sábado, 21 de março de 2015
sexta-feira, 20 de março de 2015
Quando as letras choram, a cidade chora junto
POR SALVADOR NETO
“Uma cidade sem cultura, é apenas um amontoado de gente”. Com essa frase, o ex-prefeito de Joinville por três vezes, deputado federal por outras tantas, e governador de SC por duas vezes, atual senador da república Luiz Henrique da Silveira, marcou o evento de abertura das comemorações dos 15 anos do Balé Bolshoi na maior cidade do estado. Vindo de quem vem, pode ter vários sentidos. Pode ser apenas discurso, ou bravata, ou aviso. Vai saber!
A fala do senador chega em um momento que seu
eleito, prefeito Udo Döhler, sim do PMDB também, acabava de avisar via grande
mídia como sempre, que unir em uma só secretaria a educação, o esporte, o lazer
e a cultura é vislumbrar o futuro. Claro, com tal visão tacanha, sua proposta
foi rapidamente atacada por todo o setor cultural da cidade, inclusive pelo
Conselho Municipal de Cultura. Não poderia ser diferente. Mas, não bastasse
isso, outra notícia mexeu com o setor cultural joinvilense: o encerramento da
parceria entre escritores e a Biblioteca Pública.
Talvez o incauto leitor não saiba, mas a
presença da Confraria do Escritor a partir do projeto Joinville, Cidade dos
Livros, e do Plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura, produziu efeitos
encantadores na cidade. Deste movimento literário, vários movimentos se
sucederam em projetos que espalharam livros, leitura e escritores, por escolas,
praças, além de ser o embrião da já consagrada Associação Confraria das Letras,
que entre outras coisas já editou sete miniantologias Letras da Confraria, dois
grandes encontros catarinenses de escritores, e dois livros/antologias, o
Saganossa e o Saganossa – Outras Histórias, este a ser lançado na próxima Feira
do Livro em abril próximo. Tudo isso com recursos próprios.
Não falamos aqui da produção literária de cada
escritor envolvido nos dois movimentos. Faltariam linhas para expor, porque há
sim muitos escritores escrevendo belas histórias em poesias, crônicas, contos,
romances, e todos realizando seu papel em grande maioria sem qualquer centavo
público. Pura garra. Pura emoção. Pura criatividade e vontade de realizar o que
é preciso para uma sociedade desenvolvida. Não economicamente, mas
culturalmente e socialmente, o que por sí só impulsiona uma cidade ao progresso
com bases sólidas e sustentáveis.
O fato é que o atual governo Udo não tem
compromisso com a cultura como uma política pública permanente. Visite os
museus da cidade e verás. Veja que os cursos da Casa da Cultura buscam alunos
por perder “força”, pois faltam recursos. O Museu do Sambaqui fica embaixo de
água após a enchente, aos cuidados dos abnegados servidores, porque a gestão
cultural não tem interesse na história. Mas voltemos a leitura, aos livros, à
produção literária. Que futuro queremos se sequer os escritores e escritoras
tem o apoio do espaço de uma biblioteca – pública – para encontros, apoio,
debates, por falta de “gente”?
Para onde caminha uma cidade, dita como “a maior”
de Santa Catarina, se o governo não prioriza seus intelectuais, artistas,
produtores, escritores, gente que agita o pensamento, promove a criatividade,
motiva crianças, jovens e adultos para escrever, sim, escrever uma nova
história de desenvolvimento social e econômico que não passe apenas pela
indústria e seu modelo reprodutivo repetitivo, pura produção de peças,
produtos, marcas? A modernidade proposta pelo Prefeito em sua campanha é
somente isso? Continuar transformando crianças, jovens e homens em máquinas de
apertar botões?
Uma cidade com mais de 600 mil habitantes que
tem apenas uma Casa da Cultura, apenas uma Biblioteca, que neste governo
reduziu de tamanho e sequer poder receber um grupo autônomo como a Confraria do
Escritor. Uma cidade sem uma politica pública clara e com recursos generosos e
garantidos para a cultura e literatura. Uma cidade em que a Feira do Livro
chega a sua décima segunda edição ainda penando para angariar recursos para se
realizar. Uma cidade em que produtores culturais, artistas, escritores, todos,
sem muito apoio público, luta arduamente para continuar seu trabalho.
Que futuro tem uma cidade assim? Uma cidade sem
futuro para a cultura, sem produtores de sentidos, de criatividade, sem a
formação do pensamento crítico, será com certeza em poucos anos, apenas um
amontoado de gente formada apenas para ser uma massa trabalhadora para as indústrias, uma cidade
empobrecida cultural, social e economicamente. É isso que queremos? Quando as
letras choram como agora, a cidade chora junto. Com a palavra, o leitor cidadão.
quinta-feira, 19 de março de 2015
(I)mobilidade Urbana
POR MÁRIO MANCINI

Vivemos uma crise de mobilidade que atinge a maioria das cidades com mais de 300 mil habitantes, bem ou mal, a “qualidade” de vida melhorou, facilitou o acesso aos automóveis, às motocicletas, etc. O que, de maneira direta, aumentou de maneira exponencial a quantidade de veículos circulantes, muitas vezes por ruas dimensionadas no século XIX.
A maioria das cidades nasceu
em volta de uma igreja e se expandiu, sem planejamento algum, o que era comum
para a época e formou, de certa forma, um centro histórico de difícil
locomoção.
Muitas destas cidades atentas
a este detalhe desviaram e/ou limitaram o acesso “motorizado” a este bairro
central, planejando o entorno e investindo em mobilidade urbana.
Infelizmente existe uma
grande maioria que não o fez e pensa que transporte coletivo é sinônimo de
ônibus circular, que o mesmo deve disputar espaço com bicicletas, motocicletas,
automóveis e, até, pedestres.
Nestas cidades planejamento
para longo prazo não existe, vivem o momento, algo do tipo, “vamos fazer para
ver o resultado, se não der certo mudamos”, mesmo que isto decorra em custos e
retrabalho, pois ao menos a população vê que estão trabalhando.
Existe um exemplo bem próximo
de nós, que colocou na cabeça que o ônibus é a solução para o transporte de
massa e deve ter prioridade sobre os demais, ideia mais que ultrapassada;
inclusive defenestrado qualquer ideia contrária; mesmo se o sistema fosse
eficiente, de baixo custo e confortável, o que não é.
Por isso afirmo, neste caso choque
de gestão não chega a lugar algum , precisamos de um choque de
ideias, de mudanças de paradigmas, e isto em todas as áreas, não só na “gestão”
da mobilidade urbana.
Como isto não ocorrerá, ao
menos no próximo ano e meio, são só divagações, simples divagações.
Assinar:
Postagens (Atom)