quinta-feira, 19 de março de 2015
(I)mobilidade Urbana
POR MÁRIO MANCINI

Vivemos uma crise de mobilidade que atinge a maioria das cidades com mais de 300 mil habitantes, bem ou mal, a “qualidade” de vida melhorou, facilitou o acesso aos automóveis, às motocicletas, etc. O que, de maneira direta, aumentou de maneira exponencial a quantidade de veículos circulantes, muitas vezes por ruas dimensionadas no século XIX.
A maioria das cidades nasceu
em volta de uma igreja e se expandiu, sem planejamento algum, o que era comum
para a época e formou, de certa forma, um centro histórico de difícil
locomoção.
Muitas destas cidades atentas
a este detalhe desviaram e/ou limitaram o acesso “motorizado” a este bairro
central, planejando o entorno e investindo em mobilidade urbana.
Infelizmente existe uma
grande maioria que não o fez e pensa que transporte coletivo é sinônimo de
ônibus circular, que o mesmo deve disputar espaço com bicicletas, motocicletas,
automóveis e, até, pedestres.
Nestas cidades planejamento
para longo prazo não existe, vivem o momento, algo do tipo, “vamos fazer para
ver o resultado, se não der certo mudamos”, mesmo que isto decorra em custos e
retrabalho, pois ao menos a população vê que estão trabalhando.
Existe um exemplo bem próximo
de nós, que colocou na cabeça que o ônibus é a solução para o transporte de
massa e deve ter prioridade sobre os demais, ideia mais que ultrapassada;
inclusive defenestrado qualquer ideia contrária; mesmo se o sistema fosse
eficiente, de baixo custo e confortável, o que não é.
Por isso afirmo, neste caso choque
de gestão não chega a lugar algum , precisamos de um choque de
ideias, de mudanças de paradigmas, e isto em todas as áreas, não só na “gestão”
da mobilidade urbana.
Como isto não ocorrerá, ao
menos no próximo ano e meio, são só divagações, simples divagações.
quarta-feira, 18 de março de 2015
O que 2015 tem a ver com 1964?
POR FELIPE SILVEIRA
O 15 de março nos mostra como precisamos falar, discutir e refletir muito mais sobre a ditadura civil-militar de 1964 a 1985, especialmente sobre o golpe de 1º de abril, que depôs o presidente eleito João Goulart, o Jango. A partir dessa reflexão, podemos ter outro olhar sobre os movimentos atuais, entre outras pautas (algumas justas, como o “fim da corrupção”), o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o absurdo pedido de intervenção militar, inclusive em inglês, para os americanos entenderem bem.
O mundo é outro 51 anos depois, mas há muitos pontos em comum entre o movimento atual e o de 64. Jango não era comunista, mas era “acusado” por parte dos manifestantes da época. O governo Dilma também não é. Tanto que é imensamente criticado por boa parte da esquerda hoje.
Havia interesses norte-americanos sobre o Brasil, inclusive com campanhas difamatórias promovidas por institutos que tinham muito dinheiro para fazer o trabalho sujo. O embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, foi um dos principais articuladores do golpe. Da mesma forma, no Brasil de hoje, há uma profusão de institutos e outras organizações com grana pra fazer o trabalho difamatório. E a própria CIA (Agência de Inteligência Americana) foi pega com a boca na botija bisbilhotando por aqui.
Mas, se à época o interesse se dava no contexto da Guerra Fria, tentando barrar o avanço do comunismo no mundo, o interesse sobre o Brasil hoje se dá no contexto dos BRICS, os países emergentes que se organizam para ter independência política e econômica dos EUA e da Europa. Incomoda muito e dá muito prejuízo para as potências do norte que estes países da periferia do mundo consigam se organizar de modo a se tornarem independentes.
Não acredito em um novo golpe militar (também não descarto), pois não é mais a prática comum a ser adotada na América Latina, como em meados do século XX. Mas, inegavelmente, interessa muito ao capital internacional que o Brasil seja controlado por gente mais “amigável” aos seus interesses. Como se o governo petista já não seja amigão o suficiente. Só que eles, egoístas que são, sempre querem mais.
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Algo de errado não está certo, diria o outro |
Isso não é uma defesa do PT como o salvador da pátria. Acredito, inclusive, que devemos superar o PT e avançar mais ainda as conquistas para o povo. Mas é preciso fazer isso democraticamente. O que faço, aqui, é uma defesa da democracia ante a uma ameaça gravíssima a ela.
É preciso criar mecanismos de combate à corrupção, é necessário cobrar o governo Dilma/PT, é urgente se organizar enquanto sociedade para mudar o Brasil. Mas mudar para melhor. Marchar ao lado de gente que pede golpe militar, que xinga a presidenta de “vaca” e “puta”, que enforca bonecos de Dilma e Lula, entre outros absurdos que vimos no domingo, não dá. Caminhar ao lado dessas pessoas é engrossar o coro ao desejo delas, é ser conivente com o desejo de uma nova ditadura, de violência e de violações dos direitos humanos. Você é melhor do que todos esses vermes que pedem um novo golpe.
Comece a mudar o Brasil pela sua cidade
Nesta quarta-feira, 18 de março, ocorrem dois debates muito interessantes sobre questões políticas da atualidade.
Às 19h15, no mini-auditório da Sociesc da Marquês de Olinda, ocorre o debate “A criminalização das mulheres nos movimentos sociais”, promovido pela organização da campanha “Protesto não é crime”, que atua contra a criminalização de ativistas políticos de Joinville por meio de processos judiciais e campanhas difamatórias. A Emanuelle Carvalho escreveu sobre o assunto aqui.
(Clique nas imagens para ampliar)
Às 19 horas, no anfiteatro do Bom Jesus/Ielusc, o debate é sobre o tema abordado no texto, mas bem mais amplo: “Protestos do dia 15 de março de 2015: conjuntura, história e desdobramentos”.
Exerça sua cidadania dialogando com as pessoas que lutam por mudanças todos os dias e sofrem na pele as consequências. Busque o diálogo, em vez de sair correndo para bater panela toda vez que ouve a voz da presidenta na TV. Faça sua crítica ao PT, vá às ruas, se organize. Mas não esqueça da corrupção dos outros. Não esqueça do descaso do governo municipal e estadual com a sua cidade. Não esqueça de cobrar do vereadores e dos secretários. Exerça a sua cidadania na democracia.
terça-feira, 17 de março de 2015
Questionamentos, explicações e decisões
Quantos negros já seguraram um microfone e quantos já seguraram uma câmera?
Quantos negros já seguraram um diploma e quantos já levaram algemas nos punhos?
Quantos negros já desfilaram na passarela e quantos já entraram em sacos do IML?
Quantos negros já andaram com carro do ano e quantos negros já andaram de camburão?
Quantos negros possuem mansões e quantos negros possuem barracos?
Quantos negros frequentam o centro e quantos negros frequentam a periferia?
Quantos negros têm na política e quantos negros têm atrás das celas?
Quantos negros são protagonistas e quantos são subalternos nas novelas?
Quantos negros carregam sombrinhas e guarda-sol para proteger apresentadores brancos e quantos negros são apresentadores?
Quantos negros aparecem em publicidades e quantos negros estampam as páginas policiais?
Quantos negros possuem propriedades e quantos negros fazem parte do MST e MTST?
Quantos negros são patrões e quantos negros são funcionários?
Quantos negros são médicos e quantos são garis?
Temos que analisar e combater tudo isso diariamente e ainda enfrentar o mantra dos brancos nos chamando de “vitimistas”, “vão trabalhar”, “meritocracia”.
Eles faltaram algumas aulas de História e perderam muitos assuntos sobre o período escravista e pós-escravista. Eles não admitem que as consequências desse terrível período duram até hoje.
Eles não lembram que o Brasil foi o último país a sair desse sistema assassino (1888) e, mesmo após sair, não ofereceu nenhuma estrutura para os negros sobreviverem. Sem direito a saúde, educação, moradia e trabalho o negro continuou à margem, sem direitos e sem voz.
Depois de anos lutando para ganhar o que nos foi negado, até mesmo os direitos básicos, temos que ouvir ainda que “o racismo acabou”.
Na verdade eles não sabem nem o que é racismo.
“O racismo é um sistema de sentidos material e histórico, não é subjetivo. É um modo de organização social em que uma ‘raça’ se sobrepõe a outra, se afirma como paradigma, se naturaliza como regra e oprime as demais. O racismo não é algo subjetivo, individual, que se manifesta entre pessoas. Ele está estruturado e inserido na sociedade, na forma como ela se organiza e se reproduz, no mercado de trabalho, na mídia, entre as vítimas da violência, entre o público do sistema carcerário, entre os pobres em todo o mundo, entre os proprietários e os não proprietários” (Fran Vasconcelos).
E o racismo se naturalizou no Brasil justamente porque ele é negado. As pessoas não assumem o racismo, assim como não assumem a homofobia e o machismo. Assim, fica tudo maquiado, mascarado, parecendo que o mundo é perfeito… Para eles, lógico. Mas quando resolvemos colocar o dedo na ferida, os opressores tentam, de todas as formas, transformar os oprimidos em opressores para manter o status quo e não perder seus privilégios.
Eu vejo racismo em tudo porque, infelizmente, ele ainda está em todos os lugares.
A segregação racial ainda existe e os únicos que fazem “vitimismo” são os próprios brancos que ficam desesperados quando se sentem ameaçados a perderem seus privilégios.
A decisão é única: fortalecer e propagar o Movimento Negro e todas as suas vertentes. Lutar contra o genocídio da população negra, conquistar mais representatividade na política, criar medidas para acabar com as injustiças sociais, incentivar a conquista do poder para o povo.
Vamos mudar essa realidade, com ou sem seu “mimimi” opressor. Vamos cobrar cada centavo da nossa “MERITOCRACIA” de 400 anos de trabalho forçado.
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