sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os repórteres só querem escandalizar?


POR ET BARTHES
O cidadão está ajudando no atendimento de uma mulher que passou mal e o jornalista começou a  fazer perguntas meio fora de foco. O homem se encheu de razão para explicar ao repórter como ele deve se comportar. “Em vez de vocês darem assistência aqui, ficam escandalizando”, disse o homem ao acusar o repórter de falta de escrúpulos.



Bombeiros de Joinville e a defesa do indefensável


POR GUILHERME GASSENFERTH

Quando estava lendo a edição do último sábado de ANotícia, deparei-me com um artigo cujo título já me fez torcer o nariz: “A verdade sobre os bombeiros”, do oficial da PMSC Zelindro Farias. A epígrafe da missiva já se reveste de arrogância. É como se pedisse para esquecer tudo o que o jornal e seus leitores vem escrevendo a respeito dos bombeiros voluntários porque era tudo mentira, e agora alguém vem apresentar a verdade absoluta.

O Sr. Farias, provavelmente imbuído do sentimento corporativista característico dos militares, chama de falácia a afirmação do Jordi Castan de que os bombeiros militares custam quarenta vezes mais que os voluntários. Segundo o relatório de execução orçamentária de SC de 2011, parece que o Sr. Castan foi modesto. Enquanto os bombeiros militares custaram R$ 159,6 milhões aos cofres públicos estaduais, os bombeiros voluntários receberam repasses da ordem de R$ 1,5 milhões do governo do Estado. Nesta conta, os militares custaram 101 vezes mais ao Estado. É óbvio que há outros repasses públicos, das prefeituras e talvez até do governo federal, mas é muito óbvio: uma corporação onde a maior parte dos trabalhadores são voluntários vai custar muito menos que uma outra com pessoal concursado e recebendo para trabalhar.

Com algumas afirmações cujo raciocínio me parece obtuso, o Sr. Farias esforça-se para defender o indefensável. É favorável à exclusividade dos bombeiros militares na realização das vistorias preventivas nas empresas, o que o torna um opositor da possibilidade do trabalho voluntário nesta seara.

Conheço pouco a corporação de voluntários daqui. Mas posso afirmar que não há necessidade de que os militares atuem em Joinville. Primeiramente porque o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville é exemplar. Apresenta tempo de resposta melhor que o preconizado pelos padrões mundiais; é equipado adequadamente, possuindo até mesmo equipamentos mais avançados que muitas outras corporações; trabalha em conjunto com SAMU e Polícia Militar nos atendimentos a emergências; presta vistoria técnica preventiva sem nada cobrar dos contribuintes; e há 120 anos é um marco histórico do voluntariado, cidadania e participação civil em Joinville e em Santa Catarina.

A insistência que os bombeiros militares tem em buscar a exclusividade da realização de vistorias cheira-me a ambição financeira. É claro, imaginem quantas empresas a maior cidade do Estado e outras possuem onde os militares poderão faturar R$ 0,26 por metro quadrado de vistoria. Uma empresa como a Whirlpool, cuja planta tem mais de 1 milhão de m2 renderia aos bombeiros militares sozinha mais de R$ 260.000,00. Imaginem todas as empresas somadas. É dinheiro que não tem fim e justifica a gana por impedir a prestação deste serviço por bombeiros voluntários, que nada cobram.

Agora, se a intenção é nobre e os bombeiros militares querem é auxiliar no salvamento, socorro, combate a incêndio e resgates então eu sugiro que direcionem os esforços para as 177 cidades catarinenses onde não há nenhum tipo de bombeiros. Com certeza lá serão muito úteis e a comunidade os receberá bem.

Os joinvilenses estão satisfeitos com os Bombeiros Voluntários, entidade que tanto nos orgulha e protege há 120 anos. Agradecemos a gentileza, mas seus préstimos não são necessários por aqui.

* o autor participa do Curso de Formação de Bombeiros Voluntários do CBVJ.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A batata de Ashton Kutcher é racista?


POR ET BARTHES
Tem gente que não vê qualquer coisa de mal. Mas tem gente que vê racismo. O certo é que o filme publicitário protagonizado pelo ator Ashton Kutcher, para a marca de batatas fritas PopChips, levantou a ira de muita gente, que achou o personagem indiano preconceituoso. Tudo porque Kutcher pintou a cara de castanho. E enquanto tem gente a pedir que o filme seja retirado do ar, há muitos mais a ver pela internet mundo afora. E você? O que acha? Racista ou não?


Olha o cartão vermelho, deputado Darci



Darci de Matos outra vez? Sim. É que ele deu uma tremenda pisada na bola ao defender os altos salários do deputados. E ainda se comparou ao craque Neymar. Será que Darci de Matos é um craque da política? Pelo nível do argumento, mais parece um perna de pau. Cuidado, deputado. A continuar assim ainda é melhor ter cuidado com o cartão vermelho nas urnas.


Há um ataque ao legislativo?





POR JORDI CASTAN

Há poucas semanas, o então vereador Belini Meurer, de Joinville, expunha suas lamúrias numa rede social. Expressava, em tom duro, o ataque que o poder legislativo está sofrendo em todo o país. Considerava que as primeiras escaramuças se estavam produzindo nas Câmaras de Vereadores. E, na sua interpretação, os ataques sofridos hoje pelos legisladores municipais são o prenúncio de um ataque maior, bem orquestrado e que ainda está por vir. Acredita ainda que, de forma coordenada, atingirá depois as Assembleias Legislativas dos estados. Posteriormente o alvo serão os deputados federais e, finalmente, o Senado.

Não consegui que qualquer dos meus amigos e conhecidos me confirmasse esta suposta teoria da conspiração. Ninguém identificou um movimento articulado destas características e de âmbito nacional. Tampouco foi possível imaginar quem poderia estar coordenando e liderando uma ação desta envergadura. Mas todos, e digo todos sem exceção, os consultados concordaram que se tal movimento de fato existisse ou viesse a existir, não teriam nenhum problema em se somar a ele e até em participar. Porque na opinião dos eleitores consultados, a sensação que se vive hoje é a de que os vereadores, deputados e senadores trabalham pouco ou nada, ganham muito e despendem recursos exagerados.

Os melhor informados lembraram que, no caso dos vereadores, até o Ministério Publico já identificou dezenas de leis que não atendem ao princípio da impessoalidade e que parecem ter sido feitas para beneficiar exclusivamente a este ou a aquele. O número de assessores parlamentares tem aumentado bastante e, se fossem obrigados a trabalhar nos gabinetes que cada vereador ocupa na Câmara, nem haveria espaço para todos eles.


Não dá para esquecer a movimentação - esta sim bem articulada - dos próprios legisladores para aumentar a verba de gabinete, ter à disposição veículo sem limite de quilometragem e telefone com chamadas quase que infinitas. Notebook ou tablet também estão incluídos na lista de mordomias, a que ainda será preciso incluir, salários, planos de saúde e diárias para viagens, seminários e congressos (ainda que haja vereadores achando que servem só para encher linguiça). O salário, mais os diversos penduricalhos, para muitos destes vereadores chega a representar uma renda que dificilmente conseguiriam alcançar na sua vida profissional.

Na esfera estadual e federal, o quadro não é diferente. Os valores só são maiores e em alguns casos as mordomias ainda menos justificáveis. É provável que a ameaça real para o poder legislativo tenha origem no seu próprio seio. A sociedade toma cada vez mais consciência que não há espaço para este tipo de situações e que os exageros e abusos estão alcançando níveis inaceitáveis.