terça-feira, 9 de junho de 2015

Devolver o Cachoeira aos joinvilenses...































































































Eis alguns rios bem aproveitados pelo mundo afora...

 Portugal
 Bélgica (neste caso, ria)
 Hungria
 Noruega
Suécia

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Crematório em Joinville: onde há fumaça...




Virou hábito em Joinville a prática de atacar sistematicamente quem ouse questionar qualquer ato que, mesmo feito ao arrepio da lei, venha travestido de modernidade e progresso. Tudo pode em nome do crescimento. Atacar e desacreditar quem questiona o que está errado tem se convertido no esporte diário de agentes públicos e empresários pouco honestos.


Agora a bola da vez é o crematório. Ninguém, com um mínimo de bom senso, pode se opor a que Joinville venha a ter um crematório. Mas tampouco ninguém, no seu juízo, pode concordar que uma empresa privada, com a anuência e a cumplicidade de agentes públicos, deixe de cumprir a lei para implantar o negócio. Ou seja, que pelas suas características de serviço público, deve ser licitado, ser instalado em área específica e deveria cumprir todos os passos que a lei exige, como o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e as correspondentes audiências públicas.

Pretende-se estabelecer uma visão estulta e simplista do problema, vendendo a imagem que um crematório é uma atividade econômica equivalente a qualquer outra. Como se se tratasse de um forno de fundição ou metalurgia. Ou, pior, uma venda de frango assado. O problema vai muito além da emissão de gases na atmosfera. Um crematório é um serviço público que causa impacto. É um polo gerador de tráfego e não pode e não deve ser instalado em qualquer bairro ou região do município.

Não acredito que haja empresário maluco que goste de rasgar dinheiro. Portanto, vou considerar como no mínimo estranho, ou muito estranho, que alguém invista tanto dinheiro para construir um crematório sem se preocupar em cumprir todos os trâmites da lei. A ideia que a empresa possa ter sido induzida a fazer o investimento sem ter as garantias de que o negócio seria autorizado é temerária. Para um investimento tão elevado, alguém deve ter dado garantias ao empreendedor.

Por outro lado, se acredita que a construção de um empreendimento irregular - e em desacordo com a lei -, será regularizado utilizando a política e o discurso do fato consumado. Então, teremos mais um exemplo da frouxidão e da falta de planejamento do poder público. Pior ainda se houver agentes públicos coniventes com a burla e o descumprimento da legislação.

Há alguns pontos a destacar no caso do crematório, que são no mínimo estranhos e que mereceriam una analise mais detalhada:

a.- Não havia autorização na legislação urbanística para este tipo de atividade no Bairro Aventureiro em 2010. A mudança de zoneamento ocorreu menos de um ano depois do empreendedor adquirir o terreno (em 2011), o que é no deixa de ser curioso que tenha se modificado a legislação urbanística posteriormente a aquisição do imóvel para a instalação do crematório;

b.- Apesar de Joinville ter Conselho da Cidade constituído na ocasião, a mudança no zoneamento permitindo a atividade do crematório foi aprovada no mês de janeiro pela Câmara, quando os Conselheiros estavam de férias e não houve convocação extraordinária pelo Presidente do Ippuj , que acumulava a função de Presidente do Conselho;

c.- Há provas que atestam que o Município protelou convenientemente a assinatura do Decreto municipal que regulamentou o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e beneficiou assim este empreendimento que na época estava pendente e aguardava com ansiedade as licenças municipais;

d.- A autorização para a implantação de um crematório no local expõe a costumeira falta de planejamento do Ippuj no quesito mobilidade urbana, ao autorizar o empreendimento sem avaliar os impactos de mobilidade numa região que já sofre pelo trânsito caótico e ainda a natural desvalorização imobiliária dos imóveis residenciais e comerciais existentes na vizinhança do crematório;

e.- A legislação municipal diz que somente entidades religiosas e de fins filantrópicas poderão operar o processo de cremação,  mediante contrato de concessão,  precedido de licitação pública.

f.- Chama a atenção ainda que casualmente neste momento pipoquem matérias na imprensa e cartas de leitores sobre o tema do crematório. As matérias jornalísticas expõem a situação de saturação dos cemitérios. A maioria das cartas favoráveis a liberação do crematório ilegal, numa campanha que tem tudo para não ser casual.


Seria interessante que o processo fosse amplamente debatido e trazido à luz. Que se separasse o debate em duas linhas diferentes: 1. a que defenda a necessidade de uma cidade como Joinville tenha um serviço de cremação e cobre do poder público o iníco imediato do processo licitatório que cumpra a legislação; 2.  que, por outra parte, se debatam abertamente os casos de empreendimentos irregulares ou até ilegais, que se conheçam as ações que o município tem feito - e está fazendo - e como é feita a fiscalização de forma eficiente.

Por fim, que se conheçam os casos em que a legislação tenha sido mudada para beneficiar empreendimentos pontuais e se alguém obteve vantagens nestas mudanças específicas. Não deveria haver temor por parte de nenhum agente público de que haja mais transparência nesses casos e em outros, que, como o do crematório, há fumaça. Afinal, é sabido que aonde há fumaça...

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Escola sem Partido e a Escola da Ponte


POR VALDETE DAUFEMBACK NIEHUES


A intenção apelativa daqueles cartazes exibidos nos protestos de 15 de março contra a pedagogia de Paulo Freire trouxe consigo reflexões para quem duvidava de que, um dia, fosse ler tamanha sandice expressa nas ruas. E por pessoas que certamente tiveram a oportunidade de acesso ao conhecimento de teorias pedagógicas e entender a trajetória da educação escolar no Brasil.

A Escola sem Partido, uma ONG encabeçada por políticos e empresários, acusa o grande pedagogo, Paulo freire, de disseminar em instituições de ensino uma “doutrinação política marxista” com a intenção de transformar o país em um modelo político-administrativo cubano. Seus líderes declaram-se intolerantes à política do MEC “que admite politizar a sala de aula”, ação que classificam como “bullying político” de professores comunistas e, por isso, protocolaram na Assembléia Legislativa do Espírito Santo o Projeto de Lei nº 867/2015, “contra o abuso da liberdade de ensinar”.


Sabemos que a escola não é e nunca foi um espaço neutro por se tratar de um lugar de socialização de conhecimento. Mas neste caso, o conceito “Partido” mencionado pela tal ONG tem a intenção de atribuir a partidos políticos, principalmente ao PT e ao PSOL, a articulação pedagógica que discute a sociedade brasileira sob o olhar crítico em relação à justiça e cidadania. 


Em um seminário transmitido pela TV Câmara, aduziu o presidente da ONG, que em Santa Catarina as escolas são orientadas pela “doutrina marxista”. Será que ele tem conhecimento de que neste estado a importância do ensino religioso prepondera às ciências sociais? Que legisladores desejam instituir compulsoriamente o uso da bíblia nas escolas? E que professor de história, deliberadamente, demonstra apreço por suástica e expressa sua preferência em sala de aula ao regime totalitário que destruiu milhares de vidas? Isso tudo não seria doutrinação ideológica? 


No Brasil, historicamente, a ação pedagógica escolar, por meio de seu conteúdo liberal tem atendido aos interesses de uma minoria, pois reforça a aceitação dos valores de uma sociedade de classes mantida pela exploração do trabalho. Esta pedagogia é um instrumento poderoso que se cerca de todos os aparatos políticos e ideológicos para que nada mude na relação ensino-aprendizagem, desde a indicação dos dirigentes escolares aos conteúdos do material didático. 


Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, cada estado da federação e cada escola têm autonomia para elaborar o seu Projeto Político Pedagógico de acordo com a realidade local, tornando-se um instrumento que estimula a participação da comunidade na educação escolar. No entanto, por sermos herdeiros de uma sociedade autoritária e que ainda não descobriu os efeitos positivos da participação democrática no processo educacional, as escolas que buscam a participação efetiva da comunidade na elaboração deste instrumento pedagógico, apesar de inúmeras experiências, tem pouca visibilidade e expressão nacional.

 
Nas décadas de 1980 e 90, sob inspiração de Freinet e de Freire, algumas escolas se dispuseram ao desafio de se orientarem pelo caminho pedagógico da autonomia dos sujeitos. Tive o privilégio de fazer parte de uma dessas escolas e posso garantir que, além do desenvolvimento do espírito humanista e da autonomia para resolver situações cotidianas, nenhum de seus alunos, inclusive meus filhos, se tornou comunista. 


Recentemente a Rede Globo elogiou a experiência educacional da Escola da Ponte, situada em Portugal, pela pedagogia utilizada na formação de seus alunos. Inspirada nos princípios pedagógicos de grandes educadores como Freire e Freinet, entre outros, esta escola influenciou toda uma geração de cidadãos politizados.


Mas como lideranças e instituições de direita têm o hábito de ser bipolar, assumem um discurso de acordo com as convenções do momento e, assim, encontraram em Paulo Freire um elo entre Brasil e Cuba. Ora, se instituições de ensino têm o poder de transformar um país, por que o Brasil é comparado a Cuba e não a países europeus, já que estes têm experiência de ações pedagógicas democráticas e autônomas sob orientação de teorias reflexivas?  











quarta-feira, 3 de junho de 2015

Adão e Ivo: mais um clássico!


POR VANDERSON SOARES

O Boticário fez um tremendo comercial para o Dia dos Namorados e acredito que nem mesmo eles imaginavam que geraria tanta repercussão. Podem até ter buscado maior audiência, mas não imaginavam esta proporção.  Se você ainda não assistiu, assista primeiro e depois volte a ler o texto aqui.

O mais engraçado é que Jesus pregou o amor ao próximo e não essa caça às bruxas que as igrejas evangélicas fazem. Cultuam o dízimo, se algo dá certo é graça de Deus, se algo dá errado é obra do demônio. Respeito qualquer crença que alguém tenha para si, mas esta crença não dá poderes de julgar a vida alheia, com quem ele pode ou não dormir. 
“Mas eu não sou preconceituoso, eles podem fazer o que quiserem sem influenciar a minha família”. Pois bem, o máximo que o comercial faz é mostrar uma troca de abraços entre pessoas do mesmo sexo. Apenas isso. Seu filho vai “virar” gay assistindo? 


São vários os pontos para análise neste breve comercial, mas falarei apenas dos contrários ao comercial. 

Até este momento, já são quase 245 mil pessoas que curtiram o vídeo e quase 162 mil que não curtiram. Os maiores responsáveis pelos unlikes são os evangélicos, declaradamente contrários e liderados por seus pastores. E reparem que os unlikes cresceram tão prodigiosamente, pois foram incentivados a protestar contra o vídeo e a boicotar os produtos da Boticário. Imagine que mundo mais belo teríamos se esses pastores incentivassem seus fiéis a lerem um livro (não vale a Bíblia) por mês? Mas não, a manobra de massa só serve se for pra gerar atrito e ódio no mundo.

Não consigo imaginar o que ofende tanto esse pessoal que fala em nome da “família tradicional”.

Nestas famílias ainda se prega o machismo, onde atividades são separadas entre as para meninos e as para meninas.  Se o menino “pega” várias meninas é o garanhão do pai, se a menina fica com vários rapazes é uma vadia.  O sexo heterossexual pode ser exposto na novela. Um beijo homossexual não pode, pois vai fazer meu filho “virar” um gay.

O que sexismo tem a ver com o comercial? Tudo.
Essa cultura de padrões, de tradições, pode até ter funcionado numa outra época em que ninguém questionava o motivo disso e daquilo, mas hoje não. Hoje se faz aquilo que mais apraz, o que mais completa e se alguém se completa com outro alguém, seja do mesmo sexo ou não, o que outrem tem a ver com isso? 

Essa mania de se achar tão certo e tão perfeito que chega a querer extravasar, doar um pouco de perfeição para o próximo, ensinando-o a quem deve ou não gostar.