quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

As minorias de sempre

POR JORDI CASTAN

As respostas e atitudes posteriores à liminar concedida pela Justiça, atendendo a ação popular que questiona a legitimidade do Conselho da Cidade, permitiu identificar claramente o papel de muitos dos protagonistas desta LOT (Lei de Ordenamento Territorial). Os ataques furibundos aos suspeitos habituais, aquela minoria absoluta que discorda de tudo e que é contra o desenvolvimento e o crescimento de Joinville, estiveram na ordem do dia.

Quanto mais virulento o ataque, quanto maior a crispação do orador ou oradora, quanto mais direta a personalização do ataque, mais evidente o nível de interesse pessoal no tema. E é esta personalização do interesse que precisa ser analisada com atenção.

De um lado, temos uma parte da sociedade que não acredita que a condução deste processo tenha sido o melhor para Joinville. Neste caso, o conceito é Joinville como um todo, sem pontualismos, sem defender ou questionar esta ou aquela emenda, esta ou aquela mudança de zoneamento.

Esta parte da sociedade, contrariamente ao que se insiste em divulgar, não é uma minoria absoluta, não são só três ou quatro pessoas. Envolve também entidades, ONGs, sindicatos e associações de moradores, todas elas com CNPJ, para atender esta curiosa forma de representatividade que o poder público municipal defende e pratica. Aliás, curiosa esta fixação que esta administração tem com o CNPJ.

Um grupo cada vez maior de pessoas está se somando ao movimento e subscrevendo as ações que na justiça questionam não só a legitimidade do Conselho da Cidade, como também a não realização de audiências públicas em cada bairro e a gestão democrática da cidade preconizada na legislação federal. Não deixa de ser irônico que este debate surja numa administração do PT, em outras épocas paladino da democracia participativa, do orçamento participativo e do assembleísmo permanente.

Do outro lado, outra minoria absoluta, formada por lobistas do tijolo, especuladores conhecidos e vereadores próximos a este movimento desenvolvimentista que defende o princípio de que vale tudo em nome do crescimento. Em alguns casos a proximidade e o grau de intimidade é tal que pode parecer promíscuo e indecente a olhares menos experientes.

Também fazem parte desta outra minoria representantes do poder executivo, que tem pressionado de forma descarada a própria sociedade, impondo um modelo de participação em que só resta acatar ou discordar. Escolher entre o céu ou o inferno. Ser adulado e ter os seus pleitos atendidos ou ser cozinhado em óleo fervendo são as duas opções oferecidas.

Entre essas duas minorias permanece uma enorme parcela da sociedade que não sabe, não conhece e não se interessa pela LOT, pelo planejamento urbano. Mas é quem primeiro protestará com veemência ao escutar o barulho do bate-estaca ao lado de casa e alegará que não sabia. Ou mesmo quando descobrir que passará a ter como vizinho uma indústria ou um comércio de porte. Aí já será muito tarde.

Agora ainda há tempo.

Contraponto



Prezado Vereador Alodir Cristo

Agradeço que participe do blog com os seus comentários e desta forma possamos, tanto você como, principalmente, eu esclarecer eventuais mal entendidos originados tanto do meu texto, como da sua própria resposta.

É importante que passe a incluir, na propedêutica de quem escolheu a vida pública, outras matérias que hoje lhe escapam. Estar preparado para conviver com o contraditório, respeitar os que pensam de forma diferente, ouvir as opiniões que mesmo contrárias às suas são igualmente válidas e merecem atenção e consideração. Particularmente, se pensa seriamente em disputar de novo um cargo eletivo, me pareceria prudente que reveja os seus conceitos e principalmente os dos possíveis eleitores.

Acho desnecessário dizer que prescindirei da sua graciosa oferta de receber os seus ensinamentos e espero que não fique desapontado por não aceitar tão generosa proposta. Defendo, por princípio, que todos somos ao mesmo tempo aprendizes e professores na escola da vida e que podemos desde a humildade aprender dos outros, mesmo dos que podem parecer inferiores social ou intelectualmente, não consigo, mesmo com a minha melhor boa vontade, identificar um único ponto seu, que possa me servir de referência ou de ensinamento. Tenho que reconhecer que é decepcionante chegar a esta conclusão.

Ainda a correlação que insidiosamente faz do meu mundo, como sendo diferente do seu, é absolutamente correta. Vivemos em mundos de valores e princípios diferentes, eu diria opostos. Lembro que foi você, a menos que venha de público a desmentir, quem afirmou que: “Vocês vão ficar milionários”, evidenciando a troca efetiva que há entre as mudanças de zoneamento propostas e o surgimento de uma nova geração de milionários. Só falta ainda esclarecer qual é a unidade de medida que utiliza para medir a “riqueza” gerada se é o vil dinheiro, os amigos, os votos, os metros quadrados de área construída ou qualquer outro.

Jordi Castan

Ponto


Prezado Jordi Castan,

         Diante do exposto em seu artigo “Vocês vão ficar milionários”, publicado no blog  Chuva Ácida, afirmo que você não participou de todas as discussões realizadas a respeito da nova Lei de Ordenamento Territorial (LOT). Portanto, pode ser que não tenha entendido o seu conteúdo ou que foi simplesmente um mal entendido. Estou à sua disposição e terei enorme prazer em recebê-lo em meu gabinete, ou em qualquer outro lugar, para que eu possa lhe explicar, olhando nos seus olhos, as suas dúvidas. Como educador e vereador tenho em meu perfil a característicade ensinar. Caso você tenha dificuldade de compreensão, por não ser brasileiro, faço questão de explicar, quantas vezes for necessário, até que haja entendimento correto do ocorrido no dia da reunião sobre a LOT. Quanto à sua afirmação de que não entendeu “quanto ascenderá a riqueza gerada” pelas minhas ações e emendas, quero lhe informar que você não deve basear a sua realidade com a dos outros. Se em seu “mundo” é comum esta troca defavores, comigo é diferente, pois mantenho intacta a ética e a moral herdada de meus pais.

Sem mais para o momento, despeço-me.
Atenciosamente,

Alodir Alves de Cristo
Vereador

Blog Chuva Ácida


Na semana passada, os integrantes do Chuva Ácida foram interpelados pela assessoria do vereador Alodir Cristo, que pedia um "direito de resposta" ao texto publicado aqui na última quinta-feira. Como o blogue é um espaço de opinião e não um espaço jornalístico, acreditamos que a categoria "direito de resposta" não se aplica. Mas quem acompanha o Chuva Ácida sabe que este espaço surgiu com a proposta de ser democrático, de propor o debate e valorizar o contraditório. Portanto, hoje estamos publicando o texto que o vereador Alodir Cristo pode entender como "direito de resposta", mas que para nós é apenas o normal exercício do contraditório. E deixamos uma recomendação: se no futuro alguém quiser exercer o tal "direito de resposta", não é preciso despender energias à toa, basta falar com qualquer um dos integrantes do blog e o espaço estará aberto.

Aliás, recomendamos a leitura da resposta do vereador e esperamos que tenha muitos acessos. Afinal, nada melhor que um texto para sabermos mais sobre o seu autor.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Oradores e oratória

Parafraseando W.S. Churchill, há políticos tão ruins que eles mesmos escrevem os seus discursos. O vereador Alodir Cristo dá uma demonstração do que pode ser um discurso político na Câmara de Vereadores de Joinville.