quarta-feira, 18 de maio de 2016

Temer, os golpistas e os cínicos

POR FELIPE SILVEIRA

Mais feio do que o silêncio dos paneleiros, só o cinismo daqueles que ainda contam alguma vantagem ao comentar os atentados de Temer e os 40 golpistas contra o povo brasileiro. Só para lembrá-los de alguns:

- Ministros investigados na Operação Lava Jato;

- Ministérios sem mulheres, negros e qualquer outra minoria;

- Ministro ex-advogado do PCC e ex-secretário de segurança pública de um governo estadual (SP) que definitivamente não é um exemplo de segurança pública, muito pelo contrário;

- O mesmo ministro declarou que a Procuradoria não é um poder absoluto, em claro movimento para tentar tirar autonomia do órgão. Teve que recuar, mas vamos ver até quando;

- Fim do Ministério da Cultura;

- Fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário;

- Fim do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, ao qual estava vinculada a Secretaria Nacional de Pessoas Com Deficiência;

- [Retirei um item da lista após correção nos comentários. O pastor foi apenas cotado para o ministério.]

- Declaração de ministro propondo a redução do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que o principal doador de campanha deste ministro é justamente sócio de um plano de saúde;

- Proposta de desemprego como medida econômica;

- Aumento da idade mínima para aposentadoria;

- Revogação da contratação para construir 11.250 moradias populares;

- Proposta de cobrança de mensalidades de universidades públicas e corte de bolsas e auxílio-moradia para estudantes;

- Ministro “questionando” os direitos estabelecidos pela Constituição Cidadã;

- Serra, no Ministério das Relações Exteriores, tretando com outros países e analisando os custos de embaixadas no Caribe e na África;

- Nova marca de governo medonha, que usa bandeira do tempo da ditadura, exclui estados do norte do país e tem slogan pra lá de batido;

- Frase motivacional imbecil, inspirada em placa de posto de gasolina que vendia gasolina adulterada e cujo dono está preso;

- Fim da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão autônomo e independente de combate à corrupção;

- Abrandamento das investigações do eixo golpista, como Aécio e Renan;

- Proposta de privatização da Caixa, dos Correios e da Casa da Moeda;

- Proposta de volta da CPMF, agora com apoio da mídia;

- Dólar alto, agora com apoio da mídia;


E quem diz que não tem culpa porque não votou no Temer, mas fez de tudo para colocá-lo lá, é simplesmente mau-caráter.

terça-feira, 17 de maio de 2016

O governo golpista é material tóxico

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Qual será o primeiro país do mundo a reconhecer o governo (interino) saído do golpe? O mundo todo percebeu que o processo foi ilegítimo, antidemocrático e protagonizado por corruptos. Nenhum político internacional quer ser contaminado pela peste golpista de Michel Temer. No Brasil ainda há meia dúzia de gatos pingados a falar em legitimidade, mas no exterior os democratas não vão na cantiga do bandido.

Se fosse em outros tempos (1964, para ser mais exato), o primeiro reconhecimento caberia aos EUA. Mas deu chabu. Barack Obama representa o Tio Sam, claro, mas a parte mais interessada no golpe são os abutres das finanças, do petróleo, do armamento ou até as poderosas igrejas evangélicas. Obama já disse que só se manifesta no fim do processo de impeachment. Talvez os inefáveis irmãos Koch façam as honras da casa.

Outra hipótese seria o governo argentino, de Mauricio Macri. Há muitas afinidades ideológicas entre os dois, que apostam na cartilha neoliberal. Mas Macri foi eleito de forma legítima e talvez também tenha medo do contágio e de uma possível reviravolta no caso brasileiro. Além do mais, há uma tendência no continente para o não reconhecimento do governo interino e Macri não quer ficar isolado.

E o tal primeiro mundo? Difícil. Os governos dos países desenvolvidos, onde o estado de direito é para respeitar, têm todas as informações e não vão cair na esparrela de reconhecer um governo ilegítimo (ainda que interino). Mesmo para aqueles com interesses econômicos no Brasil, o silêncio vale ouro. Restam Paraguai e Honduras, que passaram por golpe semelhante. Mas será que esses países querem ficar sob os holofotes? Não parece.

Do ponto de vista político, o governo golpista (interino) é tóxico e tende a ficar isolado do mundo democrático (pelo menos até o afastamento definitivo de Dilma Rousseff). A informação circula de forma rápida, instantânea e permanente. O mundo sabe que o golpe resulta da conspiração de políticos corruptos, parte do Judiciário e dos grandes grupos econômicos da comunicação. Não dá para disfarçar.


É a dança da chuva.


segunda-feira, 16 de maio de 2016

Isentão


62 BI e a turma do "deixa como está".



JORDI CASTAN

Quando, a partir deste espaço, propus o debate sobre o imóvel do 62 BI e a sua futura utilização e destino, as variáveis eram as seguintes: que o imóvel fosse mantido público e fosse destinado a um parque ou que fosse mantida proposta que consta na LOT, de que sejam permitidos prédios de 10 pavimentos.

Muitos escolheram terceiras alternativas. A do “deixa como está”, “não mexe com o batalhão”, “uma calçada já esta bom”. Podemos dizer que há uma lógica correta nesta alternativa. À luz da forma desastrosa e desastrada com que o poder público administra o patrimônio público melhor que fique como está. Pena que a partir do ofício do comandante do 62 BI, solicitando a alteração do zoneamento para o imóvel, a possibilidade do “deixa como está” não seja mais possível. 

Ao incluir, no texto da LOT, a possibilidade que sejam construídos prédios no imóvel - aliás contrariamente ao que foi solicitado no Conselho Municipal de Cultura, por iniciativa de Amarilis Laurenti, em 2007, e que não foi adiante - o imóvel não está tombado e pode ser demolido a qualquer momento, porque não tem nenhuma proteção legal.  

Se o “deixa como esta” quer dizer "deixar sem tombar e com a possibilidade de que se construam prédios de 10 pavimentos", então o número de estultos aumentou exponencialmente nos últimos anos em Joinville. Porque não dá para deixar como está. A área que hoje ocupa o 62 BI é um espaço público e deve ser mantida pública. A proposta de um parque para aquele espaço considera a manutenção dos edifícios históricos que compõem o complexo e a sua incorporação ao projeto.

Mais preocupante ainda quando há quem se diz satisfeito com uma reles calçada em volta do batalhão. Porque a calçada oferece segurança. Há uma crise de valores quando se prefere uma calçada em volta de uma unidade militar a um parque completo, arborizado, gramado, com equipamentos urbanos, bem planejado e melhor mantido. Mas o joinvilense desistiu de acreditar que o poder público seja capaz de fazer esse tipo de coisas. Incapaz de projetar um parque, incapaz de executar uma obra com qualidade e por um custo adequado, que seja entregue no prazo e menos ainda que consiga mantê-lo. 

De nada servem os exemplos dos parques em Curitiba, por citar os parques públicos mais conhecidos. O joinvilense desistiu de acreditar que isso seja possível. Não acredita mais. É verdade que o estado de abandono em que se encontram alguns empreendimentos faz com que ninguém acredite em coisa diferente. É só ver o prédio da antiga prefeitura na rua Max Colin, a Cidadela na Rua XV, os “parques” das Águas, da Cidade, a Rua das Palmeiras ou os Museus do Sambaqui ou Nacional de Colonização.

Há muito de bom senso e de realidade em aceitar que o poder municipal é incompetente para executar os serviços mais elementares. Nem a zeladoria de Joinville é feita imaginar projetos mais arrojados é um sonho que aqui já abandonamos.

Não há qualquer movimento para tirar o 62 BI da onde está. Mas há que estar atento para que não prospere a iniciativa de converter o que pode ser um futuro pulmão verde de Joinville em outra selva de pedra e concreto. Até agora não há nenhum movimento para retirar da LOT o texto que permite a construção de prédios de até 10 pavimentos. Há, para alguns, interesse em deixar como está proposto na LOT. Ou seja, permitir a verticalização, deixar a cidade mais cinza, mais triste, com menos qualidade de vida. Há os que acham que uma calçada já é suficiente e que Joinville não merece mais. São os que aceitam a mediocridade em que estamos transformando esta cidade.

Mas se o leitor acha possível mudar, que o espaço do batalhão deve permanecer público e que lá não é lugar para empreendimentos imobiliários, então pode fazer a sua parte e assinar esta petição: Um parque no 62 BIE pode fazer mais: pode pedir ao seu vereador que apresente emenda retirando a autorização de construção de prédios de 10 pavimentos no 62 BI e pode pedir o tombamento da área. Também pode deixar tudo como está e lamentar depois. A escolha, óbvio, é do cidadão. 

sábado, 14 de maio de 2016

De políticos e politiquices #2

POR ET BARTHES

Havia a promessa de um equilíbrio entre o gestor e o político. Mas acabou em passos lentos e curtos.