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terça-feira, 18 de setembro de 2012

O quadro eleitoral já esta definido?

POR  JORDI CASTAN

Primeiro vou esclarecer que não sou sociólogo, nem pesquisador, nem especialista em matemática e estatística. Portanto, estes comentários são feitos a partir da ótica de um comum leitor de jornais.

Todos os que não gostaram do resultado da pesquisa Ibope/RBS se lançaram a questionar inclusive a idoneidade do instituto. Surgiram miríades de entendidos, especialistas e até de palpiteiros a opinar sobre os dados divulgados que consideravam incorretos.


O resultado que mostrava Udo Dohler em primeiro, ainda que tecnicamente empatado com o segundo, pegou quase todos de surpresa. Não poucos vociferavam que a pesquisa não teria credibilidade. Que a contratante teria influenciado no resultado e até que a contratada teria manipulado os resultados para mostrar um resultado melhor para um ou outro candidato e pior para outros, com o objetivo de influenciar naquela parcela do eleitorado que não gosta de "perder o voto" e que acaba votando no candidato que aparece na frente nas pesquisas. A gritaria poderia ter sido evitada se as avaliações fossem feitas com menos paixão e com mais conhecimento.

NO PRIMEIRO TURNO? Além das pesquisas diárias das campanhas com mais recursos, há também pesquisas praticamente todas as semanas, contratadas por jornais, rádios e televisões. É relativamente fácil fazer um seguimento dos resultados e tirar várias conclusões. Faz poucos dias, foi divulgada uma nova pesquisa da empresa Accord, contratada pela RIC/ Record, dando praticamente por definida a eleição no  primeiro turno.


Por que o resultado já estaria definido? Porque a pesquisa mostra que o número de votos entre brancos, nulos e os que não sabem ou não respondem é só de 5% do eleitorado. Há, portanto, pouca margem de manobra. Este percentual surpreendentemente baixo evidencia um nível de informação e politização do eleitor joinvilense que o equipara aos das mais avançadas democracias do Norte da Europa. Duvidar? Como alguém poderia duvidar dos dados apresentados por tão prestigioso instituto?

CARLITO DESCE MAS NÃO SOBE - Há na pesquisa divulgada outros dados interessantes e que merecem ser comentados. Por um lado, surpreende a vertiginosa queda da rejeição do prefeito Carlito. Passou de 57% a 29% em poucos dias. Será que finalmente o eleitor, com uma melhor iluminação, passou a enxergar melhor as obras e realizações da sua gestão? Mas é estranho que a redução da rejeição não tenha se convertido em um aumento significativo do número de eleitores dispostos a votar nele e na continuidade da sua proposta. O percentual de eleitores que dizem votar no atual prefeito passou de 14% a 15%, o que não é suficiente para colocá-lo no segundo turno.

A rejeição do candidato Tebaldi que antes estava em 10%, agora aumentou para 12%, dentro por tanto da margem de erro de 4%. Apesar dos ataques sistemáticos que lhe são dirigidos por conta dos numerosos processos a que responde na Justiça, continua mantendo uma rejeição considerada baixa e uma posição que o coloca confortavelmente no segundo turno. Enquanto uns projetavam uma queda significativa para o candidato, as expectativas mais negativas não parecem se confirmar.

CONCLUSÕES - As minhas conclusões de leigo e neste caso de palpiteiro amador, no meio deste mar de incertezas, são:

- Teremos segundo turno e o atual prefeito não tem praticamente nenhuma chance de estar nele.
- O crescimento do candidato do PMDB está comprovado e o coloca hoje no segundo turno.
- A queda do candidato do PSDB não é a prevista.
- O candidato do PSD parece ter perdido o fôlego.
- O PSOL não consegue sair ou chegar a motivar a 1% do eleitorado.

E você? O que opina? Quais são as suas conclusões?

Uma coisa é certa. A incerteza deste cenário poderá mudar com a próxima pesquisa.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Uma breve discussão sobre pesquisas eleitorais

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Na última semana presenciamos um fato muito curioso, e raro de se ver. O mesmo instituto de pesquisa fez duas abordagens, em um período curto de tempo, com resultados totalmente diferentes. Clarikennedy Nunes até se vangloriava de sua liderança, quando, dias após, a outra pesquisa colocava-o como terceiro colocado em alguns cenários, com 12 pontos percentuais a menos. Li no Facebook várias especulações sobre pesquisas eleitorais, inclusive colocando em xeque a veracidade de tais resultados. Como Cientista Social, com alguma experiência neste ramo de pesquisas, e autorizado a assinar pesquisas eleitorais devido a minha formação, creio ser pertinente debatermos algumas breves questões sobre este tema aqui no Chuva.



Como explicar uma diferença tão grande nos resultados, em tão pouco tempo? Não tive acesso à pesquisa completa registrada no TRE (com demonstrativos de metodologia, etc), mas isso ocorre geralmente por três fatores: 1) a ocorrência de algum fato político definidor do comportamento dos eleitores neste intervalo entre uma pesquisa e outra (não foi este o caso), 2) uso de metodologias diferentes de abordagem (presencial ou não-presencial, nível de confiança e margem de erro distintos, ou a escolha de lugares diferentes para abordagens) e 3) a equipe de campo não foi corretamente supervisionada, a ponto de haver alguma alteração dos dados sem a checagem do supervisor de campo, o qual orienta os pesquisadores (considerando a experiência do IBOPE, creio que também não foi este o caso).

Pode ocorrer que um candidato tenha mais inserção em bairros onde a pesquisa teve uma maior proporcionalidade em relação à outra. Por exemplo, se 5% de toda a amostra de uma das pesquisas foi realizada no Bairro Itaum, onde o candidato X tem um grande eleitorado, e na outra pesquisa, apenas 1% foi realizado no Itaum, a diferença irá aparecer no final. E dentro do Itaum podem haver pontos diferentes de abordagens dos pesquisadores (na frente de uma igreja evangélica ou da associação de moradores) o que influencia na hora de responder às perguntas. Há ainda outros itens menores que também influenciam, como roupa dos pesquisadores, dias da semana, e o não cumprimento da aleatoriedade na abordagem, focando apenas em um "perfil" de transeuntes.



Por mais demonstrações que o Instituto tenha dado, soou muito estranho. Entretanto, ainda acredito numa abordagem séria e profissional dos pesquisadores e de quem tabulou todos estes dados. O Instituto não deveria, ao meu ver, abordar com duas metodologias tão distintas num período tão curto (a vontade do cliente sempre é atendida, infelizmente). Mas que foi extremamente engraçado ver os apoiadores de Clarikennedy se mobilizarem nas redes sociais para tentar explicar esta diferença... ahhh, isso foi! Por isto que, em eleições, ficam sempre as dicas: não se deve contar com o ovo na galinha e nem com a farofa da cuca.