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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A "Cunha" que atrasa o Brasil


POR SALVADOR NETO

Em meu texto da semana passada aqui no Chuva Ácida, abordei o momento de grave crise política no país no artigo “Querem impedir o Brasil?” – clique aqui e leia – e hoje volto ao tema. Tive a oportunidade de estar no centro da luta política, Brasília, nesta semana. O que vi só corroborou o que escrevi, o que penso, e sobre o que sempre apuro para oferecer textos que ajudem os leitores a entenderem o que de fato acontece nos escaninhos do poder.

Essa crise política é grave, e põe em risco a nossa democracia. O grau de intolerância, ódio e traição aos preceitos mais básicos da convivência democrática. Querem realmente impedir o Brasil, e para isso colocaram uma “cunha” – o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ).
 
Não se iludam, essa cunha parou o Brasil
Nas 72 horas que vivi intensamente a crise política na capital federal, constatei que não importam os meios para se chegar ao poder central. Um processo iniciado já após as eleições de 2014 com a vitória de Dilma Rousseff e Michel Temer foi se intensificando mês a mês.

A oposição vem sistematicamente bloqueando no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados comandada por “Cunha”, quase todos os projetos do ajuste fiscal necessário. Esse processo deu uma trégua com a entrada de Michel Temer na coordenação política, mas logo depois com a saída dele, por pura falta de habilidade da presidente Dilma e do PT, a crise voltou ainda com mais força.

A conspiração começou ali. Chateado com o não cumprimento dos acordos que ele e seu aliado Eliseu Padilha tinham firmado com a base aliada, Temer saiu e sorrateiramente começou a articular contra o governo. Ao mesmo tempo, Eduardo “Cunha” viu seu desejo insaciável de poder se esvair com a grana da Suíça, a acusação do procurador geral da República, Rodrigo Janot, que abriu processo contra ele.

Até ali, o presidente da Câmara seguia seu objetivo final: derrubar o governo, enfraquecer Temer, e quem sabe, assumir a Presidência da República logo à frente. O castelo sonhado caiu. A partir dali a guerra aberta foi seguindo com chantagens, ameaças, todas covardemente não revidadas pelo governo e o PT. Acuado no Conselho de Ética, “Cunha” atacou com a aceitação do processo de impeachment de Dilma. E o fogo político incendiou Brasília.

A confusão, e a convulsão política, atingiram a todos, governo e oposição. Nos corredores do Congresso, nas comissões técnicas e nos gabinetes, conspirações a cada instante, listas de deposição de líderes – no caso do PMDB – retirada do relator do processo de cassação de “Cunha” no Conselho de Ética que virou um circo manipulado por seus aliados, chicanas à vontade, tudo para manter o poder, evitar a perda do mandato, e claro, derrubar o governo Dilma.

O ódio é sentido a cada metro do Salão Verde, em cada momento do plenário. Mas, e o Brasil? E o desenvolvimento econômico, os empregos, a renda, os projetos sociais, a casa própria, o poder aquisitivo do povo? Ah, isso não está em pauta, e só estará caso a “Cunha” seja retirada. É o que vi e apurei, ouvindo e entrevistando vários deputados e lideranças.

Sem a deposição das armas de ambos os lados, o Brasil vai ladeira abaixo. A insanidade é tamanha que só enxergam um caminho, o de assumir o poder a qualquer custo, passando por cima da Constituição Federal, buscando derrubar o governo eleito democraticamente utilizando uma ferramenta constitucional que no momento, não se aplica. Temer e parte do PMDB viu uma chance de assumir o poder nestes últimos dias.

Foram avisados de que se Dilma cair, ele cai junto por motivos idênticos ao da representação proposta pela oposição, e aceita com fervor por “Cunha”. O presidente da Câmara dos Deputados está desmoralizado, usa criminosamente de todas as armas que tem no cargo para atrasar o país, única e exclusivamente para se safar. E não irá se safar.

Do que vi nesse dezembro quente e em ebulição em Brasília, para que se retome a vida normal e a democracia seja preservada, o primeiro passo é o afastamento de “Cunha” da presidência. Já imaginaram um governo com “Cunha”? Sim, ele é o terceiro na linha sucessória. Pelo andar da carruagem, o STF vai agir, mas somente isso não é suficiente, pois seus aliados estão todos na mesa diretora. Portanto, a coisa vai continuar.

É preciso que se promovam novas eleições para a Presidência da Câmara. E ao mesmo tempo, com a altivez que os cargos exigem, Dilma e Temer tem de se entender, e superar as divergências em nome do Brasil. A oposição se preparar para 2018. Os partidos aliados, deixarem de picuinhas. E o Congresso Nacional trabalhar em favor do Brasil. Sem a “Cunha” que impede o avanço do país, podemos voltar a crescer e continuar no caminho do desenvolvimento com inclusão social. Juízo Brasil, juízo. E sem “cunhas”.


É assim, nas teias do poder...