POR JORDI CASTAN
Lula segue preso e isso é bom para o Brasil e para acabar com a impunidade. Que um
condenado por crime comum, depois de ter recorrido até a segunda instância
tenha que cumprir a pena é bom e deveria ser o normal, porque mostra que a lei pode ser que
seja para todos. O que surpreende é que haja ainda gente que insista em que um
político preso é um preso político. O que surpreende é que haja gente que
acredite que Delcídio, Dirceu, Palocci, por citar alguns, mereçam seguir presos
e que só eles devam cumprir a pena, sem que o chefe da organização criminosa
que tomou o poder neste país tenha também que pagar por isso.
Há quem jure de pés juntos que Lula é uma ideia, há ainda
quem acredite que ele é na realidade um ectoplasma e que por isso não possa ser
encarcerado. Lula desperta paixões, tanto nos que mudaram de nome para homenageá-lo
e incorporaram o Lula ao seu nome de batismo, como os que vem nele um
ectoparasito que junto com sua quadrilha utilizou o poder para parasitar o
país.
A prisão de Lula é um passo no caminho do combate à corrupção,
um passo de gigante ao mostrar de forma clara que ninguém está acima da lei,
mas quando há tantos outros soltos, livres para ir e vir e pior ainda, livres
para se candidatar a um cargo eletivo no próximo outubro, a impressão final é
que a corrupção no Brasil não tem data para terminar, que está fortemente
enraizada na sociedade em todos os níveis e segmentos e que uma parte da população,
não é corrupta por princípios e sim por falta de oportunidade.
Espanta a virulência e a agressividade com que os acólitos adoradores
de Lula defendem com unhas e dentes seu corrupto de estimação. A participação
da maioria dos deputados, governadores e senadores, na sua maioria do PT em
atos públicos de apoio ao ex-presidente preso, tem sido ou serão pagos com
recursos públicos, o que é uma ilegalidade e uma imoralidade. Ainda que falar
de imoralidade entre gente de tão poucos e tão elásticos princípios seja uma
autentica perda de tempo. A maioria não sabem o que sejam princípios e os
poucos que sabem não os praticam.
É preocupante o nível de agressividade de lado e lado.
Preocupante que haja no judiciário um núcleo duro empenhado em que Lula não cumpra
a pena, a que tem sido condenado, preocupante que a desfaçatez seja a prática
comum na hora de argumentar e que fascista seja o adjetivo mais usado para
desacreditar ou atacar a quem pensa diferente. Não deveria ser necessário lembrar
que os mais acusam aos outros de fascistas são os que mais demostram um
comportamento fascista e autoritário.
Em tempo dois comentários sobre o circo em que estão querendo
converter a prisão de Lula. O primeiro que a legislação estabelece claramente
quem pode e quando pode visitá-lo, quem não respeita a legislação esta só
querendo chamar a atenção e buscando tumultuar. A segunda que governadores e senadores
que mostraram tanta rapidez em conhecer as condições da sala em que o
ex-presidente está preso não tem mostrado o mesmo interesse em conhecer as condições
dos presídios dos seus estados o que deveria gerar uma reflexão dos eleitores e
evidencia o caráter partidário e circense de estas visitas e movimentações.
Alias é bom lembrar que a sala que ocupa não é para que receba visitas e de entrevistas, presos devem seguir as regras do lugar em que estão encarcerados e receber amigos, dar entrevistas ou sair de passeio não são atividades permitidas para alguém que cumpre pena.
A cada dia que Lula passe preso, o mito se desfaz um pouco e
fica mais evidente que era só um ídolo de barro. Como disse Vargas Llosa nesta
semana passada, Lula não está preso pelas coisas boas que fez em quanto foi
presidente, está preso pelas coisas erradas que fez.