quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Conectar-se ao mundo - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS
POR CLÓVIS GRUNER*
“O convite para escrever no Chuva Ácida, agora como
colaborador fixo, não apenas reforça o vínculo com uma cidade que, talvez, nunca venha a ser apenas um retrato na
parede. Ele me coloca uma vez mais diante da tarefa de pensar sobre o lugar de
Joinville em minha trajetória. (...)”
Começava assim meu primeiro texto no Chuva Ácida, publicado
em 11 de maio de 2013. Outros vieram antes que eu deixasse o coletivo – o
último foi publicado em 11 de dezembro de 2014. Em mais de um ano e 53 colunas publicadas,
abordei assuntos os mais diversos, e apesar da identidade do blog com
Joinville, em poucas ocasiões falei de temas locais. E, principalmente, consegui
romper um pouco as regras e os limites por vezes estreitos do “academicês” para
falar em uma linguagem mais clara, sobre temas mais urgentes e a um público
leitor mais amplo e diversificado.
Esse ligeiro exercício de memória me ocorreu ao receber
convite para escrever ao Chuva na semana em que o ele completa quatro anos e está próximo do seu primeiro milhão de acessos. Lembro que quando fui convidado a
colaborar como integrante fixo, relutei um pouco. Basicamente, não imaginava o
que teria a dizer em um blog escrito por joinvilenses – naturais ou adotivos,
vivendo ou não na cidade –, já que eu havia deixado Joinville há mais de uma
década (ou fugido dela, segundo um dos meus comentaristas anônimos). Não demorei
a entender.
Virou quase lugar comum falar do Chuva como uma mídia
alternativa, a oferecer um outro canal de circulação de notícias aos leitores
joinvilenses que buscam, sobre a cidade, uma informação mais independente e
crítica. Concordo: em uma cidade (um estado) onde os meios de comunicação são
controlados por dois ou três grupos midiáticos que monopolizam a informação e
domesticam o circuito de ideias, um blog como o Chuva Ácida é absolutamente vital
à construção de um ambiente e uma cultura democráticos e pluralistas.
Mas não acho que seja apenas isso. Penso que, passados quatro
anos, e sem precisar renunciar a seus objetivos e identidade originais, o Chuva
cumpre hoje também outro papel: o de colocar Joinville no mundo e trazer o
mundo para Joinville. Claro que isso já estava lá, em 2011, quando tudo começou:
“O coletivo está focado na discussão da vida de Joinville, mas sem ser
paroquial ou provinciano. Há também um lado cosmopolita, de atenção ao que se
passa pelo mundo. Em tempos de revolução digital, a informação não conhece
fronteiras”, diz o texto de apresentação, espécie de “cartão de visitas” do
coletivo.
Mas o blog soube se tornar mais cosmopolita à medida,
justamente, em que sua importância crescia. É como se, ao se tornar uma
referência incontornável na mídia local, os objetivos que norteavam o Chuva desde
sua criação pudessem ser aprofundados, incorporando novos colaboradores,
abordando novos temas e confrontando novos problemas. Com grandes poderes, vêm
grandes responsabilidades, afinal. Fico feliz em ter feito parte dessa
experiência.
* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.
* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.
O zapzap e o fascismo
POR FELIPE SILVEIRA
O desinteresse pelo conhecimento, penso, é um das mais graves causas e também consequência da múltipla crise que vivemos. Reparem nos seus ambientes, entre seus amigos, sua família, seu trabalho. Note a maneira como eles se informam, o que pensam sobre o mundo, como interagem socialmente. De modo geral, e há muitas exceções, estão todos ocupados com frivolidades, mas fazendo delas o referencial para as suas vidas.
O whatsapp tem ocupado, dia após dia, o posto de fonte de informação de uma parte considerável da sociedade. E lá na terra de ninguém há desinformações das piores espécies, trabalhando as mentes mais diversas, e muitas vezes fragilizadas, mentes.
Outra mudança de hábito provocada pela tecnologia e que interfere na questão é a informação por meio de canais de youtube. Eu, por exemplo, assino algumas dezenas deles. Mas tenho notado que é um hábito cada vez mais comuns de crianças, adolescentes e jovens. E, se por um lado há excelentes canais de informação, alguns dos mais populares se caracterizam pela edição socada de cortes, gritos, palavrões e "reflexões" que demonstram indignação com "tudo que está aí".
Não se trata aqui de ser contra as inovações, os novos hábitos, e muito menos de tratar os jovens como tontos alienados. Pelo contrário, cada nova tecnologia nos abre um universo de possibilidades e os jovens de hoje são pura potência e energia que é capaz de mudar o mundo. Mas se trata de refletir e entender como tudo isso nos afeta cotidianamente. E, se a crítica à política do "pão e circo" é mais velha do que Roma, é preciso reconhecer e entender como ela se apresenta hoje.
A desinformação é o adubo do fascismo que cresce a cada dia no Brasil. Eu imagino que tipos de conversas há nos whatsapps dos marombeiros da zona sul do Rio de Janeiro. Ou que tipo de informação busca um jovem que se torna neonazista. Fico pensando o que eles falam de imigrantes, dos "comunistas do PT", quais posts do Bolsonaro curtem.
A desinformação também impede que a sociedade veja as causas da violência que a assombra. Assim, pede mais violência como solução. Nessa levada, fica revoltada online, começa a curtir páginas de promoção do ódio e até a comemorar quando esse ódio se expressa em forma de violência, seja ela física ou simbólica.
Mas o pior do desinteresse pelo conhecimento é que ele impede a reflexão sobre uma solução para os problemas do país. Afinal, sem o povo não é possível mudança alguma. Mas o povo está ocupado demais recebendo, absorvendo e espalhando ódio no whats.
Culpar o povo, no entanto, é inútil. Quem deveria ter feito algo e não fez enquanto pode foi o Estado brasileiro, como destacou o jornalista e meu querido professor Samuel Lima na última vez que o vi. Ele lembrava da Conferência Nacional de Comunicação realizada no governo Lula, cujas metas propostas foram solenemente ignoradas pelo governo. Pensei, então, no que o Estado deixou de fazer em outros campos, como a educação. Ou de que forma o governo incluiu o povo na construção de um projeto de país. Os dias de hoje mostram que, se fez algo, foi insuficiente.
Mas nunca é tarde, embora tudo sugira o contrário, para mudar essa realidade. O conhecimento está aí, doido pra ser encontrado, usado e abusado. Basta que algo promova este encontro entre nós e ele. Quem sabe nós mesmos.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Prefeitos para Joinville? A coisa vai de mal a pior
POR JORDI CASTAN
Parece que para o pessoal do Chuva Ácida o processo eleitoral já
começou. E já temos as análises sobre os possíveis candidatos. Mas ainda é cedo
para todo esse debate, pois muita água tem que correr embaixo das pontes do
Cachoeria. Mas dois pontos estimulam este debate extemporâneo.
O primeiro é a sensação de que este governo já acabou. A bem
da verdade acabou sem ter chegado a começar. O que, diga-se de passagem, é uma
situação esdrúxula para quem ia a dar um choque de gestão. O resultado é uma
grande decepção. A inação e a falta de ações concretas, unidas ao desencanto do
eleitor, sepultaram esta gestão.
Mesmo assim Udo Dohler surge como candidato natural. E a seu favor tem a mediocridade dos outros candidatos. Para evitar cair na teoria de escolher o “menos ruim” é bom lembrar que o menos ruim segue sendo ruim. Escrevi sobre isso aqui no Chuva Ácida e repito: escolher o menos ruim representa escolher o ruim. Sabendo que é ruim.
Mesmo assim Udo Dohler surge como candidato natural. E a seu favor tem a mediocridade dos outros candidatos. Para evitar cair na teoria de escolher o “menos ruim” é bom lembrar que o menos ruim segue sendo ruim. Escrevi sobre isso aqui no Chuva Ácida e repito: escolher o menos ruim representa escolher o ruim. Sabendo que é ruim.
O outro risco que devemos enfrentar em 2016 é o de fazer a
escolha do candidato que seja “bom o suficiente”. E se o menos ruim era ruim,
corremos aqui o risco de cair na mesma armadilha. Ou seja, escolher um candidato
que não seja suficientemente bom para os desafios que Joinville tem pela frente.
Esta nova versão do “menos ruim” ganha força na medida em que começam a pipocar os
nomes dos pré-candidatos e aos poucos vão colocando as manguinhas de fora.
A pergunta que volta uma e outra vez: Joinville
não tem candidatos melhores? Uma cidade como a nossa deve amargar
permanentemente a sina da mediocridade? E condenar o eleitor a escolher
entre o "menos ruim" e o que é "bom o suficiente". Como se Joinville não merecesse
mais.
Reconheçamos que o poder público ajuda a consolidar essa cultura do "bom o suficiente". Não há uma única obra pública nas últimas décadas da que possamos nos orgulhar, que tenha sido bem feita, no prazo e de acordo com o projeto e pelo preço orçado. Como se os joinvilenses não merecessem mais que isso que aí esta: asfalto casca de ovo, parques sem árvores é que não são mais que praças, esgoto que não esgota, hospitais que são só anexos ou duplicações que são só arremedos de binários, para citar apenas alguns casos.
Reconheçamos que o poder público ajuda a consolidar essa cultura do "bom o suficiente". Não há uma única obra pública nas últimas décadas da que possamos nos orgulhar, que tenha sido bem feita, no prazo e de acordo com o projeto e pelo preço orçado. Como se os joinvilenses não merecessem mais que isso que aí esta: asfalto casca de ovo, parques sem árvores é que não são mais que praças, esgoto que não esgota, hospitais que são só anexos ou duplicações que são só arremedos de binários, para citar apenas alguns casos.
Assim que em 2016 teremos as opção de escolher entre o
gestor que não faz, o incompetente que não fez, o corrupto condenado, o bom
moço que de bom não tem nada ou o mitômano compulsivo, ainda que nesta última
categoria cabe mais de um candidato. A escolha continua difícil e o futuro
parece a cada dia mais incerto.
domingo, 20 de setembro de 2015
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