terça-feira, 20 de março de 2012

Por uma Universidade Federal de Joinville


POR CHARLES HENRIQUE

(In)Felizmente nesta semana não “quero apontar o dedo” para isto ou aquilo, algo comum no ofício da opinião. Quero apenas propor uma bandeira para a sociedade joinvilense: a luta por uma Universidade Federal de Joinville, autônoma, e que contemplasse todas as necessidades da região.

A Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) veio para nossa cidade um pouco depois da metade do século XX, com a esperança de ser um grande pólo de pesquisa em várias áreas do conhecimento. Hoje é reconhecida sim, mas focada nas ciências exatas. A promessa de que seria um grande centro do conhecimento ficou pelo caminho, e pela estrutura sucateada ali do Bom Retiro.

As Universidades e Faculdades privadas encontraram um grande nicho de mercado, principalmente pela ausência de um ensino público que contemplasse aqueles que não queriam ser engenheiros ou que não podiam pagar estadia em Florianópolis, Curitiba ou qualquer outra cidade que tivesse uma Universidade Federal. Esse crescimento, desde que mantenha a qualidade necessária, é sempre benéfico. Defendo o modelo público de ensino superior, mas antes o modelo privado do que nada...

Recentemente, acompanhamos a palhaçada da Universidade Federal de Santa Catarina em Joinville.  Terreno estranho em uma localização mais estranha ainda, juntamente com a subserviência dos políticos locais para as entidades empresariais, que ideologicamente impregnaram na mídia local que uma UFSC aqui, com cursos de engenharia, iria atender uma vocação da região. História para boi dormir. A compra do terreno foi feita em 2008, e os alunos atualmente estão tendo aula num prédio alugado na Rua Prudente de Moraes. Quatro anos se passaram, e a vergonha continua. Foi tudo feito de forma errada, e a população paga pela incompetência alheia: grandes gastos para construir a estrutura, e com cursos um curso só (escolhido sem a participação social, contrariando a Constituição da República Federativa do Brasil) que não vai contemplar a necessidade local. Engenharia Naval? Aeronáutica? Pois é, serve pra Joinville “em cheio”!

Enquanto isso, em paralelo, a região oeste de Santa Catarina, articulada com as regiões oeste do Rio Grande do Sul e do Paraná, montaram, em menos tempo que o processo da UFSC-de-um-curso-só, uma significativa estrutura. Desde 2010 a Universidade da Fronteira Sul já difunde o conhecimento nas cidades de Chapecó,  Cerro Largo, Erechim, Laranjeiras do Sul e Realeza. A UFSC foi a tutora do processo, mas a UFFS atua de forma autônoma, com cursos que atendem as necessidades da região na qual atua. Lá, ao contrário daqui, foi feito da forma mais correta possível. Políticos, entidades empresariais e  UFSC ouviram a população, que foi atendida plenamente. (acesse aqui o site da UFFS e veja a estrutura oferecida)

A cidade de Joinville está perdendo uma grande oportunidade (considerando a política de expansão do ensino superior público dos governos Lula e Dilma) de lutar por uma Universidade Federal de Joinville, que contemplasse as necessidades locais. Mas você, caro leitor, pode pensar que a UFSC irá expandir-se na cidade, depois de pronta lá na curva do arroz. A UDESC veio com este mesmo discurso. Vale a pena esperar, ou lutar desde já por algo “para o povo”? Imaginem um Hospital Universitário na cidade. Cursos de Pós-Graduação para a formação de nossos professores. E grupos de pesquisa avançados que procurem entender nossa fauna, clima e população? A UFSC-de-um-curso-só será assim? Ou será uma fabriqueta que atende os interesses de industriais da região?

Temos o exemplo aqui em Santa Catarina que é possível, se todos estiverem unidos em prol do povo (e com representantes com uma portinha aberta em Brasília). Temos dois Deputados Federais aqui da região, dois Senadores, três Deputados Estaduais, dezenove Vereadores e um Prefeito. E ah, mais de quinhentas e vinte mil pessoas ansiosas por mais oportunidades, e principalmente, por uma cidade melhor.

Quem apoia esta ideia?



segunda-feira, 19 de março de 2012

Um dia de fúria

POR ET BARTHES

Há dias maus. É o caso deste trabalhador na recolha do lixo. Por alguma razão, ele ficou irritado com o trabalho e simplesmente destruiu tudo o que via à frente. Infelizmente para ele, hoje em dia há câmaras espalhadas por todo lado e a fúria destruidora foi registrada.  Será que ele mantém o emprego?




A eleição já chegou às redes sociais

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

As eleições para a Prefeitura de Joinville ainda estão longe no calendário, mas pelo menos no mundo digital a briga já está acesa. E o Twitter – cada vez menos uma rede social e cada vez mais uma rede de informação – é o palco perfeito para esse embate. Tanto que alguns pré-candidatos já têm as suas hashtags (são aquelas coisas com um #). Para quem não está habituado às redes sociais, as hashtags são um slogan que pretende levar uma proposta e convencer os eleitores. E algumas já são de domínio público. 

#JOINVILLENOCAMINHOCERTO
Não dá para saber se é a hashtag oficial de Carlito, mas já se lê bastante por aí. É mesmo o caminho certo? Isso só o eleitor poderá dizer no dia das eleições. Mas pelo menos ficamos a saber, pela voz do próprio prefeito, que nesse caminho não tem asfalto casca de ovo (como todos sabemos, é uma alfinetada no antecessor, Marco Tebaldi).
Mas o slogan pede uma reflexão. Talvez o problema da atual administração não seja o caminho, mas sim o destino. Até este momento boa parte da população parece não ter percebido onde se pretende chegar. A mensagem não passou, apesar da intensificação dos esforços de comunicação dos últimos meses. Nas atuais condições, será que o slogan não é muito otimista? Pelo menos uma coisa é certa: um otimista pode não saber para onde está indo, mas está a caminho.

#JOINVILLEBEMDENOVO
É a hashtag usada pelos caras do PSDB antes de serem atropelados pela candidatura (mais que provável) de Marco Tebaldi. Será que com a volta do patrão o slogan sobrevive? Talvez não. Afinal, é justo que os joinvilenses perguntem: a proposta de “Joinville bem de novo” é uma referência a que época? Ao século passado? Porque certamente não estamos a falar do governo Tebaldi.
Aliás, ou eu andei muito distraído ou Tebaldi saiu da prefeitura pela porta dos fundos, com um índice e aprovação que oscilava entre o ridículo e o risível. Aliás, se em Joinville ele saiu pela porta dos fundos, em Floripa saiu pela janela, defenestrado por Colombo.
Mesmo com tantos insucessos, Tebaldi aparece bem nas pesquisas de opinião. O que significa que a memória das pessoas não vai além do que comeram no café da manhã. A oposição tem um remédio. É só começar a distribuir Memoriol (medicamento para a memória) para a população. Afinal, parece que a falta de memória dos eleitores é o melhor cabo eleitoral de muitos políticos.

#RENOVAJOINVILLE
A proposta de renovação é sempre sedutora. Mas talvez o slogan devesse ser “remoça, Joinville”. Porque ou as coisas ainda não estão bem explicadas ou parece que até este momento a unique selling propositon (USP) do grupo parece ser a juventude.
O Renova Joinville corre o risco de parecer como uma pessoa jovem e bonita – mas apenas jovem e bonita. Ou seja, com poucas ideias. Até é fácil namorar uma pessoa assim, mas na hora de casar a coisa exige uma reflexão mais demorada.
Aliás, neste caso nem sabemos se essa pessoa jovem está pronta para casar, porque ainda não tem a permissão da família (o partido). Se obtiver essa permissão, então vai precisar passar a ideia de que a renovação não está na data da carteira de identidade, mas na superioridade das propostas. É esperar para ver.

HARSH-TAGS - Há pré-candidatos que ainda não tem as suas hashtags. Até porque neste momento seriam "harsh-tags" (ou seja, ainda estariam em bruto e precisariam ser afinadas). Mas arrisco alguns comentários.

#COMUDOEUMUDO
É claro que ainda não existe. Mas o slogan “Com Udo Eu Mudo” é uma construção do próprio LHS e serve bem para uma hastag. E sem querer questionar os dotes do senador na construção de rimas, acho que é perigoso: a maioria das palavras terminadas em “udo” não dá boas coisas. Eu, pelo menos, sou capaz de imaginar umas 50 rimas sem ir ao dicionário. E todas elas pouco lisonjeiras. Melhor repensar. 

#OQUESOBREVIVER
Ok... essa hashtag também não existe. Mas Darci de Matos, um dos candidatos do PSD, terá que encarar o embate interno frente a frente, olhos nos olhos. Por uma razão simples. Não dá para virar de costas, porque o risco da facada é grande.
Só que Darci, como todo bom matuto do Paraná, com certeza já pescou no “corgo” (é como eles dizem córrego por lá). E sabe que em rio que tem traíra o pescador não dorme com a vara na mão: porque se cochilar o cigarro de palha cai...
O outro candidato, Clarikennedy Nunes, um twitteiro muito prolífico, já assumiu que quer ser a mosca na sopa. Não sei se é boa ideia. Talvez ele tenha esquecido que quando cai na sopa a mosca geralmente morre afogada. Além de provocar repulsa.

domingo, 18 de março de 2012

O que eles querem do espectador?


POR ET BARTHES
O que eles prometem? Qual é a proposta? O que esperam do espectador? Para eles, pelo menos, uma vida apaixonante. Veja o vídeo e descubra o que eles querem do espectador.



A prova de que lemos e escrevemos


POR VANESSA BENCZ*

Eram 9 da manhã, e o outono começava a se evidenciar com um vento fresquinho. Eu tinha 18 anos e saí de casa levando comigo um motivo especial. Queria ver de perto essa tal Feira do Livro que os jornais e a televisão falavam que ocorreria em Joinville, pela primeira vez. Eu nunca tinha visto uma coisa dessas na minha vida. Eu amava ler; então, era minha obrigação levantar cedo para conferir tal evento.
Lembro-me da sensação de incredulidade, quando avancei pelo Expocentro Edmundo Doubrawa. Vi aqueles quiosques ainda sendo montados. Livros sendo empilhados, um por um, em mesas e nas prateleiras das estantes. Pessoas apressadas, amontoando obras literárias de capas coloridas, conferindo cor, vida e mistério ao ambiente. Meio amortecida, avancei pelos corredores e senti o aroma de livros novos e antigos; o perfume que nos faz estremecer, ao aproximar o nariz das páginas de um livro desejado.

Parei no quiosque da Editora UFSC para observar melhor aqueles livros de capa amarela. Eram livros de cálculo. O homem que montava o quiosque perguntou se eu queria ajudá-lo a organizar os livros. Aceitei. E não saí mais de lá, até o final da feira – foi o meu primeiro emprego. O mais próximo, desde então, daquilo que eu sempre amei: a literatura.

Eu organizava os livros em uma mesa de madeira, e também os vendia para os visitantes. De livro – mesmo os de cálculo - eu entendo! Aquele homem remunerou o meu serviço, ao final do evento, com três livros e muitas palavras de agradecimento.

É com imenso carinho que eu guardo a lembrança da primeira Feira do Livro. Não apenas porque foi lá que experimentei o entusiasmo em trabalhar com livros. E, sim, porque vi nascer e crescer um evento que hoje é parte imprescindível de Joinville.

Na edição de 2008, acompanhei de perto a organização para a feira. Sueli Brandão, que encabeça o evento desde o começo, corria contra o tempo para amarrar toda a programação da melhor maneira. Tive a oportunidade de redigir, para a programação, um breve currículo de cada escritor famoso que viria. Me senti novamente integrada à feira, e com muito orgulho.

Nas edições que se seguiram, fiz cobertura jornalística da feira para os diversos veículos em que trabalhei. Mas, em nenhuma das edições, eu tive a ousadia em imaginar que um dia eu teria a chance de lançar um livro na feira, o que estou muito perto de realizar.

A gente sempre tem carinho por aquilo ou aqueles que vemos crescer. A feira, hoje, já é peça importante no quebra-cabeça que é Joinville. Estamos na nona edição, que começa em 12 de abril e dura 11 dias. E fico muito feliz em ver que o evento novamente será realizado no Expocentro Edmundo Doubrawa.
Não que não achasse legal quando era na praça Nereu Ramos – foi uma fase importante, até para levar os livros para mais perto da rua, do nosso cotidiano, do nosso caminho e da relação com a cidade, com aquilo que é urbano. Mas, no caso da Feira do Livro de Joinville, acho elegante – e até mais seguro, por causa das chuvas típicas da cidade – deixar os protagonistas dessa festa reinarem em um local especial, paralelo à correria do miolo da cidade.

A Feira do Livro é imprescindível para o leitor, e também para o escritor. Principalmente o escritor joinvilense. Este tem uma responsabilidade dobrada, quando se trata da feira. Eles são o argumento da festa, a prova de que aqui se lê, e aqui também se escreve. Quase uma coisa subsistente: aqui nós lemos, e também escrevemos. E nós lemos o que nós escrevemos.

Sugiro que todos os moradores de Joinville tirem um tempinho para visitar a Feira do Livro de Joinville. Mesmo que você nem goste tanto assim de ler. Porque com certeza você vai encontrar um outro tipo de manifestação artística que lhe chame a atenção – seja um grupo de atores brincando, um quiosque de bugigangas coloridas ou, quem sabe, a capa de um livro que te acorde a vontade de ler. E vai que alguém te convida para ajudar a organizar os livros em uma prateleira? No meu caso, mudou os rumos da minha história.

* Vanessa Bencz é jornalista.