segunda-feira, 17 de março de 2014

Direita,volver!


E as bicicletas?

POR JORDI CASTAN


Alguém lembra a viagem a Europa que o prefeito Carlito Merss para conhecer o sistema de aluguel de bicicletas em várias cidades, especialmente em Barcelona? E das bicicletas que o Banco Itaú em parceria com o Instituto Festival de Dança disponibilizou durante os dias do festival em Joinville? Continuando com o exercício de memória, alguém se lembra da licitação que o IPPUJ estava preparando para que Joinville tivesse um serviço de aluguel de bicicletas? Deve haver forças poderosas a impedir que Joinville disponha de um serviço de aluguel de bicicletas moderno e funcional.

Olhando de um certa distância, a história das bicicletas em Joinville lembra a conhecida história do governo administrando o deserto do Saara: se o fizesse, em pouco tempo começaria a faltar areia. Só para lembrar o exemplo do Festival de Dança, o Banco Itaú implantou o serviço de forma gratuita e o fez usando a experiência e o conhecimento adquirido que o banco já tem. É bom frisar que o serviço era gratuito e ainda acrescentar que o banco e a empresa que operava o serviço manifestaram interesse em manter o serviço em Joinville de forma gratuita.

Alguém parece ter achado que isso seria fácil demais e decidiu que seria necessário intervir e organizar melhor as coisas. Propor um sistema de transporte por bicicletas integrando terminais urbanos e converter a bicicleta num modal de transporte. Com trajetos definidos, contratando uma empresa especializada em projetar este tipo de trajetos. Nada mais adequado que uma licitação e resolvido. O resultado é que os anões começaram a crescer e alguns já estão com tamanho de jogadores de basquete, a mulher barbuda ficou careca e o leão do circo ficou banguela. Para complicar as coisas um pouco mais, os palhaços, que são sempre os mesmos, deixaram de fazer rir e dão pena e o mágico já não tem mais coelhos para tirar da cartola.

E as bicicletas? Bom... das bicicletas não se voltou a falar e já se passaram mais de dois anos e meio desde a viagem à Europa. Em 2012, o presidente do IPPUJ informou que o edital seria publicado ainda naquele ano e de momento nem sinal.  O curioso é que as mesmas bicicletas que seriam gratuitas se operadas pelo banco que já implantou o serviço de forma experimental, na proposta do IPPUJ terão um custo para o usuário. O que terão as bicicletas que tanto interesse motivam nos técnicos do IPPUJ?  Tento imaginar quantas empresas terão interesse em retirar o edital, se algum dia o IPPUJ chegar a concluí-lo?




sexta-feira, 14 de março de 2014

Ditadura nunca mais, Comissão Municipal da Verdade já!

Dona Lucia Schatzmann
Foto cedida por Jéssica Michels
POR FELIPE SILVEIRA

Na terça-feira (11), o Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz (CDH), de Joinville, completou 35 anos. Em comemoração, realizou uma audiência pública sobre a ditadura civil-militar, com participação do coordenador da Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright (CEV), Naldi Otávio Teixeira. O nome da comissão é uma homenagem ao deputado catarinense cassado pela ditadura e exilado que retornou ao Brasil clandestinamente e é um dos desaparecidos políticos do período.

A noite foi emocionante. O depoimento da dona Lucia Schatzmann, companheira do seu Edgar  Schatzmann, um dos ex-presos políticos joinvilenses, mexeu com todos no recinto, que aplaudiram de pé ao final, quando ela contou com orgulho que não se arrepende de nada porque estava ajudando a construir um país e um mundo melhor. Tão emocionante quanto foi a fala da senhora de 69 anos que viveu aquela experiência terrível foi a de Luis Carlos Fagundes Lemos, filho de outro preso político, já falecido. Ele contou como foi terrível para a família passar pela prisão do pai, que, levado a Florianópolis, ficou incomunicável por muitos dias. Luis, no entanto, não contou os horrores da tortura que soube pelo pai. Por causa de uma criança no recinto, achou melhor não revelar as barbaridades.

Os depoimentos foram muito tristes. Os horrores da ditadura foram muito tristes. Conhecê-los é chocante, doloroso e triste.

No entanto, eu saí de lá feliz. Talvez por otimismo, interpretei que houve uma sinalização para a criação de uma Comissão Municipal da Verdade. E isso é muito, mas muito mesmo, importante. A comissão municipal, e poderia ser até mesmo regional, faria um importante resgate dessa história apagada, escamoteada a disfarçada que é a história da ditadura em Joinville.

E não conhecer a história, já que ela é apagada, é o que permite que tenha gente que goste da ideia de ditadura, que tenha saudade daquele tempo e todo esse lixo que vemos por aí. Aliás, sempre vai existir gente assim, por mau caratismo. Hoje, a maior parte é por simples desconhecimento. Por isso não podemos esquecer. Por isso temos que trazer a verdade à tona. E o primeiro passo para isso é criar e fortalecer a comissão municipal.

Tão importante quanto é avançar e criar espaços de resgate da memória. Um exemplo disso é o Memorial da Resistência, em São Paulo, criado na antiga sede de uma das polícias políticas do regime. Lá você pode conhecer as celas que abrigaram presos políticos e um trabalho fantástico de resgate da memória e reflexão sobre as violências dos períodos ditatoriais. Foi uma das experiências mais fortes da minha vida.

A sugestão da criação do espaço foi levantada pela comunidade e ouvida por três vereadores presentes. Acredito que haja uma possibilidade real de concretização da ideia, mas para isso ocorrer é necessário envolvimento da comunidade. Esse texto tem o objetivo de espalhar a ideia. Aos interessados, estou à disposição para colaborar e levar adiante o projeto.

Para conhecer mais sobre a história do casal Lúcia e Edgar Schtzmann e sobre a ditadura em Joinville, recomendo o documentário Ditadura Reservada, de Fabrício Porto:

quinta-feira, 13 de março de 2014

Mãos de Copperfield acabam com a ilusão das "mãos limpas" de Udo


POR CHARLES HENRIQUE VOOS


A gestão Udo Dohler pode ter mãos limpas, como poucos pregam, mas está claro que tem mãos de Copperfield, em alusão ao famoso ilusionista norte-americano (foto).

Esta afirmação foi feita pelo juiz Roberto Lepper ao agora ex-secretário da saúde, Armando Dias Pereira Jr., por este último tirar pessoas da lista de espera de consultas médicas sem justificativa prévia, caracterizando possível improbidade administrativa. 

Como um belo show de mágica, as pessoas necessitadas de um médico ficaram sem entender nada, em três atos de grande audácia, típicos dos grandes espetáculos da Broadway: descumprimentos de determinação para regularizar o atendimento de consultas em ortopedia e outra para regularizar as filas de endocrinologia, sem contar a prestação de informações falsas, "maquiadas" para tentar enganar a justiça, no intuito de esconder descumprimentos judiciais anteriores à desta semana. Armando foi exonerado do cargo e agora vai responder processo.

Por mais que eu confie na capacidade técnica de várias pessoas que atuam dentro da Prefeitura (em cargos de comissão ou não), é muito triste acompanharmos a secretaria de saúde envolvida, mais uma vez, com escândalos e irregularidades. Já foi assim na gestão Tebaldi e Norival Silva. E é revoltante saber sobre uma das pastas mais importantes para a população sofrer com péssimas gestões, justamente o que o prefeito Udo Dohler mais diz entender, segundo sua trajetória empresarial.

Enfim, a mágica das "mãos limpas" não seduz mais. Parece aquele truque repetido, o qual convence alguns mas não empolga ninguém. A cidade que tem uma manifestação a cada cinco dias dá sinais de algo não estar bem. LOT, problemas com enchentes, obras recém-inauguradas com péssima qualidade ou com acabamentos faltantes, secretário com problemas na justiça, reforma administrativa que não reforma nada e transporte coletivo sem licitação são apenas alguns dos problemas. 

As "mãos limpas" do "não há segredo; há trabalho", agora são "mãos de Copperfield", do "trabalho com segredo". 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Um final surpreendente. Ou não?

POR ET BARTHES

Um filme feito para falar no dia da mulher (um dia comum). Parece uma coisa, mas termina de forma surpreendente. Ou talvez não.