quarta-feira, 3 de maio de 2017
Entre o "não fazer" e o "fazer perfeito" está uma cidade abandonada
POR RAQUEL MIGLIORINI
A Secretaria de Administração da Prefeitura de Joinville é um caso a ser estudado por uma equipe multidisciplinar. O prefeito do vilarejo germânico se orgulha de nunca ter sido envolvido em escândalos e atribui ao "bom funcionamento" da secretaria em questão.
Muito bem. Ao abrir o Jornal A Notícia no dia 02/05, me deparo com a manchete “Abrigo Animal está ameaçado por falta de álvará de localização e pode não renovar convênio” ao lado da foto de dois lindos cãezinhos de lá. O convênio entre a prefeitura e o Abrigo ocorre desde 2006.
Em 2013, na primeira gestão de Udo Döhler, todos os convênios foram refeitos porque a secretaria disse que tudo o que havia sido feito até então estava errado e os novos funcionários, e somente eles, sabiam como fazer certo. Fico imaginando os demais servidores da pasta, como não se sentiram. Acontece que nem em 2013 , e nem nunca, o Abrigo Animal teve alvará de localização, simplesmente porque está em área irregular. O convênio é renovado anualmente e foram necessários 4 anos para que pessoas tão competentes percebessem isso? E o que farão com centenas de cães e gatos, caso resolvam levar à termo a decisão da não-renovação? A atual gestão se interessa em manter esse convênio? A questão não é somente burocrática e tem que ser resolvida.
Numa outra situação, podemos questionar porque o elevador do Mirante, com menos de dois anos de uso, está quebrado e assim permanece. Uma secretaria competente teria feito a licitação para a manutenção do equipamento antes da inauguração, como foi solicitado. Mas, por excesso de zelo, vamos chamar assim, com os termos de referência apresentados, esse processo não aconteceu. Não somos tão bons gestores como o prefeito e mesmo assim sabemos que um aparelho parado e sem manutenção se deteriora muito mais rápido. E lá se vai nosso dinheirinho...
Nessa mesma linha temos a manutenção do Parque Morro do Finder, já mostrado aqui. O investimento feito para a revitalização da Unidade de Conservação do Bairro Bom Retiro/Iririú foi perdido pelo total abandono do local. O mirante do Finder está em processo de licitação desde 2014. Essa eficiência é demorada mesmo.
O texto do Jordi Castan, publicado no dia 1º de Maio, aqui no blog, mostra outros lugares sem manutenção e abandonados. Nem o centro da cidade escapa da deterioração. Estamos entregues a uma administração que não se envolve em escândalos não pela lisura dos processos, mas simplesmente por não fazer a máquina andar.
Tudo isso me fez lembrar da imagem dos lápis e da analogia que ela traz para essa administração: você pode ser um lápis bem bonito e bem apontado, e parecer melhor perto dos lápis gastos e sem ponta. Só vale lembrar que o lápis bonito nunca foi usado, ou nunca colocou a mão na massa.
terça-feira, 2 de maio de 2017
Governo precisa de marido e Temer sabe fazer ovos mexidos
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Imagine que você acordou hoje numa onda de masoquismo e deseja se autoinfligir algum sofrimento. Então recomendo uma olhada na entrevista – vamos chamar assim – de Michel Temer ao apresentador Ratinho, do SBT. Porque são 30 minutos de fazer sangrar os ouvidos: um entrevistador que não sabe entrevistar, um entrevistado tão entusiasmante quanto uma fratura exposta.
É difícil chamar Ratinho (Mouse, como escreveu Simon Romero, do “NY Times”) de entrevistador. O cara está ali no papel de levantador. Como um jogador de vôlei, limita-se a levantar a bola para Michel Temer bater. Mas Temer não bate... ou bate mal. É o retrato do atual governo: impopular, mas propenso a piorar as coisas. Ao fazer de Ratinho o seu garoto propaganda, acrescenta o toque cafona que faltava.
Não admira, portanto, que o ponto alto da entrevista tenha sido mais uma escorregadela de Temer no tema do marido e da mulher. Ratinho levantou a bola: “Uma dona de casa, ela não pode gastar se o marido dela ganha R$ 5 mil, ela não pode gastar mais que cinco, senão ela vai quebrar o marido”. E Temer responde, de bate-pronto: “Governos precisam passar a ter marido porque daí não vai quebrar”. Dois “machos” numa conversa de café.
O atual presidente parece mesmo obcecado com a relação marido e mulher na gestão do orçamento familiar. O macho provedor, a fêmea do lar. E fala como se o governo fosse a extensão dessa sua concepção moralista. Mas quando fala em “marido”, no que estaria ele a pensar? Sou capaz de apostar que pensa na imposição da austeridade e da desregulamentação. Ops! Mas é exatamente a receita neoliberal do FMI.
Será que o namoro está a recomeçar? Parece que sim. Os responsáveis pelo fundo monetário receberam com sorrisos a promessa de mudanças estruturais, como a reforma da Previdência, afirmando que assim o Brasil sai da recessão e volta a crescer lá pelo ano 2020. Só tem um probleminha: é que o FMI mente muito para as “esposas”. Primeiro diz que a austeridade é legal para arrumar a casa, depois diz que aumenta a desigualdade.
O que fica da tal entrevista? Fora essa escorregadela, o resto é uma enorme chatice. A não ser que alguém ache importante saber que lá em casa Michel Temer sabe fazer ovos mexidos. Parece que as suas qualidades de “chef” são diretamente proporcionais às qualidades como presidente. Ah... e também há quem se divirta com a falta de intimidade do entrevistador com a língua portuguesa. Fora isso, só o tédio.
É a dança da chuva.
Imagine que você acordou hoje numa onda de masoquismo e deseja se autoinfligir algum sofrimento. Então recomendo uma olhada na entrevista – vamos chamar assim – de Michel Temer ao apresentador Ratinho, do SBT. Porque são 30 minutos de fazer sangrar os ouvidos: um entrevistador que não sabe entrevistar, um entrevistado tão entusiasmante quanto uma fratura exposta.
É difícil chamar Ratinho (Mouse, como escreveu Simon Romero, do “NY Times”) de entrevistador. O cara está ali no papel de levantador. Como um jogador de vôlei, limita-se a levantar a bola para Michel Temer bater. Mas Temer não bate... ou bate mal. É o retrato do atual governo: impopular, mas propenso a piorar as coisas. Ao fazer de Ratinho o seu garoto propaganda, acrescenta o toque cafona que faltava.
Não admira, portanto, que o ponto alto da entrevista tenha sido mais uma escorregadela de Temer no tema do marido e da mulher. Ratinho levantou a bola: “Uma dona de casa, ela não pode gastar se o marido dela ganha R$ 5 mil, ela não pode gastar mais que cinco, senão ela vai quebrar o marido”. E Temer responde, de bate-pronto: “Governos precisam passar a ter marido porque daí não vai quebrar”. Dois “machos” numa conversa de café.
O atual presidente parece mesmo obcecado com a relação marido e mulher na gestão do orçamento familiar. O macho provedor, a fêmea do lar. E fala como se o governo fosse a extensão dessa sua concepção moralista. Mas quando fala em “marido”, no que estaria ele a pensar? Sou capaz de apostar que pensa na imposição da austeridade e da desregulamentação. Ops! Mas é exatamente a receita neoliberal do FMI.
Será que o namoro está a recomeçar? Parece que sim. Os responsáveis pelo fundo monetário receberam com sorrisos a promessa de mudanças estruturais, como a reforma da Previdência, afirmando que assim o Brasil sai da recessão e volta a crescer lá pelo ano 2020. Só tem um probleminha: é que o FMI mente muito para as “esposas”. Primeiro diz que a austeridade é legal para arrumar a casa, depois diz que aumenta a desigualdade.
O que fica da tal entrevista? Fora essa escorregadela, o resto é uma enorme chatice. A não ser que alguém ache importante saber que lá em casa Michel Temer sabe fazer ovos mexidos. Parece que as suas qualidades de “chef” são diretamente proporcionais às qualidades como presidente. Ah... e também há quem se divirta com a falta de intimidade do entrevistador com a língua portuguesa. Fora isso, só o tédio.
É a dança da chuva.
segunda-feira, 1 de maio de 2017
Vamos trabalhar?
POR JORDI CASTAN
Não passa dia sem que a assessoria da Prefeitura se gabe do horário em que o prefeito começa o seu expediente na Prefeitura. Não esta claro qual o motivo de dormir tão pouco, nem se esta falta de sono é resultado da idade ou se a insônia é por causa de ver a cidade parada e regredindo. A segunda alternativa implicaria um mínimo de responsabilidade e de preocupação e, principalmente, evidenciaria que o prefeito teria consciência do desastrado da sua gestão. Aqueles que o conhecem melhor insistem em que está convencido que a sua gestão é perfeita e não haveria quem a pudesse melhorar. Mas esta perda de contato com a realidade, em psicologia tem um nome bem definido.Para facilitar a vida do prefeito e ajudar a melhorar a cidade, tomei a iniciativa de fotografar uma parte de Joinville, a obra que na gestão do prefeito Tebaldi se chamou pomposamente de Boulevard Cachoeira. Menos de 15 anos depois, o Boulevard está abandonado, sem manutenção e a péssima qualidade da obra feita está sendo corroída pela ferrugem e pela inépcia das gestões municipais que a sucederam.
Como o prefeito parece não enxergar nem o que tem na frente do seu escritório, estamos dando a nossa contribuição e mostrando o que precisa ser feito. Olhando para estas imagens é mais fácil entender por que a cidade está como está. Se nem o que esta na frente da própria Prefeitura é arrumado e mantido, aquilo que esteja mais longe não deve nem existir aos olhos desta "des-gestão".
sexta-feira, 28 de abril de 2017
Greve geral: uma ação política necessária
POR EDUARDO RODRIGUES
O direito à greve, garantido na Constituição, existe por uma única razão: é uma forma legítima dos trabalhadores se organizarem para conseguir melhorias nos salários, benefícios e resistir a imposições do poder que, somente por interesse econômico, tenta reduzir os direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras.Só para refrescar a memória, todos os direitos que hoje consideramos imprescindíveis, como o voto, a representação democrática, aposentadoria, limitação da jornada de trabalho, licenças, férias e etc. tiveram greves como importantes ferramentas de combate. Vale reforçar que em nenhum momento da história as melhorias na condição de vida dos trabalhadores foram meras concessões. Foram conquistas originadas através de muita luta, combatendo repressões e perseguições, oriundas de interesses muitas vezes distantes da democracia e da liberdade.
Estamos vivendo em um estado de exceção. O plano econômico e político aplicado pelo governo golpista de Michel Temer não foi eleito nas urnas. É um plano de governo desenhado pela classe patronal do país, com o interesse reduzir gastos com a contratação de funcionários e garantir o dinheiro do Estado para o pagamento da dívida pública. Uma conta que beneficia rentistas milionários e despreza os trabalhadores brasileiros. Destrói os direitos que asseguram garantias mínimas à população e transforma as relações de trabalho numa terra sem lei, retrocedendo décadas em nossa história democrática.
É um direito sair às ruas, entrar em greve, fazer pressão popular sobre o governo para manter nossos direitos conquistados através de uma história de muito sofrimento e luta. A greve geral marcada para este dia 28 de abril será a grande retomada de mobilizações populares no Brasil. Faz parte do jogo. É uma das poucas ferramentas de controle do poder que temos. Precisamos de unidade e da clareza de que, neste momento, a classe trabalhadora está por si só. E ninguém está por nós.
Os brasileiros foram às ruas não apenas por R$ 0,20. Foram contra a corrupção, pela saúde e pela educação. Esse agora é mais um passo, é pela democracia, para se fazer ouvir. Não é coisa de vagabundos, é uma ação direta do povo que trabalha, que faz a máquina econômica girar. Se preciso paramos o Brasil. Por isso, estamos em greve!
quinta-feira, 27 de abril de 2017
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