POR CHARLES HENRIQUE VOOS
As pessoas até podem achar que é imaturidade, ou simplesmente uma ignorância. Entretanto, comemorar a não-eleição de uma pessoa que você acredita ser a pior opção para esta cidade, também é um ato de cidadania, pois você teoricamente sabe qual é a melhor. Lamentar, caso algum dos "ruins" tenha alcançado sucesso, é a antítese do voto. Simples assim. Ao final deste primeiro turno, estes são os sentimentos mais fortes em cada coração que pulsa a cidade, que sente o chamado para seu dever.
Apesar da reeleição de apenas nove dos atuais dezenove vereadores, Joinville acompanhou muita gente boa ficando de fora, muita gente ruim no seu merecido lugar (longe de uma cadeira na Hermann Lepper), ou, como no caso de alguns, péssimos e espertos o suficiente para serem eleitos. Falar de Bisonis e Maycons da vida é falar destes ruins e/ou espertos que entristecem a política e faz sentirmos nojo (mesmo que por alguns segundos) da tal democracia e do sistema de eleição para o legislativo. Cabe agora aos cidadãos de bem aumentarem a pressão pra cima destes.
Os que comemoram e lamentam, também podem ser os aliviados. Sentir que aquele candidato, extremamente eficiente no que fazia antes de sua atual atribuição, poderá voltar ao seu lugar, o qual faz sentir-se em casa. A cidade poderá ter uma voz ativa em outros níveis, novamente. Falar de Carlitos da vida é assim. O alívio pode vir também pelo "cala a boca" que alguns levaram, por não acreditarem em pesquisas ou por desfazerem amizades, desqualificarem profissionalmente e todos os outros argumentos fúteis que surgem como confronto perante a antítese do voto. Alguns, como sintomas deste alívio, soltam o grito que estava por tanto tempo entalado na garganta, juntamente com uma onda de risos. Do jeito que andam as coisas por esta cidade, faltará garganta para tanto grito, e boca para tantos risos.
Outra impressão: ter um posicionamento político diferente, apenas por convicção, sem se vender, é pior que qualquer cerceamento da participação popular, e talvez mais escandaloso que um homicídio, para uma boa parte das pessoas. O lugar de quem pensa assim deve ser a ala psiquiátrica do hospital mais próximo. Quem comemora, lamenta e fica aliviado sabe o que é melhor para si e para os outros. Aquele que vota, e acha que cumpriu com suas obrigações por quatro anos... finge que sabe!
Este cidadão que vive a cidade e sabe as reais necessidades do todo, também fica esperançoso. Sabe que existem vários Leonéis espalhados por Joinville e que fazem a diferença. Na urna, ou fora dela. Esta esperança é a responsável pelo funcionamento da caneta de um professor, da pá de um pedreiro ou da defesa de um advogado. É o mesmo sentimento de quem espera pela liberdade de expressão e participação nos rumos da cidade ou pelo fim da fila em um PA. É o sentimento que move as vidas em uma cidade, principalmente daqueles que comemoram, lamentam; sentem nojo ou alívio, e têm esperança. É a vergonha na cara de quem sabe dizer, antes de tudo, o que não quer para si e para os outros.