sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Buracos em Joinville: culpa da chuva e dos suíços. Nunca do prefeito...


POR JORDI CASTAN
A Prefeitura Municipal parece seguir à risca a lógica de que quantos mais buracos, mais queijo. Traduzido para nossa realidade local, quantos mais buracos, mais ruas. Mas a lógica não é o forte desta gestão. O que era um problema de gestão acabou se tornando um problema de gestão e de caixa. O que era para ser uma duplicação acabou se convertendo numa enjambração, no caso da avenida Santos Dumont. E por aí vamos (aos solavancos). O que era para ser um modelo de gestão acabou virando um meme cunhado pelo neologismo “geston”. Aliás, palavra que nestes manguezais virou sinônimo de um mau administrador, de um gestor inepto e mesmo de nenhuma gestão ou de inação.

Voltando à teoria dos buracos e do queijo, diz-se na Suíça que quantos mais buracos tenha um queijo, mais queijo será. Ou melhor, mais suíço será o queijo. Os buracos conferem-lhe autenticidade, identidade e originalidade. Um bom queijo suíço tem como característica reconhecida os seus buracos. Para os amantes dos queijos, é bom lembrar que há mais de 450 tipos de queijo suíço e que os dois mais conhecidos são o Emmental e o Gruyére. E, sim, os buracos no queijo suíço são uma característica própria, resultado do processo de produção, no qual as bactérias acidificam o leite criando peculiaridades únicas e irrepetíveis.

É bom lembrar que uma parte significativa dos colonizadores de Joinville, que muitos denominam ainda hoje como alemães, vinham de outras nações. E um grupo importante veio da Suíça. Vai que é por isso que nossas ruas parecem queijos suíços. Mas nada mais longe da verdade. As nossas ruas estão cheias de buracos por outros motivos. Motivos que têm mais a ver com a desídia, a falta de manutenção regular e sistemática, a falta de fiscalização e a péssima qualidade da pavimentação,feita sem controle, sem rigor e sem seguir as normas técnicas adequadas.

O poder público insiste em culpar a chuva, como se Joinville fosse a cidade mais chuvosa do mundo. É bom que se diga que não é. A cidade mais chuvosa da terra encontra-se na Colômbia, Lloró. Sua precipitação anual média de 13.300 mm, cinco vezes mais que Joinville. Entre os lugares mais chuvosos do mundo encontramos Kukui, Maui, Havaí (média de precipitação anual: 9.293 mm) e Emei Shan, província de Sichuan, China (média de precipitação anual: 8.169 mm).

Nem somos a cidade mais chuvosa do Brasil. É outra mentira que nos contaram e que insistem em repetir. A chuva não é a vilã. A vilania deve ser buscada em outros endereços. Os dados de Joinville mostram uma realidade bem diferente. A média anual histórica de Joinville é de 2.130,1 mm. Menos da metade dos 4.165 mm do município de Calçoene, no Amapá. Há registros dos índices de chuvas de Joinville desde 1895. Naquele ano, choveu cerca de 2.200 milímetros. Desde 1950, os anos em que mais choveu na cidade foram: 1957 (2.649,7 mm), 1983 (2.782,1 mm), 1998 (2.611,2 mm) e 2008 (2.570,9 mm) — anos conhecidos por enchentes históricas em Joinville.

Assim que já aprendeu mais uma. Culpar a chuva é mais uma lorota. Se temos as ruas mais esburacadas da história, tem menos a ver com chuva e mais com gestão ou como se diz por aqui com “geston”. Começamos falando de queijos e buracos e acabamos mostrando que não é chuva a principal culpada pelo estado vergonhoso em que se encontra nossa cidade.
Mas uma coisa é certa, a cada dia Joinville é mais conhecida pelo estado lastimável da cidade que pelos canteiros de flor, os jardins bem cuidados e o capricho com que as coisas eram tratadas. Se houver um levantamento das cidades com mais buracos nas ruas, apareceremos bem na foto e estar nos primeiros lugares é uma péssima notícia.

Um comentário:

  1. O dia que na Vila Dona Franziska o povão andar só de pizicleta nón vai mais haver esse broblema... Que venha a modernidade do Udo!!! DEIXA O HOMEM DELIRAR...

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