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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A maior cidade rural de Santa Catarina

POR GUILHERME GASSENFERTH
Você sabe qual é a cidade com a maior população que vive em zona rural de Santa Catarina? Chapecó? Campos Novos? Lages? Não. É Joinville. Sim, nós temos a maior população rural do Estado! E o que isto significa, além de presumivelmente uma informação nova para você? Que o mínimo que Joinville (estamos incluídos aqui, OK?) precisa fazer pela zona rural é dar mais atenção.

Antes de começarmos de verdade, atente para o fato de que nem todo mundo que vive na zona rural é agricultor. Aquele pessoal que vive no Golf Club e no Country Club não me parece do tipo que acorda com as galinhas, calça uma Havaianas surrada e vai pra roça arar a terra, ordenhar a vaca e plantar milho. Mas eles são habitantes da zona rural! Muito bem, feito o necessário nivelamento de informações, vamos ao texto.

Quero pedir licença aos moradores que se aposentaram e foram pro campo ou que preferiram uma vida mais calma e foram viver num sítio mesmo trabalhando na área urbana. Não é de vocês que eu quero falar. Meu papo é sobre a zona rural agrícola.

Vamos falar de infraestrutura. Pense em qual é a estrutura que estradas como Mildau, Quiriri, Piraí ou do Atalho, por exemplo, oferecem aos seus habitantes. A população que vive no sítio, nas estradas rurais esburacadas, com pontes precárias, sem sinal de telefone, sem internet, sem TV à cabo, estará satisfeita com sua condição de vida? Ou vocês acham que agricultor é obrigado a assistir o Faustão no domingo à tarde?

E mais: será que os jovens que vivem nas estradas rurais estão satisfeitos com sua condição de vida? São jovens como nós e querem lazer, cultura, saúde, educação, oportunidade, infraestrutura – iguaizinhos a nós. A diferença é que daqui de casa ao Centreventos, ao SESC, à academia, à UNIVILLE, ao Shopping Garten, aos grandes supermercados etc. dá 3 km ou menos. Para quem mora no fim da estrada Dona Francisca ou no Quiriri, dá 30. E o ônibus é bem escasso!

A preocupação com os jovens explica-se porque eles precisam continuar lá. É preciso fazer com que ser agricultor seja rentável, prazeroso e motivo de orgulho. Joinville não pode correr o risco de perder o cinturão verde e agrícola para a especulação imobiliária, por razões econômicas e ambientais.

Econômicas porque o abastecimento agrícola é um trunfo da cidade. Temos boas plantações de arroz, banana, milho, aipim, além de outras culturas em menor número mas que contribuem no abastecimento interno, na redução do custo dos alimentos e num alimento mais fresco! :)

Ambientais porque do nosso território de mais de 1.100 km², mais de 50% é Mata Atlântica preservada. Desnecessário contar que a absoluta maioria deste pulmão verde está na área rural da cidade. Com pequenas propriedades orgânicas, isto permanece inalterado. E é preciso incentivar a produção agrícola orgânica nas bacias do Piraí e Cubatão, fazendo com que a terra seja menos agredida, o ambiente seja mais preservado e, principalmente, nossa água seja pura. 

Já falei isto outras vezes, mas é também plenamente possível incentivar ainda mais o turismo rural, e não só pros turistas de fora, mas principalmente para o joinvilense. É tão bacana visitar sítios, saber como funciona a produção de melado ou de geleia, comprar produtos coloniais direto do produtor, aproveitar as paisagens, tomar um revigorante banho de rio... E poucos joinvilenses sabem o privilégio que têm no próprio quintal. Tem gente hoje em dia que tá tão urbana que não sabe nem como é um peru (tô falando do animal!).

Minha maior tristeza é ver que os candidatos a prefeito não apresentaram planos consistentes ou coerentes para valorização da zona rural da cidade. Não é difícil: infraestrutura completa, incentivo à produção orgânica, programas de apoio aos agricultores, em especial os jovens, turismo rural, incentivo à comercialização direta com mais feiras pela cidade (sem atravessadores, valorizando o produtor), entre outras ações e projetos que devem ser feitos para fazer Joinville não ser apenas a maior cidade rural, mas também a melhor cidade rural catarinense. Tô sonhando muito?