loja, quando olhei para os lados as atendentes do balcão nos secavam com os olhos. Eu fiquei meio constrangida com esta situação, mas tive de me colocar no lugar do lojista, afinal, para ele, qualquer um dos quatro poderia furtar um frasco enquanto o outro conversava com a vendedora.
    Agora imaginem uma loja de 25m2 com 30 ou 40 clientes, fica impraticável. Ainda mais se loja tem suas mercadorias acessíveis aos clientes.
    Rosângela

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    1. Meu deus, deviam colocar catracas na Porta do Shopping e só deixar entrar um número determinado. Ou mandar os cheirosos embora.

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  6. Perfeito. Não sou do tipo que "joga confetes", entretanto, o texto está impecável... E, apenas, concordo com tudo... Amei!!!

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  7. Acho que se o rolezinho fosse feito pela classe A+, portando relógios caros e Iphones no bolso, os donos dos estabelecimentos e a justiça fariam a mesma coisa. É muita gente reunida em um mesmo lugar. E a responsabilidade por qualquer dano físico ou patrimonial será do dono do lugar.

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    1. Na verdade, não: http://www.youtube.com/watch?v=nGHvq_pCMGU

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    2. Todos os dias muita gente de relógios caros e Iphones frequenta os shoppings. Todos os dias...

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  8. ""É um grupo de jovens que sente raiva e impotência, e tenta obter um senso de poder", disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere."

    http://noticias.terra.com.br/mundo/estados-unidos/rolezinhos-sao-realidade-ha-anos-em-shoppings-dos-eua,44465bfb2ec83410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

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  9. A ministra da Igualdade Racial (mais um ministério dispensável), Luiza Barros, esbravejou todo o seu racismo afirmando ser uma “reação de brancos” aquela contra o famigerado “rolezinho”. Aonde chegou a governança brasileira. Aonde você imaginaria alguém do governo destacar a questões supostamente raciais de forma tão protuberante e irresponsável? Trata-se de incentivar uma guerra cultural ideológica fantasiosa entre brancos e pretos, pobres e ricos, “de esquerda” e “de direita” com o objetivo único de manutenção do modus operandi. Infelizmente poucos têm capacidade de vislumbrar a direção nefasta para a qual caminha a democracia no Brasil.

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    1. Sorte nossa que podemos contar com você para nos alertar sobre a direção nefasta para a qual caminha nossa democracia.

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    2. Para você eu não preciso alertar nada, pois já está muito "bem amparado", se é que me entende.

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    3. Ah, mas esse tá bem amparado mesmo. Ele faz os deveres de casa todo dia e vai colher bons frutos no futuro.

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    4. Perfeito, Edu.Jlle. Além do fato de pelo menos 50% dos rolezeiros serem BRANCOS!!! E sem falar que, a persistir esse "fenômeno cultural", os atendentes das lojas perderão suas comissões e podem ser demitidos... Mas aí acontecerá o que todo esquerdista gosta: mais gente no Bolsa Família!!!

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  10. Adoro ler o Chuva! Os textos me enriquecem e os comentários me deixam em dia com a ignorância da comunidade joinvilense. Viva a Democracia! By Ácido

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    1. Pressupõe-se então, pelo seu comentário que todo joinvilense que discorda, mesmo com argumentos válidos, das posições dos articulistas do blog é um ignorante?
      Muito profunda a sua observação. Ao contrário dos ditos iluminados que abundam por aqui, nós não possuímos o monopólio da virtude.
      Ao invés de você receber os contra-pontos e argumentar de volta, como em todo bom debate democrático, você prefere rotular e generalizar. Aliás como todo bom ignorante faz.
      Aja ácido nessa cabecinha.

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    2. Como já anteriormente mencionei, se essa é a intelectualidade de vanguarda de Joinville, Nossa Senhora, que vergonha...

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    3. O problema é que quando eles vencerem nós não vamos sequer poder ser sarcásticos a esse ponto.

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    4. O chapéu serviu! By Ácido!

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    5. Argumentos válidos = senso comum? Os comentários (destilando ódio e preconceito) que leio aqui no Chuva Ácida, também leio nas fanpages do AN e do ND. E são a esmagadora maioria.

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    6. André, quais argumentos válidos? Fazer um rolezinho aqui em casa? Ir morar em Cuba? Elogiar o "capitalismo" vietnamita? Insinuar que eu sou petista e que vou colher os "bons frutos" no futuro?

      Sério, diga lá qual você acha mais válido, se todos se resumem a, basicamente, passar ao largo do texto para concentrar-se na repetição exaustiva de clichês burros da direita conservadora e ressentida?

      Você reivindica o "debate democrático" e banca o humilde dizendo que não possuem o "monopólio da verdade". Ninguém aqui o possui principalmente porque, quando se trata dessa coisa fugidia chamada "verdade", não há monopólio. Há argumentos, pontos de vista, tomadas de posição.

      Os meus, deixo claro quais são - inclusive em relação ao governo petista; e bastaria um pouco de boa vontade e inteligência para apreendê-los. E dos anônimos, além de descer o nível da "argumentação" ao clichê "vá morar em Cuba" ou "leva pra casa", quais são?

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    7. Espero um artigo do sempre isento Clóvis sobre o ódio e o preconceito da elite petista acreana (Tião Vianna) que quer impedir os rolezinhos dos pobres haitianos e fechar a fronteira a esses queridos irmão da Pátria Grande!!!

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    8. O meu argumento é que rolezinho depõe contra quem dele participa. O rolezeiro pode invadir qualquer espaço, ainda assim não sou obrigado a gostar dele. Ele não vai ser meu amigo..

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    9. Você não é obrigado a gostar de ninguém; eu não sou obrigado a gostar de ninguém. Mas isso não é sobre você, nem sobre mim.

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    10. 16:21, uma boa sugestão de pauta. E eu lhe devolvo com outra sugestão: como você parece conhecer bem a situação no Acre e tem algo a dizer sobre o assunto, escreva um texto e envie para nós publicá-lo no brainstorming.

      O texto não precisa ser bonito e elegante, nem ter estilo (uma amiga diz que quem tem estilo é Machado de Assis, nós precisamos é escrever direitinho), basta ser bem escrito: ter estrutura - ou seja, começo, meio e fim -; saber expor com clareza as ideias que pretende apresentar e defender; e ser bem construído gramaticalmente (a gente até faz uma copidesque pra evitar um ou outro errinho, mas ninguém aqui ganha pra fazer serviço de revisor, não é mesmo?).

      Que tal? Aceita o convite?

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    11. Clóvis, duas observações:
      1) Os "argumentos válidos" servem para ambas as partes. Os comentários preconceituosos devem apenas ser ignorados. Simples assim. O tal do "ácido" apenas colocou mais lenha na fogueira desnecessariamente, não identificando de quem ele estava falando. É essa soberba e falsa altivez que me enche o saco.
      2) Não falei em monopólio da verdade, mas em monopólio da virtude. Você leu muito rápido o comentário e interpretou errado.

      No mais, sobre o seu texto, não tenho nenhuma crítica a fazer. Ele apenas me fez refletir sob um ponto de vista diferente. E é esse o objetivo que me fazu acessar esse blog quase todo dia. Afinal não sou tão bitolado e "narrow-minded" como esses bocós que se escondem em apelidos de pré-adolescente.

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    12. Certo, André. Ato falho meu quanto ao monopólio da virtude, e não da verdade. No mais, obrigado pelo esclarecimento.

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  11. A ordem é um valor tão importante quanto a justiça social.

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    1. Neide, vc derrubou o muro de texto lá de cima com o peteleco da tua frase. parabéns

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    2. Neide, eu acho que não existe ordem onde não existe justiça social.

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    3. Gostei do comentário da Neide.
      Concordo com ela.

      E um erro não justifica o outro. Não é porque não temos a adequada justiça social que temos que defender a desordem.

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    4. A defesa da "desordem" contra a injustiça é um princípio liberal, constante nos textos e documentos fundadores do liberalismo. Não é uma invenção do século XX, nem da esquerda, nem dos socialistas. John Locke, nos século XVII, os iluministas do século XVIII, os "pais fundadores" na Revolução Americana já sabiam o que nosso liberais de internet não sabem: sem justiça e condições mínimas de igualdade, não há ordem, porque a ordem emana principalmente da justiça e do equilíbrio econômico e social. Simples assim.

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    5. ordem é a palavrinha que significa a concessão que damos ao estado para o uso disciplinado da força e é sim condição para que exista justiça social. não conheço país ou situação em que a desordem tenha gerado igualdade. e acho tb que a discussão em torno do rolezinhos está um tanto desequilibrada. ou a molecada não precisa de esporro tb?

      http://www.youtube.com/watch?v=dkDQI8M-CS4

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    6. Ideias dos séculos passados já não respondem a maioria das indagações contemporâneas. Mas isso os marxistas de internet ainda não compreenderam.

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    7. Puxa, que bom ler isso, 17:16. A próxima vez que um de vocês vier vomitar chavãozinho liberal - meritocracia, livre mercado, etc... - vou copiar e colar seu comentário.

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    8. Boa Neide. O texto do Clóvis é de uma hipocrisia enorme.

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  12. Eu pago impostos pra sustentar o bolsa família, me sobra dinheiro pra comprar carros caros, mas não para comprar um Beechcraft Kingair, acho que vou protestar também. Paro de trabalhar, mando todos embora, e vou invadir hangares alheios.

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  13. Que tal essa gurizada ocupar esse tempo ocioso estudando por exemplo, por que não fazem um rolezinho na biblioteca.

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    1. Eu também me pergunto por que a classe média que adora passear nos shoppings não lota as livrarias (aqui em Curitiba, sempre mais vazias que as outras lojas); não se comporta no cinema e desrespeita, com sua conversa e seus celulares, quem está afim de realmente assistir ao filme. Ah, claro, e tem as bibliotecas, que a gurizada de classe média também não costuma frequentar.

      Então, sejamos francos: estamos a cobrar da periferia aquilo que os grupos sociais a que pertencemos - supondo que você pertença, como eu, a classe média - também não faz. Nossos adolescentes preferem shoppings à bibliotecas (gostemos disso ou não), e isso independe da classe social e do bairro onde vivem.

      A questão é: por que isso não incomoda quando os adolescentes são de classe média, mas desperta em nós um fervor cívico quando se trata de jovens da periferia?

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    2. Eu me incomodo muito com atitudes do tipo sim. Independentemente da classe social. Até mesmo eu shows caros de artistas internacionais eu não vou (e o grupo de pessoas com quem convivo também não vai), pois sinto insegurança na exagerada quantidade de pessoas e na falta de espaço para caminhar. Do mesmo modo não vou a praia de Balneário Camboriú nos primeiros dias de janeiro pelo mesmo motivo (e conheço muitos que fazem o mesmo).

      É uma escolha pessoal e, pessoalmente, faria o mesmo se eu fosse dono de um shopping, pois é um estabelecimento voltado ao comercio, ao consumo, e eu acreditaria que os consumidores que fazem a roda girar neste cruel mundo capitalista - assim como eu - não gostariam da insegurança e do tumulto causado pelo extremo excesso de pessoas.

      Paula Mader

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    3. Se a classe média estivesse nas bibliotecas, os rolezinhos não incomodariam tanto.

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    4. Sinto saudades enquanto a guerra ideológica era defendida apenas na esfera cultural, das ideias, hoje, sem argumentos, a esquerda caquética tenta empurrar esta guerra para o campo das classes. Estão mexendo num vespeiro. De fato, a esquerda tem um a bomba como arsenal, mas ela não faz ideia de onde está e nem como funciona o detonador.

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    5. Paula, boa parte do pensamento social do século XIX alimentou-se da tentativa de compreender o fenômeno das multidões, e a conclusão via de regra foi sempre a mesma: elas são incontroláveis. Há quem as tema, há quem não, mas não acho que o problema dos rolezinhos seja numérico. O Murilo postou um vídeo esclarecedor neste sentido: um grupo de alunos da USP que "invadiram" um shopping paulistano e o fizeram sem serem incomodados. Por que o rolezinho incomoda? Não acho que pelo número excessivo de gente, mas pelo número excessivo de gente que contraria o padrão esperado de gente que costumava frequentar os shoppings.

      E a insensibilidade e a burrice de administradores, lojistas e autoridades, como disse no meu texto, deu gás ao potencial dos rolezinho. Pessoalmente, acho que se não fosse isso, aconteceriam meia dúzia deles - se muito - e as coisas voltariam à supervalorizada normalidade. Por que? Entre outras coisas porque adolescentes são inconstantes e as coisas perdem rapidamente o valor quando deixam de ser novidade. Pessoalmente, acho que se os lojistas fossem menos tacanhos e preconceituosos, parte desse público poderiam ser atraído aos shoppings para efetivamente consumir e gerar algum lucro (e sobre isso, recomendo que você leia o texto que linkei em meu 'post', muito bacana).

      Ao receber a molecada na base da porrada e da proibição, os shoppings inventaram um problema onde não havia e agora arcam com as consequências. O que não chega a ser exatamente ruim: basta acionar um outro formador de opinião e criminalizar os jovens da periferia (afinal, eles já estão acostumados a isso) e esperar que os anônimos e o Marcos da vida compareçam nas caixas de comentários para fazer a lição de casa.

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    6. Clóvis Gruner primeiro não sou classe media, não tenho curso superior, sou aposentado por invalidez e vivo de salário mínimo, não frequento shopping, não tenho amigos por ser pobre e doente, ao invés de ir no shopping ostentar roupa comprada a prestação eu leio um livro, por que eu não quero ser igual a classe media eu quero ser melhor, na vida o importante é ser e não ter.
      Se a classe media não frequenta bibliotecas eu não preciso ser igual a eles.

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    7. E quando eu disse "por que não fazem um rolezinho na biblioteca." eu SUGERI, e não COBREI.

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    8. Essa petistaiada cumpre o manual do MAV direitinho! E tenta enganar os menos atentos. Mas o Clóvis ainda precisa de muito Todynho para isso. Ele fala que "um grupo" de estudantes da USP não foi incomodado. Pergunta que não quer calar: era um grupo de 600/700/800??? Cantando, pulando, gritando, zuando??? Além do mais, para calar a boca desses sociólogos, historiadores e cientistas sociais ad hoc, bastaria que os shoppings pegassem suas fitas de segurança, selecionassem alguns "melhores momentos", com pobres e pretos numa boa em seus estabelecimentos, e provar que ninguém é contra rolezinho porque "são quase todos pretos, ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres". Sabe como é que eu chamo isso; OPORTUNISMO ASQUEROSO DESSA ESQUERDA OBEDIENTE AO MANUAL DO ARRANCA RABO DE CLASSES.

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    9. Rogério, sorte em seu projeto de vida. E me desculpe, mas suja colocação soou uma cobrança, e não um sugestão.

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    10. 16:34, até pra humorista vocês não servem: MANUAL DO ARRANCA RABO DE CLASSES é uma das coisas mais sem graça que já li por aqui. E olha que a concorrência é grande.

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    11. Porque... BEM.... NAO SEI....

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  14. Segundo artigo, nosso capitalismo é truculento, melhor seria o de Cuba? China? Coreia do Norte? Vietnã? Só ingênuo ou desonesto intelectual a defender esse arrastão travestido de rolezinho.

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    1. Capitalismo de Cuba? China? Coreia do Norte? Vietnã? Valhamedeus!

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    2. Clóvis, você prefere o sistema de governo de Cuba, China, Coreia do Norte ou Vietnã? Não né?

      Você acha que o Brasil poderia efetivamente ter um sistema melhor?

      Se sim, em qual país deveríamos nos espelhar?

      Paula Mader.

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    3. Boa pergunta, Paula, estou curioso.

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    4. Paula, não sei em qual país se espelhar; talvez fosse o caso de pensar quais os caminhos possíveis nós podemos trilhar para tentar minimizar o abismo social que atravessa nossa história.

      Se por um lado não acredito que o Estado consiga, deve e quer resolver sozinho essas mazelas, tampouco acredito que seja o mercado a fazê-lo: a experiência histórica já nos mostrou a falência e/ou a inviabilidade das opções extremas.

      Mas você pede que eu diga em qual país devemos nos espelhar, então o mais próximo disso que me ocorre é o exemplo sueco. Mas sem a parte chata, de preferência.

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    5. Enrolou e nao disse bosta nenhuma....

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  15. Por que será que os comentadores não responderam as perguntas do Clovis? São tão viciados em negar, vivem tanto atrás do "não é bem assim" que já não conseguem responder nada que lhes possa fazer ver além dos clichês aos quais estão submetidos. A melhor é essa de ir a biblioteca. Se os jovens fossem pra lá, duvido que se mudaria o discurso dos anônimos negacionistas.

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    1. Rubens, se os jovens da periferia fossem às bibliotecas e não aos shoppings, os anônimos estariam a denunciar uma conspiração para meter ideias esquerdistas na cabeça da molecada e usá-las como massa de manobra para a revolução bolivariana. Não tem jeito: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

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  16. “É claramente uma manifestação de preconceito em relação a um determinado grupamento social que se caracteriza por pobreza e por negritude, um grupo que se manifesta politicamente, no sentido mais amplo da palavra, e que não pode ter seu direito de manifestação e de ir e vir cerceado em um lugar público, porque o lugar é privado, mas é aberto ao público, então é publico”

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    1. Eles querem que eu os ame, adore, ache bonito?: Não acho... Na vida não é assim VAI TER QUE ME ENGOLIR.

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  17. Sinceramente falando, o que rege o nosso mundo é o dinheiro.
    O shopping é um ambiente privado (tem dono e este dono não é o Estado) que visa o lucro e fará o possível para maximizar seu lucro, se o "rolezinho", na visão do shopping, estiver atrapalhando sua lucratividade, este irá fazer de tudo para impedir que o tal "rolezinho" ocorra. Afinal, a tal função social do shopping já quase não existe na nossa sociedade, sendo os mesmos dirigidos ao consumo desenfreado. Não sou advogado, mas creio que legalmente, o shopping, por ser um local privado, tenha o direito de permitir a entrada de quem bem entender. Se moralmente falando é certo, cabe a sociedade como um todo chegar num consenso. Muito provável que os shoppings dos "abastados" comecem a cobrar algum valor de entrada, como uma forma de elitizar e permitir que os ricos/público alvo/consumidores tenham o ambiente tranquilo (conforme o entendimento deles) para poder consumir.
    Falando da minha opinião, sou uma pessoa que nao gosta de aglomeração de muita gente, pode ser rico/pobre/branco/afro/homoafetivo/hetero, não gosto e tenho o direito de não gostar e se puder escolher, vou a um lugar que tenha menos gente, evito ir aos shoppings em dias de grande movimento (vésperas de datas comemorativas) e se eu soubesse que está tendo um rolezinho com muuita gente, provavelmente consumiria em outro lugar. Por estar em um outro momento da minha vida (idade adulta) não tenho tempo de ir ao shopping apenas para passear/curtir. Talvez assim como eu, outros consumidores sejam afastados do shopping, alguns por "caretice" como o meu caso, outros por preconceito, enfim, por inúmeras razões e o que o shopping mais quer é ter mais consumidores.
    Andy

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    1. Andy, a minha casa, a sua casa são ambientes privados. Os shoppings são empreendimentos privados mas de características públicas. Sobre lucratividade e outras coisas, sugiro ler o texto do Farofafá, bem interessante; postei-o lá em cima, mas colo o link de novo aqui:

      http://farofafa.cartacapital.com.br/2014/01/15/capitalismo-anticapitalista/

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    2. Sua sala de aula, professor, também tem características públicas? Posso entra nela quando eu quiser, vários dias seguidos, com minha turma do funk? Sem problemas?

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    3. Se a propriedade privada dos espaços fosse o suficiente pra encerrar o debate sobre a presença de terceiros nos estabelecimentos, AVCB e condições de acessibilidade, por exemplo, seriam itens totalmente descartáveis. Essa confusão sobre os usos da propriedade privada me fascinam até hoje. Quem aqui nunca ouviu "Ah, então se você é de esquerda, vá dividir seu computador com um favelado kkkkk"? Pois bem, acontece que certas propriedades privadas são de finalidade - e interesse - privada, assim como o meu computador. Mesmo sendo um ambiente privado, as casas também são propriedades privadas com finalidade de interesse público, afinal abrigar pessoas de maneira digna (o que inclui o direito à privacidade) é - ou deveria ser - do interesse do coletivo. Os shoppings são propriedade privada de finalidade de interesse público, afinal a atividade comercial interessa ao coletivo - gera empregos, renda, etc. Se a propriedade for o limite absoluto para o acesso, dá-se carta branca a lojistas que quiserem coibir a entrada de biotipos característicos - não é muito difícil imaginar quais. Isso já aconteceu algumas vezes na história do Ocidente e parece que já esqueceram.

      Em São Paulo, a saga do Haddad com o IPTU tem muito a dizer sobre essas fronteiras difíceis de vocês entenderem: http://murilocleto.blogspot.com.br/2013/12/haddad-e-saga-do-iptu-em-sao-paulo.html

      Clóvis, meu velho, esse texto você esculpiu. O chorume aqui só atesta o que estou dizendo.

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    4. 16:39, o problema de você e sua turma frequentarem a minha sala de aula é que provavelmente você ficaria sem turma: eles certamente teriam algo a aproveitar e aprender comigo e eu com eles. Você, coitado, não ia entender nada. Faz o seguinte, vai dar um rolê no shopping.

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    5. Murilo, a mentalidade dos anônimos é previsível há tempos: volte umas oito décadas, na Alemanha dos anos de 1930; ou um século e meio no Brasil escravista, e eles já estavam lá, pensando e dizendo exatamente a mesma coisa.

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  18. "Posso nao concordar com o que você faz, mas lutarei até a morte pelo seu direito de continuar fazendo."

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  19. Cóvis, organiza um rolezinho ai na praça da bandeira prá todo mundo se conhecer!!!

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  20. o chuva ácida fica muito mais divertido quando tem rolezinho de anônimo...

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  21. é isso.

    http://www.oene.com.br/rolezinho-e-desumanizacao-dos-pobres/

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  22. Eu acho uma estupidez sem tamanho. O shopping está ali, entra quem quer, não precisa formar grupos de centenas de pessoas encabeçados por um ou outro babaca do funk ostentação. Todo esse alvoroço está dando mais ibope a essa mediocridade. Como se já não bastasse a merda do BBB na TV aberta agora temos que aturar ondas de moleques que não sabem o que fazer para chamar a atenção. No meio disso tudo ainda pairam os abutres. Querem se encontrar, vão para a praça, pois é um espaço público e aberto. O shopping também é um espaço público, porém é limitado.
    Ana

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  23. Antes de fazer análises metafísicas sobre o tal movimento, seria interessante ler algumas reportagens investigativas e entrevistas com os organizadores do rolezinho.

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  24. leiam alguns depoimentos e tirem as suas conclusões.

    http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/01/1398657-datena-maria-rita-kehl-e-jovens-dao-sua-visao-dos-rolezinhos-em-sp.shtml

    Neide

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    1. Ih! Haverá frustração, gritos mudos, choros convulsivos...

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    2. Neide, o link que você postou não abre, porque é de conteúdo exclusivo para assinantes. Se não for abusar de sua boa vontade, você poderia dar um copia e cola no texto e postá-lo aqui?

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    3. Clóvis, também não sou assinante do jornal e não tive problemas a acessar o conteúdo... não sei o que está acontecendo. Conforme sua solicitação seguem os depoimentos de organizadores do rolezinho e demais opinantes.
      Neide

      Rafael Oliveira, 18, rolezeiro
      "Rolezinho é diversão, mano, a gente faz no shopping por que lá é um lugar luxuoso e um lugar onde nós nos sentimos bem. Tipo assim, nossa intenção é namorar, dar uns beijos e tal. Só que tem uns "lixo" que não têm dinheiro pra comprar um Mizuno e "vai" roubar. Daí a polícia chega metendo a porrada. Poxa, até gente que não tinha nada a ver, uns rockeiros que estavam no shopping, apanhou lá em Itaquera.

      Eduardo, 17, organizador dos rolê do shopping Aricanduva
      "O primeiro que a gente fez em Itaquera foi só para amigos, teve menos de 500 pessoas. Shopping é um local aberto de fácil acesso para várias pessoas de fora participar. Nosso objetivo é de jovem: pegar mulher. Até ai tudo bem, tivemos um bom resultado nisso. Falamos: 'vamos fazer o Parte 2'. Aí convidamos geral, em torno de 20 mil jovens, 10 mil confirmados. Não esperávamos tanto retorno assim. Isso antes da baderna. Como o shopping tava muito lotado, todo mundo foi pro estacionamento. De repente chegaram umas pessoas que com certeza não sabem curtir carro de som. Foi aí que começou o baile funk no estacionamento e os seguranças foram pedir para tirar o som. Educadamente. Até aí, tudo certo. Aí esses caras agrediram os seguranças. Eles tavam consumindo droga antes de o baile começar. Aí os seguranças chamaram a polícia, certo? As viaturas chegaram fazendo zigue-zague, atacando bomba de efeito moral. Todo mundo com medo foi pra dentro do shopping. O que o pessoal falou que foi arrastão não foi. O verdadeiro arrastão foi dessa galera que anarquizou o estacionamento. Esses mesmos caras entraram no shopping e começaram a roubar os próprios jovens, nós mesmos. Não invadimos loja, não teve 'saqueamentos', nada disso. As lojas estavam fechadas. Aí a polícia fez o quê? Começou a atacar spray de pimenta na nossa cara, pra poder dispersar a multidão. E deu nisso. Não vou mais porque os marginais se envolvem. Só queria pegar mulher. Eu sou estagiário em orgão público, cara, pra que eu vou roubar? Então, se for pra proteger a segurança e as pessoas de bem, está mais que certo, polícia tem que vir mesmo."

      Marcelo Mattos Araujo, secretário de Estado da Cultura
      "Estar juntos, criar laços e relações, é uma necessidade humana, ainda mais forte entre os jovens. Os rolezinhos refletem essa necessidade, no contexto de uma sociedade de consumo, midiática e recentemente marcada por manifestações coletivas de grande repercussão. Como fenômeno cultural, social e político, os rolezinhos colocam para a sociedade brasileira o desafio de construir processos de inclusão e convivência, que potencializem de forma positiva toda a energia criativa que neles existe. "

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    4. Fernando Grella Vieira, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo
      "O rolezinho não pode ser considerado crime, mas um fenômeno cultural, motivo pelo qual não deve ser tratado como caso de polícia. Uma coisa precisa ficar muito clara: a segurança dos shoppings é privada. A PM somente deve agir se houver quebra da ordem."

      José Luiz Datena, jornalista e apresentador de TV
      "Não dá pra definir [o que é um rolezinho]. É preciso preservar o direito do cidadão de ir e vir; isso é constitucional. Mas, duas mil pessoas indo e vindo dentro de um shopping, de uma só vez, pode provocar constrangimento e até situações de calamidade pública. Por exemplo, e se alguém grita "Fogo!", com essa quantidade de gente em um local fechado?"
      "A atitude deles é natural, de acordo com os tempos em que vivemos. O jovem quer liberdade de expressão e acaba indo pras ruas para se expressar. Agora, eles vão aos shopping centers também."

      "Como os internautas disseram hoje no meu programa, rolêzinho pra doar sangue, órgãos ou fazer serviços sociais, ninguém quer fazer."

      Maria Rita Kehl, psicanalista
      "Toda inclusão econômica exige, em um segundo momento, o reconhecimento da pertença a uma nova classe social. Claro que os jovens da periferia não pertencem a essa classe que compra nos shoppings, mas chegaram mais perto dela. E muitos deles hoje podem comprar algumas mercadorias que estão ali. A performance dos rolezinhos funciona como denuncia da discriminação, mas não sei se eles fazem isso conscientemente ou apenas movidos pelo mal estar de saber que não são bem vindos nos templos do consumo de uma sociedade que, ate o momento, só promoveu inclusão via consumo -e não via cultura, acesso a serviços públicos de qualidade, etc."

      Neide

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    5. Neide, obrigado. Também não sei porque não consegui acessar a matéria da Folha. Não é a primeira vez que acontece isso. Em todo caso, bons os depoimentos.

      E não deixe de ser significativo que só depois de "invadirem" um espaço considerado de uso exclusivo das camadas médias os jovens tenha tido a oportunidade de se serem lidos em um grande jornal que é, no fim das contas, um dos porta vozes dessas mesmas camadas médias.

      Os depoimentos dos garotos - Rafael e Eduardo - e da Maria Rita Kehl são muito bons. Os secretários de estado parecem estar recitando o dever de casa; o Datena, continua lamentável.

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  25. Eu leio os comentários aqui do Chuva e não sei se rio ou choro. Em todo caso, é assombroso, revelador e muito constrangedor, principalmente para mim, que sou paulistana e estou vendo o preconceito de classe aflorar na maior cara dura aqui na minha cidade.

    Meu filho de 19 anos frequenta os shoppings. Ele tem uma deficiência física e eu fiquei preocupada com a possibilidade de tumulto. Tivemos que conversar. Conversa difícil, viu? De um lado meu filho, branco, mora num bairro central, estudou em escolas particulares. Do outro, garotos da mesma idade, que na semana trabalham em empregos invisíveis. Todos eles querem a mesma coisa: se divertir nos finais de semana. Se tanto meu filho como esses garotos da periferia pudessem circular pelos shoppings sem serem vistos de maneiras tão absurdamente diferentes, me fala se haveria tumulto. Se não houvesse seguranças (muitos dos quais também vindos da periferia) escorraçando esses meninos a mando de gente estúpida, haveria tumulto? Se não houvesse uma classe média histérica e desesperadamente apegada a seus bens materiais, que vê em cada menino de pele escura um assaltante, me diz se haveria tumulto?

    De quem mesmo a gente tem que ter medo? (Sem falar que: fico pensando nesses comentaristas raivosos aqui do blog de vocês. Quem são? Onde vivem, o que comem? Como se relacionam? Já pensou que um deles pode viver aí na sua rua, frequentar o mesmo cinema e a mesma padaria que você? #reginaduartefeelings)

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  26. "Rolezinho" na escola, na biblioteca ninguém quer né...Tudo papo furado, a mulecada só quer arruaça e ir pro shopping pra da uns bejinhos e engravidar umas minas...

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    1. Você sabe que se der beiinhos com camisinha não engravida, né?

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  27. Uma ova que ninguém quer fazer rolezinho na biblioteca. Taí, teve rolezinho no centro cultural. Quero ver agora o que os reacinhas vão argumentar.

    http://programavai.blogspot.com.br/2014/01/rolezinho-de-jovens-ocupou-centro.html

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  28. Quanto comentário imbecil!!!! Ótimo texto, Clóvis!
    E aos babacas que insistem em legitimar a discriminação, não acham nada mais contraditório do que um dos símbolos do capitalismo contemporâneo (os shoppings e suas lojas), estar sendo regido pela lógica do consumo, onde supostamente todos seriam iguais e teriam os mesmos direitos de consumir, não apenas materialmente, ou seja, comprando, mas, circulando pelos espaços e potencialmente tornando-se futuros consumidores? No entanto, são barrados, discriminados - sem cometer nenhum crime! - simplesmente por serem "vileiros" e não estarem de acordo com um padrão de consumidor, qual seja, branco, "bem vestido" e civilizado. Isso me lembra os liberais clássicos. Eram os que defendiam a liberdade a qualquer custo, porém, muitos foram extremamente cruéis com os seus escravos. Entendem o que estou dizendo? Ou é preciso desenhar? O mercado se intitula neutro com os consumidores, onde o poder de compra está acima de qualquer preconceito, entretanto, o próprio mercado fecha as portas para esses consumidores que gostariam exatamente de "ostentar" o que está exposto nas vitrines.

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