POR AMANDA WERNER
Hoje
venho tratar de um assunto que causa grande indignação à grande maioria das mulheres: a “buzinada” quando estamos andando ou
praticando algum esporte ao ar livre. A tal “cantada”, como alguns exemplares
do sexo masculino costumam chamar, comportamento que se dizia ser restrito a motoristas de caminhão e trabalhadores da construção civil, está virando febre em
Joinville.
E, atualmente, é feita por alguns (muitos) motoristas de carros e motocicletas. A cidade das flores e das bicicletas está se transformando na cidade dos motoristas buzinadores desatinados. Às vezes, a buzina vem acompanhada de baixarias. E não pensem que a presença de uma mulher no banco do passageiro acanha o motorista em sua investida: para chamar a atenção da mulher que está andando e não se fazer notar pela companheira que está ao lado, ele dá sinal de luz.
Pois
bem, como sei que por vezes muitos apenas replicam comportamentos aprendidos no
meio, sem pensar muito nos desdobramentos que uma atitude como essa pode trazer, eu
vou falar como nos sentimos quando isso acontece: inicialmente, levamos um
grande susto, pois é sempre inesperado. Logo depois de passar o susto, nos
sentimos com medo e extremamente desprotegidas, e por vezes, até aceleramos o
passo. Após, vem o sentimento de vergonha, pois certamente a buzina não chamou
somente a nossa atenção, mas também de outras pessoas circunstantes. E, por
fim, nos sentimos humilhadas. Ficamos pensando se a roupa está adequada (o que
não deveria justificar a atitude), se demos a entender algo diferente com o
jeito de andar, e, fatalmente, nos sentimos um objeto. A mulher como coisa.
Enfim, é uma grande grosseria.
Por
diversas vezes já ouvi alguns se defenderem, afirmando que é um elogio, que a
mulher deveria sentir-se bonita. Para estes, tenho apenas um recado: pense que a
mulher na rua poderia ser a sua filha, a sua mulher ou até mesmo a sua avó.
Para quem recebe a buzinada a coisa só soa de uma forma: machismo, do mais
puro. E não, isso não aumenta a nossa autoestima e nem faz a nossa alegria.
As
vítimas não tem padrão ou estereótipo específico. São loiras, morenas, gordas,
magras, com pouca ou muita idade, bonitas, ou nem tanto. O simples fato de ser
mulher já a habilita como presa.
Mas
qual será a intenção dos homens que buzinam? Será que eles pensam que o simples
fato de buzinar vai fazer com que a mulher diga: "para o carro e vamos fazer
sexo agora mesmo?!"
É
esta a pretensão? Ou será que fazem por impulso, abdicando do cérebro e
confirmando a tese de que os homens por vezes agem como seres irracionais, como os animais? Eu
não conheço ninguém que tenha conseguido nada além de desprezo com este tipo de
atitude.
Que
tipo de convenção estúpida é essa em que dirigir um automóvel dá direito a
buzinar desvairadamente para as mulheres na rua?
Estou
certa de que existem muitos bem-educados por aí. Bom comportamento, um dedo de boa prosa e um pouco de cultura ainda são o “must- have” para lograr êxito com o
público feminino. Então, repita comigo: buzinas, sinais de luz e outras gracinhas nunca mais! Que
deselegante!