sábado, 19 de agosto de 2023

Os astros estão se alinhando para Carlito Merss

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O leitor e a leitora conhecem a expressão “os astros estão se alinhando”? É uma coisa que vem da astrologia, mas que acabou incorporada ao léxico do dia a dia das pessoas. É a expressão que melhor define a posição do ex-prefeito Carlito Merss, quando lançamos um olhar sobre as eleições para a Prefeitura de Joinville, no ano que vem. Em que consiste esse alinhamento? Numa série de fatores favoráveis que criam uma  “tempestade perfeita” (aqui no bom sentido).

O primeiro fator é a repetição do ambiente das eleições de 2008, na altura bastante favorável. O Partido dos Trabalhadores estava no governo federal, com Luiz Inácio Lula da Silva na presidência, e isso trouxe vantagens aos candidatos petistas. A economia brasileira estava num bom momento e a sociedade brasileira respirava otimismo. Isso permitiu diminuir a resistência ao partido e contribuiu para a vitória de Merss. É sempre bom lembrar que Joinville não tem tradição de votar à esquerda.

Hoje Luiz Inácio Lula da Silva está de volta ao Governo Federal e tem mantido um bom desempenho. O que, aliás, nem chega a ser um mérito tão extraordinário se a comparação for com o seu antecessor. O governo de Jair Bolsonaro foi o mais desastroso na história do país e não há como fazer pior. O desgaste da imagem do bolsonarismo joga a favor dos candidatos do Partido dos Trabalhadores. E estão dadas as condições para crescer também no plano municipal.

O ex-presidente Jair Bolsonaro está muito enrolado com a Justiça e o seu inferno nem bem começou. É muito provável que acabe na Papuda. Os próximos meses devem ser fatais para o bolsonarismo e há indícios de que muitos – os que não são bolosnaristas raiz – já estão a saltar do barco. Para usar uma expressão popular, Bolsonaro e o bolsonarismo estão mais sujos do que pau de galinheiro.

É uma situação que pode respingar no sapatênis do atual prefeito Adriano Silva, que nunca escondeu a sua condição de bolsonarista. Tudo isso sem falar que o desempenho do atual prefeito é pífio, apesar de continuar a ter o apoio dos eleitores das classes média alta e alta. É importante considerar também que o próprio partido Novo não está bem na fotografia. É um candidato forte? Sim. Mas tem rachaduras no dique? Tem.

O que os olhos não veem o coração não sente, já diz o velho ditado. Mas se tudo correr conforme o prometido, os eleitores vão começar a ver obras do Governo Federal. Esta semana o presidente Lula anunciou as obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que incluem as seguintes obras em Santa Catarina:
- BR-470 (adequação Navegantes - Rio do Sul);
- BR-280 (adequação São Francisco do Sul - Jaraguá do SuI);
- BR-282 (adequação Florianópolis - São Miguel Do Oeste); 
- Nova sede do Instituto de Cardiologia;
- Mais moradias do Minha Casa, Minha Vida.
São as obras de maior vulto, mas também há ações previstas no plano do saneamento básico, educação, ciência, inclusão digital, entre outros.

Que papel Carlito Merss pode ocupar neste panorama, em especial nos projetos mais ligados à região de Joinville? Hoje o petista ocupa o cargo de Gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional e desfruta de um bom trânsito em Brasília. É uma vantagem, porque a atual posição permite ter as portas abertas nos gabinetes do Governo Federal. O eleitor é sensível a este aspecto.

Outro fator que parece um pormenor, mas na prática é um “pormaior”. O fato de atualmente estar no Sebrae permite uma maior exposição midiática, o que é essencial para levar o seu nome de forma mais recorrente aos eleitores. É uma questão de inteligência comunicacional. Enfim, o universo conspira a favor do petista e, como dizem os gaúchos, “um cavalo encilhado não passa duas vezes”. É tomar as rédeas.

No entanto, há algumas questões que deixam uma eventual candidatura em suspenso. A primeira é que o próprio Carlito Merss não parece disposto a concorrer. Outro fator tem sido o baixo desempenho do partido na conquista de lugares na Câmara de Vereadores e essa é uma sustentação necessária para governar bem. E, por fim, a sua escolha também não é consensual dentro do partido, onde ainda há algumas pessoas pouco focadas na lógica das probabilidades.



segunda-feira, 31 de julho de 2023

Que tal pôr o Mercado Municipal de frente para o Cachoeira?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Um dia destes um amigo estava a elogiar o Mercado de Lages. Segundo ele, na comparação com o mercado municipal de Joinville, o nosso leva uma sonora goleada. Aproveitei para introduzir um argumento que parece interessante, mas que nunca vi ser discutido: é preciso que o mercado local deixe de estar de costas viradas para o rio. O ambiente proporcionado pelos flamboyants é muito agradável, mas um rio acrescenta encantos e tem enorme potencial. Aliás, um passarinho contou que os flamboyants poderiam estar em risco por serem árvores exóticas.

O tema é oportuno. A Prefeitura de Joinville pretende realizar uma obra a que chama Porto Cachoeira, um parque linear urbano às margens do rio. É uma boa iniciativa, que, aliás, só peca por tardia. Ter um espaço junto ao rio deveria ser a coisa mais natural do mundo. Mas sem querer jogar água no chope, o São Tomé que habita em mim quer ver para crer. O historial da cidade na "realização" de obras de grande porte não tem seguido o melhor dos percursos ao longo dos tempos.

Um parque linear é bom, mas o rio precisa de atenção para se tornar mais agradável. E uma pequena mudança no Mercado Municipal, voltando-o para o rio, podia ser um bom início. Aliás, seria um retorno às origens. É bom lembrar que, no fim do século XIX, o comércio obrigava a cidade a estar virada para o rio. O Cachoeira tinha cais, porto, armazéns e até o moinho de trigo. Foi então que prefeito Procópio Gomes de Oliveira construiu o primeiro Mercado Público, de arquitetura açoriana.
 
Quando Luiz Henrique da Silveira assumiu a prefeitura, o prédio foi demolido para dar lugar à construção que existe hoje, um exemplar daquilo que as pessoas chamam “estilo enxaimel”. Mas não tem estilo e nem é enxaimel. Hoje o Germano Kurt Freissler é um lugar agradável, mas ainda há muitas insuficiências para fazer do lugar um espaço turístico sem restrições. O espaço tem potencial para ser um "ex-libris" da cidade. Mas isso exigiria iniciativa, investimentos e um olhar para além das eleições.

Talvez seja boa ideia mudar o "modelo". Sem retirar o ADN do local, tentar aumentar a oferta e pôr o local mais em sintonia com os mercados modernos que vão surgindo pelo mundo. Como? Não me perguntem. Eu sou apenas o gajo que passa um mês por ano em Joinville e gosta de tomar uma cerveja à beira de um rio. Os gestores públicos, que são pagos para isso, que descalcem essa bota. Afinal, é para isso que as pessoas pagam impostos: para que eles encontrem soluções. Eu apenas faço sugestões.

É a dança da chuva.

Mercado de Lages


domingo, 23 de julho de 2023

No fio do bigode

 POR JORDI CASTAN

A CAJ (Companhia Águas de Joinville) é a joia da coroa da administração municipal. Uma empresa que, se for bem administrada, fiscalizada e cobrada poderá ser motivo de orgulho para todos os joinvilenses. Como toda empresa pública, seus processos estão sujeitos as leis. A famosa lei 8666 estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Esta lei foi atualizada com a publicação da 14133. A principal diferença entre a lei 8666 e a lei 14133 é que a nova lei 14133 se adequa às novas tecnologias e às necessidades do setor público atual.

Conheço bem a 8666, da época em que fui presidente da CONURB, empresa municipal de economia mista. Conheço menos a 14133, mas em nenhum dos seus artigos e parágrafos encontrei o termo “no fio do bigode” como forma de contratação ou de negociação ou acordo entre as partes, quando uma delas está sujeita ao cumprimento da lei. Mas de acordo com o depoimento dado na Câmara de Vereadores pelo proprietário do imóvel alugado à CAJ, tudo foi feito no "fio do bigode".

Fui estudar o significado da expressão e a época em que surgiu: o bigode era um símbolo de homem honrado, que, além de barba, tinha "vergonha na cara". Seu significado é prometer algo verbalmente, sem precisar de assinatura, e sua origem é incerta. Acredita-se que tenha surgido da frase germânica “Bei Gott”, usada em juramentos e que significa “por Deus”.

Nada de encontrar essa figura como forma válida e legal para contratação com o serviço público de produtos e serviços. Ainda para complicar, nesta época em que há tantos “homens” usando barba e bigode fica mais difícil poder assegurar que haja tanto homem honrado. Vai que duvido da honestidade de muitos que são. Mas o legislador quando não previu a contratação “no fio do bigode” deveria saber por que não o fez.

A história é simples, até simples demais. A CAJ contratou, se acreditarmos no depoimento do Sr, Arlindo Tambosi  que construiu um prédio completo para a Companhia Águas de Joinville. Sem outra garantia que o fio do bigode. No mínimo é temerário. O prédio em questão é a nova sede da CAJ localizada na região central de Joinville e foi construída sob medida para atender as demandas da Companhia, num modelo denominado BTS ou Build to Suite, numa tradução livre, construído para servir a um propósito específico.

Não vou entrar no mérito do saber se a nova sede melhorou o acesso do joinvilense, nem se representou um aumento da qualidade do atendimento ou do número de posições de atenção ao cliente porque não há ônibus passando na frente, não houve aumento do numero de posições. Portanto, até agora parece que não melhorou em nada a vida do cliente.

O processo de contratação desperta dúvidas, especialmente na forma de pago do aluguel, nos valores e nas parcelas contratadas. Está mais do que na hora de colocar luz neste esgoto em que esta se convertendo a que deveria ser motivo de orgulho para todos. Aliás, Joinville tem ainda um dos percentuais de cobertura de saneamento básico mais vergonhosos do Brasil, especialmente entre as cidades de seu porte. Quando a água da torneira deixa de ser incolor, inodora e insípida? É hora de investigar mais. 

terça-feira, 18 de julho de 2023

Se Floripa vai ter o Dia do Batman, Joinville devia ter o Dia do Riquinho

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Floripa pode vir a ter o Dia do Batman. E eu, que sou muito invejoso, fico a imaginar a criação de uma data para Joinville poder competir com a capital. Depois de um extensivo benchmarking (palavrinha que esse pessoal do Novo adora de paixão), tenho uma sugestão a fazer: que tal criar o Dia do Riquinho? Sim, aquele menino podre de rico. Não sei se vocês concordam, mas acho que tem tudo a ver com a vida política da cidade.

Riquinho é um personagem das histórias em quadrinhos criado por Alfred Harvey e Warren Kremer. É um garoto herdeiro de uma fortuna. As histórias de Richie Rich, o seu nome em inglês, geralmente envolvem aventuras a explorar o seu parque de diversões privado ou a enfrentar vilões. Olha a metáfora aí, gente: poderíamos dizer que os vilões são os caras da esquerda (geralmente pobres de marré) e o parque de diversões seria a própria cidade. Não faz sentido?

Resumindo, Riquinho é conhecido por ser uma criança rica, muito rica. É herdeiro de uma fortuna incomparável, proveniente dos negócios bem-sucedidos de seus pais e ancestrais. Na história em quadrinhos, a sua riqueza é retratada através de uma mansão gigantesca, conhecida como "Mansão Rich". Sem querer ficar repisando nas metáforas, acho que podemos fazer outra analogia com um certo prédio na avenida Hermann August Lepper, que também é muito grande.

O personagem Riquinho é tido como inteligente, tudo graças à sua educação privilegiada. Mas há um contrassenso. Se existisse em carne e osso, o rapaz seria bolsonarista, até porque é uma questão de classe. Os muito ricos – em especial de Joinville – adoram Bolsonaro. Mas não existe coisa mais desinteligente do que ser bolsonarista. Enfim, mesmo que uma pessoa seja criada com iogurte de leite de beija-flor, isso não é garantia de pensamento sofisticado.

E como o pessoal que manda na city tem o mindset nas coisas do marketing, proponho a introdução de um processo de "ritual markerting". A data (um feriado, claro) seria a 15 de dezembro, o Dia do Jardineiro, e teria um ritual: nesse dia seria implantado o costume de dar flores e livros. A ideia é inspirada na festa de Sant Jordi, o santo padroeiro da Catalunha. Lá são rosas, mas em Joinville pode ser qualquer flor. Quanto aos livros, só obras do “filósofo” Olavo de Carvalho.

Vai ser um sucesso. Chupa, Batman. Chupa, Floripa.

É a dança da chuva.

Em Floripa, Dia do Batman. Em Joinville, Dia do Riquinho



sábado, 15 de julho de 2023

Joinville não gosta de Lula, Lula gosta de Joinville

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A notícia foi veiculada em junho. A Secretaria de Saúde de Joinville aderiu ao programa Mais Médicos, com um pedido para a contratação de 51 médicos (é um número esquisito, mas todos sabemos que 51 é uma boa ideia). O Mais Médicos, agora retomado pelo Governo Federal, é um projeto vantajoso para os municípios, já que a prefeitura paga apenas os auxílios moradia e alimentação, com o Governo Federal assumindo as outras despesas. 

Muita gente podia imaginar entraves por parte do atual Governo Federal. Afinal, Joinville é um dos redutos mais bolsonaristas do país. É irônico lembrar o azedume revanchista do ex-presidente, que discriminou os governadores da região Nordeste, onde teve menos votos. Em 2019, ele afirmou que muitos dos governadores nordestinos "são socialistas". "Eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles", disse. 

Mas no caso de Joinville não houve qualquer entrave. Ainda esta semana, apenas um mês depois, o município soube que o pedido tinha sido aprovado e que os médicos iriam ser contratados. Qual a diferença entre Bolsonaro e Lula da Silva? É que Lula segue uma lógica muito clara: o presidente governa para todos os brasileiros, mesmo os que não gostam dele e não votaram nele. Lula segue o mais elementar espírito republicano, algo que o inelegível Bolsonaro nunca praticou e sempre desprezou.

A previsão é de que os médicos do iniciem as atividades até ao final deste ano. Mas não vamos fazer de contas que  muita gente ligada à esquerda não conseguiu esconder um certo sorriso. Porque, cá entre nós, não deixa de ser um tapa com luva de pelica no pessoal que odeia o atual presidente. Lula, que é odiado, faz o bem para a cidade. Bolsonaro, que é amado e até recebeu uma machadinha, sempre cagou e andou para a cidade e nunca trouxe qualquer contributo para a vida dos joinvilenses. Ironias...

Só faltava o presidente Lula criar o programa Mais Jardineiros. Isso sim ia fazer a felicidade da administração pública em Joinville.

É a dança da chuva.