POR IVAN ROCHA*
Na manhã da última quarta-feira (1º), quando fui
buscar minha filha no CEI onde ela estuda, no bairro Vila Nova, recebi um
convite inesperado. Por ordem da diretora da unidade, todos os pais receberam o
convite para participar de uma reunião, pasmem, do PMDB (imagem no fim do texto). Sim, isso mesmo: o
partido do prefeito Udo Döhler está usando a estrutura da educação pública para
divulgar suas reuniões abertas ao público.
É provável que a alta cúpula do governo municipal não
saiba do enorme erro cometido pelo partido, pois saberia do grave problema que
isso acarretará junto à Justiça Eleitoral, a qual esperamos que faça a sua
parte no rápido julgamento e punição ao partido e ao governo municipal. A
saber, o uso descarado da máquina pública em benefício do partido do prefeito.
O ato, que será denunciado à Justiça Eleitoral, fere a
lei 9.504, no artigo 73:
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado (aqui).
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado (aqui).
Escola sem ideologia, com exceção da minha
Coincidentemente, na mesma manhã, recebi um vídeo
falando sobre a lei da mordaça, no qual um professor de Joinville explica o
projeto que foi aprovado no estado de Alagoas e está tramitando em vários
estados do país. Em resumo, a lei vai proibir que professores tratem em sala de
aula de temas como gênero, política e religião. Em Joinville, a ideia é
encampada pela Pastora Léia (PSD), com amplo apoio dos políticos com ideologia
de direita.
A ideia é estapafúrdia. Com base em um discurso ideológico, políticos de direita afirmam que professores de esquerda, a partir de
orientação do Ministério da Educação (MEC), estariam “contaminando” as
crianças do país - a tal da “doutrinação marxista”
e por isso há a necessidade da proibição. Na prática, essa censura visa
omitir as teorias e personagens da História que são identificados com a
esquerda, reescrevendo a história da maneira que a direita quer, sem respeitar
o método científico e a construção milenar do conhecimento.
O objetivo deste projeto é bastante ideológico. É o de
(de)formar crianças, adolescente e jovens para trabalhar sem pensar, sem
questionar. Em Joinville esta já é a ideologia predominante, formando
mão-de-obra para trabalhar nas grandes empresas locais.
Retrocesso Nacional
Retrocesso Nacional
O projeto escola sem partido é um retrocesso em âmbito nacional. Já aprovado em Alagoas, está em tramitação em outros estados, como o Rio Grande do Sul, e sempre defendido por políticos de direita que flertam com o fascismo.
O governo golpista de Michel Temer (PMDB) recebeu os defensores desse projeto por meio do MEC, em episódio que chocou o país, quando o ministro Mendonça Filho, do Democratas, recebeu Alexandre Frota e o movimento Revoltados Online para ouvir propostas para a área da educação. Estuprador confesso e defensor do ideário de direita, Frota também defende o projeto, que estava entre as propostas apresentadas. O encontro foi uma forma de retribuição pelo apoio dado ao golpe no governo Dilma, mas não é de se duvidar que o PMDB leve a cabo as ideias retrógradas para a educação do povo brasileiro.
* Ivan Rocha é pré-candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL.