quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Darci de Matos e Dalmo Claro votam contra a educação catarinense. Kennedy se ausenta.
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
A Udesc lançou, há alguns meses, a campanha Udesc + 0,17, um movimento que, segundo relatos da mesma, "envolvia a comunidade acadêmica para solicitar o aumento de repasse de recursos à universidade". O objetivo era "sensibilizar a classe política para a importância econômica, social e educacional da instituição para Santa Catarina". Atualmente, a Udesc recebe 2,49% da soma da arrecadação de impostos estaduais. A proposta ia ampliar o repasse, chamado duodécimo, para 2,66%, ou seja, mais 0,17%.
Em 2015, a Udesc recebeu um total de R$ 326 milhões para investimentos, custeio e folha de pessoal. De acordo com os cálculos da instituição, mais 0,17% significariam R$ 18 milhões anuais, que já entrariam no orçamento de 2017.
Porém, a lei de diretrizes orçamentárias para o ano que vem foi votada nesta semana e a proposta da UDESC não foi aprovada por 17 votos a 12. Ocorre que os 0,17% foram repassados para o Tribunal de Justiça e para o Ministério Público, "em comum acordo entre os poderes", conforme vídeo abaixo. O poder judiciário estadual certamente precisa menos desse recurso do que a UDESC, uma instituição que luta, com grandes esforços, para oferecer educação de qualidade aos seus estudantes. Lembrando, ainda, que muitos municípios do estado contam, por meio da universidade estadual, como a única opção de ensino superior público e gratuito. Santa Catarina, um estado marcado pela extrema desigualdade no acesso ao ensino superior público sofre, mais uma vez, com um grande retrocesso.
Ajudado por alguns deputados estaduais com domicílio eleitoral em Joinville.
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Fonte: DANMA de Todos/Facebook |
Se você não entendeu a gravidade da situação, quem votou contra os R$ 18 milhões de reais para a universidade votou contra melhores condições de ensino para os milhares de estudantes que dependem da instituição. A quem duvida, convido uma visita à UDESC Joinville para ver as imensas carências que os deputados ignoraram. Como a questão era um "grande acordo" (que envolvia, inclusive, o perdão das pedaladas do governador), Darci e Dalmo fizeram o jogo contrário ao desenvolvimento da educação catarinense e mostraram-se subservientes à velha política dos "acordões". Não foi a primeira vez que Darci votou contra a educação, que diga a classe do magistério estadual.
E o nosso deputado (Clari)Kennedy Nunes? Ninguém sabe, ninguém viu. Mais uma vez.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Mentiras e verdades na rede - um problema nosso
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Capa da Forbes com Lula mais falsa que nota de três reais, como mostra o site E-farsas. |
POR FELIPE SILVEIRA
A revista Piauí traz, na sua mais recente edição, uma reportagem sobre o jornalismo e a eleição de Trump à presidência dos Estados Unidos. A repórter Daniela Pinheiro acompanhou o trabalho de jornalistas antes e depois da apuração, trazendo algumas reflexões sobre o consumo de informação neste tempo de pós-verdade. As opiniões diferem, mas parece consenso que a desinformação, seja ela baseada no desconhecimento inocente ou no deliberado espalhamento de notícias falsas, nos coloca um dos principais problemas do nosso tempo.
Além disso, um desafio maior ainda é enfrentar o desinteresse pelas notícias e, em parte consequentemente, pelo conhecimento. Em um trecho da reportagem, Pinheiro narra o encontro com Chris Kelly, colunista de um jornal da região do Cinturão da Ferrugem, uma das responsáveis pela virada de Trump, que diz: “A grande imprensa diz que falhou porque perdeu o contato com o eleitor de lugares como Scranton, por exemplo. Nós sabemos quem é nosso leitor que votou no Trump e escrevemos para ele. Mas esse não é o ponto. O que importa é que esses eleitores não estão nem aí para o que a imprensa escreve.”
Assuntos restritos pelas bolhas das redes sociais, notícias falsas, desinteresse, jornalismo mal feito na mídia tradicional e na alternativa, seja pelos interesses envolvidos ou pela falta de recursos. Estes são problemas novos e outros nem tanto que nossa geração tem que lidar.
Vivemos um tempo de adaptação. Temos problemas que nem sabemos que temos ainda, mas que, ao passo que são descobertos, que incomodam, começam a ser pensados em busca de soluções. Um exemplo disso é a iniciativa do Facebook de combater a mentira na internet. A eleição de Trump fez perceber o tamanho da encrenca e a responsabilidade da empresa, que anunciou medidas para combater a mentira na internet. Um botão para denunciar notícias falsas pode ser incorporado à rede social. Mas isto também pode acarretar novos problemas, como o efeito manada de denúncia. Outro problema é o facebook se tornar o juiz do que é verdade e do que é mentira na internet, como aponta este texto.
As soluções serão encontradas coletivamente, mas podemos começar a resolver o problema de algumas maneiras. A primeira é dividir boas informações, checadas, bem apuradas e que busquem alguma isenção ou que tenham transparência sobre seus interesses. Também vale dividir a maneira de checar isso com quem não sabe, como seus parentes mais velhos e menos ligados à internet. Outra maneira é agir politicamente para que se cumpram e se melhorem as leis sobre rádio e TV no Brasil, pluralizando a comunicação e coibindo as práticas ruins, como os programas sanguinários e nada informativos. Por último, acredito que vale trabalhar a comunicação na escola, formando cidadãos mais preparados para lidar com a informação e que consequentemente cobrem melhorias nesta área.
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
O papel da mulher: novos tempos, velhos hábitos
POR CECÍLIA SANTOS
Ontem abri no meu computador do escritório uma receita que eu queria reproduzir na cozinha. Mas em vez de anotar num papelzinho, tirei uma foto do monitor com meu celular. E enquanto cozinhava, fiquei tentando lembrar em que situações eu ainda escrevo à mão. Bem poucas. Até a lista de compras é feita num app de celular.
Será que um dia nós vamos perder totalmente o hábito de escrever à mão? Conheço gente que acha o fim da picada os alunos fotografarem a lousa em vez de tomar nota da matéria no caderno. É a lei do menor esforço. Certeza que teve gente que protestou quando inventaram o fogão a gás.
Creio que a maioria de nós é bastante entusiasta dos avanços tecnológicos, porque tornam nossa vida mais fácil, ou nos liberam para coisas inúteis como tretar no grupo de whatsapp da família.
A gente se apega um pouco a hábitos e processos que parecem essenciais, sofre com saudosismo, mas depois se acostuma.
Mas tem coisas que não mudam. Como as relações sociais e o papel da mulher. Como a desigual e insuficiente participação das mulheres nas instâncias de poder ou dos homens no trabalho doméstico.
A verdade é que somos uma sociedade muito atrasada nas questões de gênero, que ainda não consegue enfrentar os altíssimos índices de violência contra as mulheres e combater o assédio nos espaços públicos. Quando nos calamos, somos coniventes.
Estamos no período de 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, de 25 de novembro, declarado Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher a 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Como membro do Fórum de Mulheres da Zona Oeste de São Paulo, uma instância de participação popular territorial destinada a fazer a interlocução entre a sociedade civil e o governo sobre políticas para mulheres, realizo rodas de conversa e bordado para falar sobre situações de violência.
Numa dessas rodas, uma senhora idosa nos perguntou: “mas por que o governo não dá um treinamento aos homens para que eles respeitem as mulheres?”
Na sua simplicidade, ela quer que a sociedade se torne um lugar mais seguro para as mulheres. Mas mudar isso não está apenas nas mãos dos governos. Compete também a cada um de nós transformar a sociedade.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Ferreira Gullar e o "Trenzinho do Caipira"
POR ET BARTHES
A morte do poeta (José Ribamar) Ferreira Gullar é mais uma nota triste de 2016. Parte o homem, fica a obra. O “Poema Sujo”, poema escrito no exílio (ele foi ligado ao Partido Comunista nos tempos da ditadura) talvez seja a sua peça mais conhecida pelo público, mas Ferreira Gullar também fez a letra para muitas músicas, como este “Trenzinho do Caipira”, parte das Bachianas Brasileiras nº2, de Heitor Villa Lobos. Aqui uma versão mais popular, na voz de Edu Lobo.
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