POR FELIPE SILVEIRAFaltam apenas duas semanas para a eleição municipal e parece que a campanha mal começou para uma boa parte da população. Parte disso é culpa da contrarreforma promovida por Eduardo Cunha, que reduziu muito a discussão política. Mas também é culpa da TV, que demoniza a política, e nossa, que aceitamos essa demonização. Isso apenas beneficia aqueles que se valem da não-política para ganhar votos. Aqueles que se valem de demagogia são os maiores beneficiados da falta de discussão, como pastores verborrágicos e apresentadores de rádio e TV que se valem da fama.
Nos Estados Unidos, curiosamente, a campanha eleitoral começa muito antes da eleição, como todos nós pudemos acompanhar nas convenções Democrata e Republicana. Nelas, os pré-candidatos debateram, confrontaram ideias e escolheram os melhores entre os seus. Ops. Quer dizer, escolheram um dos seus, porque não há dúvidas que Trump representa o que há de mais podre na sociedade. Mas a discussão foi feita.
Aqui demonizamos esta discussão e ajudamos a eleger canalhas que desviam dinheiro que seria da compra de ambulâncias, empresários que mal conseguem falar em debates e governam para associações empresariais, gente que defende a violência e a ditadura, vereadores que compram votos, que se valem de concessões públicas comunitárias para ganhar dinheiro e poder e até, pasmem, deputados que já foram condenados à prisão pelo STF, mas que não estão em regime fechado porque o crime havia preescrito.
O que me surpreende é que pessoas, mesmo aqueles que geralmente são bem informadas sobre vários assuntos, desconhecem a regra eleitoral. As pessoas não sabem que seus votos vão para a soma total da coligação, elegendo os primeiros colocados. Assim, elas votam naquele amigão que só vai fazer 300 votos, mas que no fim ajudam a eleger o político canalha que já está há sete mandatos roubando ou desperdiçando dinheiro público.
O problema é que esse esquema todo afasta a população da política, que até vota em pessoas diferentes visando a renovação, mas, por não saber como funciona o processo, acaba reproduzindo o mesmo de sempre.
Porém, não existe alternativa que não seja política. Ou nos envolvemos e disputamos o rumo da sociedade ou deixamos na mão de quem só vai nos levar para o abismo. Por isso, não adianta ficar quatro anos batendo boca no facebook para chegar na hora da eleição e simplemente se esconder. Chegou a hora de decidir. Escolha um bom candidato, veja quem ele vai ajudar a eleger e vá para a rua convencer alguém.