O Boticário fez um tremendo
comercial para o Dia dos Namorados e acredito que nem mesmo eles imaginavam que
geraria tanta repercussão. Podem até ter buscado maior audiência, mas não
imaginavam esta proporção. Se você ainda não assistiu, assista primeiro e depois volte a ler o texto aqui.
O mais engraçado é que Jesus pregou o amor ao próximo e não essa caça às bruxas
que as igrejas evangélicas fazem. Cultuam o dízimo, se algo dá certo é graça de
Deus, se algo dá errado é obra do demônio. Respeito qualquer crença que alguém
tenha para si, mas esta crença não dá poderes de julgar a vida alheia, com quem
ele pode ou não dormir.
“Mas eu não sou preconceituoso, eles podem fazer o que quiserem sem influenciar
a minha família”. Pois bem, o máximo que o comercial faz é mostrar uma troca de
abraços entre pessoas do mesmo sexo. Apenas isso. Seu filho vai “virar” gay
assistindo?
São vários os pontos para análise neste
breve comercial, mas falarei apenas dos contrários ao comercial.
Até este momento, já são
quase 245 mil pessoas que curtiram o vídeo e quase 162 mil que não curtiram. Os
maiores responsáveis pelos unlikes são os evangélicos, declaradamente
contrários e liderados por seus pastores. E reparem que os unlikes cresceram
tão prodigiosamente, pois foram incentivados a protestar contra o vídeo e a
boicotar os produtos da Boticário. Imagine
que mundo mais belo teríamos se esses pastores incentivassem seus fiéis a lerem
um livro (não vale a Bíblia) por mês? Mas não, a manobra de massa só serve se
for pra gerar atrito e ódio no mundo.
Não consigo imaginar o que ofende tanto
esse pessoal que fala em nome da “família tradicional”.
Nestas famílias ainda se
prega o machismo, onde atividades são separadas entre as para meninos e as para
meninas. Se o menino “pega”
várias meninas é o garanhão do pai, se a menina fica com vários rapazes é uma
vadia. O sexo heterossexual
pode ser exposto na novela. Um beijo homossexual não pode, pois vai fazer meu
filho “virar” um gay.
O que sexismo tem a ver com o comercial?
Tudo.
Essa
cultura de padrões, de tradições, pode até ter funcionado numa outra época em
que ninguém questionava o motivo disso e daquilo, mas hoje não. Hoje se faz
aquilo que mais apraz, o que mais completa e se alguém se completa com outro
alguém, seja do mesmo sexo ou não, o que outrem tem a ver com isso?
Essa mania de se achar
tão certo e tão perfeito que chega a querer extravasar, doar um pouco de
perfeição para o próximo, ensinando-o a quem deve ou não gostar.