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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um parque de falácias

POR CHARLES HENRIQUE

Antes de tudo, até para não assustar o leitor, eu quero dizer que gosto muito dessa cidade. Nasci em Joinville, moro nela, estudo e comento sobre ela, mas tem uma hora que cansa, principalmente quando você viaja e vê como as coisas acontecem fora da “parte de dentro”, ou do interior, como muitos preferem dizer.

Temos 500 mil habitantes. OK. Maior cidade do Estado de Santa Catarina? OK. Terceira maior do Sul? OK. Mas o provincianismo com que tratamos algumas questões assusta, da mesma forma que nos primeiros anos da cidade, quando ainda era Colônia Dona Francisca. Mas, por qual motivo eu escrevo sobre isto?

Estive em Brasília durante alguns dias (voltei ontem de viagem) e de lá acompanhei tudo o que se passava por aqui, inclusive a “inauguração” daquelas três praças que a Prefeitura insiste em chamar de parque. Onde eu estava tinha um Parque da Cidade, e de longe, era sim um parque (infos sobre o Parque da Cidade neste link http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_da_Cidade_Sarah_Kubitschek ). Aí fiquei a pensar (no bom português lusitano do Baço): qual a diferença entre a Praça Dario Salles e as três praças da rotatória do Guanabara? Nenhuma! Ambas têm muito concreto, um parquinho para as crianças, e espaço para sentar e observar. Mas lá no Guanabara inventaram que é parque, está bem. Não quero aqui citar conceitos de teóricos do Urbanismo sobre o que viria a ser um parque, mas, de forma platônica, todo mundo sabe o que é um parque, e está longe do cenário encontrado lá pelas bandas da Rua do Bera. Tudo bem, é um espaço público novo. Ótimo. “Só” venderam de forma errada.

Ao voltar para Joinville, ligo a TV e a manchete do telejornal: Florianópolis vai construir a quarta ponte e o Governo do ESTADO pretende gastar R$ 1,1bi. Enquanto nós assistimos de camarote a UFSC-de-um-curso-só na Curva do Arroz, o BNDES, o Aeroporto, a gestão das políticas públicas de cultura, a “beira-mangue”, o antigo Fórum, integrantes de primeiro escalão presos, o Fonplata e o silêncio (em alguns momentos aproximando-se da mendicância) dos governantes por melhorias e agilidade nestes e em outros processos, a cidade vai parando e se contentando com pouco. Qualquer praça ou semáforo vira motivo de festa. Riram da minha cara quando contei sobre este cenário lá em Florianópolis ou em Brasília.

Joinville por mais que seja ótima pra se viver e lugar que sempre adorei, é um parque de falácias. “Eu quero fazer, mas faço em etapas que nunca serão concluídas” ou “padrão de primeiro mundo” são frases que escuto desde criança e estão caindo por terra, felizmente para muitos. Está na hora de olharmos para os lados e percebermos que as coisas acontecem por lá e por aqui, fingem que acontecem.

PS 1: Este texto não pretende ser um “Buracoville”, mas sintam-se à vontade caso queiram comparar.

PS 2: Este texto não pretende ser anti gestão A ou B. As falácias tem em Joinville o seu habitat natural há décadas.