POR SALVADOR NETO

Talvez você ria, talvez você chore, talvez
você queira saber mais, estudar mais. Mas é possível também que atire meu texto
na lixeira, imediatamente. Ou, quem sabe, faça uma marca no jornalista para que
seja rapidamente identificado como um "diferente". Veremos em breve. Comecemos por Goebbels. Não, este artigo não tem nada a ver com o livro de John
Green, tampouco com o filme. Mas tem a ver com duas estrelas famosas,
conhecidíssimas da nossa sociedade.
Joseph Goebbels foi o ministro da propaganda
de Hitler, o responsável pela criação do mito “Führer”. Cineasta, jornalista,
literato e filósofo, possuía uma retórica única. Produzia filmes emocionantes
divulgando o nazismo. Seus filmes estimulavam o preconceito étnico, a
xenofobia, o patriotismo e o heroísmo e condenavam os judeus, alegando que eram
culpados de acumular riquezas, explorando o povo. Junto a isso, o governo
nazista decidiu que todos os judeus deveriam andar com a estrela de David em
suas roupas, no peito ou no braço esquerdo.
A propaganda de Goebbels surtiu efeito.
Milhares de alemães filiaram-se ao partido e contribuíram para o Holocausto de
Hitler, torturando e matando seus próprios compatriotas, e entre eles cerca de seis milhões
de judeus. A repetição da mentira várias vezes a torna verdade, dizia o
propagandista preferido de muita gente até hoje, como políticos, líderes de partidos
políticos, e até em muitos meios de comunicação. Afinal, a receita surtiu os
efeitos desejados. Judeus foram marcados e podiam ser humilhados e agredidos em
público. Seus bens eram confiscados, e ao final, foram escravizados e mortos em
campos de concentração. Só não chegaram à solução final porque os aliados acordaram a tempo.
Processo de propaganda parecido, mas velado,
tem se dado com o PT, partido político brasileiro nascido no meio do operariado
no final da década de 1970 no ABC paulista. Antes identificado com lutas da
esquerda e ao socialismo, foi tachado por várias vezes como sendo um criadouro
de comunistas. Após conquistar o poder central a partir de 2003, sua estrela,
marca que chegou até os jardins do Palácio da Alvorada, está lentamente sendo
alinhada via investigações e noticiários à marca da corrupção, do banditismo,
dos desvios de conduta que a sociedade contesta com os escândalos midiáticos do
Mensalão e agora o chamado Petrolão. Não há aqui nenhum juízo de valor sobre se
os fatos são realidade ou não. Há sim uma análise comunicacional.
Está em andamento um novo modelo de propaganda,
com requintes do ideólogo nazista Goebbels. A ideia ao que parece é criminalizar
a estrela petista, e por consequência quem a utilize ou faça parte deste grupo.
A luta pelo poder tem resvalado no limite da insensatez, buscando pregar os
sentidos da antiga estrela de David para os nazistas, à estrela petista do
século 21. Não deixa de ser uma estratégia de comunicação visando o poder, mas
que ao assumir proporções em alta escala levam ao perigo de voltarmos às
atitudes violentas e antidemocráticas nas ruas. Vimos isso entre 1933 e 1945. Vimos
isso nas eleições de 2014.
Para os incautos e não afeitos ao
acompanhamento da grande e poderosa mídia tupiniquim, francamente aliada às
forças conservadoras, ao capital internacional, e controlada por poucas famílias
ligadas às forças políticas e empresariais, isso pode ser imperceptível. Sim,
este movimento, esta mensagem, dirigida, pensada pacientemente, e executada
parcimoniosamente. Mas é fato. Lembre: o nazismo levou 10 longos anos para se
tornar forte e matar milhões na Segunda Guerra mundial. Repetição,
massificação. Lenta, gradual, mas firme.
Não amigos, a culpa não é das estrelas. A culpa é da luta dos homens pelo poder, o controle das
riquezas nacionais, seja aqui ou no outro lado do mundo. Cabe a nós como seres
pensantes acompanharmos os fatos, aprendermos com a história, antes que ela nos
leve novamente ao absurdo da violência. Nada pior do que ser estigmatizado por
suas escolhas, e pior, ser perseguido, agredido e impedido de uma vida normal.
Não podemos e nem devemos repetir os erros do passado, que aqui e acolá teimam
em reaparecer. Tenhamos muita cautela, pois a democracia é o nosso bem maior.