segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cotas: dar o peixe ou ensinar a pescar?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Hoje o tema são as cotas raciais nas universidades. Mas descansem os leitores porque não pretendo retomar o debate-boca que precedeu a votação no Supremo Tribunal Federal, na semana passada. Houve argumentos de sobra dos dois lados e tempo mais que suficiente para a discussão. Os juízes decidiram, está decidido.

A intenção é falar da reação dos conservadores que insistem em não engolir a coisa. Ah... mas como, segundo um estudo nos EUA, um conservador é alguém com menos “matéria cinzenta na área do cérebro associada à compreensão da complexidade”, vou falar numa linguagem que eles poderão compreender: o jargão do futebol.

Então vamos lá, meu povo. O resultado do jogo foi 10 a 0. E quando um time toma uma goleada dessas, não adianta inventar desculpas. Não faz sentido pôr a culpa no árbitro e dizer que ele está a roubar. Também é besteira pôr a culpa do gramado, na bola ou na torcida. Uma goleada é uma goleada. Apito final!

Mas não. Nos últimos dias tenho lido um chorrilho de imprecações de uma pequena burguesia que demonstra uma insidiosa incapacidade de ser solidária. Uma gente que se orienta pela filosofia da vaca: cagando e andando para os outros. Ora, meus senhores, a sociedade brasileira tem uma dívida histórica a pagar: o apartheid social, que é quase sinônimo de apartheid racial, ao longo de séculos. Há dúvidas?

Isso faz lembrar uma das frases feitas preferidas dos conservadores:
- Eu não dou o peixe, ensino a pescar.
Mas quando chega a hora de ensinar a pescar – e para isso abrir espaços nas universidades públicas – torcem o nariz e fazem beicinho. Ora, vamos fazer as contas: o que a pequena burguesia tem a perder? Quase nada. Umas poucas vagas para os seus pimpolhos e nada mais. Aliás, não deixa de ser tão antigo quanto irônico: os caras defendem a iniciativa privada, mas fazem questão de ter os filhos nas universidades públicas.

Uma coisa é inquestionável. Quando a mão invisível do mercado não funciona, a mão visível do estado tem que atuar. E atuou neste caso, deixando a sociedade está obrigada a pagar uma dívida histórica. Então, qual a razão para o berreiro dos opositores das cotas? Não podendo mudar as decisões da Justiça, não podendo mudar o governo, talvez seja a expressão do secreto desejo de mudar o povo – do qual decididamente parecem não gostar.

60 comentários:

  1. No Brasil, as leis e programas como o "Bolsa Família" até tem boa intenção, porém acontece algo, um fenômeno chamado "brazilian way" OMG!

    ResponderExcluir
  2. O argumento de Pagamento de dívida histórica é uma falácia. Se querem pagar o tal débito, que dêem educação de qualidade desde a pré-escola aos
    injustiçados. Na universidade, então, concorrerão
    as vagas de pé de igualdade com os chamados "filhinhos de papai" oriundos de bons colégios particulares. O resto é resto. Isso vai proporcionar bons profissionais depois? Eu não
    me arriscaria ser submetido a um procedimento cirurgico por algum médico (indepoendente da cor) que se valeu de um sistema de cotas e não de conhecimento. Me desculpe mas, usar a cor da pele para definir vagas me soa a preconceito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, qual a diferença se o tal cirurgião passou com cotas ou não numa universidade publica? Um médico pra se formar e pra fazer sua residência tem que estudar muito, e pra isso não tem cota racial/social.

      Excluir
    2. As cotas existem para facilitar o acesso, não a saída da universidade. Caso você não saiba, anônimo, não há salas de aula separadas para cotistas.

      Excluir
  3. Nossa que preconceituoso o seu texto.
    Eu pensava que as cotas nao eram justas e nao sou burguesa, nem conservadora e nem to cagando e andando pros outros.
    Acontece que eu nao tinha conhecimento dos argumentos e como sempre a informação e o melhor remédio.
    Alguns colegas, inclusive a Amanda, expuseram os motivos e pronto, estou convencida. Por que que ao invés de fazer esse post grosseiro, vc nao usou o espaço tbem pra esclarecer? Muito mais útil.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. o blogueiro foi bem infeliz no texto dele. Nota zero.

      Excluir
    2. Pô, Ângelo. Eu me esforcei para agradar um público difícil e altamente qualificado como tu. Então mereço nota máxima pela tentativa: 10 no esforço, 0 pelo texto. Média 5. Passei!!!!

      Excluir
    3. Aí sim.. só n precisar perder tempo tentando agradar um "publico" como eu, pois nesse aspecto nossas idéias e conceitos divergem demais.
      Enfim, apesar de eu ser totalmente contra cota racial, nao há mais o que se fazer. Já foi votado.
      att

      Excluir
  4. Quanto mais argumentos forem apresentados, mais serão rebatidos e outros tantos serão novamente apresentados.
    A discussão já se tornou tão cansativa que todos esqueceram o fundamental. Digam o que quiserem, mas o único fato concreto nessa história toda é que garantiu-se um "direito" de exceção para um grupo, não importa se minúsculo ou não, privilegiando a raça e a cor da pele. E isso tem nome.

    ResponderExcluir
  5. Concordo com você Baço e encontramos eco na totalidade dos ministros do STF. Sem educação, definitivamente, não haverá possibilidade de inclusão de uma população que foi historicamente excluída, inicialmente, da terra e das riquezas naturais e, por séculos, da própria riqueza que produziu para a formação do Estado Brasileiro. Reconhecer isso nunca será ofensivo, mas digno.

    ResponderExcluir
  6. A coisa de "cotas" me soa assim: "os negros tem menos neurônios". Se eu fosse negra, me indignaria.
    AW

    ResponderExcluir
  7. Acredito que a transformação do nosso país, só ocorrerá quando se investir realmente em educação de qualidade. Digo isto, porque a diferença educacional entre pobres e ricos, não é adquirida através de berço, ou "sangue azul", mas consiste nas condições e oportunidades de estudo. Se nas escolas públicas do nosso país, desde o Ensino fundamental ao médio, fossem implantados cursos profissionalizantes focados no mercado de trabalho,cursos de idiomas, de informática, extra curriculares de forma gratuita, o ingresso na formação acadêmica seria mais fácil para as camadas mais pobres da sociedade. A base do nosso país é a Educação, e é só investindo verdadeiramente nela poderemos obter avanços.
    Defendo que no atual momento, o sistema de cotas deveria ser apenas de critério social, baseado na renda bruta familiar, pois a pigmentação da pele, ou a sua etnia, não diferencia o seu intecto ser inferior a de qualquer pessoa.

    ResponderExcluir
  8. Concordo com o Anônimo ali de cima, quando diz que deveriam pagar a dívida com melhoras na educação desde o ensino fundamental.

    Perceba que, sendo negro, índio, branco, azul, amarelo, ou qualquer que seja a raça, se não teve um bom preparo desde seu ensino fundamental também penará para passar em vestibulares de universidades estaduais e federais. E daí questiono: Não estamos criando uma dívida histórica com as crianças que não tiveram boa educação em sua vida acadêmica fundamental e média? Teríamos que dar cotas também então para os mais pobres, pois não tiveram boa educação!?

    Talvez seja ignorância minha e eu gostaria de ser convencido do contrário, mas não consigo enxergar diferenças entre um negro e um branco que tiveram as mesmas deficiências educacionais na sua vida pré-universidade. A diferença está em que o negro pode entrar pelo sistema de cotas e o branco não. Não consigo enxergar essa questão de dívida histórica observando deste jeito.

    E outra, observo que muitas vezes, um estudante que não se prepara para entrar na universidade, passa duras penas para acompanhar a turma, se é que acompanha. Deixar entrar, apenas por deixar, também não resolverá a questão. Não adianta querer construir prédios de 20 andares em alicerces que suportam um pequeno alpendre.

    Não sou contra o sistema de cotas em si, sou contra a, mais uma vez, atacar a consequência e não a causa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gostei das suas observações,anônimo das 14:28.

      O ensino fundamental público,desde seu nível da Educação Infantil precisa de mais apoio para ser o melhor e de qualidade para todos que utilizam esse serviço.

      Na verdade é a população menos favorecida economicamente e isso não exclusividade de negro, índio,pardos outras etnias,o branco tá ali nessa classe social também que mata um leão por dia para garantir o feijão e o arroz na mesa.

      Percebo que os profissionais da educação (falo pela classe dos profissionais municipais) tem a qualidade nas mãos!

      É no chão da sala de aula que cotidianamente tentam recuperar o analfabeto funcional,ouvem nas portas das salas os "choros" das dificuldades de pais e mães e hoje muito comum dos avós que assumem a responsabilidade pátria.
      É na vontade de compreender a história de cada criançinha que tá com os olhos vivos e curiosos para aprender. No jovem que em suas atitudes de rebeldia grita silenciosamente para o professor: "me ajuda".
      Teorizo sobre um educação restauradora e que passa por isso por relações pessoais,vínculos ali se fortalecem, e é o primeiro passo para motivar o aprendizado e a freqüência.

      Pergunto onde está o ensino médio público?
      Pergunto onde está o currículo que se perdeu ao longo dos anos,por diferentes políticas educacionais copiadas e implantadas?


      São necessárias as politicas públicas de acesso e universalização da educação.Agora é preciso sim o sistema de cotas.E Quiçá um dia não seja necessário porque todos terão a mesma chance de competir pelo acesso ao ensino superior e graduações.

      Falo porque por experiencia própria
      e sem cotas lutei muito para chegar lá.
      Mas pela minha história educacional por professores da rede pública que mesmo não valorizados salarialmente (e ainda não o são) acreditavam na "causa" educação e o exemplo de minha família que mesmo humilde comemorava cada passo meu e dos meus irmãos.

      Desculpe os desvaneios subjetivos,pessoal.

      Excluir
  9. Eu não fui muito clara acima.
    Hoje sou a favor do sistema de cotas.

    ResponderExcluir
  10. Tem um anônimo que escreveu um comentário que julgo ofensivo aos negros. Escreveu duas vezes, provavelmente porque viu que da primeira vez não foi publicado.

    De minha parte, este comentário será excluído e você, seu racistazinho babaca, não precisa mais voltar ao blog. De sua audiência nós não precisamos. Nem de sua covardia.

    Antes, aprenda a respeitar as pessoas diversas de você para depois sair vociferando por aí. E se você conseguir chegar à mentalidade dos 8 anos, aprenda a ter culhões para identificar-se quando quiser acusar os outros.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E o babaca do racista vem para o blog se orgulhar das suas raízes europeias. Como se o lugar onde uma pessoa nasceu foi indicativo de caráter. Vai bugiar, seu covarde racista de merda.

      Excluir
    2. Já apagaram o comentário ou é um destes ai de cima??

      Excluir
  11. Já apagaram. Mas pelo jeito para comentar por aqui tem que ter as mesmas idéias que os blogueiros.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não se trata de concordar ou discordar. Racismo é crime, do ponto de vista legal, e abjeto, do ponto de vista moral. Não vamos abrir espaço para atitudes racistas. Simples.

      Excluir
    2. É isto, Anônimo. O texto do cara foi publicado logo abaixo, escrito pelo "angelo jec". Só que ele felizmente suprimiu a parte ofensiva. Aqui no blog o espaço é absolutamente aberto às manifestações, inclusive as suas como anônimo, mas a ofensas, crimes e imoralidades não estamos e não estaremos abertos.

      Excluir
    3. pode ser tua opinião. Penso diferente.

      Excluir
  12. De fato a primeira vez que escrevi estava de cabeça quente, e acabei extrapolando. Eu mesmo julguei o texto ofensivo. Agora, depois de arrumado o texto, nao o julguei ofensivo. Eh o meu ponto de vista.
    Racista? Só porque nao vou de encontro com a idéia de voces?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Racista sim. De cabeça fria ou quente, não se trata de discordar ou concordar: o mundo civilizado não pode aceitar o racismo. E não seremos nós a dar eco a esse tipo de atraso.

      Excluir
  13. Contas a pagar? Burguesia? Sou de familia de origem europeia, minha mae veio de berço pobre,
    pagou os estudos por ela mesmo (pois os pais delas nao queriam
    que ela estudasse - cultura da época) e se formou por conta própria, sem ajuda do governo,
    sem ajuda de ninguém. E aí? Ela tem alguma conta historica a pagar?
    Além do mais, Os "burgueses",
    que tu cita de forma pejorativa, nao vao ser influenciados em NADA por essa lei, pois tem grana
    pra bancar os filhos em universidades cuja a
    mensalidade passa dos R$3000,00. Quem vai sair prejudicado sao os cidadaos de
    classe média, classe media alta, que pagam 40% do salario para ter
    NADA em troca por parte do governo. Cito aqui o caso de uma conhecida minha, que nao passou em medicina
    na UFSC pois perdeu a vaga no sistema de cotas. A nota dela foi o dobro do que a média dos cotistas.
    Uma outra conhecida minha, negra, nao conseguiu
    passar até agora em medicina pois simplesmente
    nao aceita o sistema de cotas, e tem prestado vestibular pelo metodo tradicional. Ela julga o metodo por cotas racista.
    Enfim. Um governo que afirma que negro nao tem capacidade de competir de igual para igual com brancos.. esse é o nosso Brasil.
    Cotas para alunos de escolas publicas eu sou a favor, pois aí nao se refere a cor, e sim
    a condição social. Agora, cotas raciais??
    Nao acredito que tem gente que ainda aprova essa lei.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já existe "cota para brancos pobres" nas universidades, e chama-se prouni. Estudei na Anhanguera e mais da metade da minha sala estudava de graça através do prouni, e eram todos "pobres brancos".

      Excluir
  14. José Baço. Desculpa mas ali tava de cabeça quente mesmo, motivos pessoais. Confesso que acabei extrapolando. Nao tenho vergonha de me desculpar. Nao sou racista, e nao vou ficar tentando te provar o contrário.
    mas me diga josé, racismo não seria uma lei que favorece alguém pela cor da pele?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Angelo, é na hora da cabeça quente que falamos o que pensamos. A frase que você falou e que sabe exatamente da maneira como falou está no seu inconsciente, e veio à tona quando teus filtros estavam menos criteriosos.
      Que bom que reconheceu o erro e retirou a frase, mas eu te aconselharia a repensar de verdade a forma como vc se refere aos negros ainda que na sua intimidade.

      Excluir
    2. tua opinião. Falha. Nem me conheces.

      Excluir
  15. O princípio da igualdade, um dos pilares da nossa constituição cidadã de 1988, consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Acho que podemos perguntar aqui mesmo, em nossa cidade, se uma pessoa de raça negra consegue ingressar no mercado de trabalho (não somente vagas inferiores) com a mesma facilidade dos que são de raça branca. Ou ainda, há muitos pais que não querem nem pensar na hipótese de seu filho ou filha casar com alguém de raça negra. Havia, não faz muito tempo, empresas que não contratavam "pessoas de cor". Será que são devaneios meus, só eu vejo isso acontecer por aqui? Creio que não. Então, não há como dizer que as pessoas de raça negra são sempre consideradas iguais aos de raça branca. Infelizmente.
    A Lei Áurea, abolindo a escravatura no Brasil, completa no dia treze do mês que vem, apenas 124 anos. E sabemos que a simples edição da Lei não foi suficiente para acabar com os escravos, e, principalmente, com o pensamento patético de que a raça branca é superior.
    A aprovação do sistema de cotas pelo Supremo nada mais foi do que o cumprimento de um dos mais importantes preceitos da Constituição brasileira: o prin

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Roberta N. Schiessl1 de maio de 2012 às 08:09

      Gosto muito da Amanda. Escreve bem, demonstra cultura e pesquisa sobre o que opina. Parabéns.

      Excluir
    2. Obrigada Roberta! Na verdade cometi um erro ao mencionar raça branca, raça negra e raça amarela. Foi dessa forma que aprendi na escola no estudo das disciplinas de Educação Moral e Cívica e Sociologia. Mas me informei e esta não é mais uma denominação aceita. Não existe mais o termo "raça"para designar humanos. O conceito caiu em desuso face ao desenvolvimento da genética. O termo mais aceito é grupo étnico.

      Excluir
    3. Roberta N. Schiessl3 de maio de 2012 às 07:59

      Isso mesmo, é como o IBGE adotou a classificação. Mas eu entendi porque li o texto despida de preconceito e sem animosidade. Creio que é isso que tem nos faltado nas discussões na blogosfera (é assim que vocês mais jovens chamam?). Desde os teus primeiros posts percebi esse predicado diferente. Espírito crítico, informativo, sem valorações morais. A discussão se enriquece e faz valer a maxima de Voltaire. "Posso não concordar com tudo que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo". Parabéns!

      Excluir
    4. Tem que mudar para cota étnica então...

      Excluir
  16. A propósito, também não acredito que erros históricos se reparam com desigualdade.

    A cruel escravidão a que nossos irmãos negros foram submetidos foi um erro irreparável. Por ser irreparável, não há como repará-lo. Simples.

    No entanto, a sorte à qual foram abandonados os ex-escravos, a falta de políticas públicas e de condições adequadas fez com que a grande maior parte dos ex-escravos vivesse na miséria, sem muitas chances de ascender socialmente.

    O grande problema que o negro vive no Brasil é sua condição de pobreza ou miséria. Há mais negros pobres do que brancos pobres, proporcionalmente. É reflexo da dificuldade da mobilidade social que nosso país oferece aos seus cidadãos. A proporção em 1888 de negros pobres era muito maior que a proporção de brancos pobres.

    Os negros (pobres) enfrentam as mesmíssimas dificuldades que os brancos (pobres) para conseguirem uma posição na faculdade: falta de qualidade na educação básica.

    A quantidade de melanoma na pele em nada afeta os neurônios. Portanto, a capacidade intelectual de um negro passar no vestibular é idêntica à de um branco.

    Infelizmente, contudo, a dificuldade de um pobre egresso do sistema público de ensino é muito maior do que a de um ex-estudante de escola particular.

    Parece-me muito claro: cotas, sim. Mas para pobres - brancos ou negros. Assim, ajudaremos a corrigir um erro histórico.

    Mas a grande lição, pelo menos para mim, é: investir na qualidade da educação básica pública. Assim conseguiremos reduzir as desigualdade da nossa nação. Isto é atacar as causas do problema e resolvê-lo de uma vez.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Deixa ver se eu entendi, Guilherme. Achas mesmo que é irreparável? Então estás a partir de um princípio que a sociedade deve cruzar os braços e deixar a vida seguir o seu curso normal (com os negros e índios sem terem oportunidades)? A correção de uma injustiça é irreparável? Quer dizer, então, que a gente identifica um problema e não faz nada para remediar? Deixar a coisa seguir o seu curso "natural", como querem os conservadores, que insistem numa ideia tosca de "igualdade". Ora, todos sabemos que não há igualdade de oportunidades. Achas que a dívida da escravidão não precisa ser paga? Achas então que os negros e índios devem continuar a carregar o fardo de não poderem contar com igualdade de oportunidades? Não sei, mas a história mostra que alguma coisa precisa ser feita, mesmo que com o risco de errar. É bom estarmos atentos para conceitos como "ação afirmativa", nos Estados Unidos, ou "discriminação positiva", na Europa. Bem ou mal, foram - e são, em alguns casos - uma forma de tentar corrigir erros da sociedade. Podemos discordar dessa intervenção do estado e ficar de braços cruzados a esperar que um dia as coisas entrem no eixo. Mas eu mantenho o meu texto: se as coisas não acontecem no decurso normal da história, o estado faz bem intervir. Prefiro a ação, mesmo que com limites, à inação.

      Excluir
    2. Oi Baço! Eu não desejo a inação. Vou fazer uma analogia.
      Nós dois somos médicos e, diagnosticando nossa sociedade, percebemos que há uma patologia. Ambos concordamos que há alguma(s) coisa(s) errada(s) no corpo de nosso paciente.
      A diferença é que nós diferimos no medicamento a ser administrado.

      O princípio ativo do teu medicamento combate a falta de acesso dos negros e indígenas ao ensino superior. O meu combate a falta de acesso dos pobres (boa parte deles negros e indígenas) ao ensino superior.

      Sem pretender ser prepotente, mas penso que o meu medicamento combate um problema mais amplo - o da falta de acesso de pobres (brancos, negros, indígenas, pardos, amarelos) ao ensino superior. O teu abrange só dois ou três de todo o grupo excluído do acesso ao ensino superior.

      Mas creio também que ambos concordamos que a doença, neste caso, consiste no grave problema da educação básica. Deste modo, penso que devemos dar um analgésico para combater o sintoma (a falta de acesso ao ensino superior), mas também algum princípio ativo que vá direto nas causas (a má qualidade do ensino público), simultaneamente.

      Assim, sou favorável às cotas - para pobres. Mas desejo que sejam simultâneas ao investimento na qualificação do ensino básico para que o remédio para os sintomas tenha data de fim.

      Excluir
    3. A questão, Guilherme, é que a minha posição não exclui a tua. Já a recíproca não parece ser verdadeira. É claro que eu espero que o ensino seja democratizado - ou melhor, que as oportunidades sejam iguais. Mas é óbvio que isso não acontece. E enquanto não chegamos nesse nível de "blue sky" de desejas (que todos desejamos e que de fato nunca virá) é preciso tomar medidas. Eu sou defensor da teoria da curvatura da vara.

      Excluir
    4. Eu acho que não estou entendendo tuas posições.

      A minha: defendo a cota para negros. Desde que ele seja pobre e que as pessoas de outras etnias que também forem pobres tenham o mesmo direito.

      E eu defendo a cota social desde já, independentemente de quaisquer outras medidas.

      Abs

      Excluir
    5. Seguinte, Guilherme. Concordamos em tudo, no plano geral. Mas eu insisto neste ponto: "Lênin elaborou a Teoria da Curvatura da Vara. É mais ou menos assim: se a vara está torta para um lado é inútil forçá-la até ficar reta. Tem-se que curvá-la para o lado oposto e deixar que volte ao equilíbrio".

      Excluir
    6. Guilherme, já existe "cota para brancos pobres", é chamada PROUNI

      Excluir
    7. Guilherme
      Acredito e apoio as políticas públicas da diminuição da desigualdade social medida pelo fator econômico que faz peso.E é como você registra para todas as etnias.

      Lembro também que o município no ensino em nível infantil e fundamental tem muita responsabilidade.Pois quando o povo consegue chegar lá...nossa precisam de "reforço" pois tem dificuldades de acompanhar o currículo. Isso já para outra conversa,não é?


      Tem empresa vindo ai,quem terá chance nesse mercado de aproximadamente mil vagas? Quem fala fluentemente inglês,está preparado para liderar com proatividade a equipe, quem tem inteligencia emocional e outras coisas especificas que vão além do abc...

      Onde estão nossos jovens hoje?

      Pergunto: como quebrar o ciclo de pobreza do povo?
      Se ainda quem tem mais chances são os que tiveram uma melhor preparação educacional lá,lá no fundamental e onde os pais puderam pagar um curso de idiomas e TI.
      É só para pensar.


      Excluir
  17. Guilherme, apesar de voce ter me taxado de racista babaca, acho que compartilhamos do mesmo ponto de vista.

    Vejo que o problema é social. Nao racial. Trabalhar com a cor do individuo como critério de escolha é uma proposta boa na aparência. Porém e se o individuo vier de uma familia negra de classe média, que estudou a vida toda em colégio particular? A lei se aplica à ele? E os alunos brancos pobres que estudaram a vida inteira em escola pública? Ele terá esse privilégio?
    É muito perigoso utilizar como critério de escolha a cor do individuo.
    Se for pra dar cota a alguem. Que dêem cotas aos alunos de escola pública. Pois é sabido que a educação publica basica no Brasil nao se compara com a privada. Não podemos perder gerações de alunos das series inferiores enquanto nao melhoramos o ensino publico.

    Cotas raciais continuam me dando asco.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na maioria das instituições (não afirmo todas, porque não estou certo disso) em que as cotas existem, elas são "raciais" e "sociais", ou seja, são destinadas a estudantes negros ou pardos oriundos de escolas públicas - onde, sabemos, a grande concentração é de alunos vindos de família de baixa renda. Além disso, há instituições que já adotaram cotas para índios, deficientes fisicos ou simplesmente para alunos - brancos, negros, amarelos ou azuis, caso algum tenha escapado do "Avatar" - que tenham cursado seu ensino médio em escola pública.

      Portanto, caro Anônimo, tome logo um Engov e passe o resto do seu feriado sem asco.

      Excluir
  18. então passou da hora de ficarem culpando toda a raça alemã, pelo que Hitler fêz. sabe como é, um assunto puxa o outro. daí podemos questionar o que os americanos fizeram com os japoneses. sabe como é, eu também não tenho dinheiro para pagar uma faculdade descente. tem cotas para isso? ah, sou branco e pobre.
    zé bolacha.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Raça alemã? Mas o que é raça alemã? Se existe uma raça alemã, então deve haver uma raça brasileira (quem será?). Meu, acho que você deve ter andado numa faculdade "descente"... O nível cultural desceu, desceu, desceu...

      Excluir
    2. Se não existe uma raça alemã, então não existe uma raça negra..

      Excluir
    3. Não, não existe uma "raça" negra. Mas explique isto aos racistas.

      Excluir
    4. Tá de sacanagem, né Anônimo?

      Excluir
  19. A proposta original apresentada pelo governo já vão alguns anos - foi, salvo engano, na segunda gestão do Lula - era bastante abrangente. Basicamente, ela focava três aspectos:

    1-) Uma porcentagem das vagas em universidades públicas federais (não lembro ao certo, mas acho que eram 20 ou 30%) seriam destinadas exclusivamente a alunos que tivessem cursado todo o ensino médio em escola pública, independente da etnia.

    2-) Desta porcentagem, as cotas ditas raciais seriam proporcionais ao número de negros e pardos por estado, com base nos dados do IBGE. Grosso modo, a cota de negros seria maior na Bahia que e SC, por ex.:, estado, como sabemos, habitado basicamente por europeus de pele alva...

    3-) Passados os primeiros 20 anos, os resultados da política de cotas - social e racial - seriam avaliados para verificar a viabilidade e a necessidade de sua permanência e com base em que critérios. Ou seja, elas poderiam ser extintas, ou revistas ou simplesmente mantidas.

    A proposta, apresentada pelo governo federal ao parlamento, nunca foi discutida, o que deixou às universidades a liberdade de adotarem os critérios que julgassem mais convenientes.

    Se não tivesse sido travada pela bancada oposicionista e pelos anti-cotistas, representaria a meu ver um avanço significativo na democratização do acesso à universidade pública, porque conciliava demandas sociais com a necessidade de reparação histórica, propósito por excelência das chamadas cotas raciais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade!
      Gostei desta proposta, pena que não tenha ido adiante...

      Excluir
    2. Esta sim, seria uma boa proposta. Seccionada por regiões. E Zé, é claro que entendestes o meu "decente", o mesmo arrogante e presunçoso de sempre. E sei muito bem que não existe raça "alemã", mas existem sim, raças de cavalos: os puro-sangue e os pangarés. O comentário lá em cima, foi feita depois de horas de uma mesa de bar. Vou me policiar mais, quando quiser tecer comentários aos teus posts, rsrs. Desculpe ai, se a gramática não está a tua altura.
      Zé Bolacha

      Excluir
  20. Fiz um apanhado bem geral e genéricos dos comentários conservadores e anti-cotistas na internet depois da decisão do STF. Me surpreendi com duas coisas:

    1-) Nunca tanta gente se preocupou tanto com os brancos pobres (ou pobres brancos, enfim) como nestes últimos dias. Até ontem, mal e mal existiam. Agora, são as grandes vitimas da política de cotas.

    2-) A se levar a sério - o que, obviamente, não é o caso, porque simplesmente não dá - enfim, a se levar a sério os argumentos e a preocupação dos conservadores e anti-cotistas, viveremos a partir de agora em um país atravessado e dividido pelo racismo. Uau! Onde estes caras vivem? Será que ninguém teve a ideia de alguma confrontar uma convenção empresariai com uma cela de cadeia, por exemplo, para ver a diferença na cor de pele de seus frequentadores?

    Gente, mais bom senso e menos Ali Kamel, plis! Ou só menos Ali Kamel, já faz alguma diferença.

    ResponderExcluir
  21. Realmente acredito que no Brasil de hoje o problema é social. Nao racial.
    A cor do individuo como critério de escolha é um problema não uma solução. Até porque conheço uma pessoa de classe média que estudou a vida inteira em escola particular e passou em Medicina na Federal com média bem abaixo que o amigo, somente por que tem o avó negro.
    Acho sim que deveriamos lutar por um ensino médio melhor para todos terem condições de competir em Universidades Federais, Estaduais, Particulares com ou sem bolsa. Afinal elas existem para todos, eu pago muito imposto e se precisar tenho direito também.
    E também acho que colocar a culpa toda na burguesia ou classe média e rica brasileira também não dá.
    Apesar se sempre pensar muito antes de votar, a nossa política esta podre e eles é que são os culpados de tudo. Me representam mas não gostaria.
    E olha não sou de direita nem de esquerda. Sou honesta.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Enquanto classe média achar que está próximo da burguesia, e achar que não é nem de esquerda nem de direita. Normalmente quem fala isso repete tudo que falam da mídia (que é de direita)

      Excluir
  22. A minha cota eu quero em Brahmas e picanha!

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem