sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Um avanço histórico, com óbvia e lamentável resistência da ACIJ
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Escravidão no Brasil, Jean-Baptiste Debret (1768-1848) |
POR FELIPE SILVEIRA
Apesar do nariz torcido da elite econômica da cidade, que se reúne publicamente num clubinho chamado ACIJ, foi aprovado na câmara, nessa quinta-feira, 10 de outubro, o projeto de lei que declara o Dia da Consciência Negra como feriado municipal. Um raro ponto para os parlamentares, principalmente para o vereador Dorval Pretti (PPS), autor da proposta.
Há de se comemorar esse avanço, mas sem deixar de ficar chocado com a resistência de quem detém o poder econômico e político, e que acaba influenciando das milhares de pessoas com as mesmas (falta de) ideias. Mesmo que não surpreenda vindo de quem vem, choca.
Não surpreende que isso aconteça numa cidade que esconde seu passado de escravidão, já que raramente fala da presença de escravos que estavam aqui antes mesmo dos imigrantes alemães, suíços e noruegueses desembarcarem na Lagoa do Saguaçu. Aliás, foram os escravos cedidos pelo coronel da região que fizeram a maior parte do trabalho pesado nos primeiros dias da colônia.
Uma escravidão que continuou e aumentou por muitos anos, pelo menos até a abolição, como conta Carlos Ficker, em História de Joinville - Crônica da Colônia Dona Francisca: “Veio, a 13 de maio de 1888, a Lei de abolição dos Escravos. Na noite do dia 15, sob chuvisco e tempo nebuloso, percorreram a cidade de Joinville os negros e mulatos, moradores da redondeza, soltando foguetes e bombas, manifestando assim a sua alegria e dando vivas à Princesa Isabel e ao Conselheiro Antonio Prado.”
Acabou a escravidão, mas a exploração e a marginalização da população negra nunca cessou. No desenvolvimento da cidade, que empurrou os negros para as áreas periféricas e pobres. No trabalho, ao dar o emprego e as promoções para o funcionário branco. Na mídia, na escola, na família, na rua, em toda a sociedade. Uma marginalização que talvez viva seus dias mais intensos, com o extermínio da população negra e jovem, tanto pela polícia quanto pela criminalidade. E isso tudo aqui, em Joinville mesmo, onde jogadores do JEC são abordados como suspeitos apenas por causa da cor da pele.
É importante refletir sobre nossa história e sobre de onde parte essa resistência às ações que buscam assumir e reparar o erro histórico. Qual é a causa? Qual é o efeito? Qual é a intenção? Uma desculpa tosca tenta associar o feriado com um possível atraso na produção industrial do país. Há quem vá comprar essa, pois sempre há o cego que não quer ver. Mas e você, vai acreditar?
Em maio deste ano, o jornal Notícias do Dia publicou uma matéria sobre a escravidão em Joinville. É um bom começo para quem quiser saber mais sobre o tema, que é um dos mais devastadores, pelo menos pra mim, emocionalmente, da história da humanidade.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Recordar é viver
POR ET BARTHES
Diga lá se você não está sentindo saudades do estilão Paulo Coelho do prefeito lá no Twitting in the Rain?quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Carta ao espectro de Marx
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Meu caro Karl
Marx.
É provável que já
tenha notado, mas, de qualquer forma, vou repetir: você morreu. Ah… e o
marxismo também. É triste, eu sei, mas você tem que aceitar o fato. E é pouco
simpático que o seu espectro insista em voltar ao planeta.
Não volte. Ainda um dia destes um estudante de Itajaí jogou mais uma pá de cal sobre o seu nome. É claro que o tal guri nunca leu um texto seu. Chateado? Não é preciso, porque
ele parece ser um daqueles que sequer conseguem ler o menu para pedir um
x-burguer.
Mas a coisa virou
notícia na imprensa e o pessoal trouxe o seu espectro de volta. Já imaginou os
problemas que isso causa? Se o seu fantasma continua a rondar por aí, as pessoas - os tais trabalhadores - podem começar a acreditar nos teus poderes e o caldo entorna.
Ora, isso não seria justo para os
banqueiros, os multimilionários, os megaempresários ou os especuladores da
bolsa. Você tem que
reconhecer, caro filósofo, que esses sujeitos têm feito a lição deles
direitinho. Veja o mundo que eles construíram. Os
ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Os países do
hemisfério Norte detêm quase 85% dos recursos econômicos do planeta.
O Estado está a
ser desmontado, tudo a ser privatizado. Os políticos
pensam que mandam, mas já não mandam nadinha - são apenas títeres. Os
trabalhadores perdem direitos e o desemprego aumenta e aumenta e aumenta. Acho
que no futuro não vai haver mais essa coisa chamada emprego. Portanto, não precisamos das suas ideias.
Ah... e a tal
globalização criou um monstrengo chamado "pensamento único". É que
depois da queda do Muro de Berlim, o marxismo foi mais uma vez enterrado e o
modelo neoliberal foi considerado vencedor. Hoje existe um
neoliberalismo, mas não um neomarxismo. Perdeu, velhinho. Aliás, ali na Univali o cara inventou o
“único pensamento”: é proibida a inteligência.
De qualquer forma,
velho filósofo, fica sossegado, porque sei de fonte segura. O cara só não
escreveu o texto porque não sabia quem era Marx. Se tu, se o Groucho, se o
Harpo ou se o Chico. E também tinha o Burle, mas esse ele pensou que fosse para fazer café.
E caiu mais um!
POR GABRIELA SCHIEWE
A sequência de resultados negativos, influenciou diretamente na queda brusca da tabela e o distanciamento do tão sonhado G4.
E hoje, a primeira noticia do dia, demissão do técnico Ricardo. Grande solução hein, lá se vai Ricardo, Arturzinho...Zezinhos, Joaozinhos e por aí afora, como se o real problema do JEC estivesse no comendo técnico da equipe.
Vou aqui neste post, apenas repetir o que já falei em textos anteriores, como no penúltimo comentei que condições técnicas para se manter no G4 o JEC tem e, problemas de gestão a maioria dos times hoje possui, assim, se todos focassem e acreditassem na capacidade do time de ascender à Série A, tal fato seria totalmente possível e viável.
Também falei varias vezes que ficar toda hora trocando técnico, comprando e vendendo jogador não da certo em lugar algum e, no Joinville não será diferente. esta aí o resultado.
Para não dizer que o problema existe só no JEC, basta olhar o Tricolor rico paulista que vem trocando de técnico com constância e a inconstância do time permanece, assim como tantos outros times de Série A, B e qualquer série, a questão é que não há milagre, sem um trabalho de construção, evolução, ninguém impõe seu trabalho em dias.
No fim, a diretoria mais uma vez bate o martelo, manda técnico embora, diz que vai afastar alguns atletas, deve dispensar mais alguns e quem se da mal é o JEC.
O pior de tudo isso é ver os manezinhos da Ilha avançando.
Durma-se com um barulho destes!
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Lembra da Carrie, a estranha?
POR ET BARTHES
Uma pegadinha ao estilo Carrie. E o pessoal ficou borradinho.Monotemático, monocórdico e desafinado
POR JORDI CASTAN
A teimosa insistência em aprovar esse engendro denominado LOT - e fazê-lo a qualquer custo e passando sobre tudo - está servindo para que cada dia um número maior de joinvilenses comecem a se fazer perguntas que não teriam sido formuladas se a LOT tivesse sido votada e aprovada quando o circo estava montado para isso.
A LOT não foi votada ainda porque sua tramitação não seguiu o processo legal correto. Apesar da insistência do poder público (e, sob este aspecto, não há diferença entre este governo e o anterior), em aprovar a LOT sem realizar as obrigatórias audiências públicas em cada bairro, é importante permitir que a sociedade conheça com detalhe o impacto que a LOT terá sobre a vida e o futuro de cada um de nós.
O discurso monocórdico e monotemático do prefeito já ficou cansativo. Se a Mercedes Benz decide preterir Joinville, por uma segunda vez em pouco mais de uma década, não tem nada a ver com a incompetência do poder publico em promover um debate democrático que permita aprovar a LOT. Há muitos outros motivos que pesam na escolha ou não de nossa cidade por parte dos investidores.
Tampouco se sustenta o discurso de que Joinville está parada pela não aprovação da LOT. Nos últimos três anos o volume de metros quadrados de área construída autorizados pela Seinfra tem se mantido estável, em vigorosos milhão de metros quadrados ao ano. Mas o poder público continua alheio à realidade e continua tentando vender a ideia que a não aprovação da LOT é a causa de todos os problemas que Joinville já tem hoje e pelos que ainda tem por vir.
É importante que se saiba que um grupo de associações de moradores já realizou três consultas públicas para debater a LOT. Em comum nas consultas realizadas e que contaram com a participação de quase 500 joinvilenses, as manifestações contrárias, há que destacar que por unanimidade, a implantação das Faixas Viárias, no modelo proposto pelo IPPUJ, hoje estão sendo solicitadas novas consultas públicas por outras associações de moradores, numa prova clara que o joinvilense quer saber mais sobre a LOT e sobre seus impactos e não acredita piamente na versão oficial que propõe um modelo de desenvolvimento anacrónico e predador.
Que a sociedade tome conhecimento e se mobilize para debater a LOT e o seu impacto e que expresse as suas dúvidas pertinentes sobre a versão oficial elaborada pelo IPPUJ é bom e mostra uma maior mobilização da sociedade.
O debate sobre a LOT deve ser ainda mais aprofundado, permitindo que, com uma linguagem clara, todos os cidadãos tenham acesso as informações precisas sobre o que mudará na sua rua e no seu bairro e como estas mudanças afetarão o seu futuro e o dos seus filhos. Sem se deixar levar por cantos de sereias, pelo discurso fácil da geração de emprego e do desenvolvimento da mítica Joinville do milhão de habitantes.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
A base está de Parabéns!
POR GABRIELA SCHIEWE
Realizei uma entrevista com o Presidente da Felej, Fernando Krelling, para o blog, aonde um dos questionamentos foi a falta de apoio ao esporte joinvilense e, principalmente, a base que é fundamental para a continuidade e prosperidade da categoria, aonde falou que estavam trabalhando com afinco e que Joinville estaria sendo representada nas competições, exclusivamente por atletas da base de Joinville.
É de suma importância que estes atletas sejam motivados e tenham o suporte necessário para que evoluam nas suas modalidades e o apoio do município, por meio da Felej é fundamental.
Parabéns aos atletas que estiveram representando Joinville de maneira honrada e com muito esmero e enfrentando desafios contra competidores mais experientes subiram ao pódio e trouxeram o título para nossa cidade.
Claro que este título não pode apagar outros problemas que o esporte vem enfrentando na cidade, como o total abandono do Ginásio Ivan Rodrigues, agora o Abel começou a ser reformado, com equipes de ponta terem que mandarem alguns jogos em cidades vizinhas pois não há local adequado na cidade e alguns outros que não irei me aprofundar neste post.
Tudo tem que ter um começo e, sendo este pela base do esporte, há de se vangloriar o trabalho e aplaudir este grande título conquistado.
Recusar Marx é recusar a busca pelo conhecimento
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Vários dos meus professores saíram. Outros, continuaram a dar aula, até mesmo para o novo curso do bloco. Tenho amigos que ainda estudam por lá, e tenho contato até hoje com aqueles professores que continuaram.
Fui obrigado a lembrar destes bons momentos após ler a carta do estudante da Univali que fez sucesso pela internet. Deu saudade de quando aqueles corredores eram ocupados por pessoas que sabiam reconhecer que o conhecimento era construído a partir de diferentes perspectivas.
Desconsiderando o preconceito, a desinformação, e o manifesto típico de um "cidadão de bem" que é "pressionado psicologicamente", o estudante faz duras críticas ao marxismo, após um de seus professores (eu não sei qual foi, mas é alta a chance de ser um ex-professor meu) pedir um trabalho acadêmico sobre Karl Marx. Ao recusar fazer o trabalho, o garoto está recusando a busca pelo conhecimento. O problema não está em discordar, de forma democrática. O problema é ignorar a importância de uma importante linha de construção cognitiva sobre o que é a sociedade.
Se fizesse o trabalho, ao menos saberia reconhecer que Marx foi um dos mais brilhantes estudiosos sobre o capital: sua origem, importância e também seus modos de aplicabilidade na sociedade. Além disso, saberia reconhecer, no mínimo, que a contraposição feita por este autor, no desenvolver da Revolução Industrial, fez o próprio capitalismo se reprogramar, e até se aperfeiçoar, para sempre fugir das "garras" estatais e ser esta potência que é hoje, principalmente após o neoliberalismo (usurpando-se do Estado, se for preciso).
Mas não. Ao recusar Marx, ele caiu na armadilha de sempre: colocar a "liberdade" e a "democracia" como situações inexistentes em governos ditos "socialistas" e dignas de governos "de direita".
É necessário um parênteses. Marx não foi o responsável pelas "atrocidades" de Stalin. Marx não governou a URSS, Coreia do Norte, ou até mesmo Cuba. O contexto histórico e a intenção de Marx foram outros, só para começar. Se o estudante tivesse estudado e feito o trabalho, não confundiria as coisas.
Voltando, o capitalismo foi o responsável pelo colonialismo na África, por duas guerras mundiais, pelo assassinato de Constituições de países latinoamericanos através de ditaduras, dentre outras situações, e tudo em prol de uma "liberdade" e uma "democracia". É este mesmo sistema responsável por poucos terem bilhões, e muitos terem fome. A desigualdade social é algo presente em todos os países: democráticos, liberais, de esquerda, de direita, etc...
Por fim, é triste olhar e saber que a busca pelo conhecimento, para muitos, virou apenas um "agregado de compatibilidades". Ou seja, se faz parte da minha linha, eu agrego. Se não faz parte, eu nem quero saber. Talvez este seja o problema da geração que já nasceu dentro do neoliberalismo (a qual eu me incluo): tomar a parte pelo todo, ser individualista, e achar que todos os problemas da sociedade irão ser resolvidos dando oportunidade de trabalho para quem necessita.
Já que estamos falando de Marx, é aí que os problemas começam...
PS: fica aqui também a crítica ao modelo universitário brasileiro que, cada vez mais, segue "tendências de mercado" e extirpa cursos onde o debate e a construção de diferentes correntes de pensamento são a base de tudo. O mesmo corredor que abrigou e construiu alteridade em seus alunos, hoje acomoda preconceituosos e a falta de abertura para o diferente.
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