segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Foi um atentado


POR JORDI CASTAN
A colocação de um artefato explosivo de baixa potência na caixa de correio na residência do arquiteto Arno Kumlehn não é o resultado do acaso. Não há nada de fortuito. Foi um atentado. Um atentado precedido por avisos e ameaças.  Por sorte, nesta ocasião não houve vítimas. Mas se não houver uma resposta adequada, nada impedirá que outro atentado de maiores proporções possa voltar a se produzir.  As imagens provam a potência do impacto produzido pela explosão.

Arno Kumlehn é aguerrido e defende suas posições em prol de uma Joinville melhor, com convicção e conhecimento. Sua militância no Conselho da Cidade tem incomodado - e muito - os setores mais recalcitrantes na defesa do modelo de desenvolvimento ultrapassado que estão querendo impor a Joinville. O modelo que preconiza o lucro a qualquer preço e que consegue juntar, num mesmo grupo, políticos desonestos (acreditemos que ainda possa haver algum que seja honesto), especuladores gananciosos e, desculpem a redundância, funcionários públicos preguiçosos e corruptos. É um contingente numeroso e barulhento.

Não poucas vezes este grupo majoritário tem feito ameaças, veladas no início, quando ainda tinham um mínimo de vergonha e temor. Ultimamente, amparados pela impunidade e pelo apoio de importantes lideranças locais, as ameaças, além de mais frequentes, passaram a ser feitas abertamente na frente até de testemunhas. Eu mesmo tenho presenciado os “conselhos” dos amigos que só estão preocupados com o melhor para Joinville e que vem com preocupação que a LOT não tenha sido aprovada ainda.

E quando ameaças travestidas de “conselhos” não alcançam o efeito desejado? Os que acreditam que essa proposta da LOT (Lei de Ordenamento Territorial) que esta aí não é o melhor para a Joinville do futuro, sabem ser a hora em que a sociedade deve lutar com todos os recursos que o estado de direito oferece ao cidadão para proteger seus interesses. O embate democrático é parte do processo de construção de cidadania, mas quando um dos lados parte para a intimidação e converte ameaças em atentados violentos, estamos ultrapassando uma linha  inaceitável numa sociedade democrática.

Estamos acostumados a ler, ver e ouvir na imprensa imagens brutais de atentados terroristas com dezenas de mortos e feridos e acreditamos que estamos livres de este tipo de situações em Joinville, que ninguém aqui ousaria usar da violência para calar a voz dos dissidentes. Só o desespero dos que ofereceram vantagens que não poderiam cumprir pode justificar um ato de tal brutalidade.  Só a cobiça dos que com as mudanças propostas na LOT poderão multiplicar seu patrimônio por dezenas ou centenas de milhares, pode ser a justificativa para tamanha violência.

Preocupa o silêncio de uns. Também o apoio escancarado de autoridades constituídas à aprovação, goela abaixo, de uma LOT que trará para a cidade um modelo que aumentará o caos urbano, reduzirá a mobilidade e criará uma Joinville com menor qualidade de vida. Uma cidade mais espalhada ainda, que avançará sobre as poucas áreas rurais remanescentes e sobre os morros e as áreas verdes que garantem parte da qualidade de vida que Joinville teima em manter.

Foi um atentado e agora é a Policia Civil quem deve investigar o Boletim de Ocorrência 0084-2014-00734. Há que identificar os autores e os mandantes. Quem mandou explodir não tem coragem para fazer e manda fazer. É tão hipócrita que ainda da tapinha nas costas e liga oferecendo sua solidariedade.

13 comentários:

  1. Desculpe minha ignorância, mas o ministerio publico não tem poderes p/ investigar e iluminar essa obscura LOT, descobrir e denunciar abusos.
    Na minha opinião deviam botar a PF no caso.

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  2. Alguém ser rebaixar ao ponto de botar uma bomba na caixa de correio do Arno é o fim da picada.

    Para desqualificar ele basta que o deixem falar. Ele não aceita argumentos contrários as suas "ideias obtusas".

    É o típico profissional arrogante que não agrega, pois quando suas "ideias e valores" não são aceitos tornasse uma pessoa mal educada e grosseira.

    Por isso quem jogou uma bomba na caixa de correio dele deveria ser preso por dois motivos. O primeiro é pelo crime de atendado a vida e o segundo é por ter se rebaixado ao mesmo nível dele.

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  3. Independente do Arno ser "dono da verdade" como insinuam alguns, existem muitos donos da verdade dentro do Conselho, cada um puxando a brasa para sua sardinha. Como eu sei que a causa do Arno é pró-coletivo, pró-cidadania, é esta "sardinha" que deveria ser a causa da maioria da população em detrimento dos interesses escusos e das imoralidades existentes, inclusive já denunciadas e acatadas em sua maioria pela Justiça. O Arno e muitos outros mexem com os interesses milionários de donos de imóveis, imobiliárias e construtoras, com interesses partidários e políticos, com funcionários públicos baba-ôvos carreiristas e corruptos, com comissionados que não fazem nada na vida a não ser saltar de cabide em cabide político, com empreiteiros que tem o Estado como principal têta, etc. Ou seja, tem que lutar contra o mundo corrompido que aí está.

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  4. Eu não gosto do Arno. Pois toda vez que ele abre a boca, me mostra o quanto eu preciso aprender sobre Direito Urbanístico e Ambiental.

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    1. E eu não gosto por que toda vez que ele abre a boca me mostra o quanto ELE não aprendeu...

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    2. E eu não gosto por que ele só sabe FALAR sobre direito urbanístico e ambiental e nunca OUVIR sobre direito urbanístico e ambiental.

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    3. Você esta tentando justificar a colocação de um explosivo na caixa de correio? Porque seu comentário não esclarece a sua posição sobre isso e é sobre isso que o post trata.

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  5. Arno, a Rachel Sheherazade do pensamento obtuso joinvillense, só que não.

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  6. É um néscio que acha que no grito ganha a parada, mas quando enfrenta contra-argumentos não tem o controle necessário. Fundamentalista Senhor da Verdade.

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    1. Estou tentando entender se isso justifica que sofra um atentado. O seu comentário não esclarece a sua posição sobre isso e é sobre isso que o post trata.

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  7. Infelizmente no século XXI ainda existem pessoas que na falta de argumentos apelam para a violência.

    Não é a toa que popularmente isto é chamado de "Partir para a Ignorância"

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  8. Santa Catarina é um estado com longa tradição em eliminações silenciosas. O número de dissidentes que de uma hora pra outra são suicidados é grande. Talvez os mandantes já não liguem mais para o fato de suas violências serem ou não vistas. Talvez a preguiça os tenha dominado e estão partindo para formas mais simples de intimidação.

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