POR CHARLES HENRIQUE
Um dos motivos de meu texto semanal aqui no Chuva Ácida estar sendo publicado somente agora (fim da tarde) é que estive esperando o jogo do JEC de ontem, o qual poderia garantir o acesso para a série B. Subindo ou não, o tema abordado aqui seria este.
O JEC subiu merecidamente. Eu estava torcendo assim como os mais fanáticos torcedores. Comemorava a cada gol. As lembranças dos seguidos fracassos ano após ano vieram como raios em minha memória: rápidos e devastadores. E nessas memórias apareceram os episódios em que políticos aqui da cidade ditavam as regras no tricolor.
Primeiramente, esporte é esporte. Gestão pública é gestão pública. Não dá para fundir os dois. Pena que nesses sete anos de derrocada, muitos tentaram homogeneizar o heterogêneo. O JEC, ao ser encurralado com seguidas derrotas no campo, apelou para o “prestígio” da classe política, abrindo espaços cada vez maiores em seu conselho deliberativo, elegendo o então Vice-Prefeito Rodrigo Bornholdt como Vice-Presidente do JEC, e o ex-Prefeito Marco Tebaldi como Presidente deste mesmo conselho, sem contar os mais variados cargos exercidos por apadrinhados e/ou ex-comissionados destes mesmos políticos envolvidos.
Não sou inocente em acreditar que a política não permeia o futebol. Sempre houve a articulação entre ambos, mas nunca de forma tão escancarada como aconteceu aqui em Joinville. Quando se confundem os interesses (ganhar votos ou ganhar títulos?) quem perde é sempre o clube, entidade maior que qualquer indivíduo. Neste tempo todo, técnico e jogadores foram contratados pelo Tebaldi dentro da Prefeitura, discussões entre Bornholdt (um político) e o Presidente do JEC (um dirigente ex-comissionado de Tebaldi, o qual havia rompido politicamente com Bornholdt). Sem contar o vexame da compra da vaga, ato “normal” para muitos na época!
A vaga não foi comprada, o JEC caiu, ficou sem série, rebaixado no estadual e ainda assim insistiam nos políticos e seus apadrinhados na linha de frente. Só quando o profissionalismo entrou na Toca do Coelho e perceberam que estes mesmos políticos só atrapalharam (por mais boa intenção que tivessem), o JEC foi subindo, degrau a degrau. A expectativa que fica para nós, torcedores, é que estes erros não sejam mais cometidos. Políticos vão circular pelos corredores da Arena, mas NUNCA mais poderão ter a caneta de Presidente do JEC na mão. Político tem aquela velha mania de querer catar voto em todos os buracos, mas em alguns podem ter formigueiros, e dos grandes.