A internet revolucionou a esfera pública. Pessoas que antes não tinham um meio de expressão, hoje podem ir para as redes sociais ofender, caluniar, xingar, difamar, odiar. Ok... não era essa a ideia original, mas é o que temos. Aliás, as redes sociais também servem para inventar ou reproduzir notícias falsas. É uma casa de loucos, um autêntico vale-tudo.
“Eu estou certo”...
Nas redes sociais, todos acreditam estar certos e ser portadores da verdade derradeira. Autênticos gênios. Até mesmo aqueles que se “informam” de forma preguiçosa e sem critério. Pergunto: você consegue passar um único dia nas redes sociais sem experimentar algum sentimento de vergonha alheia? Não, certo?
“Não tenho dúvida”.
As redes sociais são um lugar onde a dúvida não existe. As pessoas vivem com inabaláveis certezas, mesmo que sejam as coisas mais estapafúrdias. E ai de quem tentar questionar. Enfim, como anunciava Bertrand Russel, “aquilo que as pessoas de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza”. Exato, sir.
“Você é burro”.
Já notaram como as pessoas mais tapadas são as primeiras a chamar as outras de “burros” ou “ignorantes”. É só dar uma olhada nas caixas de comentários da imprensa ou blogs. O “argumentum ad hominem” (atacar a pessoa e não as ideias) é a lógica mais comum. Discutir com esse tipo de gente é jogar palavras ao vento. Afinal, dois monólogos não fazem um diálogo.
“É mentira, mas eu acredito”.
As “fake news”, as mentiras nas quais a pessoa quer acreditar, devem ser o que há de pior nas redes sociais. Já notaram o tantão de mentiras que todos os dias circulam por aí? O problema é que as pessoas querem acreditar, porque aquilo justifica algum dos seus preconceitos. Mas tem uma boa notícia. True news. Jimmy Wales, um dos criadores da Wikipedia, está trabalhando numa plataforma que vai publicar notícias neutras e baseadas em fatos reais. “Fake news” não entram.
Aliás, deixo aqui alguns conselhos práticos para evitar as fake news. Não interessa para muitos, mas lá vai:
1 – Ver se o URL (o endereço da página) é de uma fonte credível.
2 – Verificar a data, porque há muitas notícias velhas que são requentadas.
3 – Pesquisar se alguma fonte jornalística credível (jornal, televisão, rádio) também está falando no tema.
4 – Pesquisar no Google – usando as palavras-chave certas – para ver se o tema é debatido em outros meios. Usar o mesmo procedimento para saber também os nomes das pessoas.
5 – Estar atento à qualidade gráfica dos posts. Na maioria das vezes, as imagens são mal feitas e o visual é ruim (tudo depende da educação visual do leitor).
6 – Tentar perceber se as imagens não são manipuladas ou falsificadas.
7 – Ver se há mais alguém a falar no mesmo assunto.
E agora, você, que achou isto tudo uma grande inutilidade, já pode ir até a caixa de comentários dizer o quanto eu sou fraquinho.





