POR JORDI CASTAN
A Audiência Pública,
realizada na ACIJ para que a sociedade pudesse avaliar o EIV (Estudo de
Impacto de Vizinhança) do supermercado Condor, mostrou mais sombras que claridade
nos dados apresentados. As inconsistências foram questionadas, principalmente
as referentes ao impacto negativo que teria sobre o trânsito da região. Não
houve respostas concretas, nem convincentes.
Não houve respostas, porque
cada um dos atores, na audiência pública, estava representando seu papel. Os
empreendedores defendo as maravilhas e benesses que o novo hipermercado traria
para a região, destacando o número de novos empregos criados. Ninguém
questionou o tipo de empregos e a média salarial de caixas e repositores de estoque.
Ao fim de contas a maioria dos representantes da sociedade estava fazendo de
claque a favor do empreendimento. Não há como precisar se estavam lá por própria
vontade ou se tinham sido mobilizadas pelo empreendedor ou pelo próprio poder
público para apoiar o empreendimento. O certo é que houve só elogios ao
supermercado. É bom lembrar que o objetivo das audiências públicas é de ir
armado com dados, estudos e manter uma posição critica que permita separar o eufemismo do empreendedor e da claque dos impactos negativos que o
empreendimento trará para a região e para a cidade.
O tamanho do
estacionamento. O tempo médio de compra. A movimentação adicional gerada pelos
caminhões dos fornecedores. Tudo foi questionado e não houve resposta. Neste
ponto ficou claro que os representantes do poder público assumiram o papel de
claque, passaram a defender sem rubor o empreendimento e,na sua defesa
apaixonada, esqueceram que seu papel era o de defender os interesses da
sociedade e não os do supermercado.
Sem dados e sem conhecimento evidenciaram a tendenciosidade
dos seus argumentos. Baixou o telão, a audiência não permitiu que a vizinhança
tomasse conhecimento do impacto real do autorizar um empreendimento naquele
local. Os representantes do município, que já tinham autorizado o empreendimento,
passaram a agir, e seguem agindo, mais como prepostos do supermercado que como
defensores dos interesses de Joinville.
Agora no novo capítulo
da novela do supermercado Condor. É que começam a ser implantadas as mudanças no trânsito
no entorno. O que não foi respondido na audiência pública está sendo posto em prática. Com a instalação de um sinaleiro na Rua João Colin, para facilitar o
acesso ao supermercado, os passos seguintes serão as mudanças de mão nas Ruas
Almirante Barroso, Machado de Assis e num trecho da Rua Benjamin Constant.
Sinto pena dos moradores da Rua Machado de Assis, uma rua que hoje não permite
o trânsito de caminhões de mais de 5 toneladas e que passará a conviver com ônibus,
caminhões de maior tonelagem, a retirada do estacionamento e um volume de tráfego incompatível com uma rua com perfil residencial. O estrago está feito. Agora
todos os caminhos levarão ao Condor, até placa de trânsito com o nome do supermercado já colocaram. Se a moda pega.
Pensei se alguém previu
o que será daqui para frente a ligação Leste–Oeste na região, mas depois
lembrei que não há que procurar maldade onde só há inépcia.