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Foto: dronestagr.am/ |
Escrevi recentemente um texto de apoio para o movimento Se Joinville Fosse Nossa, que reúne e discute propostas para a cidade. Propus-me imaginar uma outra Joinville e como nós podemos transformá-la. O que saiu foi um compilado das coisas que publiquei nos últimos anos aqui no Chuva Ácida e faço questão de compartilhar com vocês:
Há mil maneiras de pensar e fazer política. Eu gosto de uma bem simples: política é perceber, pensar e agir para resolver os problemas da sociedade com o princípio (inegociável) de promover igualdade. Essa forma de ver a política me levou ao socialismo, mas nomenclaturas não nos interessam aqui. O que importa é imaginar o que (e como) faríamos se a cidade fosse nossa. Imaginar como seria se eu, você, nossos familiares, amigos e vizinhos pudessem sentar juntos e decidir o futuro do ambiente em que vivemos. Tenho algumas sugestões:
Em nossa cidade, a primeira coisa a fazer é estancar a desigualdade. Temos que parar, o mais rápido possível, de transferir dinheiro dos mais pobres para os mais ricos. Uma das maneiras de fazer isso é com uma lei de controle de alugueis, já que este consome a maior parte do orçamento das famílias trabalhadoras que não têm casa própria. E essa não é nenhuma medida nova. Berlim, por exemplo, adotou uma lei de controle de alugueis que limita os aumentos em 10%, com o objetivo de impedir a cada vez mais rápida gentrificação (aburguesamento) da cidade, que expulsa os moradores pobres das regiões nobres.
Ainda no campo da moradia, outra forma de promover a igualdade é a adoção do IPTU progressivo, cobrando mais de quem tem mais dinheiro, combatendo a especulação imobiliária. Há milhares de casas vazias nas cidades, com o preço dos alugueis e dos terrenos nas alturas. Se o IPTU sobre estes imóveis fosse maior, isso forçaria seus donos a alugar mais barato ou vender. Com o aumento da oferta, o preço diminuiria. Se eles não quiserem alugar ou vender, a cidade arrecadaria mais, podendo oferecer melhores serviços à sociedade
A população também gasta muito dinheiro para ir de um lugar para outro da cidade. Para trabalhar, estudar ou se divertir, a falta de mobilidade e seu alto custo é algo que precisa ser resolvido. O preço da tarifa é um assalto aos bolsos daqueles que precisam do transporte público e as condições são escandalosas. Um grande debate, envolvendo os usuários do sistema, é fundamental em uma cidade nossa. A partir dele, podemos criar formas de diminuir a tarifa e, quem sabe um dia, extingui-la. Em nossa cidade as ciclovias seriam ligadas umas com as outras e seriam mantidas em bom estado, oferecendo segurança aos ciclistas. As ruas seriam redesenhadas se isso servisse para melhorar o trânsito, desde que essa decisão fosse discutida com a população.
Em uma Joinville que fosse nossa, praças e parques seriam bem equipadas e arborizadas, servindo como verdadeiros pontos de encontro e integração das comunidades. Lugares para brincar, praticar esportes, jogar conversa fora, namorar, fazer e apreciar arte. As escolas promoveriam os direitos humanos e seriam plurais, bem diferente daquela linha de montagem imaginada por aqueles que querem a escola sem partido. Estimulariam a paixão pelo conhecimento e seriam lugares propícios para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.
Por acreditar que isso e muito mais é possível, aliás, necessário, eu apoio o movimento Se Joinville Fosse Nossa. Sonhar, planejar e transformar a cidade é uma tarefa que nos cabe.