quarta-feira, 6 de maio de 2015

Panelas vazias. Cabeças também...


A irreverência (necessária) de Maycon César e a LOT

POR VANDERSON SOARES

Daqui alguns dias, o IPPUJ enviará a LOT revisada para a Câmara. Há fortes boatos de que é uma revisão bem diferente das anteriores. Sabe-se que o grupo criado pelos pequenos e médios construtores, reivindicando a mudança de alguns pontos foi atendido.  Creio que estas pequenas mudanças foram colocadas para atrair a atenção da população para um lado do palco, enquanto a mágica de verdade acontece do outro lado.
Essa LOT tende a ser uma grande briga de foice entre os loteamentos horizontais e os grandes construtores de prédios. Sem mencionar que a mão invisível de um ou outro grande empresário da cidade queira beneficiar suas terras com essa nova lei.

Esta proposta deve ir para a Comissão de Urbanismo. Creio que alguns vereadores farão de tudo para colocá-la em outra comissão a fim de evitar a forte crítica de Maycon César. Falando nele, muitos servidores do poder executivo tem reclamado de Maycon César, pois este solicita com frequência esclarecimentos, vistas e ofícios às secretarias e fundações. Quanto a isso digo “Parabéns, Maycon”. É exatamente esse o papel do vereador: fiscalizar o executivo e legislar.

O título coloca Maycon César neste texto, pois ninguém  mais naquela casa legislativa seria mais indicado para presidir a comissão que avaliará essa nova proposta revisada. Pode ser que algum malandro queira articular e fazer essa proposta ser analisada pela Comissão de Legislação, mas creio que a cara de pau tem limite e acabará por ir ao caminho certo: a Comissão de Urbanismo.

Digo que não teria ninguém melhor que ele, pois é um vereador que questiona, critica, pede esclarecimentos e, o mais importante, não está a lamber as botas do executivo municipal.  Pelo contrário, é oposição e não tem medo de denunciar e colocar a boca no trombone.

Muitos podem dizer que ele está a sofrer investigação disso e daquilo, acusado disso e daquilo. Sim, está. Pode ser verdade o que dizem, como pode ser uma boa armadilha armada pela base. Estou apenas a dizer que ele não deixará pequenas pegadinhas plantadas na Nova LOT passarem desapercebidas.  
Imagino que a maioria dos vereadores esteja receoso dessa proposta cair nas mãos da Comissão de Urbanismo, justamente por ser o próprio Maycon César o presidente. Já imaginam que, no mínimo, haverá muitos questionamentos e esclarecimentos por serem respondidos. Não será tão facilmente aprovada, como muitos esperam.

*O autor não trabalha ou tem qualquer ligação com o vereador Maycon César ou com seu gabinete. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Davizinhos...

Davizinho por trás da máscara de bom moço
Crédito: Vitor Teixeira
POR PEDRO H LEAL

O clima atual exige que eu requente o personagem. Afinal, Davizinho nunca esteve tão vivo, tão ativo e tão raivoso.

Davizinho é um cidadão de bem; é uma pessoa direita - respeita as leis, paga seus impostos em dia, trata todos igualmente, luta pela democracia e pela liberdade. É íntegro e coerente, bem informado e respeitoso.

Ou assim ele gosta de pensar... Davizinho é um tipo bem comum que repete os mesmos bordões de senso comum para tudo, mas é um cidadão correto e íntegro, não é?

Quer dizer, ele respeita as leis de verdade, né? Nada de errado em comprar contrabando, em piratear, não é? "Bandido bom é bandido morto", diz Davizinho, sua resposta pronta para a violência urbana, mas quando tem que mostrar documentação na blitz é "abuso de autoridade". Para manifestante, a resposta pronta é bala de borracha, mas pro empresário que usa mão de obra irregular? "O estado tem que tirar a mão da economia". O rapazote que lhe abordou de madrugada? Tem que ser jogado na cadeia pro resto da vida! Agora, o colega que foi processado por racismo? "Ah, mas e a liberdade de expressão?".

Ele trata todos igualmente, ou assim gosta de pensar. Davizinho não é racista - ora, ele sequer acredita que isso exista! Não, o problema, diz ele, é que os negros se vitimizam demais e o branco é oprimido nisso. "Racista, eu? Ora, mas minha empregada é negra!" responde: "A polícia não é racista, tem PMs negros", alega: "Se tantos negros não fossem bandidos, não teria porque barrar eles", defende - sempre tapando os olhos. Ele desviar quando vê o rapaz de pele mais escura vindo a distância não tem nada de racismo, não, é só precaução. "Esse é o tipo do bandido", explica.

Tampouco é homofóbico. Só não quer essa "depravidade" perto dele. "Quer ser gay, é escolha sua", diz, "Só faça isso longe da minha vista". Pro Davizinho típico, que totalmente não é homofóbico, vivemos uma ditadura gay. A mera ideia de um beijo gay na TV lhe causa repulsa. Legalizar o casamento civil, uma afronta aos direitos individuais, mas como afronta, ele não consegue explicar. E se o filho for gay? "Não tenho que me preocupar com isso, meus filhos serão criados direito". Pois como todos sabem... isso aí de viadagem? É pai relapso.

Davizinho acredita piamente na meritocracia e por isso, se opõe intensamente à programas sociais. "Depois pobre se enche filho pra ganhar bolsa família e não ter que trabalhar", reclama o Davizinho, tirando informação sabe se lá de onde. Se ele conseguiu chegar onde está, por que esses vagabundos não conseguem? Afinal, ele também é pobre - certo que estudou em colégio particular e já tirou férias na Europa, mas a ajuda dos pais nada teve a ver, não é?

Ao menos ele é bem informado. Quer dizer, ele não lembra quando foi a última vez que leu um jornal. Todo mundo sabe que a mídia é governista e mentirosa. Do que importa, ninguém cobre: Ninguém fala da perseguição contra os empresários; dão espaço para "vagabundas", mas não se fala de como o homem é oprimido; cheio de cobertura de protesto, deviam proibir isso (a cobertura. O protesto, Davizinho já proibiu na sua cabeça).

Os mensaleiros foram julgados e condenados, mas Davizinho ainda bate nessa tecla. "O maior esquema de corrupção da história", diz e quando confrontado com esquemas maiores? "Tem muita coisa que não foi descoberta porque a mídia petista acobertou!". O alvo da vez é “o petrolão”, mas o resto ele ignora. Seu envolvimento com as notícias se resume àqueles comentaristas que dizem o que ele quer - tipo aquela moça que falou do carnaval... Ela falou agora dos bárbaros invadindo o espaço de bem e dos vândalos disfarçados de professores, né?

Bom mesmo era na ditadura - não que Davizinho admita isso: quer dizer, ele admite que é a favor dos militares. Só não admite que era uma ditadura, porque "ditadura é coisa da esquerda". E de esquerda ele entende: nazismo? esquerda. Ditaduras? Todas de esquerda! Obama? Comunista! Partidos no Brasil? Todos de esquerda. Ele ouviu assim. Aquela verdade que vem da barriga, e não do cérebro essa é o bastante pro Davizinho.

É. Davizinho é um cidadão de bem... Mas ele é bem intencionado, e não é isso que importa? O seu coração está no lugar certo, pensa o Davizinho. Ele só quer livrar a sociedade desses parasitas e gerar um espaço onde o cidadão bem seja seguro e protegido contra os "bandidos". E não é isso que importa? Agora só espera um minutinho que Davizinho tem que ir desumanizar a rede um pouco.

*Qualquer semelhança com Davis reais ou imaginários é coincidência - Nem todo Davizinho é Davi, e nem todo Davi é Davizinho. Qualquer semelhança com o célebre (e aposentado) personagem Almeidinha não é: Davizinho e Almeidinha são parentes - praticamente pai e filho.

Détis au folquis!


Quando o ruim é ainda mais ruim

POR JORDI CASTAN


Há uma certa disputa para identificar qual tem sido a pior administração dos últimos tempos. A disputa não se limita ao âmbito local. Vai também ao nível estadual e, especialmente, ao federal, onde os ânimos andam acessos e há apoiadores fervorosos deste ou daquele candidato.

No nível municipal, é preciso voltar décadas no tempo, para encontrar um prefeito que seja reconhecido pela maioria como um bom gestor. O problema é que as nossas referências são muito pobres - mais que pobres, são paupérrimas. Andamos como Diógenes na busca de um administrador honesto. Que seja competente já é esperar demais. Nos contentamos com tão pouco que é só olhar os nomes que estão começando a se assanhar para 2016.


A lei de Murphy explica que não há nada tão ruim que não possa piorar. À luz dos nomes que circulam pelos bastidores, Joinville tem uma relação de amor apaixonado com a dita lei. Seguiremos, como Diógenes, buscando um homem honesto. A história não menciona se desistiu de buscar um que fosse competente.

O filosofo é poeta latino Lucrécio definiu muito bem a atual situação que estamos vivendo. Explicava ele,que os tolos acreditam que a maior montanha que existe é a mais alta que conhecem, e não imaginam que possam existir outras maiores, porque seu mundo não vai além dos limites da vila. 


Ao avaliar as coisas unicamente a partir do que já conhecemos, a nossa capacidade de juízo e avaliação fica comprometida. Prevemos soluções para a pior situação possível, sem entender que, do mesmo modo que há montanhas mais altas que o Morro da Tromba e rios mais caudalosos que o Cubatão, também os problemas que Joinville enfrenta poderão ficar muito piores do que já estão. Basta que sigamos elegendo mal os nossos administradores.

Nos preparamos para o pior conhecido, sem perceber que o próximo prefeito poderá ser pior que o pior que já tivemos. Assim enfrentamos continuamente o paradoxo do chamado "pior possível". Ou seja, o pior conhecido é superado por outro ainda pior. E isso sem falar na corrupção, em que cada novo escândalo é ofuscado por outro maior, mais desavergonhado e com mais gente importante envolvida

Corremos o serio risco de que a frase: "Não pode ser pior" nos remeta a padrões tão terríveis que não estejamos preparados para enfrentá-los e sejam ainda muito piores que os que até agora conhecemos.