quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Estranho, muito estranho
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
É preciso esclarecer, deputado Clarikennedy
É ilegal um deputado receber diárias de R$ 670 pelo tempo que está na própria cidade? Claro que não. Mas mesmo sendo legal, os deputados correm o risco de ouvir, de muitos eleitores, a acusação de estarem a legislar em causa própria, oferecendo a si mesmos polpudas diárias (apesar de eles acharem que é pouco).
Mas há outra pergunta que todos os eleitores podem estar a fazer: é moral? Parece que no plano da moralidade os deputados precisam dar explicações aos seus eleitores. E, pelo que podemos ler nos comentários aqui no Chuva Ácida, o caso que está a provocar reações negativas no eleitorado.
Vamos tentar entender. Mas antes de começar deixo um aviso. As linhas que seguem não pretendem por em dúvida a honra de qualquer político. Mas há questões que merecem ser esclarecidas, por uma questão de transparência. Do ponto de vista moral (nunca legal), o que o eleitor pode pensar do caso do deputado Clarikennedy Nunes, pré-candidato a prefeito de Joinville, que recebeu R$ 3.350 de diárias no período de uma semana?
Segundo os documentos apresentados por Charles Henrique, aqui no Chuva Ácida, o deputado teria recebido cinco diárias entre os dias 22 e 28 de setembro por estar em São Bento do Sul, Joinville, Abelardo Luz, Itajaí e Pomerode (os fac-similes estão no texto de ontem). E hoje surgiu a explicação do “ponto inicial” das viagens.
Quem acompanha o deputado Clarikennedy Nunes pelo Twitter sabe que ele é profuso e gosta de informar aos seus seguidores onde está a cada momento, no Brasil ou no exterior. Uma rápida pesquisa nos twitts desse período mostra onde ele esteve nesses dias. Enfatizo – com o objetivo de evitar mal-entendidos – que é uma visão limitada pelo que o Twitter permite saber. O deputado pode ter outras atividades que não registrou na rede social.
Dia 22 - Falou na AL em Florianópolis. Foi para São Bento do Sul entregar um ônibus à APAE local. E rumou a Joinville, onde à noite foi ver uma competição do Bom Jesus.
Dia 23 - Permaneceu em Joinville. Pela manhã teve uma reunião com uma equipe técnica - a que chama GT2012 - para definir o futuro governo de Joinville (com ele de prefeito, claro). Mais tarde teve uma reunião com o pessoal de uma igreja. E à noite foi para uma filiação no PPS. Não é possível perceber se realizou trabalho como deputado, mas pode ter acontecido.
Dia 24, 25 e parte do dia 26 - Passou por Curitiba, Foz do Iguaçu e participou de um evento religioso em Marechal Cândido Rondon. Também anunciou uma ida a Rolândia, no Norte do Paraná. No dia 26, visitou uma fábrica e voltou a Joinville para, segundo escreveu no Twitter, para dar um seminário de Comunicação e Liderança. Os dois primeiros dias foram um fim-de-semana, que é livre e certamente não remunerado. E no dia 26 também não deu para perceber se teve alguma ação enquanto deputado.
Dia 27 - Tudo indica que ainda em Joinville. Teve uma reunião com o futuro secretário da SDR JOI. Também postou um twitt a reclamar que o jornal AN deu a notícia mas não revelou o autor de outdoors contra mais vereadores. Não fica claro, mas é possível que tenha tido alguma ação como deputado.
Dia 28 - Diz que teve um dia puxado na região de Abelardo Luz (540 quilômetros de Florianópolis e 450 quilômetros de Joinville). Ah... escreveu que estava tentando chegar a tempo para a reunião do PSD em Joinville, onde parece ter permanecido.
Como podem ver, Clarikennedy Nunes teve dias cheios. Mas, pelo que se viu no Twitter (e, repito, isso não permite ver o todo) nem sempre ficou caracterizado que estava a trabalhar nas funções de deputado. Ah... o leitor mais atento deve ter percebido que não há referências a Itajaí e Pomerode, que seriam cidades de origem a duas diárias. Sem problema.
Talvez seja apenas o abastecimento do carro. Também é provável que ele tenha esquecido de fazer o registro das idas a essas duas cidades nas redes sociais. Aliás, até me preocupei em procurar alguma notícia na internet e não encontrei respostas. Ou talvez ele tenha participado de acontecimentos sem interesse jornalístico, o que é perfeitamente possível.
Repito. Não estou a por em causa a honorabilidade de ninguém. Mas enquanto os políticos não clarificarem a situação, os eleitores podem cair na tentação de fazer julgamentos errados. Aliás, confesso, entender onde estão os pontos de partida é complicado.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Deputados joinvilenses ganham diárias para “visitar” Joinville
http://www.brimg.info/uploads/4/ad7509bd80.png
http://www.brimg.info/uploads/4/12bf980e00.png
http://www.brimg.info/uploads/3/8566f1dd69.png
http://www.brimg.info/uploads/1/0c76ce18b1.png
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
McDonalds na mira da defesa dos animais
POR ET BARTHES
E sobrou para o McDonalds outra vez. A organização não-governamental Mercy For Animals fez gravações com câmara oculta na empresa Sparboe Eggs (Iowa, Minnesota e Colorado), fornecedora de ovos da multinacional do fast-food. O filme mostra a crueldade com que os animais são tratados pela empresa. Espaços exíguos, bicos queimados, animais mortos putrefatos nas gaiolas ou até mesmo homens a se divertirem com as aves. Em tempo, a direção do McDonalds já cancelou o contrato com esse fornecedor. As imagens são fortes.
E agora, o que dá pra fazer com 3,5%?
sábado, 19 de novembro de 2011
Gostar de Joinville não basta

quinta-feira, 17 de novembro de 2011
A barba do sapo barbudo

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A ideia era evitar o assunto. Mas parece que a coisa ganhou contornos de fato jornalístico e, como toca na minha área de trabalho, fico à vontade para dar um pitaco. A notícia seria de que Lula teria recebido uma proposta de 1 milhão de reais da Procter & Gamble, detentora da Gillette, para cortar a barba com lâminas da marca.
Antes dos comentários, vamos aos fatos.
1. A notícia surgiu na coluna Radar Online, da revista Veja.
2. A Gillette negou que tal proposta tenha sido feita.
3. Até ao momento em que escrevo este texto ninguém conseguiu provar qualquer coisa nesse sentido.
4. Pessoalmente não sei se houve essa proposta. Li aqui e ali, mas sei tanto quanto qualquer leitor do Chuva Ácida. Ou seja, pouco.
Mas os fatos não interessam. O que interessa às pessoas é aquilo em que elas querem acreditar. Os que odeiam Lula acham que o cara é um safardana e que certamente fez alguma coisa errada. Os que defendem o ex-presidente acham que ele não chegaria ao ponto de deixar a imagem na mira dos detratores.
Em tempo de revolução digital, a opinião pública é baseada muito na emoção e pouco na razão. E passa a valer a lógica expressa na famosa frase atribuída a Nelson Rodrigues:
- Quando os fatos contradizem a minha opinião, danem-se os fatos.
Mesmo assim, vamos analisar os fatos.
É importante salientar que é uma notícia publicada pela “Veja” (poucas publicações de peso repercutiram a nota). Mesmo com o desmentido, a revista insiste na sua versão e diz que a fonte da informação seriam pessoas próximas. Aliás, parece que por lá as fontes são sempre “pessoas próximas”. Ah... o nome é “Veja”. E para bom leitor essa palavra basta.
O fabricante desmentiu a notícia. Mas como profissional de marketing fico a perguntar: e se a proposta realmente tivesse sido feita? Posso estar enganado, mas uma marca líder teria muito pouco a ganhar com uma associação ao câncer. Pode ser que não. Mas o risco parece ser muito maior do que os benefícios para a marca.
Mas os marketeers são seres tinhosos. E fico aqui a imaginar uma solução para criar um goodwill. Porque a percepção dos eleitores/consumidores sofreria uma reviravolta se Lula aceitasse (desde que com um certo recato) e o dinheiro fosse revertido para uma instituição de combate ao câncer. Seria um negócio onde todo mundo sairia a ganhar. Você ia reclamar?
Mas com Gilette ou sem Gillette, tem gente que achou oportunismo a publicação das fotos do ex-presidente sem cabelos e sem barba. Oportunismo? Não, gente. É jornalismo. Aliás, um fato tão relevante do ponto de vista jornalístico que jornais de todo o mundo publicaram as fotos.
Mas de tudo o que se fala e escreve, só uma coisa é certa: o sapo barbudo não tem mais barba.