terça-feira, 15 de maio de 2012

Revoltante

POR ET BARTHES
Os pais dessa criança chinesa, de apenas quatro anos, obrigam-na a correr só de cuecas na neve e com uma temperatura baixíssima. E ainda riem. Pior: têm a cara de pau de pôr as imagens na internet. Palavras para quê?



Nilson Gonçalves e sua inércia


POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Muitas vezes nos esquecemos que a cidade de Joinville tem três representantes na Assembleia Legislativa. Além de Clarikennedy e Darci de Matos, também temos (e há muito tempo) Nilson Gonçalves. Este último, por sua vez, de tão apagado e inerte às demandas da cidade, é praticamente esquecido.

O comunicador Nilson que surgiu na segunda metade dos anos 80 era combativo e sempre se posicionava perante aos anseios comunitários. Porém, desde que se elegeu vereador em 1996 vem perdendo a sua força e acomodando-se nos programas assistencialistas e arrecadadores de voto, bem como atrás do microfone e das câmeras de TV. Só aparece quando é extremamente pressionado, ou quando há uma “comoção geral”, como aconteceu no caso da PEC dos bombeiros voluntários.

Com um potencial gigantesco no começo dos anos 2000 para arrecadar votos, Nilson perdeu a oportunidade de tentar uma vaga na Câmara dos Deputados e ser favorito para a sucessão de Marco Tebaldi. Distanciou-se da cúpula partidária e se vê diante de uma significativa queda dos votos em urna, se compararmos as três eleições  que disputou entre 2002 e 2010. Nilson, infelizmente, está como outros caciques da política catarinense, que se apoderaram de seus espaços na Assembleia e mantêm a mesma linha de atuação há anos. Não nos esqueçamos que estão amparados em um salário perto de R$20mil mensais, com muitos assessores e gordas diárias.

A pergunta que faço neste blog: quais as principais ações de Nilson como deputado, além da concessão de subvenções sociais e reconhecimentos de utilidade pública expedidos? Ou ainda, por qual motivo seus espaços na mídia não são mais combativos, como no início da carreira política, e são meras descrições dos crimes que por aqui ocorrem? As pessoas gostavam do Nilson questionador, e não do Nilson acomodado. E ainda, o silêncio ao ponto de inércia sobre Joinville? Sem contar o escândalo que mudou o rumo das eleições em 2008 e que até hoje não está bem elucidado (pela mesma inércia e falta de posicionamento).

A cidade perde e muito com esta fraca representação, seja numérica ou qualitativa. Na Assembleia presenciamos, além deste inerte, um deputado incoerente (o qual diz não precisar do voto dos professores, mas vive andando pelas escolas pedindo voto) e outro obcecado pelo poder (faz de tudo, inclusive trocar várias vezes de partido, para poder chegar onde almeja).  Por fim, ou o deputado Nilson não tem uma equipe eficiente, que propague as suas realizações, ou o gostinho delicioso da inércia bateu forte ali nas bandas da Casa Amarela. Tudo isso é perigoso, e pode arruinar a carreira de um ex-fenômeno de votos. E ah, serve de recado para alguns comunicadores que estão trilhando pelo mesmo caminho...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

CÃO TARADO


O mundo e o Código Florestal

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Na semana passada (re)publiquei aqui um texto que falava no olhar dos estrangeiros sobre a floresta amazônica. Dizia que a questão desperta interesse não apenas no Brasil, mas em todo os cantos do planeta. E a aprovação do novo Código Florestal fez surgir, nesta semana, uma petição mundial da Avaaz, organização que se define com o objetivo de “mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem”. 

Sob o título “Veta, Dilma: chegou a hora!”, a petição já tem mais de 1,3 milhão de assinaturas em todo o planeta. Diz o texto da organização:

O Congresso Brasileiro acabou de aprovar uma lei florestal catastrófica, que dá a madeireiros e fazendeiros rédea livre para cortar enormes áreas da Amazônia. Agora só a presidente Dilma pode evitar.

Felizmente, o tempo está do nosso lado – em poucas semanas Dilma vai ser responsável pela maior conferência ambiental do mundo e pessoas ligadas ao evento acreditam que ela não pode dar ao luxo de abri-lo como a líder que aprovou a destruição da floresta.

Ela está enfrentando crescente pressão doméstica, com 79% dos brasileiros a rejeitar esta nova lei. Agora, se nos juntarmos a eles podemos levantar a questão do aquecimento global e empurrar a presidente para dar uma machadada no projeto de lei, não na floresta.

Dilma pode tomar a decisão a qualquer momento. Vamos levá-la para vetar o projeto de lei já. Use o formulário para assinar a petição urgente para parar o massacre da serra elétrica na Amazônia e se você já o assinou - envie para outras pessoas”.

Se você concorda, pode assinar a petição em http://www.avaaz.org/en/veto_dilma_global/?cl=1800057009&v=14194

Ou na página em português:

Os políticos e os encantadores de serpentes


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Faz algum tempo, estava a acompanhar a produção de um filme publicitário aqui em Portugal e um operador de câmara, um paulista, disse que estava prontinho para passar uns meses no Brasil.

-       - Férias?
-      -  Não. Vou trabalhar na campanha eleitoral.
-     -  E compensa deixar o trabalho aqui?
-      -  Claro, lá os caras precisam fazer filmes e a grana rola solta entre a politicalhada. É a hora certa para ganhar dinheiro.
-      -  Para qual candidato vais trabalhar?
-      - Ainda não sei. Só sei que o cara tem muito dinheiro e está disposto a pagar.
-       - E o partido?
-       - Também não sei. E não importa. Desde que seja o partido da grana...

Parece brincadeira, mas a coisa é mesmo assim. Porque o emprego de marqueteiro ou publicitário em época de eleições no patropi é uma teta que parece não secar. Dá para muita gente mamar à grande e à francesa. Os políticos correm atrás dos caras como moscas à procura do mel, em especial os políticos acanalhados, que precisam branquear a imagem.

O candidato é um sacana que só quer se dar bem? Sem problemas. É um daqueles políticos que só lembram do povão na hora das eleições? Sem dramas. Tudo tem solução. Muitos políticos acreditam que os marqueteiros têm poderes do além: conseguem fazer o feio parecer bonito, o canalha parecer decente ou o aproveitador parecer sério.

Há uma explicação: os políticos brasileiros ainda não saíram do paleolítico e por isso acreditam nos poderes sobrenaturais dessa espécie de pajés que são os marqueteiros e publicitários. E muitos deles preferem a pajelança do show off em vez de trabalharem sério. Ooops! Trabalhar sério? Tem político que não sabe o que é ser sério e menos ainda o que é trabalho.

Nesta época, quando estamos às vésperas das eleições locais, já começa a haver uma autêntica corrida dos políticos para encontrar o publicitário ou marqueteiro que, como o os encantadores de serpentes, tenham a técnica sobre-humana de hipnotizar os eleitores e dar-lhes a vitória nas urnas.

Ou seja, os caras esperam ser eleitos apenas porque contrataram o sujeito que domina os raios e os trovões do marketing político. O fato é que os políticos não sabem – e nem querem saber – para que serve um publicitário ou marqueteiro. O que fascina é a técnica de encantamento. A frase perfeita, o filme mirabolante, a idéia genial ou a estratégica infalível.

O problema é que os marqueteiros não entendem muita coisa de ciências políticas, de antropologia ou sociologia. A maioria deles acha que vender um candidato é como vender um par de sapatos. Ou seja, os caras trabalham apenas na aparência, na superfície. Mas há produtos que, por mais que a embalagem seja bonita, ainda vão continuar a cheirar mal.

Mas, no final, o que se tem é uma equação interessante: de um lado estão os políticos, do outro estão os marqueteiros... e no meio está o dinheiro. Muito dinheiro.

Afinal, todo homem tem o seu preço. E alguns até fazem em prestações.