quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

UFMG: a "esperança equilibrista" mais pareceu uma operação de guerra

POR CLÓVIS GRUNER
Repercutiu, ao longo do dia de ontem, a invasão da UFMG pela Polícia Federal. A operação, a exemplo do que já aconteceu antes em outros campi, notadamente na UFSC, foi espetacular, no pior sentido da palavra: foram mais de 80 agentes policiais, alguns uniformizados e fortemente armados. Uma operação de guerra.

Também ao longo do dia de ontem circularam hipóteses para a operação, arrogantemente batizada de “Esperança equilibrista”, apesar do pouco equilíbrio e da dose cavalar de desesperança e desespero que esse tipo de ação arrasta junto com ela.

Todas as suposições podem ser resumidas em uma, que me parece contemplar todas as outras: depois de colocar as universidades públicas de joelho ao longo do ano, estrangulando-as financeiramente, o governo ilegítimo de Michel Temer agora investe contra as universidades e seus profissionais transformando-nos todas e todos em criminosos potenciais.

Essa dupla desqualificação, silenciosa e material, ruidosa e simbólica, não é casual nem gratuita. Ela é parte de um projeto político de desmonte da educação pública, que não está restrito ao ensino superior, mas que o mira em um momento particularmente significativo.

Não se trata de coincidência que a precarização da universidade, seu desmonte e os esforços por desqualificá-la junto à chamada “opinião pública”, acontecem quando, mesmo que ainda timidamente, o acesso a ela tem sido ampliado de forma a democratizar uma instituição que, historicamente, atendeu principalmente as elites.

Vem daí também a urgência, a voracidade com que somos atacados. À medida que nos democratizamos, que a universidade se abre mais e mais à diversidade de classe, étnica e de gênero, que ela muda seu perfil socioeconômico e cultural, é preciso não apenas constrangê-la e humilhá-la, mas criminalizá-la.

A criminalização da Universidade, ironicamente obra de um governo notoriamente criminoso, não é apenas mais uma etapa de um processo político de desmonte da educação pública. Ela é também um projeto de classe, o de manutenção das desigualdades a qualquer custo. 

14 comentários:

  1. um dia depois da invasão do campus da UFMG, os agentes da Polícia Federal voltaram à UFSC, com acusações semelhantes ao que aconteceu da primeira vez e que resultou na morte do reitor Cancellier. O Brasil virou uma terra de ninguém, onde os princípios básicos da democracia, como a presunção de inocência e autonomia universitária são constantemente desrespeitadas. Só o povo na rua poderá impedir estes abusos.

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  2. Juíza q autorizou a invasão da UFMG e a mesma que declarou-se incompetente pra julgar os assassinos dos fiscais do trabalho, no que ficou conhecido como a "Chacina de Unaí" http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/01/juiza-se-declara-incompetente-para-julgar-chacina-de-unai-e-vai-enviar

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  3. A tal Raquel Vasconcelos Alves Lima, em outra decisão, mandou colocar em liberdade o neonazista que enforcou um morador de rua.
    https://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/neonazista-enforcou-mendigo-recebe-liberdade.html

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  4. Não é preciso ser intelectual para ver o "tiro no pé" que foi o impeachment da Presidente Dilma, o resultado grotesco do golpe parlamentar. Creio que o mais estúpido crítico da "esquerda" - e que ainda tenha um mínimo de tirocínio - já deve estar percebendo (e se tiver um mínimo de decência) o equívoco que foi apoiar esta investida insana da "direita", executada pela quadrilha que assola a Câmara, o STF e parte da PF. Laércio Amaral

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  5. Esqueceu de colocar essa parte no texto: "De acordo com o delegado da Polícia Federal Leopoldo Lacerda, o inquérito aponta que, até o momento, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção do memorial e pesquisas de conteúdo, mas, de acordo com a polícia, “o único produto aparente é um dos prédios anexos, ainda inacabado”.
    Ainda segundo as investigações, os quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos realizados pela Fundep, contratada para realizar as pesquisas de conteúdo e produção de material para a exposição de longa duração que o memorial abrigará.". Parece que para a esquerda as Faculdades Federais deveriam ter imunidade cível e criminal.

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  6. "No projeto anticorrupção que o presidente enviou ao Congresso Nacional as penas são pesadas. As punições foram comparadas às de crimes hediondos. Pelo texto, aumenta de dois para quatro anos a pena mínima para crimes de peculato, concussão, corrupção ativa e passiva. Isso equipara os crimes do colarinho branco aos de assalto a mão armada, por exemplo. É claro que, como outras no Brasil, toda lei corre o risco de ‘não pegar’. Mas, se pegar, ladrões de paletó e gravata poderão, finalmente, ter o mesmo tratamento dos bandidos que atacam na rua – um alento para os brasileiro de bem."

    Para a justição, o bandido de toga, com canudo, mestrado, doutorado, líderes universitários, devem ser tratados como civis comuns!!!! O exemplo vem de cima!!!

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  7. Tem de avisar a PF para cuidar ao prender delinquentes, porque se eles resolvem cometer suicidio, a culpa é da corporação segundo a esquerda ditatorial brasileira.

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    1. Daqui amanhã vão dizer que Celso Daniel também suicidou-se!!!

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    2. Celso Daniel? Fale mais sobre isso. Parece que sabes coisas que nem a PF sabe...

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    3. Perdão Baço, esqueci de botar: #IRONIA no final da frase!!!

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    4. Os verdadeiros delinquentes a PF não prende. Por que ela não entra no Palácio do Planalto, lá tem um ninho deles.

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    5. A PF até entra no Planalto, faz gravação de Presidente e tudo. Aí depois é feita de palhaça!!!

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    6. Pra que no Planalto, se o maior delinquente está em campanha política em carreatas com funcionários públicos obrigados a comparecer na claque?

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