Sabe o que acontece quando você entra no Google e introduz a pesquisa “Aécio propina”? O resultado são 518 mil referências. Repito: 518 mil. É uma enxurrada de citações. Apesar de não ter valor estatístico, um número tão expressivo não pode passar despercebido. E para complicar ainda mais - se é que complica para algum tucano - a última edição da revistona trouxe uma reportagem a afirmar que a “Odebrecht depositou propina para Aécio em NY”.
Tem gente a apostar que a profecia (o mineirinho é o primeiro a ser comido) vai se realizar. Não parece. Aliás, é bom deixar claro: Aécio Neves é inocente até que seja provada qualquer culpa. E, como sabemos, os tucanos têm uma relação de afeto com a Justiça e parece improvável que venha sequer a ser acusado. Afinal, estamos a falar de uma Justiça sui generis. No Brasil, há quem ache desnecessário investigar a oposição porque, não estando no poder, não há corrupção. Podem rir...
A mesma pesquisa no Google permite reunir manchetes de publicações que, numa democracia consolidada, nunca passariam em branco. Os implicados ficariam na marca do pênalti e haveria punições. Mas, repito, estamos a falar do Brasil, um país historicamente forte com os fracos, mas fraco com os fortes e poderosos. E hoje convido o leitor e a leitora a recordar algumas das manchetes que polvilharam a imprensa nos últimos tempos. Eis...
“Aécio e Cunha tinham esquemas ‘independentes’ em Furnas, aponta Janot”.
(Estadão)
“Aécio era ‘o mais chato’ na cobrança de propina junto à UTC, afirma delator”.
(Infomoney)
“É um terço SP, um terço nacional e um terço Aécio”, diz delator sobre Furnas.
(Folha)
“Delcídio diz em delação que Aécio foi beneficiário de corrupção em Furnas”.
(Globo)
“Documentos revelam que doleiro abriu conta secreta em Liechtenstein”.
(Época)
“Delator liga Aécio a esquema de corrupção na Petrobrás”.
(Estadão)
“Aécio repassou propinas em troca de apoio na Câmara, diz Machado”.
(Folha)
“Aécio comandou fraude na Cidade Administrativa quando era governador de MG, diz delator da Odebrecht”.
(R7)
“Aécio era ‘mineirinho’, diz delator da Odebrecht”.
(Estadão)
“Odebrecht teria acertado repasse de R$ 50 milhões a Aécio, diz jornal”.
(Valor)
“Ex-executivo da Odebrecht delata propina para Aécio, diz revista”.
(Zero Hora)
“‘Aécio vai ser o primeiro a ser comido’, diz ex-líder do PSDB no Senado”.
(Congresso em Foco)
Vou repetir. Aécio Neves é inocente até que a culpa seja provada (caso venha a ser acusado). Mas o Brasil é um país estranho, onde a presunção de inocência é altamente seletiva. Assim como a indignação dos cidadãos. Há brasileiros que leem estas manchetes publicadas aqui e, no fim, chegam sempre à mesma conclusão: “prendam o Lula”.
É a ética torta do “pedalinho versus milhões”. Para eles nunca será "a vez de Aécio". De fato, não querem saber de corrupção, porque o ódio de classe pede vingança. Querem que Lula seja preso. E o resto é o resto.
É a dança da chuva.