POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O leitor e a leitora sabem que é Paul Kersey? É preciso ter uma certa idade e alguma cultura cinematográfica – ou a falta dela – para saber que estou a falar do personagem do filme “Desejo de Matar” (Death Wish), interpretado pelo ator Charles Bronson, na década de 70.
Se nunca ouviu falar, aí vai uma pequena sinopse. Paul Kersey é um arquiteto que vive em Nova Iorque e um dia tem a vida virada pelo avesso. Um trio de anormais invade a sua casa, mata a mulher e viola a filha, que acaba num estado quase vegetativo.
Ante a falta de ação da polícia para prender os marginais, o pacato Paul Kersey decide sair pessoalmente à caça dos mauzões. Ou melhor, de todos os mauzões. O arquiteto se transforma num justiceiro e enche a cidade de cadáveres e mais cadáveres.
Mas por que trago este tema “charlesbronsoniano”? É para introduzir um comentário sobre os defensores da pena de morte. Porque tenho ouvido gente demais a insistir no tema: na política, na comunicação social, nas redes sociais. Quem nunca ouviu ou leu coisas como “bandido bom é bandido morto”?
Um aviso. Não pretendo discutir a pena de morte ou falar de direitos humanos – muita gente acha que nem se devem aplicar à bandidagem. E deixo logo claro que sou contra a pena capital. Pronto. Mas o objetivo é falar dos colhões desses tipos que andam por aí a defender a pena capital.
Eis a questão: você, que é a favor da pena de morte, teria coragem de ser o executor da pena? Ou seja, matar o condenado com as próprias mãos? Duvido. A maioria dessas pessoas não tem tomates para fazer isso pessoalmente. Ou seja, são a favor da pena de morte, mas por interposta pessoa e sem olhar a morte nos olhos. Tem que ser Estado executar a sentença.
Até que ponto você seria um Paul Kersey? Falar é fácil. Muitas pessoas têm a coragem “moral” para defender a pena de morte, mas falta-lhes a coragem “física” para a aplicar. Diga, leitor ou leitora, se você era capaz de ser o carrasco, olhando a sua vítima olho no olho? Duvido outra vez. Isso explica esse desejo de uma lei que permita ao Estado a fazer o trabalho sujo.
Ok... temos que considerar os fundamentos psicológicos e imaginar que alguém seria capaz de entrar nas vestes de carrasco (Menninger fala nas componentes de hostilidade: o desejo de matar, de ser morto e de morrer). É possível que alguém tenha essa coragem. Mas aí temos um dilema.
Pense bem. Se você for mesmo capaz de ser o carrasco, então está a se transformar naquilo que repudia: uma pessoa capaz de tirar a vida de outra. E, pela sua lógica, o que deve acontecer a alguém capaz de matar? A pena de morte. Eis uma aporia, senhoras e senhores (e lá estou eu novamente com os relativismos).
Enfim, como diz a antiga expressão, “quando se instala a pena de morte, a primeira a morrer é a inteligência”. E em tempo: os filmes com o Paul Kersey são muito ruins, uma morte lenta do cinema.
É a dança da chuva.
Isso não tem nada a ver com “tomates”. A pena capital é prevista em lei e executada pelo Estado. Ser a favor da pena de morte é ser a favor do regramento da Lei. Uma vez que há regras, para não fazer parte delas, basta não cometer crimes.
ResponderExcluirCapiche? Simples. Cristalino como a água.
Quanto a frase “bandido (assassino, estuprador, ect..) bom é bandido morto!”, concordo em número, gênero e grau. E quem discorda, espere ter um ente querido vítima desse tipo de bandidagem...
Ou seja, és um covardolas...
ExcluirTá aí um covarde.
Excluir“Ain.. não quero que bandido morra! Quero que ele seja preso, depois solto, depois preso... depois solto, depois preso, solto, preso, solto... depois preso de novo, aí fica um tempinho maior - 1 ou 2 anos, se (SE!) matar alguém (se for pobre e preto não vale que é perseguição...), depois solta a vítima dessa sociedade capitalista opressora, depois prende, solta... Ain, enfim...”
ResponderExcluirEita gentinha atrasada...
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