História:
Enquanto os europeus recebiam incentivos do governo brasileiro para vir trabalhar no Brasil, em uma tentativa de branquear o país, os negros, recém-libertos, ficaram à margem, sem direito a saúde, moradia, terras, comida e, principalmente, sem educação.
Sem oportunidade de estudo, a maioria dos ex-escravos não tinham condições de competir por vagas no mercado de trabalho. Por isso, muitos continuaram trabalhando para seus senhores, enquanto outros se submeteram a trabalhos subalternos nos grandes centros, que começavam a se industrializar.
O reflexo dessa falta de acesso está presente atualmente. Basta olhar os dados e ver que a realidade da população negra brasileira continua ruim. A cultura escravista persiste e vemos isso nos diferentes setores de trabalhos da nossa sociedade.
A maioria dos negros do Brasil estuda em escolas públicas e muitos têm que trabalhar durante o dia e estudar a noite.
Sabendo dessas dificuldades e das injustiças sociais e raciais cometidas no passado, foi aprovada, no final de agosto de 2012, a lei que alterou a forma de ingresso nos cursos superiores das instituições de ensino federais.
A chamada Lei das Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012) obriga as universidades, institutos e centros federais a reservarem metade das vagas oferecidas anualmente em seus processos seletivos para candidatos cotistas. O prazo para o cumprimento dessa determinação é 30 de agosto de 2016.
Essa lei causou e continua causando grandes polêmicas por conta da não aceitação dos setores conservadores da nossa sociedade. Mesmo sem entender o objetivo da criação da lei, muitos veículos da imprensa começaram a produzir opiniões infundadas, incentivando os receptores a não aceitar esse tipo de lei.
Explicação:
As cotas são sociais e são considerados cotistas todos os candidatos que cursaram, com aprovação, as três séries do ensino médio em escolas públicas ou Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou tenham obtido o certificado de conclusão do ensino médio pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes com bolsa de estudo integral em colégios particulares não são beneficiados pela lei.
A lei também prevê, dentro do sistema de cotas, que metade das vagas deverá ser preenchida por estudantes com renda familiar mensal por pessoa igual ou menor a 1,5 salários mínimos e a outra metade com renda maior que 1,5 salários mínimos.
Dentro dessas cotas sociais, livres para todos os tipos de cores que se enquadrem dentro das exigências da lei, estão reservados as cotas raciais, dedicada a negros, pardos e índios, conforme o percentual de cada raça indicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, a distribuição das vagas da cota racial varia de acordo com a proporção de índios, negros e pardos do Estado onde está situado o campus da universidade, centro ou instituto federal. Logo, um Estado com um número maior de negros, terá mais vagas destinadas a esse grupo racial. Para comprovar a raça, o único documento necessário é a auto declaração.
Então, para deixar escuro, mais uma vez: as cotas sociais podem ser utilizadas por todas as pessoas, de todas as cores que atendam os requisitos necessários. Dentro dessas cotas sociais, existem as cotas raciais em que o número de vagas varia de acordo com a proporção de índios, negros e pardos do estado em que se encontram o campus das instituições.
A mídia:
Sem querer elucidar tais fatos, a grande imprensa tratou logo de fazer o seu serviço de desinformação. Os grandes veículos brasileiros mostraram, mais uma vez, que o seu real objetivo é a manipulação e não o compromisso com a verdade e muito menos com a ética.
Em matérias mal feitas e muito tendenciosas fizeram com que as pessoas pensassem que apenas os negros teriam direito as cotas nas universidades. Algumas pessoas acreditavam que valeria para todas as universidades, inclusive particulares. Logo, uma onda de protestos e racismo começou a surgir nas redes sociais.
Tentando fazer com que os próprios negros sentissem vergonha de fazer parte de um projeto de inclusão que demorou muitos anos para acontecer, as mesmas empresas que financiaram e colaboraram para o golpe militar de 1964, investiram em propagandas para dizer NÃO AS COTAS. A Folha de São Paulo, por exemplo, usou até uma modelo negra, com cabelo afro, para dizer que é contra as cotas raciais. (Confira aqui: www.youtube.com/watch?v=xRNtn3UyIdI)
Mas graças a uma grande militância dos movimentos sociais conseguiu-se desmistificar as inverdades propagadas por esses canais. Porém, ainda hoje, esse assunto ainda continua gerando polêmica, justamente por causa da falta de explicações sobre todo o processo.
É de se esperar tais posicionamentos desses veículos que sempre fizeram questão de manchar e humilhar a população negra no país e que ainda se mostra resistente em colocar pessoas de pele escura como protagonistas em novelas, âncoras e editores de jornais, modelos, apresentadores, entre outros. Para eles, os negros continuam não merecendo estudo, pois eles precisam de homens negros para segurar as câmeras e gravar seus programas e de mulheres negras para segurar suas sombrinhas para escapar da chuva ou do sol forte. Não é mesmo Angélica? (Confira: www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/sob-vaias-angelica-e-globo-sao-obrigados-a-deixar-universidade-no-rio.html)
Opinião:
– Existem brancos pobres?
– Sim, existem.
– As cotas são só para negros?
– Não.
– Mas por que batem tanto na questão dos negros?
– Pois ainda existe no Brasil o pensamento escravista, colonial. O racismo está impregnado e os habitantes da Casa Grande não querem ver esses negros quebrarem a corrente de novo. Eles querem manter o status quo para não perderem seus privilégios.
– As cotas raciais solucionarão os problemas da nossa educação?
– Não, mas darão mais oportunidades para as pessoas frequentarem ambientes acadêmicos, terem uma melhor formação e poder disputar vagas com salários melhores. Contribuirão para que vários jovens possam ter outras perspectivas de vida, para lutar por melhoria nas suas comunidades e incentivar mais jovens a estudar.
Cabe a toda população, agora, cobrar de nossos vereadores, prefeitos e governadores uma melhor educação nos ensinos de base. Cobrar melhores salários para os professores, mais especialização para os mesmos e melhorias no ensino, dando suporte e incentivando, cada vez mais, os alunos a almejarem sonhos maiores.
Devemos entender que as universidades federais e estaduais devem ser sim utilizadas por pessoas que não possuem condições para arcar com as despesas de uma universidade, portanto as cotas não tem que ser vista como um absurdo, uma vez que tais universidades foram criadas para os pobres. Mas o que vemos, atualmente, são esses locais sendo preenchidos por pessoas que tiveram condições de pagar escola particular e cursinho. Os mesmos que se revoltam pela Lei das Cotas.
A nossa educação hoje se resume a mercadoria, uma vez que os colégios particulares ensinam seus alunos para passarem em universidades federais para depois investir em publicidade em TVs e outdoors mostrando que foram “os maiores aprovadores no vestibular daquele ano”, seduzindo mais pais a matricularem seus filhos naquele colégio.
Enquanto isso os estudantes de escolas públicas concluem o ensino médio sem qualificação para competir com os alunos de colégios particulares e acabam ingressando em faculdades particulares que, em sua maioria, tem certo objetivo de mercantilizar o ensino sem muita preocupação com a qualidade.
Mas chegará o dia em que todos nós aprenderemos a não avaliar as pessoas por números e excluiremos de vez os vestibulares de nossas vidas deixando, assim, o caminho livre para as pessoas experimentarem e decidirem tranquilamente suas profissões. Para isso, é preciso muito estudo. Portanto, as cotas ainda se fazem necessárias, pois a realidade da nossa educação ainda é a lógica de mercado, nossa desigualdade se faz presente e nossa sociedade ainda é excludente.
O reflexo dessa falta de acesso está presente atualmente. Basta olhar os dados e ver que a realidade da população negra brasileira continua ruim. A cultura escravista persiste e vemos isso nos diferentes setores de trabalhos da nossa sociedade.
A maioria dos negros do Brasil estuda em escolas públicas e muitos têm que trabalhar durante o dia e estudar a noite.
Sabendo dessas dificuldades e das injustiças sociais e raciais cometidas no passado, foi aprovada, no final de agosto de 2012, a lei que alterou a forma de ingresso nos cursos superiores das instituições de ensino federais.
A chamada Lei das Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012) obriga as universidades, institutos e centros federais a reservarem metade das vagas oferecidas anualmente em seus processos seletivos para candidatos cotistas. O prazo para o cumprimento dessa determinação é 30 de agosto de 2016.
Essa lei causou e continua causando grandes polêmicas por conta da não aceitação dos setores conservadores da nossa sociedade. Mesmo sem entender o objetivo da criação da lei, muitos veículos da imprensa começaram a produzir opiniões infundadas, incentivando os receptores a não aceitar esse tipo de lei.
Explicação:
As cotas são sociais e são considerados cotistas todos os candidatos que cursaram, com aprovação, as três séries do ensino médio em escolas públicas ou Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou tenham obtido o certificado de conclusão do ensino médio pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes com bolsa de estudo integral em colégios particulares não são beneficiados pela lei.
A lei também prevê, dentro do sistema de cotas, que metade das vagas deverá ser preenchida por estudantes com renda familiar mensal por pessoa igual ou menor a 1,5 salários mínimos e a outra metade com renda maior que 1,5 salários mínimos.
Dentro dessas cotas sociais, livres para todos os tipos de cores que se enquadrem dentro das exigências da lei, estão reservados as cotas raciais, dedicada a negros, pardos e índios, conforme o percentual de cada raça indicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, a distribuição das vagas da cota racial varia de acordo com a proporção de índios, negros e pardos do Estado onde está situado o campus da universidade, centro ou instituto federal. Logo, um Estado com um número maior de negros, terá mais vagas destinadas a esse grupo racial. Para comprovar a raça, o único documento necessário é a auto declaração.
Então, para deixar escuro, mais uma vez: as cotas sociais podem ser utilizadas por todas as pessoas, de todas as cores que atendam os requisitos necessários. Dentro dessas cotas sociais, existem as cotas raciais em que o número de vagas varia de acordo com a proporção de índios, negros e pardos do estado em que se encontram o campus das instituições.
A mídia:
Sem querer elucidar tais fatos, a grande imprensa tratou logo de fazer o seu serviço de desinformação. Os grandes veículos brasileiros mostraram, mais uma vez, que o seu real objetivo é a manipulação e não o compromisso com a verdade e muito menos com a ética.
Em matérias mal feitas e muito tendenciosas fizeram com que as pessoas pensassem que apenas os negros teriam direito as cotas nas universidades. Algumas pessoas acreditavam que valeria para todas as universidades, inclusive particulares. Logo, uma onda de protestos e racismo começou a surgir nas redes sociais.
Tentando fazer com que os próprios negros sentissem vergonha de fazer parte de um projeto de inclusão que demorou muitos anos para acontecer, as mesmas empresas que financiaram e colaboraram para o golpe militar de 1964, investiram em propagandas para dizer NÃO AS COTAS. A Folha de São Paulo, por exemplo, usou até uma modelo negra, com cabelo afro, para dizer que é contra as cotas raciais. (Confira aqui: www.youtube.com/watch?v=xRNtn3UyIdI)
Mas graças a uma grande militância dos movimentos sociais conseguiu-se desmistificar as inverdades propagadas por esses canais. Porém, ainda hoje, esse assunto ainda continua gerando polêmica, justamente por causa da falta de explicações sobre todo o processo.
É de se esperar tais posicionamentos desses veículos que sempre fizeram questão de manchar e humilhar a população negra no país e que ainda se mostra resistente em colocar pessoas de pele escura como protagonistas em novelas, âncoras e editores de jornais, modelos, apresentadores, entre outros. Para eles, os negros continuam não merecendo estudo, pois eles precisam de homens negros para segurar as câmeras e gravar seus programas e de mulheres negras para segurar suas sombrinhas para escapar da chuva ou do sol forte. Não é mesmo Angélica? (Confira: www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/sob-vaias-angelica-e-globo-sao-obrigados-a-deixar-universidade-no-rio.html)
Opinião:
– Existem brancos pobres?
– Sim, existem.
– As cotas são só para negros?
– Não.
– Mas por que batem tanto na questão dos negros?
– Pois ainda existe no Brasil o pensamento escravista, colonial. O racismo está impregnado e os habitantes da Casa Grande não querem ver esses negros quebrarem a corrente de novo. Eles querem manter o status quo para não perderem seus privilégios.
– As cotas raciais solucionarão os problemas da nossa educação?
– Não, mas darão mais oportunidades para as pessoas frequentarem ambientes acadêmicos, terem uma melhor formação e poder disputar vagas com salários melhores. Contribuirão para que vários jovens possam ter outras perspectivas de vida, para lutar por melhoria nas suas comunidades e incentivar mais jovens a estudar.
Cabe a toda população, agora, cobrar de nossos vereadores, prefeitos e governadores uma melhor educação nos ensinos de base. Cobrar melhores salários para os professores, mais especialização para os mesmos e melhorias no ensino, dando suporte e incentivando, cada vez mais, os alunos a almejarem sonhos maiores.
Devemos entender que as universidades federais e estaduais devem ser sim utilizadas por pessoas que não possuem condições para arcar com as despesas de uma universidade, portanto as cotas não tem que ser vista como um absurdo, uma vez que tais universidades foram criadas para os pobres. Mas o que vemos, atualmente, são esses locais sendo preenchidos por pessoas que tiveram condições de pagar escola particular e cursinho. Os mesmos que se revoltam pela Lei das Cotas.
A nossa educação hoje se resume a mercadoria, uma vez que os colégios particulares ensinam seus alunos para passarem em universidades federais para depois investir em publicidade em TVs e outdoors mostrando que foram “os maiores aprovadores no vestibular daquele ano”, seduzindo mais pais a matricularem seus filhos naquele colégio.
Enquanto isso os estudantes de escolas públicas concluem o ensino médio sem qualificação para competir com os alunos de colégios particulares e acabam ingressando em faculdades particulares que, em sua maioria, tem certo objetivo de mercantilizar o ensino sem muita preocupação com a qualidade.
Mas chegará o dia em que todos nós aprenderemos a não avaliar as pessoas por números e excluiremos de vez os vestibulares de nossas vidas deixando, assim, o caminho livre para as pessoas experimentarem e decidirem tranquilamente suas profissões. Para isso, é preciso muito estudo. Portanto, as cotas ainda se fazem necessárias, pois a realidade da nossa educação ainda é a lógica de mercado, nossa desigualdade se faz presente e nossa sociedade ainda é excludente.