sábado, 18 de abril de 2015

Saudações, Apolinário Ternes

POR ANDRÉ LEONARDO

Li a opinião de Apolinário Ternes no jornal A Notícia, onde defendeu o Colégio Santos Anjos por utilizar espaço público como estacionamento e não contive o desejo de responder publicamente. Respeito as palavras deste senhor e sua coragem em expor uma posição que contrária à da grande maioria e da própria legislação.

Porém, após lerem o texto de Ternes o que pensaram as mais de sete mil pessoas que passam pela avenida JK todos os dias utilizando o transporte coletivo? Eu consigo imaginar e expressarei isso buscando outros pontos de vista:

#A dona de casa, que trabalhou mais de oito horas em pé, enfrenta seu último desafio antes de chegar em casa: o trajeto. O que ela poderia pensar ao saber que alguém culpou o ponto de ônibus que ela utiliza todos os dias pela confusão na Avenida JK?

#O que o estudante que paga sua faculdade e uma das passagens mais caras do Brasil pensou? O que ele sentiu quando espremia-se dentro de um ônibus onde cada metro quadrado é disputado e como reagiu quando foi obrigado a esperar por mais de dez minutos dentro do coletivo, porque o corredor exclusivo de ônibus estava ocupado com carros parados, aguardando a saída dos alunos do colégio para o embarque.

#Também consigo imaginar um empresário, preso em seu carro no congestionamento enquanto vislumbra a linda passarela que cruza a avenida, talvez um homem com vários compromissos naquele dia, e que, por conta da fila dupla em frente ao colégio, só lhe resta ter paciência e aguardar.

São muitos casos. “Ah, o colégio chegou antes!” Opinião retrógrada que em nada respeita e valoriza a mobilidade urbana e apenas a trata com desdém e mero detalhe no cenário urbano. Os povos dos sambaquis estavam há muito tempo antes de nós todos, assim como os índios e outras populações. O respeito à história e a cultura é devido, mas isso não impede o crescimento e o favorecimento dos meios de transporte coletivo.

A escola fere sua imagem ao defender as vagas irregulares implantadas pela prefeitura. Culpabilizar o ponto de ônibus ou qualquer outra obra que vise o deslocamento de milhares de pessoas é no mínimo um equívoco absurdo. O senhor Apolinário Ternes precisa urgente estudar a legislação de trânsito e as políticas de mobilidade. Não é possível conceber a proposta de que se ganha por tempo de existência. É o cúmulo!

Queremos uma cidade que pense para todos, para o coletivo e que, acima de tudo, respeite as legislações vigentes.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Impressões sobre Joinville

POR MÁRIO MANCINI



É a maior cidade do Estado de Santa Catarina, com a maior economia, arborizada, florida (já foi mais) e, podemos até dizer, pacata para os padrões atuais. Está se tornado tão grande que consegue abranger todos os conceitos já publicados, Nossaville, Buracoville, Florville, que, por sinal, concordo com todos e acrescentaria Chuville, Carroville, Multaville, etc.

Mas é a cidade que nos acolheu, ou que escolhemos para viver, como toda cidade possui virtudes e defeitos, que serão potencializados pela administração municipal.

No caso atual, os defeitos estão saltando aos olhos, prefiro pensar que por incompetência, porque descaso seria imperdoável. A última administração colocou a cidade em um marasmo progressivo, inúmeras obras não saíram do papel, não foram concluídas ou ficaram pela metade, a atual só aprimorou o processo, com certo requinte autoritário, de certa forma, fictício.

Porém, nem tudo é ruim, principalmente o que não depende do poder público. Nos últimos 20 anos, a cidade mudou muito, para melhor; hoje conseguimos sair para almoçar após as 14h e jantar após as 23h, ainda que sejam poucas opções, mas existem, acreditem, tem que procurar.

Crescemos culturalmente, com o maior festival de dança do mundo, entramos na rota dos shows, os ingressos nem vem mais com Joinville/PR, como nos anos 80.
Ou seja, deixamos de ser a primeira chuva à esquerda, para quem vem de Curitiba.

Tudo isto para dizer que Joinville é merece respeito, elogios, etc., mas também deve saber aceitar as críticas construtivas, pois quando apontamos problemas não queremos apenas polemizar, muitas vezes apresentamos soluções, ou algo próximo disso, que, certamente, não será a ideal, mas serve, ou melhor, serviria para abrir o debate construtivo, o que raramente acontece.

A administração atual parece estar fechada em um casulo. Até aceita sugestões, porém de um clube muito restrito. Sabemos que democracia demais atrapalha e saber dosar é essencial, porém democratizar é necessário, em alguns casos, pode ajudar a evitar a tal “judicialização”, um neologismo do atual alcaide. Ou não?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Por que matamos Jesus?

POR FELIPE CARDOSO

Desde já peço desculpas aos não crentes e as pessoas de outras religiões. Mas creio que esse questionamento seja o mais preciso para o momento, para a nossa reflexão.

Depois de muito tempo pensando sobre e após uma conversa com um amigo, decidi refletir um pouco sobre algo que sempre me incomodou.

Criado desde a infância na Igreja Católica, não havia período mais tenebroso e angustiante para mim do que a Semana Santa. Não por causa do desfecho trágico da história, mas sim por não entender o motivo de tanto ódio contra uma só pessoa.

Durante toda a minha permanência na igreja sempre quis entender uma coisa: por que mataram Jesus?

Várias teses surgiam e desapareciam. Depois de algumas leituras e um pouco mais de vivência no mundo pude perceber o motivo para matarem uma pessoa que hoje é cultuada e vista como boa, mas que na época causou a ira de muitas pessoas.

Por que causou a ira?

Porque era um revolucionário, mudava a estrutura da sociedade da época, mexia no status quo. Confrontava a tudo e a todos que tinham interesses individuais e não coletivo. Tinha coragem, defendia os mais pobres, lutava por justiça e igualdade.

E isso lhe custou a vida, pois desde aquela época as pessoas não se conformavam em perder privilégios para que outras pessoas tivessem oportunidades e direito de sobreviver. Desde aquela época o que importava era o ter e não o ser.

Após toda essa análise, cheguei a conclusão de que o que matou Jesus Cristo foi a hipocrisia do povo.

A mesma hipocrisia que vemos e vivenciamos hoje e, na maioria das vezes, em “defesa” do Seu santo nome.

Lennon, morto. Zumbi, morto. Luther King, morto. Malcolm X, morto. Amarildo, morto...

Perceba, matamos milhares de Jesus a todo o momento. Todos os que tentaram, de alguma maneira, lutar por paz, igualdade e respeito, tiveram suas vidas ceifadas. Mesma luta que Jesus teve séculos atrás.

Jesus nada mais é do que um socialista. Basta ler a Bíblia para perceber. Mas após a sua morte, conseguiram colocar no imaginário popular que o tal socialismo é utopia, é coisa ruim.

Porém, todos os dias têm missa ou culto para você aprender a desapegar dos bens materiais, amar o próximo e lutar por paz, amor, justiça, igualdade e tudo de melhor para o universo.

Perceba como a hipocrisia nos cerca, a mesma que matou Jesus.

Fico imaginando como Jesus Cristo reagiria a tudo isso se estivesse vivo.

Se Jesus fosse vivo hoje, certamente, entraria no Templo de Salomão e tantas outras igrejas para expulsar os cambistas, como fez no Templo de Jerusalém.

Visitaria cada igreja e aconselharia os pastores pararem de berrar e lhes ensinaria a não fazer como os hipócritas que oram de pé e em voz alta para serem vistos pelos homens. E pediria para não tirarem mais dinheiro dos fiéis, aproveitando para lembrar a todos para dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Se fosse vivo, mandaria os membros do exército de Jesus abaixar “suas espadas”, igual fez com Pedro, advertindo e lembrando-os de que seu reino não é esse.

Se estivesse vivo, Jesus Cristo andaria com os homossexuais, com os negros, com as mulheres e ensinaria a todos a perdoarem os corruptos e a lutarem por justiça.

Mas Jesus não está vivo. E não venha com o seu fanatismo tentar me dizer que ele está, porque NÃO, ele não está. Ele está morto e fazemos questão de matá-lo diariamente.

Ajudamos a matá-lo quando negamos a existência de um problema, quando negamos ajuda, quando vamos contra a mudança para o melhor. Ajudamos a matar com o nosso silêncio diante as atrocidades, com a nossa justiça seletiva, com os nossos falsos profetas, com a vingança, com o ódio, a ganância, a ignorância, a violência e tantas outras maldades que estão presentes em nossa sociedade.

Ajudamos a matá-lo fazendo tudo aquilo que Ele nos orientou a nunca fazer.

Hoje em dia, igreja virou sinônimo de clube de futebol e seus seguidores, fiéis e discípulos, viraram apenas torcedores. E nesse mercado gospel e sacro disputam para ver quem é a melhor e a maior, propagando a intolerância e o ódio de gênero, classe, etnia. Enquanto os interesses de Jesus são descartados.

Acho que alguns socialistas e comunistas continuam lutando pelos mesmos ideias Dele, mesmo alguns não acreditando na Sua existência, mas são condenados e crucificados diariamente. Até mesmo o Papa Francisco assumiu isso.

Se hoje estivesse vivo, Jesus morreria levantando as bandeiras do MST. Ou o espancariam até a morte por andar com homossexuais e prostitutas, ou simplesmente por ser negro. E, certamente, não teria chance de ressuscitar, pois sumiriam com o seu corpo, assim como fizeram com Amarildo.

Jesus está tentando voltar, não fisicamente, mas um pouco em cada pessoa que luta pela igualdade e pelo amor ao próximo. Mas na verdade, aqueles que se dizem seus discípulos estão crucificando milhares Dele diariamente.

Não amamos Jesus, fingimos amar. Amar vai além de palavras. O amor se demonstra com atitudes e nós sabemos que não estamos agindo... Não da maneira correta.

Enfim, apenas uma reflexão para quem está cansado de tanta hipocrisia e de tantos falsos profetas.