Nos Estados Unidos, há estados onde os estudantes podem levar armas para a faculdade. É perigoso? Não. Porque a nova linha de roupas com coletes à prova de balas vem resolver esse problema. É claro que estamos a falar de uma brincadeira. Mas em se tratando de defensores de armas, que geralmente são mais lentos na compreensão dos fatos, é preciso explicar no fim: “isto é uma piada”.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Armas na faculdade? Não tem perigo...
POR ET BARTHES
Nos Estados Unidos, há estados onde os estudantes podem levar armas para a faculdade. É perigoso? Não. Porque a nova linha de roupas com coletes à prova de balas vem resolver esse problema. É claro que estamos a falar de uma brincadeira. Mas em se tratando de defensores de armas, que geralmente são mais lentos na compreensão dos fatos, é preciso explicar no fim: “isto é uma piada”.
Nos Estados Unidos, há estados onde os estudantes podem levar armas para a faculdade. É perigoso? Não. Porque a nova linha de roupas com coletes à prova de balas vem resolver esse problema. É claro que estamos a falar de uma brincadeira. Mas em se tratando de defensores de armas, que geralmente são mais lentos na compreensão dos fatos, é preciso explicar no fim: “isto é uma piada”.
O gestor partido ao meio
POR JORDI CASTAN
Italo Calvino é o autor da trilogia “O Barão nas Árvores”, “O Cavaleiro Inexistente” e “O Visconde Partido ao Meio”. São três historias divertidas e enriquecedoras que recomendo ler mais de uma vez. Difícil escolher uma das três, porque cada uma traz uma provocação. Gostei e recomendo “O Visconde Partido ao Meio”. É a história de um nobre que, no fragor de uma batalha contra os turcos, é partido ao meio por uma bala de canhão. E cada uma das duas metades segue tendo vida própria.
O livro é a historia de cada uma destas metades e do seu encontro. Na história, cada uma das metades carrega uma parte do visconde Medardo de Terralba. Numa, a sua bondade, raiando a estultícia; na outra, a maldade mais perversa. O livro relata a luta eterna entre o bem e o mal. Não é o meu objetivo fazer uma resenha do livro. Proponho fazer outra leitura, mas trocando o bem e o mal pela disputa imemorial entre a inteligência e a inépcia.
Desnecessário dizer que esta é uma luta desigual. Que já conhecemos o resultado e que lamentavelmente não há final feliz. Que o mocinho não vence e que a inépcia reina opípara nestas terras. Imaginemos, por um momento, que resultado de um acidente qualquer um suposto gestor - um piano a cair-lhe na cabeça, por exemplo - o dividisse ao meio, em duas metades idênticas. Numa, toda a inteligência. Noutra, toda a inépcia.
Imaginemos ainda que cada uma das metades tivesse vida e vontade própria. E que a metade tomada pela inépcia decidisse se candidatar a qualquer coisa. Suponhamos, para efeito de ficção, que optasse por ser candidato a prefeito da sua vila e que fosse eleito. A situação que os seus concidadãos enfrentariam a partir do dia seguinte à posse seria ter o suprassumo da inépcia à frente dos destinos da cidade. Ou seja, sem o mínimo de inteligência para se contrapor.
Ou seja, a cidade estaria sujeita a um prefeito inepto, que multiplicaria sua inépcia e a da sua gestão, se rodeando de outras pessoas tão ineptas quanto ele. Gente sem um pingo de bom senso e no estado mais embrionário da inteligência e do conhecimento. A vila iria cada dia mergulhando numa situação mais caótica e insustentável.
Esta situação extrema conduziria fatalmente ao crescimento do índice de necedade em todas as repartições e órgãos públicos. O inepto buscaria a companhia e o referendo dos seus iguais. A inteligência seria uma ameaça nessa terra de néscios. E seria banida, vista com um perigo. Imaginariam os seus concidadãos que exista outra metade vagando a esmo pelas ruelas da vila. Ficaria como última esperança, aos seus decepcionados eleitores, a ilusão que outro acidente fortuito juntasse um dia a duas metades.
Não há um final feliz nesta história. Primeiro porque não está claro que exista de fato outra metade e que esta metade reúna toda a inteligência, conhecimento e sabedoria que falta à metade que foi eleita e governa a vila. Há, inclusive, quem acredite que não estaríamos frente a uma metade, senão que isso seria o todo e que a alegada inteligência nunca tenha existido. Que tenha simplesmente sido o resultado de uma campanha publicitária bem orquestrada, ou que seja um caso de hipnotismo ou até de alienação coletiva.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
Odebrecht é o tema da semana
A Odebrecht é o tema do momento (faz tempo que não sai de cartaz). E hoje fazemos uma recolha de charges sobre o tema que têm circulado pela internet, em tempos mais recentes ou mais remotos. A recolha começa pelo Sandro Schmidt, o chargista da casa, e passa, por exemplo, pelo Frank Maia, um dos traços mais conhecidos do público catarinense. Os direitos autorais obviamente pertencem aos chargistas.
O vampiro, a histeria e os criadores de baleias azuis
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O que “M – o Vampiro de Dusseldorf” tem para ensinar? É, provavelmente, um dos primeiros casos - talvez o mais emblemático - em que o fenômeno da histeria coletiva é levado ao cinema. A trama, inovadora em 1931, ano de lançamento do filme, hoje estaria perdida em meio à banalidade de tantas séries criminais que pululam nas telinhas nossas de cada dia.
O filme é baseado na história verídica de um serial killer que viola e mata meninas. E serve também para mostrar a estreita linha que separa a realidade e o delírio. O caso assume contorno de mito, no sentido da falsificação perceptiva, e produz uma situação de histeria coletiva. Qualquer homem visto a conversar com uma criança pode ser acusado de ser o assassino.
A população da cidade (os fatos reais aconteceram em Dusseldorf, na Alemanha) entra em estado de paranóia. As denúncias são tantas que mais atrapalham que ajudam a polícia. A perda de racionalidade torna-se tão evidente que leva os bandidos da cidade a se juntarem na procura do tal “vampiro”, apelido pelo qual o assassino ficou conhecido.
Qualquer cinéfilo – daqueles realmente preocupados com a arte – deve ter tropeçado no filme de Fritz Lang, considerado por muita gente uma das 100 melhores produções cinematográficas de todos os tempos. Qualquer pessoa com sensibilidade para o social pode encontrar aí um motivo de interesse sobre o fenômeno da histeria coletiva.
É uma doença do inconsciente social. Dizem os especialistas que é mais comum em grupos, como, por exemplo, os trabalhadores de uma empresa, os seguidores de uma religião ou mesmo os alunos de uma escola. Mas, claro, numa situação limite também pode acometer populações inteiras, como mostra o filme alemão. E o que dizer da internet?
Uma pequena pesquisa permite saber que essa é uma patologia marcada por um elevado grau de ansiedade, pela perda de controle sobre as emoções e, em consequência disso, por atos inopinados. O pior de tudo é que essa histeria pode ser provocada de forma artificial, desde que haja o interesse em manipular os comportamentos.
Lembrem Edward Bernays, o sobrinho de Sigmund Freud, para quem a manipulação das massas era extremamente fácil. Numa escala ampliada, torna-se um fenômeno perigoso, como foi o caso do nazismo. Aliás, é um fenômeno muito bem descrito por Wilhelm Reich no seu “Psicologia de Massas do Fascismo”. A escalada do nazismo é o retrato de um delírio coletivo.
O leitor e a leitora devem estar a perguntar a razão deste texto. Simples. É que esta semana tive uma pequena discussão com algumas pessoas sobre a tal baleia azul. Tentei racionalizar, argumentar. Mas é impossível dialogar quando há tantos ruídos histéricos. E moralismo. Quem não cai na patranha é logo visto como insensível.
Há uma “vampirização” do fenômeno, mas em versão digital. As pessoas pegam numa mentira (nos dias de hoje conhecidas como “fake news”) e, pela reprodução nas redes sociais, fazem com que se torne realidade. Mesmo que não haja fatos a sustentar. O resultado é que pessoas podem morrer.
É a dança da chuva.
O que “M – o Vampiro de Dusseldorf” tem para ensinar? É, provavelmente, um dos primeiros casos - talvez o mais emblemático - em que o fenômeno da histeria coletiva é levado ao cinema. A trama, inovadora em 1931, ano de lançamento do filme, hoje estaria perdida em meio à banalidade de tantas séries criminais que pululam nas telinhas nossas de cada dia.
O filme é baseado na história verídica de um serial killer que viola e mata meninas. E serve também para mostrar a estreita linha que separa a realidade e o delírio. O caso assume contorno de mito, no sentido da falsificação perceptiva, e produz uma situação de histeria coletiva. Qualquer homem visto a conversar com uma criança pode ser acusado de ser o assassino.
A população da cidade (os fatos reais aconteceram em Dusseldorf, na Alemanha) entra em estado de paranóia. As denúncias são tantas que mais atrapalham que ajudam a polícia. A perda de racionalidade torna-se tão evidente que leva os bandidos da cidade a se juntarem na procura do tal “vampiro”, apelido pelo qual o assassino ficou conhecido.
Qualquer cinéfilo – daqueles realmente preocupados com a arte – deve ter tropeçado no filme de Fritz Lang, considerado por muita gente uma das 100 melhores produções cinematográficas de todos os tempos. Qualquer pessoa com sensibilidade para o social pode encontrar aí um motivo de interesse sobre o fenômeno da histeria coletiva.
É uma doença do inconsciente social. Dizem os especialistas que é mais comum em grupos, como, por exemplo, os trabalhadores de uma empresa, os seguidores de uma religião ou mesmo os alunos de uma escola. Mas, claro, numa situação limite também pode acometer populações inteiras, como mostra o filme alemão. E o que dizer da internet?
Uma pequena pesquisa permite saber que essa é uma patologia marcada por um elevado grau de ansiedade, pela perda de controle sobre as emoções e, em consequência disso, por atos inopinados. O pior de tudo é que essa histeria pode ser provocada de forma artificial, desde que haja o interesse em manipular os comportamentos.
Lembrem Edward Bernays, o sobrinho de Sigmund Freud, para quem a manipulação das massas era extremamente fácil. Numa escala ampliada, torna-se um fenômeno perigoso, como foi o caso do nazismo. Aliás, é um fenômeno muito bem descrito por Wilhelm Reich no seu “Psicologia de Massas do Fascismo”. A escalada do nazismo é o retrato de um delírio coletivo.
O leitor e a leitora devem estar a perguntar a razão deste texto. Simples. É que esta semana tive uma pequena discussão com algumas pessoas sobre a tal baleia azul. Tentei racionalizar, argumentar. Mas é impossível dialogar quando há tantos ruídos histéricos. E moralismo. Quem não cai na patranha é logo visto como insensível.
Há uma “vampirização” do fenômeno, mas em versão digital. As pessoas pegam numa mentira (nos dias de hoje conhecidas como “fake news”) e, pela reprodução nas redes sociais, fazem com que se torne realidade. Mesmo que não haja fatos a sustentar. O resultado é que pessoas podem morrer.
É a dança da chuva.
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O ator Peter Lorre em cena do filme |
quarta-feira, 19 de abril de 2017
O Dia da Terra e o ponto de não-retorno
POR RAQUEL MIGLIORINI
Como o brasileiro é um povo festivo, vai aqui uma data importante: no próximo sábado, dia 22 de abril, é comemorado o Dia da Terra. Podemos fazer uma comemoração proporcional ao desastre que estamos causando ao planeta.
A Global Footprint Network e a WWF divulgam todos os anos, desde 1975, o “Dia da Sobrecarga da Terra” (Overshoot Day), onde são analisados e compilados os dados que mostram que os humanos usaram mais recursos do que o planeta é capaz de repor em um ano.
Em 2016, os recursos se esgotaram no dia 08 de Agosto. Isso mesmo: ficamos devendo planeta para o planeta. Usamos o cartão de crédito, o cheque especial e só não fizemos empréstimos porque não tem banco interplanetário para isso. No ano 2000, os recursos da Terra se esgotaram no dia 05 de Outubro. Em 2010, no dia 31 de Agosto. A velocidade assusta. É como se fizéssemos um "orçamento ecológico" e fechássemos sempre no vermelho.
Os brasileiros consumiram 1,6 planetas Terra, pouca coisa acima da média mundial, que foi de 1,5. Alemães consumiram 3,1 planetas e os vencedores, claro, foram os norte-americanos, com o consumo de 4,8 Terras só em 2016. O bom e velho “american lifestyle” (será que existe um termo em inglês para “estilo de vida destrutivo”?).
Alguns dados importantes deixam claro o tamanho da destruição:
• 2000 m2 de solo cultivável é o tanto de terra suficiente para produção de comida para um habitante do planeta. Os cidadãos da União Européia utilizam 3100 m2.
• 1/3 dos cardumes dos oceanos sofre com a pesca predatória e metade desses cardumes não conseguem mais alcançar a taxa de reprodução necessária para a manutenção das espécies. Segue notícia recente que exemplifica isso (aqui).
• As reservas subterrâneas de água doce estão contaminadas ou em vias de secarem, graças ao desmatamento ao redor das nascentes. A OMS prevê que, em 2030, a escassez de água potável atingirá todos os países da Terra.
• Desmatamento, erosão, perda de biodiversidade, aumento da acidez dos oceanos são agravados por licenciamentos ambientais feitos de qualquer maneira, visando apenas o lucro de alguns poucos habitantes desse planeta. Saiba mais em (aqui).
Creio que algumas pessoas acreditam existir poltronas ejetáveis que as levarão para algum lugar com mais recursos para sobreviver. Não sei se é burrice, ignorância, irresponsabilidade ou, simplesmente, descaso. Nesse ritmo, a extinção acontecerá para todos. Mas pode ser que alguma coisa mude. E é isso que me faz lutar até o fim.
Como o brasileiro é um povo festivo, vai aqui uma data importante: no próximo sábado, dia 22 de abril, é comemorado o Dia da Terra. Podemos fazer uma comemoração proporcional ao desastre que estamos causando ao planeta.
A Global Footprint Network e a WWF divulgam todos os anos, desde 1975, o “Dia da Sobrecarga da Terra” (Overshoot Day), onde são analisados e compilados os dados que mostram que os humanos usaram mais recursos do que o planeta é capaz de repor em um ano.
Em 2016, os recursos se esgotaram no dia 08 de Agosto. Isso mesmo: ficamos devendo planeta para o planeta. Usamos o cartão de crédito, o cheque especial e só não fizemos empréstimos porque não tem banco interplanetário para isso. No ano 2000, os recursos da Terra se esgotaram no dia 05 de Outubro. Em 2010, no dia 31 de Agosto. A velocidade assusta. É como se fizéssemos um "orçamento ecológico" e fechássemos sempre no vermelho.
Os brasileiros consumiram 1,6 planetas Terra, pouca coisa acima da média mundial, que foi de 1,5. Alemães consumiram 3,1 planetas e os vencedores, claro, foram os norte-americanos, com o consumo de 4,8 Terras só em 2016. O bom e velho “american lifestyle” (será que existe um termo em inglês para “estilo de vida destrutivo”?).
Alguns dados importantes deixam claro o tamanho da destruição:
• 2000 m2 de solo cultivável é o tanto de terra suficiente para produção de comida para um habitante do planeta. Os cidadãos da União Européia utilizam 3100 m2.
• 1/3 dos cardumes dos oceanos sofre com a pesca predatória e metade desses cardumes não conseguem mais alcançar a taxa de reprodução necessária para a manutenção das espécies. Segue notícia recente que exemplifica isso (aqui).
• As reservas subterrâneas de água doce estão contaminadas ou em vias de secarem, graças ao desmatamento ao redor das nascentes. A OMS prevê que, em 2030, a escassez de água potável atingirá todos os países da Terra.
• Desmatamento, erosão, perda de biodiversidade, aumento da acidez dos oceanos são agravados por licenciamentos ambientais feitos de qualquer maneira, visando apenas o lucro de alguns poucos habitantes desse planeta. Saiba mais em (aqui).
Creio que algumas pessoas acreditam existir poltronas ejetáveis que as levarão para algum lugar com mais recursos para sobreviver. Não sei se é burrice, ignorância, irresponsabilidade ou, simplesmente, descaso. Nesse ritmo, a extinção acontecerá para todos. Mas pode ser que alguma coisa mude. E é isso que me faz lutar até o fim.
terça-feira, 18 de abril de 2017
A festa do impeachment e uma puta dor de cabeça...
Gente, que ressaca! Ontem estive na festa de comemoração de um ano da aprovação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Como havia muito a comemorar, a coisa foi noite adentro. Dizem que champanhe Don Perignon não dá dor de cabeça, em especial quando oferecido pela Odebrecth. É mentira. Depois da quarta garrafa a gente começa a torcer a língua e a chamar Aécio de Mineirinho.
Aécio Neves foi a estrela da noite. Afinal, um dos grandes motivos de celebração era o fim da corrupção. Quem não se lembra do papel do senador na campanha de 2014? Foi quando ele fez a previsão: “Não houve preocupação do PT no combate efetivo à corrupção. Existe uma maneira de acabar com a corrupção: vamos tirar o PT do governo”. Dito e feito. E não é que a corrupção acabou mesmo? Impoluto homem...
Quem esteve na festa? Todo mundo sabe, porque a informação vazou. O juiz Sérgio Moro apareceu, mas isso não vem ao caso. Deltan Dallagnol, para quem o PSDB não é investigado porque não estava no governo, sentou ao lado dos tucanos. Gilmar Mendes apareceu só na hora do cafezinho, porque teve um jantar com Michel Temer para afirmar a sua imparcialidade no futuro julgamento. Alexandre Moraes apareceu e arrasou com a sua toga esvoaçante.
Só teve uma parte chata. Havia uns caras lá fora a gritar: “é golpe, é golpe, é golpe”. Poxa, já está ficando chata a conversa desses esquerdopatas. Golpe onde? Qualquer pessoa bem informada sabe que não houve golpe. Nem pensar. É só ler a Veja, o Antagonista ou os sites do MBL para saber que a palavra golpe é um abuso. Foi, isto sim, uma vitória da democracia. Um autêntico 7 a 1.
E tem mais. Os petistas não podem reclamar, porque foram eles que elegeram Michel Temer. A vida é assim. Quem vota no Zorro tem que aguentar o Tonto. E por falar em tontos, o Romero Jucá foi o mestre de cerimônias. E fez um trabalho e tanto. Foi uma grande festa nacional, com o Supremo e com tudo. A única falha foi a Odebrecht, que estancou o fornecimento de Don Perignon.
Foi um autêntico festim democrático, uma noite de brindes:
- Viva a estabilidade política.
- Tchim tchim…
- Viva a paz social.
- Tchim tchim…
- Viva a recuperação econômica.
- Tchim tchim…
- Viva a preservação dos direitos dos trabalhadores.
- Tchim tchim…
- Viva a manutenção dos direitos sociais.
- Tchim tchim…
- Viva a queda do desemprego.
- Tchim tchim…
- Viva o fim da corrupção e viva Michel Temer...
- ...
E acabou a festa. Com uma puta dor de cabeça.
É a dança da chuva.
segunda-feira, 17 de abril de 2017
A ressocialização dos caranguejos
POR JORDI CASTAN
Na vila, a semana esteve tomada pelo debate sobre a
ressocialização de uma meia dúzia de galos de briga. Havia dois grupos de
vereadores.O primeiro achava que o destino dos ditos galos deveria ser o de converter-se
num ensopado para alimentar famintos. Já o grupo liderado pelos defensores da causa animal alegava que
galos e galinhas são seres inteligentes. Nas entrelinhas, lia-se a afirmação que os galináceos
poderiam, inclusive, ser mais inteligentes que alguns dos companheiros de Legislatura. O que convenhamos não seria impossível. O debate tomou as redes sociais e a imprensa local.
Aproveitando o debate, grupos de defensores das causa animal
têm se organizado para levantar a bandeira de outros coletivos menos conhecidos
do reino animal. A lógica passa por assumir a sua defesa e lutar pelo seu direito a uma vida
digna e a sua ressocialização e reintegração no seu ambiente natural. Assim, o
grupo “Joinvilenses em Defesa dos Gambás” tem percorrido bares e botecos para
identificar gambás e outros marsupiais que possam ter os seus direitos feridos
e precisem do apoio psicológico e até legal do grupo.
Outro coletivo muito ativo é o “Tilápias em Liberdade”, que são frontalmente contrários a que tilápias e outros peixes possam ser capturados com tarrafa, contra a sua vontade, nos limites do município. Entendem os membros do coletivo que todos os peixes nascem livres e que ninguém tem o direito a lhes tolher esta liberdade. Tarrafas são instrumentos de tortura do regime opressor e em mãos da elite pequeno burguesa. E representam uma ameaça a vida selvagem e a preservação de uma espécie que mesmo sendo tão exótica, nestas terras como a palmeira imperial, a mangueira, o cavalo ou a vaca, têm direito a uma vida digna e a uma aposentadoria.
Outro coletivo muito ativo é o “Tilápias em Liberdade”, que são frontalmente contrários a que tilápias e outros peixes possam ser capturados com tarrafa, contra a sua vontade, nos limites do município. Entendem os membros do coletivo que todos os peixes nascem livres e que ninguém tem o direito a lhes tolher esta liberdade. Tarrafas são instrumentos de tortura do regime opressor e em mãos da elite pequeno burguesa. E representam uma ameaça a vida selvagem e a preservação de uma espécie que mesmo sendo tão exótica, nestas terras como a palmeira imperial, a mangueira, o cavalo ou a vaca, têm direito a uma vida digna e a uma aposentadoria.
Nenhum grupo é tão ativo como os
defensores dos caranguejos. O coletivo “Por um Mangue Livre e sem Barreiras” tem
formado grupos de intervenção para resgatar caranguejos em perigo de serem devorados
por humanos. Enquanto tramita na Câmara um projeto para declarar o caranguejo patrimônio
da humanidade - e portanto sua captura, comercialização e adereço estariam proibidos em todo o município de Joinville - há uma movimentação para libertar os
caranguejos capturados ou que vivam em condições equivalentes a escravidão.
As operações de libertação de caranguejos presos tem sido transmitidas ao vivo pelo grupo nas redes sociais. Alguns pontos famosos em que se concentram devoradores de caranguejos tem sido objeto de ataques precisos, para libertar os caranguejos e também para identificar os que compactuam com o assassinato em massa de dezenas de milhares de caranguejos machos todos os anos, com objetivos exclusivamente gastronômicos.
As operações de libertação de caranguejos presos tem sido transmitidas ao vivo pelo grupo nas redes sociais. Alguns pontos famosos em que se concentram devoradores de caranguejos tem sido objeto de ataques precisos, para libertar os caranguejos e também para identificar os que compactuam com o assassinato em massa de dezenas de milhares de caranguejos machos todos os anos, com objetivos exclusivamente gastronômicos.
Uma das legisladoras que defende a causa dos caranguejos
declarou: “Caranguejos têm direito a ser livres. Aqueles que foram capturados
devem antes de ser devolvidos ao seu ambiente natural, passar por um processo
de adaptação e ressocialização”. Outro dos legisladores, conhecido pela sua
capacidade por declarar obviedades, foi mais enfático: “Joinville tem uma
dívida com os representantes da fauna original desta cidade. Caranguejos tem
direitos e seus direitos devem ser respeitados, não faltaram leis para proteger
os caranguejos”.
Os defensores das minorias animais oprimidas e estigmatizadas tem tido dificuldade em formar a frente parlamentar em defesa dos dípteros que reúne entre outros coletivos os mosquitos. Não há consenso, no Legislativo municipal, se borrachudos e maruíns devem ter uma legislação específica que os proteja e está proposta uma audiência pública no próximo dia 31 de abril para debater o tema. Entretanto, os outros problemas da cidade ficam relegados até que estes temas mais urgentes sejam resolvidos.
Os defensores das minorias animais oprimidas e estigmatizadas tem tido dificuldade em formar a frente parlamentar em defesa dos dípteros que reúne entre outros coletivos os mosquitos. Não há consenso, no Legislativo municipal, se borrachudos e maruíns devem ter uma legislação específica que os proteja e está proposta uma audiência pública no próximo dia 31 de abril para debater o tema. Entretanto, os outros problemas da cidade ficam relegados até que estes temas mais urgentes sejam resolvidos.
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Ocupação do MST em Garuva pode mudar relação com a terra em Joinville
POR FELIPE SILVEIRA
A ocupação da terra sempre foi determinante na história da humanidade. Define quem é rico e quem é pobre, quem tem poder e quem não tem. Dos reinos europeus às “invasões” nos manguezais joinvilenses. Aliás, falando na terra que já foi da Dona Francisca, a cidade é fortemente marcada pela especulação imobiliária, desde a fundação, que ocorreu quando o princípe decidiu lotear a região para fazer um caixa enquanto fugia da revolução de 1848.
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Acampamento Egídio Brunetto, em Garuva. Foto: MST |
Mas há um contraponto. A exploração anda sempre no limite, mas sempre querendo mais. Quando ultrapassa a fronteira, há uma resposta da outra classe, em um movimento constante que move a história. Desde os primórdios que isto se vê mais claramente na luta pela terra, quando os expropriados se levantam.
Para evitar isso, algumas medidas são tomadas. Os Estados Unidos, por exemplo, fizeram a sua Reforma Agrária no século 19, quando Abraham Lincoln sancionou o Homestead Act (Lei da Fazenda Rural). O Brasil, por outro lado, “honrou” sua tradição escravagista e senhorial ao promover inúmeros massacres na sempre constante luta pela terra. Canudos e Contestado são dois dos exemplos mais conhecidos.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é a continuidade desta histórica luta no nosso tempo. Organizado politicamente, o movimento enfrenta cotidianamente a violência latifundiária e estatal.
No início desta semana, uma ocupação de terra do MST ocorreu aqui pertinho, em Garuva. O terreno, como todos os ocupados pelo MST, está improdutivo e tem problemas com dívidas na Justiça. Mas, embora organizada pelo movimento sem terra, o acampamento é composto por pessoas pobres, em grande parte desempregadas, moradores da periferia de Joinville e região.
Pouca gente se arrisca a ocupar um espaço dessa maneira que não seja pela necessidade. No entanto, quando a exploração passa dos limites, quando o aluguel se torna impraticável, quando não tem mais emprego e os serviços são precários, o povo é obrigado a buscar outras saídas.
Uma ocupação tão próxima a Joinville é importante para escancarar o quanto a especulação imobiliária é nociva à cidade, um lugar onde os grandes proprietários (que não passam de trinta pessoas) nunca tiveram grandes problemas. A ocupação é a alternativa política mais avançada contra a exploração e a favor das pessoas. A favor do direito de viver, de plantar, de trabalhar e ter uma vida plena. Que o Acampamento Egídio Brunetto cresça, se fortaleça e se torne um assentamento, servindo de exemplo para todos os explorados da região e de recado para os latifundiários.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
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