POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Se fosse “imorrível” (imortal ele é), hoje Karl Marx faria 200 anos. E para comemorar há muita festança por todo o mundo, desde a sua Trier natal até a Londres vitoriana onde viveu, passando pelo Brasil. O fato é que o velho barbudo, tão anatemizado pelos que nunca o leram (ou os que não entenderam), é um dos maiores pensadores da história. E não sou eu a dizer. É um quase consenso nos meios acadêmicos. E não só.
É só lembrar que faz alguns anos a respeitável BBC Radio 4, lá das terras de Sua Majestade, realizou uma votação para escolher o maior pensador de todos os tempos. Quem ganhou? Karl Marx, claro. E com uma goleada sobre o segundo colocado, o filósofo e historiador escocês David Hume (27,93% contra 12,67%). Mais atrás ficaram Wittgenstein, Nietzsche, Platão, Kant, São Tomás de Aquino, Sócrates, Aristóteles e sir Karl Popper (vá de retro).
A coisa até podia passar despercebida se não fosse a Inglaterra o país do liberalismo e da tal terceira via (que parece ter desaparecido). E não deixa de ser estranha a escolha de um pensador cujo nome ainda provoca ranger de dentes. O nome Karl Marx é amaldiçoado pelos conservadores, em especial os que nunca folhearam um dos seus textos.
E tem um processo muito típico do Brasil. Hoje em dia, para desqualificar um interlocutor, os conservadores acreditam que basta acusá-lo de ser “marxista” (é o mesmo que “esquerdista”). Em termos de hegemonia neoliberal, há um esforço violento para associar o pensamento marxiano ao atraso, anacronia e fracasso.
Depois da queda do Muro de Berlim, o neoliberalismo impôs-se como modelo sem alternativa. Modelo único, pensamento único. Todas as teses que estejam em discordância com o liberalismo econômico acabaram banidas do sistema de circulação de ideias. Qualquer pensamento dissonante é considerado datado, inoportuno. É tese sem antítese. Não há evolução.
Mas o método de análise do velho filósofo ainda tem muita força. É preciso ler a sua obra, que não se resume a “O Capital” ou à economia. A filosofia é uma das suas grandes contribuições para entender a sociedade. O problema é que os sicofantas do establishment não gostam de livros, preferem o conforto das “verdades” prontas.
O antimarxismo é mais do que natural. E ao longo dos tempos a crítica a Marx tem sido feita por intelectuais respeitados. Mas é uma abordagem que não podemos confundir com a vulgata rasteira das redes sociais, edificada sobre frases feitas e clichês idiotas. Antimarxismo de Facebook é a morte do pensamento.
As auto-citações são para evitar, mas não resisto a resgatar um excerto de um texto meu publicado no Anexo, do jornal A Notícia, num distante 18 de abril de 1993. E lá vão quase 25 anos. Dizia eu, naquela altura:
- Nos tempos de euforia liberal, Marx se transformou em sinônimo de atraso e a simples citação do seu nome podia colocar o indivíduo do lado menos recomendável do muro. Tornou-se impossível falar acerca do pensamento do velho filósofo sem que se esbarrasse em argumentos apriorísticos cuja irracionalidade impedia qualquer discussão.
O texto continua:
- Prevaleceu a histeria burra que dividia o mundo em mocinhos e bandidos (estes os que nutrissem simpatia pelo pensador alemão). Fruto de irrefreável compulsão ao reducionismo, aqui no patropi estigmatiza-se o que se julga entender por marxismo e, frase feita, joga-se tudo na lata de lixo da história. Só que qualquer pessoa com um mínimo contato com esse campo teórico sabe que Marx não se presta às simplificações pretendidas pelo senso comum.
É a dança da chuva.
Não sei qual o sentido de comemorar a vida e obra de um sujeito que passou a vida toda sem trabalhar, sendo sustentado pelos outros, cuja "grande obra" foi teorizar a criação do comunismo, um dos regimes mais genocidas da história e tão cruel quanto o nazismo. Comunismo e nazismo são irmãos gêmeos de destruição, populismo, culto à personalidade, divisão do povo em "nós" e "eles", morte e violência. Os países comunistas se tornaram todos miseráveis, isolados e atrasados. Não vejo razão alguma para comemorar algo assim. O muro de Berlim caiu em 1989... Nem os alemães aguentaram o desastre inventado por Marx.
ResponderExcluirMeu, como tu é inteligente. Fico aqui a pensar uma razão para a gente ler livros e mais livros quando basta ler um comentário teu para saber tudo... Fantástico. Que intelectual.
ExcluirAh... e agora já podes ler o meu texto. Porque nem te deste ao trabalho.
Parabéns!
ResponderExcluirParabéns, Karl Marxs!
Parabéns pelas mais 170 milhões de mortes causadas por sua “obra filosófica” (não econômica!) ter sido posta em prática por governos comunistas e socialistas!
Parabéns pelas perseguições, fome, violência, assassinatos, campos de concentração... Todos causados por imbecís populistas que ainda o seguem como a última tábua de salvação da esquerda.
Parabéns!
Outro intelectual. Fale mais sobre o tema. Ilumina a gente com a tua sabedoria e conhecimento. Em tempo: agora já podes ler o meu texto.
ExcluirMuita gente critica o Marx por não trabalhar ao longo da vida. Será que trabalho intelectual é confundido com ociosidade? Será que estes anencéfalos também criticam o papa Francisco por não trabalhar?
ResponderExcluirÉ uma coisa pavloviana. Os caras leem o nome Marx e já abrem a caixa de clichês. Mas a maioria nunca leu e nem sabe do que se trata.
ExcluirA visitação ao túmulo de Marx é cobrada uma taxa, no melhor estilo capitalista! Kkkkkk
ResponderExcluirPuta que pariu. O melhor argumento do mundo. Tu é assim burro ao natural ou isso exige treino?
ExcluirNão é um argumento!
ExcluirÉ uma piada!
Consegue discernir?
Persevera!...
Vires aqui fazer esses comentários já é piada. Está implícito. Segue a banda...
ExcluirFalar mal do comunismo é como bater em bêbado. É um assunto irrelevante que não representa mais uma ameaça. Graças a Deus.
ResponderExcluirE onde foi que a palavra comunismo apareceu no texto?
ExcluirDeixa pra lá, é irrelevante.
ExcluirExato. És irrelevante.
ExcluirFalar bem do capitalismo ocidental, predador e imediatista, é que representa uma ameaça à sobrevivência da raça humana no planeta, provavelmente graças ao demônio. Os capitalistas ocidentais não leem Marx, nem artigos que falem bem dele. Aliás não leem absolutamente nada, para não deixar poluir suas sagradas convicções e dogmas. Ronaldo Aidos / Joinville
ResponderExcluirÉ verdade, acompanhamos toda semana os americanos arriscando a vida tentando fugir pra Cuba.
ExcluirHahaha
Se esta é a tua resposta ao comentário do Ronaldo Aidos, então deves sofrer de dislexia. Recomendo uma consulta...
Excluirdiz o PETISTA.
ExcluirÉ mesmo dislexia.
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