
Uma das tantas discussões que escuto com frequência sobre Joinville é que o espaço do 62º Batalhão de Infantaria, em pleno coração da cidade, deveria ser um parque. Um Central Park. Um parque central para o joinvilense chamar de seu. Só mentes brilhantes defendem essa tese.
Está certo que o atual parque, que será inaugurado no próximo mês, está longe de ser um parque dos sonhos. Falta um detalhe crucial: árvores. Mas o que esperar do pai dos futuros parques somente ser inaugurado em pleno ano de 2011... Somente em 2011. Um parque. Pero no mucho.
Daqui a pouco volto ao tema Batalhão, mas antes é preciso fazer uma reflexão nem tanto profunda sobre os parques. O joinvilense nato, aquele da gema, nunca se preocupou muito com os tais parques, essa é a realidade. Isso é coisa de gente que veio de outros estados. Gente que sentiu falta de algo e começou a bater na tecla: os parques. Salutar discussão. Nem vou entrar no mérito das recreativas e coisa e tal.
E eu não sou contra parques. Preferia que Joinville tivesse praia. Até uma estrutura melhor na Vigorelli já valia. Ou que a cidade fosse voltada para a Babitonga com uma linda beira-mar para correr e se divertir. Não precisaria nem de parque. Mas construir uma praia não é fácil. Nem os dólares do Fonplata pagariam tal audácia deste fictício administrador.
Pois bem... Joinville perdeu uma bela chance de ter sua praça ou ainda poderá tê-la, no verdadeiro sentido de um Parque Central. A cidade perdeu há muitos anos a chance de ter um parque que poderia estar localizado no espaço onde hoje fica o Centreventos Cau Hansen e o Hipermercado Big. Aquela imensa quadra – se houvesse planejamento no passado – poderia ser um grande parque. Inclusive com um bom teatro no meio (teatro? Era pra ser ali, né? Mas isso é outra história. Baço e Jordi devem lembrar).
Imagine você um parque em plena Beira-rio. Iria ficar lindo, mas a cidade ainda tem uma chance do tal Central Park. O sociólogo Charles Henrique defende essa tese junto comigo. O terminal de ônibus sai do Centro e reforma ou derruba o ginásio Abel Schulz. Ali sim um grande corredor verde com espaço para feiras ao céu aberto, grandes shows, espelhos d’água... Coisa linda.
Mas não. O povo continua na defesa da extinção da quadra do 62º BI. Um parque ali é acabar com uma região. Deteriorar. Desvalorizar imóveis. Um parque é bonito. É útil pra sociedade, mas acabar com o 62º BI é um exercício de insanidade. Vejam vocês, hoje, madames, rapazes, atletas, gordinhos, gordinhas, bonitonas, todos podem fazer com tranquilidade seus exercícios na nova calçada do “Meu, do Seu, do Nosso Batalhão”. Tudo isso com segurança aos olhos vigilantes dos soldados. Se ali fosse um parque... segurança zero.
E pode ter certeza que junto com o parque viriam os aproveitadores, batedores de carteira, usuários de drogas e por aí vai. Daqui uns bons anos os joinvilenses abandonariam o parque e a região seria um bolsão para furtos e outros tipos violência. Pode acreditar.
O Batalhão precisa ser realmente nosso. Precisa abrir suas portas para a população. Precisa deixar as pessoas entrarem no local, fazer exercícios lá dentro, utilizar os equipamentos dos militares, jogar futebol, vôlei e basquete nas quadras. Ser um local de convívio mútuo, de integração, sem deixar de ser uma área militar.
O Batalhão é meu, seu, nosso. Está ali para garantir a segurança de todos nós e da pátria. O Exército brasileiro precisa abrir suas portas e deixar o encastelamento que remete para uma época sombria. Precisamos conhecer o Batalhão, orgulhar-se dele, conhecer a nossa história, o passado do nosso País. A quadra do 62º BI não precisa transformar-se em uma praça. Precisa sim é abrir as portas e ser tomados pelos joinvilenses.
Marco Aurélio Braga é jornalista