sábado, 24 de setembro de 2016

Não há cidade inteligente sem um prefeito inteligente

POR CHUVA ÁCIDA


Quando propôs uma pergunta aos candidatos a prefeito, a intenção do blog era trazer um tema que não entra na agenda dos políticos. Mas também tentar saber até que ponto eles estão conectados com ideias como o conceito de "cidades inteligentes" (isso hoje é uma obrigação). É claro que os prefeitos estão sempre mais preocupados com as filas nos hospitais do que com a "internet dos objetos", mas não existe planejamento sem um olhar para o futuro. Não há cidade inteligente com prefeitos desprovidos de inteligência.


Parece apenas conversa, mas não. O futuro que chega a passos apressados. Os últimos 15 anos foram marcados por evoluções disruptivas que mudaram a forma de viver das pessoas e a economia. Tudo mudou. A indústria, o comércio, os serviços e, principalmente, a mentalidades. As mudanças não param. O que antes exigia anos de pesquisa hoje é resolvido em tempo escasso. Nem é preciso grandes recursos técnicos, basta um smartphone.
Atenção ao que este robô faz. Porque em 10 anos ele pode ficar com o seu emprego.



Foi por essa razão que o Chuva Ácida convidou os candidatos a prefeito de Joinville para uma análise do tema. Só um recusou o convite. Os textos foram sendo publicados ao longo da semana, mas hoje reunimos todos eles, de forma a oferecer uma ideia geral das propostas. É um tema difícil. E para que o leitor e a leitora entendam do que estamos a falar, fica abaixo um filme a mostrar um robô que já existe e que em breve vai ocupar o lugar de seres humanos, nos trabalhos que não exigem especialização. 




Marco Tebaldi: Joinville é celeiro de startups de tecnologia
















POR MARCO TEBALDI


Já estamos vivendo a nova revolução industrial. Diariamente surgem novidades na era da informação. A quarta revolução industrial ou econômica já começou e anda a passos largos. Nos últimos 20 anos surgiram muitas empresas que da noite para o dia tornaram-se bilionárias.

Muitos garotos com uma idéia na cabeça, perseverança e muita vontade de fazer acontecer criaram grandes corporações. Um das primeiras e que se tornou uma gigante mundial é a Microsoft, criada há apenas 41 anos. Sim, é um tempo muito pequeno. Outros vieram como Yahoo, Google, Apple, enfim muitas dessas empresas.

Nosso município é celeiro de muitas startups de tecnologia, geradoras de emprego e renda. Percebemos isso há 12 anos, quando fizemos o Planejamento Estratégico de Joinville e definimos a vocação de desenvolvimento e as diretrizes de crescimento.

O governo municipal pode e deve criar condições de sermos um pólo tecnológico e incentivar o surgimento de empresas de tecnologia.

Para enfrentar estes desafios da posteridade temos de estar preparados e antever o futuro. Vai demandar um novo currículo educacional, que abandone a memorização de fatos e fórmulas para focar mais em criatividade e comunicação, coisas que as universidades brasileiras, em sua grande maioria, não estimulam.

No caso do ensino fundamental, responsabilidade do município, vamos implantar gradativamente a educação em tempo integral com um forte programa de incentivo e ensino de inglês, informática e empreendedorismo. Precisamos preparar Joinville para estes impactos que vão ocorrer em pouco tempo.

No Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, especialistas apontam que 5 milhões de empregos serão destruídos, porém milhares de outros serão criados nas novas profissões. Por isso precisamos antever o futuro e criar políticas de enfrentamento contra as crises econômicas que são cíclicas.

Além da melhoria do ensino, podemos criar legislação que incentive novos empreendimentos, dotar a cidade de redes de internet públicas, atração de empreendedores eventos de incentivo para a busca de apoiadores de startups, entre outras iniciativas. São muitas as situações que um governo municipal pode incentivar, implementar para os desafios da Quarta Revolução Industrial.

E para finalizar, parabéns ao Chuva Ácida pelos cinco anos de existência.


Marco Tebaldi, deputado federal e candidato a prefeito de Joinville.

Carlito Merss: incentivos para a instalação de empresas de tecnologia


POR CARLITO MERSS

Este é um assunto importante para o futuro de Joinville. Mas é um futuro que já está acontecendo agora! É a chamada nova economia.

Todo se lembram que a gente pagava torpedo de celular pra mandar recado? Hoje tem o whatsapp, skype... de graça. As grandes locadoras tipo Blockbuster já nem existem mais por aqui. Foram substituídas pelo Youtube, Netflix, Now! E outros aplicativos de vídeos on demand. Tem muitas pessoas alugando sua casa aqui e em viagens pelo mundo via AirBnb.
O Facebook e o Google já fazem parte do dia a dia da gente. E, mais cedo ou mais tarde, o Uber chegará em Joinville e nenhum dos candidatos poderá fugir dessa discussão.

Pois é, o futuro já chegou. Todas estas empresas tem algo em comum: a inovação. O pensamento disruptivo faz parte do DNA de todas elas. E para que isso aconteça elas precisam de profissionais qualificados, geram emprego e renda. Uma nova economia digital que gira bilhões. Nós temos que nos preparar para acompanhar essa revolução.

Pensando nisso criamos o projeto Joinville 2020. A Prefeitura tem que ser a líder desse processo. Ela tem que fomentar a criação e facilitar a instalação de toda essa indústria da tecnologia por aqui. A Prefeitura vai chamar todo esse setor para conversar e tomar decisões em conjunto.

Que tal uma incubadora pública poderosa, um ninho de startups com acompanhamento técnico e de gestão? Que tal incentivos para instalação de empresas de tecnologia em nossa cidade. Não podemos negar nossa base industrial, porém precisamos ir adiante, enxergando novas matrizes de desenvolvimento.

Eu sei que a Prefeitura precisa primeiro fazer o básico, tapar os buracos e garantir remédio nos postos de saúde. Mas também sei que não podemos tapar os olhos e deixar esse novo mundo passar sem fazer nada. A gente precisa pensar diferente, ir além do comum.

E eu quero ser prefeito para fazer a diferença na vida de Joinville.

Carlito Merss é professor e candidato a prefeito de Joinville 


Ivan Rocha: base para o desenvolvimento é a igualdade





POR IVAN ROCHA

Há um certo tempo o mundo vem falando em uma quarta revolução industrial. Trata-se de uma forte mudança de paradigma, com uma realidade que leva a sociedade e as empresas de vez para o mundo digital, mudando processos, comportamentos e a maneira como se dão as relações entre pessoas e organizações. O potencial de tudo isso é enorme. Novos modelos de negócio devem surgir, produtos e serviços podem ser aperfeiçoados e o desenvolvimento tecnológico ganhará ainda mais força, provocando uma transformação sem precedentes.

Porém, como um militantes de um partido socialista, acreditamos que todo esse potencial precisa ser utilizado para transformar a vida das pessoas de maneira positiva. Nós entendemos que a desigualdade social é um empecilho fundamental para o salutar desenvolvimento das sociedades contemporâneas e que as novas tecnologias precisam ter uma vocação para oferecer soluções para problemas antigos e não para servir apenas aos interesses do grande capital. 

Joinville é uma cidade extremamente desigual e não há futuro sem combater a desigualdade. As duas Joinvilles, a rica e pobre, lutam entre si, limitando o desenvolvimento pleno de seus habitantes. Enquanto uma pequena parte da cidade usufrui dos lucros de uma economia desigual, outra sofre apertada no ônibus, na fila do hospital e no trabalho exaustivo. Sofre para pagar o aluguel, a mensalidade da faculdade e os remédios caros que faltam no posto de saúde.

Portanto, nossa primeira medida é o combate à desigualdade, ao monopólio do transporte público, à especulação imobiliária e às máfias da saúde. O resultado disso é uma cidade que vai atrair investimentos e estimular a permanência de talentos, ao contrário de expulsá-los, como faz hoje. Inúmeros artistas e intelectuais nasceram em Joinville, mas não puderam desenvolver seus talentos aqui porque a cidade é hostil ao pensamento e à diversidade.

Nosso projeto também prevê uma escola diferente, inspirada em grandes experiências nacionais e internacionais que tornaram a escola um lugar alegre, divertido, cheio de experiências enriquecedoras. Estes serão valores ensinados na escola. Entendemos que é um passo largo em direção a um futuro melhor.

Também vamos cobrar a instalação de cursos públicos de diversas áreas na UFSC e na Udesc, pois entendemos que as universidades são polos de desenvolvimento da economia e da sociedade. Nossas universidades não podem ser mero mecanismo de formação de mão-de-obra para as indústrias da região. Universidades são bem mais do que isso. Soluções acessíveis para a saúde, educação, meio ambiente existem e estão nas faculdades, nos centros de pesquisa e como objetos de estudo dos universitários. Vamos intensificar uma parceria saudável entre a Prefeitura e as universidades, criando polos de pesquisa avançada.

Defendemos que espaços públicos, como parques e praças, sejam locais de encontro e troca de experiências da população. Isso nos leva a investir em estrutura adequada para reuniões, apresentações e feiras. Estes espaços precisam ter banheiros adequados, internet livre e outras ferramentas que facilitem para os cidadãos que utilizarem os espaços.

Queremos incentivar, com tais medidas, o empreendedorismo a partir de uma lógica mais humana, com as novas empresas pensando em produtos e serviços que contribuirão para uma cidade e um mundo melhor. Para isso, investiremos na educação para o empreendedorismo, com formação continuada e cursos de capacitação promovidos pelo município.

Nossa candidatura propõe uma cidade aberta, livre, com oportunidades para todas e todos. Vamos diversificar a economia, com incentivo ao turismo, aos negócios sociais, ambientais e culturais. Vamos promover novas formas de usufruir a cidade e também novas oportunidades de negócios, com atenção ao design, à tecnologia, à cultura e à ciência . Vamos estimular a criação de cooperativas, que geram emprego e desenvolvimento para a cidade, sem exploração dos trabalhadores.

Parece-nos muito fácil prometer um espaço e alguma estrutura voltada para as famosas “startups”, mas sabemos que a tentativa de reproduzir um novo Vale do Silício é ilusória, tão propagandeado pelos gurus de revistas. A experiência californiana tem características únicas que não podem ser reproduzidas com salas ligadas à internet. A política de inovação implementada de modo mais direto desde 2004 no Brasil não surtiu os resultados desejados em grande medida devido a essas diferenças que aludimos: a estrutura produtiva e social brasileira simplesmente não pode reproduzir modelos de desenvolvimento dos países centrais, pois isso resulta em uma emulação fracassada.

Nós acreditamos que podemos ter a nossa própria experiência na construção de um cidade arejada, que produza avanços sociais e econômicos para todos, sem ficar para trás de qualquer outra cidade do mundo. Mas para isso precisamos superar o atraso de um século e meio de desigualdade e as amarras que o sustentam.

Darci de Matos: indústria 4.0 está chegando

















POR DARCI DE MATOS

O avanço tecnológico da humanidade está acontecendo a uma velocidade crescente nos últimos 200 anos. Hoje, um operário que não se recicla ao longo de sua vida profissional corre o risco de perder o emprego mais rapidamente. Grande parte disso acontece por causa da informática. E a maior novidade nesta área já tem um nome: indústria 4.0. 

A explicação está ligada às etapas desta revolução: a primeira aconteceu com o uso do vapor para mover as máquinas de produção; a segunda com a produção em massa com ajuda da eletricidade e a terceira com a introdução da robotização. A quarta ainda é um conceito, mas pretende mudar completamente a rotina do chão de fábrica.

A indústria 4.0 engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. Os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis. Com as fábricas inteligentes, novas formas aparecerão na elaboração de produtos manufaturados.

Neste mundo supercompetitivo quem não se adequar aos novos tempos corre o risco de desaparecer. Joinville é o terceiro maior polo industrial do Sul do País e há necessidade da cidade estabelecer planos para 2050. Não basta apenas a empresa decidir se adequar à nova realidade. Em primeiro lugar há que se pensar na formação da mão-de-obra. E aí temos que trazer o ensino para o século 21. As avaliações do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostram que o nível de aprendizagem dos estudantes está muito abaixo do recomendável. Este gargalo prejudica enormemente a indústria que vai contar com tecnologias de alto nível que exigem conhecimento profundo.

Portanto, o gestor que quiser manter a cidade no rumo do progresso deve interagir com os empresários para oferecer condições propícias para o seu desenvolvimento. O crescimento econômico interessa a todos. Por isso, a comunidade deve se preparar para a revolução da indústria 4.0. Uma mão ajudará a outra nos preparativos para as mudanças que se anunciam.
 
 Darci de Matos é deputado estadual e candidato a prefeito